www.catequesehoje.org.br – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Fri, 01 Nov 2019 13:09:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 www.catequesehoje.org.br – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Um reflexão pertinente para o dia de todos os santos e santas de Deus, “Bem-aventuranças: rosto visível da santidade”, com a palavra Pe. Adroaldo Palaoro, SJ https://observatoriodaevangelizacao.com/um-reflexao-pertinente-para-o-dia-de-todos-os-santos-bem-aventurancas-rosto-visivel-da-santidade-com-a-palavra-pe-adroaldo-palaoro-sj/ Fri, 01 Nov 2019 13:09:18 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32860 [Leia mais...]]]> “Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças. Estas são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre «como fazer para chegar a ser um bom cristão», a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida”.

“A palavra «feliz» ou «bem-aventurado» torna-se sinônimo de «santo», porque expressa que a pessoa fiel a Deus e que vive a sua Palavra alcança, na doação de si mesma, a verdadeira felicidade”

(Papa Francisco, GE n. 63-64).

“Sejam santos, porque eu sou SANTO” (Lev. 11,45)

Esta é a vocação fundamental à qual todos somos chamados. A santidade de Deus é a vocação universal de todos os seres humanos, cada um à sua maneira.

Deus colocou no coração de cada pessoa a busca da santidade. Uma busca que se experimenta como impulso vital, sopro do Espírito, aqui e agora, nas circunstâncias concretas da vida.

Nesse sentido, santos e santas são os portadores de vida, homens e mulheres que buscam viver intensa-mente; que acolhem a vida e a expandem, que bebem do prazer da vida e que ajudam os outros também a beberem, sabendo que a vida é dom, presente que compartilhamos, todos, no mundo. São pessoas em cujo entorno se desatam correntes de vida, esperança, alegria de viver, reconciliação e amor. “Os(as) santos(as), como os poetas, vivem de encantamentos…”, encantados com a vida, com a beleza, com a verdade…

Os santos e as santas são as testemunhas (martyria) da vida, ou seja, aqueles(as) que, inspirados na santidade de Jesus, são presenças inspiradoras no mundo, portadores(as) de valores humanos e que constroem suas vidas sobre a rocha firme do amor incondicional e generoso; homens e mulheres que “vivem um caso de amor com a vida”.  

A santidade é nossa verdade mais íntima e universal.

Por isso, falamos de “santidade primordial”, ou seja, a força radical da vida, o anseio de viver, a decisão de viver mais intensamente, o impulso expansivo que move a pessoa a sair de si mesma e a entrar em sintonia com os outros, com a criação e com Aquele que “é três vezes Santo”. É a “faísca da santidade de Deus” presente no mais profundo do seu ser e que se deixa transparecer no seu modo de viver. Para muitas pessoas, é sua forma habitual de vida; a “santidade primordial” vai se fazendo conatural ao longo da existência.

Queremos com isso dizer que santa é a vida e santo(a) é defendê-la; fascinante é ver grandes esforços para protegê-la e potenciá-la. Ao defender e propiciar a vida, a santidade primordial se revela como “humana”, pois santo(a) é “ser humano(a)” por excelência.

Nessa santidade primordial tornam-se presentes as “virtudes” admiráveis, tanto as tradicionais como as novas, em tempos de compromisso e libertação: solidariedade, serviço, simplicidade, disponibilidade para acolher o dom de Deus, força no sofrimento, compromisso até o martírio, perdão ao ofensor…

Somos santos(as). Não somos santos(as) porque sejamos irrepreensíveis, senão simplesmente porque somos, e vivemos, nos movemos e somos sempre em Deus e Deus em nós, também quando nos sentimos medíocres e inclusive fracassados. Somos um tesouro em vasos de barro em formação, e Deus é o paciente oleiro na sombra mais profunda de nosso barro. 

 “Viver a partir da santidade de Deus” representa a melhor definição da santidade cristã: reconhecer-nos como quem recebe tudo de Deus, deixar-nos amar e guiar por Ele, assemelhar-nos a Ele para tornar visível, em nós, os sentimentos de compaixão e misericórdia que Ele tem para com todas as pessoas.

Em outras palavras, a santidade significa viver o divino que há em nós.

Só descobrindo o que há de Deus em nós, poderemos cair na conta da nossa verdadeira identidade.

Todos somos santos(as), porque nosso verdadeiro ser é o que há de Deus em nós; embora a imensa maioria

das pessoas não tem consciência disso ainda, não podemos deixar de manifestar o que somos. Somos santos(as) pelo que Deus é em nós, não pelo que nós somos para Deus. É santa a pessoa que descobre o amor que chega até ela sem mérito algum de sua parte, mas deixa-se envolver por este amor expansivo e passa a viver uma presença amorosa.

Os(as) santos(as) foram e são humanos por excelência. E a plenitude do humano só se alcança no divino, que já está presente em todos nós. 

Nesse sentido, podemos dizer que as bem-aventuranças são a plenificação daquilo que é o mais humano em nós; elas são a quinta-essência da vivência da santidade, no caminho do seguimento e identificação com Jesus, a presença visível da santidade do Pai.

As bem-aventuranças não são leis para simplesmente evitar o mal, mas o potencial humano que, quando ativado, espalha criativamente, por todos os lugares, a Santidade, a Bondade e a Beleza divinas.  Expressam, de modo conciso e explícito, o coração mesmo de Jesus e seu desejo ardente de contagiar a todos os que se encontravam com Ele.

Todos sabemos que, em muitos ambientes cristãos, quando se fala de santidade enfatiza-se muito mais a renúncia, a mortificação, o sofrimento, a austeridade, o sacrifício, a resignação…, ao passo que não é comum encontrar pessoas que, espontaneamente, associem santidade à alegria de viver e, em geral, a tudo aquilo que nos faz sentir melhores, sentir-nos bem e sermos mais felizes.

Jesus propõe a ventura sem limites, a felicidade plena para seus(suas) seguidores(as). Deus não quer a dor, a tristeza, o sofrimento; Deus quer precisamente o contrário: que o ser humano se realize plenamente, que viva feliz… Jesus acreditava na vida, e queria que todos vivessem intensamente.

Jesus anuncia as Bem-aventuranças como um programa para viver a santidade; e o motivo primeiro é porque todas elas são, na verdade, o caminho da santidade universal (acima e além de toda religião, pois elas são simples e profundamente humanas). As Bem-aventuranças são como o mapa de navegação para nossa vida; são o horizonte de sentido e o ambiente favorável para nossa santificação, entendida como empenho para viver com mais plenitude, segundo o querer de Deus.

Dizer que são felizes os pobres, os que choram, os mansos, os misericordiosos, os que tem fome e sede de justiça, os perseguidos… é um contrassenso para o nosso contexto social, onde ditoso é aquele que mais acumula bens, que tem mais poder, mais prestígio…, sem se preocupar com a situação dos outros.

As bem-aventuranças se visibilizam no pequeno, no cotidiano, no próximo mais próximo, e nos impulsionam a proclamar: a paz é possível, a alegria é uma realidade, a justiça não é um luxo, a mansidão está ao alcance da mão… Elas nos dizem que nascemos para a bondade, a beleza, a compaixão…

As bem-aventuranças devem ser escutadas e acolhidas como uma mensagem que brota do mais profundo da vida e que tem como finalidade apresentar, a qualquer pessoa, o mais humano que existe em nós.

Ser feliz é deixar viver a criatura livre, alegre e simples presente dentro de cada um de nós. A santidade é, assim, o livre curso da vida, o fluxo contínuo da Vida em nós que se “entre-tece” com a vida dos outros.

Texto bíblico:  Mt 5,1-11

Na oração: A chave da felicidade está em permitir que se revele o sentido da luminosidade presente nas profundezas de nosso ser. O que nos tira a energia e nos torna estéreis é afastar-nos desse princípio vital que é o Divino em cada ser.

A santidade é luz expansiva do divino que se faz visível no “modo contemplativo” de viver.

– Sua presença junto às pessoas é transparência da santidade de Deus?

Pe. Adroaldo Palaoro SJ

Fonte:

www.catequesehoje.org.br

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Para inspirar a Celebração do Domingo de Ramos… https://observatoriodaevangelizacao.com/para-inspirar-a-celebracao-do-domingo-de-ramos/ Sun, 25 Mar 2018 14:30:08 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27673 [Leia mais...]]]>

Ramos: descobrir o Deus en-coberto nas cidades

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“… quando se aproximaram de Jerusalém” (Mc 11,1)

A experiência espiritual da Quaresma implica a travessia do deserto: tempo de despojamento, de pobreza, de confiança em Deus, de esperança e horizontes abertos… O deserto quaresmal desemboca na cidade. E todos sabemos que a cidade é o contrário do deserto: autossuficiência, segurança, limitação de horizontes, acomodação, conflitos… Cidade moderna, globalizada pela tecnologia fria e sem alma, amordaçada pela funcionalidade e pela utilidade, com uma política submetida ao mercado, à produção e consumo, cidade estendida e sem muros de contorno, mas com horizonte atrofiado, aparentemente sem Reino de Deus à vista…

Hoje temos esvaziado a dimensão do deserto em nossas vidas e nos adaptamos de tal maneira à cidade e às suas exigências técnicas, produtivas, aos seus programas e solicitações… que acabamos nos sentindo passivos diante dela. O tempo quaresmal nos possibilita manter aberto o acesso ao deserto, que cria um espaço interior vazio, onde se faz realidade um encontro surpreendente com Deus; a partir daí, mesmo em nossa atribulada vida na cidade, podemos recuperar a liberdade do chamado profundo e redescobrir o caminho do Seguimento de Jesus, que começa e termina nos “aforas” da cidade.

Jesus entrou na cidade de Jerusalém com seus(suas) seguidores(as) e não foi uma decisão fácil porque implicava o alto risco de ser incompreendido e rejeitado. Como bom judeu, Jesus subiu a Jerusalém, cidade de Davi (do Messias) em nome dos pobres, com um grupo de galileus, para anunciar e preparar o Reino. Subiu na Páscoa, porque era o momento propício (hora do Reino), tempo para que os homens e as mulheres pudessem se encontrar a se comunicar, em gesto de paz, a partir dos mais pobres. Subiu a Jerusalém porque estava convencido de que sua mensagem era de Deus e porque Deus lhe havia confiado a missão de instaurar, com sua palavra e com sua vida, o novo Reino dos pobres, que já havia começado na Galileia e que devia estender-se, desde Jerusalém, passando de novo por Galileia, para todos os homens e mulheres da terra.

Jesus tinha a certeza de que Deus falaria através do que fizessem (ou não fizessem) com Ele em Jerusalém, pois esta era a última oportunidade para a cidade da promessa e do templo. Entrou na cidade santa para que finalmente ela se transformasse na “cidade de Deus”, o lugar de encontro do ser humano com Deus, de Deus com todos os seres humanos, e estes como irmãos.

E pela primeira vez Jesus se deixa aclamar: “Hosana ao filho de Davi”. Desta vez não recusou o papel de liderança, mas deu um outro sentido, porque não se valeu disso para conquistar o poder e sim para desmascará-lo. Não fez pactos militares ou políticos, porque Deus não atua por meio do poder, mas de um modo gratuito. Dessa forma entrou na cidade de Jerusalém, desarmado e cheio de esperança, renunciando todo poder sobre ela, todo domínio, toda força, sem espadas, sem exército… Não entrou montado a cavalo como os grandes, mas num jumentinho; não entrou rodeado das grandes autoridades religiosas e políticas  pois Jesus se sentia muito melhor acompanhado das pessoas simples do povo;  não usou traje de gala, mas as vestes rudes de um peregrino; não lhe fizeram nenhum arco de flores pois a Ele lhe bastavam os mantos do povo e os ramos cortados das árvores; entrou provocativamente como mensageiro da concórdia e da paz em meio a aplausos e hosanas do povo peregrino que veio à festa. Jerusalém inteira fica alvoroçada. Os donos do poder, político e religioso, sentem-se ameaçados.

Não devemos perder o deserto que carregamos dentro de nós; por isso, só podemos “entrar na cidade” seguindo a Jesus Cristo que é fiel à causa do Reino, com o risco da Cruz (Semana Santa), porque a Cruz assume, radicaliza e eleva o deserto. Jesus vai morrer nos “aforas” da cidade, nesse limite fronteiriço entre o deserto e Jerusalém, nesse espaço que só Deus pode preencher e onde podemos enraizar nossa confiança n’Ele.. A Cruz se eleva e abraça ambas realidades.

O(a) seguidor(a) de Jesus é um(a) apaixonado(a) do deserto e que nunca se “encaixa” nas estruturas da cidade; sua presença sempre rompe com as muralhas, alargando espaços e acolhendo o diferente. Se carregamos o deserto dentro de nós, estaremos vazios de nós mesmos, de nosso ego, de nossas visões fechadas, de nosso monopólio da verdade. Só assim nossa presença na cidade vai se revelar inspiradora e provocativa, como a presença de Jesus em Jerusalém.

Embora muitas realidades urbanas nos queiram impedir o encontro com Deus, devemos reconhecer na cidade a presença d’Ele, muitas vezes de um modo imperceptível, como o sol está presente nos dias nublados. Deus está sempre presente na histórica e na cultura de nosso tempo. Ele continuamente vem ao nosso encontro. O cristianismo é a religião do Deus com rosto humano e urbano que nos busca apaixonadamente em Cristo. Por isso, não é necessário que levemos Deus para a cidade; Ele já está ali presente, em meio às alegrias e dores, esperanças e sofrimentos nela.

A presença de Deus não é percebida à plena luz do dia; uma pessoa pode viver na cidade e perfeitamente ignorar, negar, desmentir ou simplesmente desconhecer a presença divina nela. É preciso buscar a Deus, “descobrir Deus na cidade”, como se estivesse encoberto, oculto, escondido no espaço urbano. Uma aguda sensibilidade religiosa capta a presença de Deus também nos sinais de sua ausência. O “Deus escondido” se apresenta onde é marginalizado. Deus acompanha a todos em seu aparente ocultamento; pronuncia sua voz em seu silêncio; revela sua onipotência em seu despojamento; mostra sua máxima bondade em sua mínima expressão, do presépio à Cruz.

Este é um dos grandes desafios na grande cidade. Romper com o individualismo e o poder que marcam as relações entre os homens e as mulheres, para criar um marco novo, humanizador e aberto a Deus Pai, através de pequenas comunidades. Comunidades daqueles que confessam o seu amor comum pelas mesmas coisas – as mesmas esperanças, os mesmos sonhos, a mesma utopia do Reino.

É, sobretudo, em torno da mesa que as comunidades se constituem; com o gesto do “re-partir”, estabelece-se uma rede de relações entre as pessoas que aceitam conspirar, co-inspirar, em tôrno do fascínio da proposta de Jesus. Na verdade, a Eucaristia vivida é o sal, o fermento, a luz e a alma da cidade. Assim é a cidade que Deus deseja: uma praça de encontro e uma mesa celebrativa para todos.

Texto bíblico:  Mc 11,1-10

Na oração: As cidades não são pessoas, mas tem sua identidade e personalidade próprias; algumas tem múltiplas personalidades. Elas existem no espaço e no tempo.

Há cidades acolhedoras, que dão as boas-vindas, que parecem se preocupar com cada habitante, alegram-se com o fato de que os moradores ali se sintam bem; são cidades humanizadoras…

Há cidades indiferentes, aquelas que dá no mesmo que as pessoas estejam ou não nelas; cidades que seguem seu rumo, que ignoram seus habitantes…

Há cidades que são más, violentas, que parecem perdidas, que dão a sensação de que seriam mais felizes em outro lugar… Algumas grandes cidades se propagam como um câncer que devoram tudo em sua passagem, absorvem cidades pequenas e povoados, destroem culturas e hábitos de vida, esvaziam regiões que em outros tempos eram prósperas… Cidades desumanizadoras.

Mas somos nós que damos uma feição às cidades; cada cidade revela o rosto e o coração de seus moradores… Como é sua cidade? É espaço de encontro, de comunhão, de qualidade de vida?

Diante dos dramas de sua cidade (violência, exclusão, divisão…), qual a sua reação? acomodação, alienação? indiferença? ou compromisso? envolvimento em projetos humanizadores? presença inspiradora e facilitadora de encontros?…

Pe. Adroaldo Palaoro sj

 

Fonte:

www.catequesehoje.org.br

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