Um cristianismo sem religião – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 23 Apr 2018 12:55:47 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Um cristianismo sem religião – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Caminhamos para um cristianismo sem religião. O que isso nos diz? https://observatoriodaevangelizacao.com/caminhamos-para-um-cristianismo-sem-religiao-o-que-isso-nos-diz/ Mon, 23 Apr 2018 12:55:47 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27852 [Leia mais...]]]> A afirmação de que caminhamos para “um cristianismo sem religião” não foi dita por nenhum inimigo da religião. Trata-se de alguém comprometido com a dinâmica eclesial no contexto atual. Ela foi usada pelo bispo de Gozo, Malta, Dom Mario Grech. Que tal ler a reflexão de Mario Crech e enviar-nos seu posicionamento?

 

Um cristianismo sem religião

É válido admirar a magnífica história da Igreja, mas não podemos continuar a gastar nossa energia numa tradição que pode ter embaçado nossa visão daquilo que Cristo propõe“, escreve Mario Grech, bispo de Gozo (Malta), em artigo publicado por The Malta Independent, 15-04-2018.

Eis o artigo.

Recentemente, um jovem me perguntou que mudança eu queria ver em nossa sociedade. A minha resposta deixou ele surpreso. Disse que desejo que uma certa categoria de cristãos, em particular aqueles nos círculos internos da Igreja, mudem sua maneira de ver sua fé. Suspeito de que muitos católicos estão sofrendo pela exaustão, pela falsificação e pela banalização da nossa fé em Cristo!

Nenhum estudo científico é necessário para concluir que muitas pessoas batizadas estão abandonando a religião. Nossa comunidade religiosa está se transformando em uma comunidade de cabelos brancos! Aqueles que abandonam a Igreja não são desfavorecidos de inteligência. Também não são contrários ao fenômeno religioso. Eles simplesmente perderam o interesse ou se sentem afastados porque nos veem “brincando de Igreja”. É a forma como estamos apresentando o Evangelho, celebrando nossa liturgia e também a nossa incoerência flagrante que está fazendo as pessoas se sentirem espiritualmente enganadas.

Auguste Comte estava errado quando disse que o homem deveria passar da dimensão religiosa para a dimensão científica ou “positivista”. Nem Karl Marx estava correto quando disse que a religião desapareceria pois só oferecia consolações ilusórias. Hoje em dia muitos filósofos confirmam que o desejo religioso é um fato antropológico que pode tomar muitas formas, mas que não pode ser erradicado. Para mim isso confirma que existe um desejo implícito de conhecer a Cristo no coração de cada homem. É a missão da Igreja facilitar este encontro. Portanto, nós, católicos, precisamos garantir que não estamos dificultando aqueles que estão buscando a verdade. Precisamos garantir que nossa nostalgia, nossas incertezas e nossos medos interiores não nos façam apresentar um cristianismo deformado. Temo que estejamos rodeados por este tipo de cristianismo.

Max Weber, Marcel Gauchet e Charles Taylor falam do desencantamento do mundo. As expectativas modernas do homem sobre a relação entre a fé e a religião mudaram. O homem contemporâneo ainda tem sede de fé, mas talvez tenha menos de religião. Devido ao seu desencantamento em assuntos que dizem respeito à fé, o homem moderno prefere percorrer um caminho diferente. Ele tem uma nova forma de ver o mundo e nós, enquanto Igreja, ainda estamos agarrados a uma visão obsoleta.

Por que continuamos obstinadamente a seguir este caminho? Talvez tenhamos medo de correr o risco de mudar. Estamos vivendo uma religiosidade esquizofrênica? Declaramos que estamos seguindo Cristo, mas na verdade nós nos fingimos de cristãos. Estamos nos esquecendo de Cristo em nossa religiosidade? Renegamos a sua mensagem, mas depois celebramos a sua Mãe e os seus santos!

Fonte:

IHU

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