Sínodo para a Amazônia dia 14/10/2019 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 15 Oct 2019 18:28:52 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Sínodo para a Amazônia dia 14/10/2019 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 10ª Congregação do Sínodo: “Valorizar os carismas dos fiéis leigos, longe do clericalismo” https://observatoriodaevangelizacao.com/10a-congregacao-do-sinodo-valorizar-os-carismas-dos-fieis-leigos-longe-do-clericalismo/ Tue, 15 Oct 2019 18:28:52 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32398 [Leia mais...]]]> São necessários novos ministros da Palavra, inclusive mulheres, para dar novas respostas aos desafios contemporâneos e é preciso investir nos leigos bem preparados que, em espírito missionário, saibam levar o anúncio do Evangelho a todos os lugares da Amazônia“.

Com a 10ª Congregação Geral, realizada na tarde de 14 de outubro de 2019, prosseguem os trabalhos do Sínodo Especial Pan-amazônico, em andamento no Vaticano até 27 de outubro. Os padres sinodais presentes na Sala eram 177, na presença do Papa Francisco.

Vatican News – Cidade do Vaticano

Repensar as ministerialidades da Igreja à luz dos parâmetros da sinodalidade: este é um dos desafios da Igreja na Amazônia para que seja sempre mais Igreja da Palavra. Este foi o teor de alguns pronunciamentos feitos na tarde de segunda feira na Sala do Sínodo.

A Palavra de Deus é presença ativa e misericordiosa, educativa e profética, formativa e performativa, interpelante no âmbito da ecologia integral e sinal de empenho social, econômico, cultural e político para o desenvolvimento de um novo humanismo.

São necessários novos ministros da Palavra, inclusive mulheres, para dar novas respostas aos desafios contemporâneos e é preciso investir nos leigos bem preparados que, em espírito missionário, saibam levar o anúncio do Evangelho a todos os lugares da Amazônia. Além disso, uma formação adequada dos leigos engajados é fundamental também para o nascimento de novas vocações.

O papel dos fiéis leigos e das mulheres

Uma Igreja ministerial, foi dito ainda na Sala, precisa que sejam melhor expressos e valorizados os carismas dos fiéis leigos, graças aos quais se manifesta a face da Igreja em saída, longe do clericalismo.

Um pronunciamento, em especial, sugere que a questão dos assim chamados viri probati e da ministerialidade feminina sejam tratados numa Assembleia sinodal ordinária, porque são temas de alcance universal. Outra fala aconselha que, antes dos viri probati presbiteri, se pense nos viri probati diaconi: o diaconato permanente, com efeito, pode representar um verdadeiro laboratório para ter homens casados no sacramento da Ordem.

Em particular para o tema feminino, entre as colocações dos auditores se sugere que sejam instituídos ministérios não ordenados para as mulheres leigas, entendendo o próprio ministério como um serviço, de modo a garantir em todo o território pan-amazônico a dignidade e a igualdade feminina. Esses ministérios poderiam ser, por exemplo, o da celebração da Palavra ou das atividades sócio-caritativas.

Proteção dos menores e dos adultos vulneráveis

Depois, houve espaço para a proteção dos menores e dos adultos vulneráveis na Amazônia: a terrível chaga da pedofilia e dos abusos sexuais requer, de fato, que a Igreja seja sempre vigilante e corajosa.

O maior desafio, destacou-se, é a transparência e a responsabilidade diante desses crimes, para que possam ser prevenidos e combatidos. O tema da exploração sexual juvenil foi citado também em outras ocasiões: as redes criminosas – foi dito – roubam a infância das crianças, tornando-as vítimas, por exemplo, do tráfico de órgãos. As cifras são dramáticas: em 2018, somente no Brasil, foram contabilizados 62 mil casos de estupro. E se trata de uma das cifras mais altas da região amazônica. Na base disso tudo, existem seja graves desigualdades econômicas, seja carências de ações governamentais locais e internacionais capazes de combater esses delitos.

Foi feito então um apelo para uma maior obra de prevenção no setor, com a ajuda das Conferências episcopais e das Congregações religiosas. A atenção aos menores e às mulheres foi reiterada também para exortar a luta contra o tráfico de pessoas: as vítimas deste drama estão entre as mais desumanizadas do mundo. Por isso, se pede que, através do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, as grandes empresas respeitem as normas internacionais sobre o tráfico e que sejam instituídas Comissões pastorais especiais para enfrentar o tráfico de pessoas.

Pastoral vocacional e Pastoral juvenil

Foi ressaltada ainda a importância da Pastoral vocacional: destaca-se que esta não pode faltar na obra de evangelização e deve ser acompanhada de uma Pastoral juvenil que seja, ao mesmo tempo, chamada e proposta de um encontro pessoal com Cristo.

Os jovens que querem seguir Jesus, foi dito na Sala, devem ser amparados por uma formação adequada, através de um testemunho de vida santo e engajado. Os presbíteros, portanto, deverão ser capazes de compreender profundamente as exigências da Amazônia: a catequese não pode ser demasiada acadêmica, mas ser feita com espírito missionário e coração de pastor.

O recurso primário da água

Destacou-se também a importância da formação catequética à ecologia integral, em particular para a proteção e a salvaguarda da água, recurso primário e fonte de vida.

O cuidado dos recursos hídricos – tema enfrentado ainda nos pronunciamentos de auditores e convidados especiais – é fundamental: todos os dias, com efeito, milhares de crianças no mundo morrem por doenças relacionadas à água e milhões de pessoas sofrem por problemas hídricos. Como disse o papa Francisco em diversas ocasiões, a próxima guerra mundial será ligada à água. Portanto, precisa-se de uma urgente conscientização global para a proteção da casa comum e a reconciliação com a Criação, sinal da presença de Deus. Mais tarde é demasiado tarde, foi dito na Sala.

A exortação a uma “conversão ecológica” diz respeito também à dimensão ética dos estilos de vida atuais, muitas vezes marcados pela tecnocracia e pela maximização do lucro como objetivo absoluto, em detrimento de uma visão do homem como ser humano integral.

O desafio da comunicação

Em sintonia com o que foi dito na 9° Congregação Geral, a Sala voltou a refletir sobre o tema da comunicação: através dos meios de comunicação de massa – afirmou-se –, é preciso abrir-se aos comunicadores de todas as culturas e de todas as línguas, de modo a reforçar os povos amazônicos. As mídias da Igreja, portanto, devem ser um espaço para consolidar os conhecimentos locais, através inclusive da formação de comunicadores indígenas e camponeses.

Entre as reflexões dos padres sinodais, esteve também a defesa dos povos indígenas, a ser levada avante, por exemplo, por meio da educação ou de pequenos projetos de desenvolvimento social. Muitas vezes excluídas da sociedade, de fato, as populações originárias não devem ser vistas como “incapazes”, mas protagonistas, e devem ser ouvidas, compreendidas e acolhidas.

Depois, foi relançada a exortação para promover a vida consagrada feminina nos contextos periféricos urbanos da Amazônia, onde vivem os “invisíveis”, aqueles que não têm voz nem direitos. Eis então o convite para que as Comissões de justiça e paz e de direitos humanos possam cooperar mais entre si, em nome da defesa da vida do homem e do planeta.

A reflexão do Papa

No encerramento da Congregação, o Papa Francisco tomou a palavra, voltando a refletir sobre alguns temas que emergiram durante os trabalhos e evidenciando alguns aspectos que mais o impressionaram.

Fonte:

www.vaticannews.va

]]>
32398
9ª Congregação do Sínodo: “Queremos uma Igreja comprometida contra violações dos direitos dos povos amazônicos” https://observatoriodaevangelizacao.com/queremos-uma-igreja-comprometida-contra-violacoes-dos-direitos-dos-povos-amazonicos/ Tue, 15 Oct 2019 14:53:22 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32373 [Leia mais...]]]> As mulheres são preciosas colaboradoras da missão da Igreja na Amazônia, insubstituíveis no cuidado samaritano, na custódia e na tutela da vida… Foi sugerida a introdução de diáconos e diáconas permanentes indígenas que através do ministério da Palavra ajudem o povo local a compreender melhor os Textos Sagrados.

Com a 9ª Congregação Geral teve início a segunda das três semanas do Sínodo especial para a Região Pan-Amazônica que se concluirá em 27 de outubro. Na manhã de segunda-feira (14/10/2019) encontravam-se presentes 179 padres sinodais. Junto com o Papa elevaram uma oração a Deus pelo Equador.

Vatican News – Cidade do Vaticano

O Sínodo para a Amazônia é um kairós, tempo de graça, no qual a Igreja coloca-se em escuta, em atitude empática e caminha ao lado dos povos originários da selva: periferias geográficas e existenciais que receberam o dom de contemplar diariamente o “Fiat”, a Palavra pronunciada por Deus. Efetivamente, a criação é uma Bíblia verde que revela o Criador e na celebração dos sacramentos o compromisso ecológico encontra seu fundamento mais profundo.

Formação permanente e catecumenato por Igreja em saída

Diante da sensível diminuição de comunidades religiosas na região, como se verifica, por exemplo, no Estado brasileiro do Pará, onde se está passando de uma pastoral de presença a uma visita, pede-se às Congregações religiosas que recuperem o entusiasmo missionário.

Ao mesmo tempo, é preciso oferecer uma formação constante e caminhos de catecumenato baseado não somente em livros de estudo, mas sobre a experiência concreta em contato direto com a cultura local.

Assumir um rosto amazônico significa compreender sinais e símbolos, próprios destes povos e conviver numa ótica de diálogo e intercultural, encorajando o aprofundamento de uma teologia indígena, a fim de que a liturgia responda sempre mais à cultura local.

Isso implica um dinamismo: sair das nossas estruturas e perspectivas. Em alguns casos a Igreja em saída na Amazônia já é uma realidade. São muitos exemplos de presença pastoral finalizada a encorajar os indígenas, esquecidos do mundo, a assumir as rédeas de seu destino. Jamais, porém, ceder à tentação de uma evangelização baseada exclusivamente em programas assistenciais.

Ao mesmo tempo, a Igreja é chamada a enfrentar os desafios apresentados, de um lado, pela proliferação das seitas religiosas e, do outro, por uma cultura relativista proveniente de países industrializados.

A contribuição no âmbito internacional

A Igreja é chamada a fazer ouvir a sua voz. Há quem disse que as representações pontifícias poderiam continuar desempenhando um papel essencialmente junto a governos e organismos internacionais a fim de promover as instâncias das populações amazônicas, acerca de seus direitos à terra, à água, à floresta.

A Igreja na Amazônia é chamada a promover uma economia circular respeitosa da sabedoria e das práticas locais. Foi também evocada a criação de um observatório eclesial internacional sobre a violação dos direitos humanos das populações amazônicas.

Em seguida, a exortação: os países industrializados expressem maior solidariedade em favor dos países com economias frágeis, inclusive pelo fato que constituem um taxa mais elevada de poluição.

O Sínodo, com a multiplicidade de intervenções e pontos de reflexão expostos na sala, está reforçando nos participantes a ideia de uma Igreja unida em torno dos desafios da região pan-amazônica. Cada região do mundo sente a proximidade da Amazônia e os frutos desta assembleia especial serão úteis para a Igreja presente no mundo inteiro.

Comunicação favoreça interconexão

A Amazônia é um mundo multiétnico, multicultural e multirreligioso onde muitas sementes do Verbo já pegaram e estão dando fruto. É desejável a criação de um ecossistema de comunicação eclesial pan-amazônico que seja reflexo da interconexão da humanidade inteira. A ideia não é tanto tecer uma rede de cabos, mas de pessoas humanas.

As grandes dificuldades de mobilidade na imensa região exigem, com urgência, uma maior eficácia e capilaridade dos meios de comunicação social. É preciso, ao mesmo tempo, ajudar os povos a saber ler criticamente a informação difundida de modo superficial por alguns meios de comunicação, desmascarando toda forma de manipulação, distorção ou espetacularização.

Os ministérios e o discernimento

A presença é fundamental. Não somente de religiosos/as, presbíteros e bispos, mas igualmente de missionários/as leigos/as. Um animador, seja ele catequista, leitor, que dê assistência aos enfermos, diácono/a ou ministro/a extraordinário/a da Eucaristia, exerce seu sacerdócio batismal quando assume uma atitude de serviço e não de poder ou  domínio.

As mulheres são preciosas colaboradoras da missão da Igreja na Amazônia, insubstituíveis no cuidado samaritano, na custódia e na tutela da vida.

Ao mesmo tempo, no âmbito da educação foi evidenciada a urgência de transmitir a fé, motivar os jovens a construir o próprio projeto de vida, promover o cuidado da Casa Comum, aumentar a rejeição à chaga do tráfico de pessoas, contrastar o analfabetismo e o abandono escolar.

Os jovens devem ser ajudados a integrar os conhecimentos ancestrais com os saberes mais modernos a fim de que ambos concorram para o “bem viver”.

Sob a ação do Espírito, cum Petrus e sub Petrus, a Igreja é impulsionada a uma conversão numa ótica amazônica e a empreender sem medo um discernimento e uma reflexão sobre o tema do sacerdócio, ouvindo também a hipótese de ordenar pessoas casadas, sem jamais diluir o valor do celibato.

É preciso ter sempre diante de si o drama das populações que não podem celebrar a Eucaristia por falta de presbíteros ou que recebem o Corpo de Cristo somente uma ou duas vezes por ano.

Foi sugerida uma reflexão sobre uma eventual atualização da Carta apostólica Ministeria Quaedam de Paulo VI. Foi sugerida também a introdução de diáconos e diáconas permanentes indígenas que através do ministério da Palavra ajudem o povo local a compreender melhor os Textos Sagrados.

Tutela da Casa Comum e exploração irresponsável

Foi lançada também a ideia de se criar comunidades cristãs eco-interculturais abertas ao diálogo interinstitucional e inter-religioso que ensinem novos estilos de vida orientados pelo cuidado da Casa Comum.

As companhias petrolíferas e de exploração da madeira danificam o ambiente e minam a existência dos povos – foi a denúncia.

Efetivamente, os indígenas não obtêm nenhum benefício da extração dos recursos florestais e minerais de suas terras. Portanto, é preciso desmascarar com força a corrupção galopante que alimenta disparidades e injustiças e interrogar-se sobre o que deixaremos às futuras gerações. Também a grande ameaça constituída pelo narcotráfico deve ser contrastada junto com toda conivência que o alimenta.

Acesso ao alimento e respeito pelos ecossistemas

Foi também dado espaço ao tema da soberania alimentar: todo povo tem o direito de escolher o que cultivar, o que comer e como garantir o acesso ao alimento no respeito pelos ecossistemas.

Uma parte relevante da biodiversidade agroalimentar na Amazônia é ainda desconhecida e foi até agora preservada pelas populações locais. Ela não pode acabar sendo explorada por poucos e tirada da população, como aconteceu no campo médico, onde plantas e princípios ativos enriqueceram multinacionais farmacêuticas, sem restituir nada ao povo.

Fonte:

www.vaticannews.va

]]>
32373