Sínodo para a Amazônia 11/10/2019 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Fri, 11 Oct 2019 21:48:50 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Sínodo para a Amazônia 11/10/2019 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Sínodo: apelo para sentir-se guardião da Criação https://observatoriodaevangelizacao.com/sinodo-apelo-para-sentir-se-guardiao-da-criacao/ https://observatoriodaevangelizacao.com/sinodo-apelo-para-sentir-se-guardiao-da-criacao/#comments Fri, 11 Oct 2019 21:48:50 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32337 [Leia mais...]]]> Todo homem é chamado a cuidar da Casa comum, a fazer um exame de consciência, a não alimentar os pecados ecológicos que devastam não só a Amazônia, mas todo o planeta. Este é o apelo sincero lançado durante o encontro com os jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé.

Amedeo Lomonaco, Silvonei José – Cidade do Vaticano

“Creio em um só Deus, Pai Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra, de todas as coisas visíveis e invisíveis”. As palavras da oração do Credo são a premissa de um apelo sincero que tem a intensidade de uma súplica. A pronunciá-lo foi dom Pedro Brito Guimarães, arcebispo de Palmas, Brasil, respondendo às perguntas dos jornalistas na Sala de Imprensa da Santa Sé. Para o prelado brasileiro é urgente mudar e remodelar os estilos de vida:

Estamos cometendo pecados contra o Criador, contra a natureza e nunca fazemos um exame de consciência… O conceito de pecado ecológico para muitos é algo novo, também para a Igreja: devemos começar a confessá-los… Se começássemos a pensar num estilo de vida mais simples, mais coerente e a viver do essencial, mudaríamos a configuração do mundo”.

A questão ecológica, acrescentou, não diz respeito apenas aos ambientalistas e às ONG, mas envolve todos: cada homem deve sentir-se responsável pelo futuro do planeta. Os homens, observou o arcebispo de Palmas, não são os donos da natureza. Pelo contrário, são chamados a ser “os guardiães da Criação” e a defender este dom de Deus, “há necessidade de formação ecológica”: é preciso aprender a respeitar a Casa comum.

Terra de mártires e de escravidão

A exortação para cuidar da Casa comum está entrelaçada com o retrato de um mundo cada vez mais desfigurado por interesses econômicos. Referindo-se ao território de sua diocese, dom Pedro Brito Guimarães apontou alguns fenômenos preocupantes, incluindo a expansão vertiginosa do cultivo da soja e o consequente processo de desmatamento. Outra ameaça está ligada à expansão descontrolada da agricultura industrial que, mesmo em uma região rica em rios, corrói um recurso fundamental como a água. Os danos causados pelos pecados ecológicos nesta terra e em outras regiões da Amazônia são cicatrizes e feridas indeléveis.

Dom Joaquín Pertíñez Fernández, bispo de Rio Branco, recordou páginas dramáticas da história da região amazônica. Neste território, explicou ele, muito sangue foi derramado. É a terra dos mártires missionários, mas é também o lugar onde muitos trabalhadores se tornaram escravos e encontraram a morte.

Diz-se, afirmou o bispo de Rio Branco, que debaixo de cada seringueira há um morto. Esta árvore, da qual se obtém uma borracha natural, fazendo incisões na casca dos arbustos, está ligada a profundos sofrimentos. “Há feridas – sublinhou dom Joaquín Pertíñez Fernández – que gostaríamos de apagar. Gostaríamos de escrever uma história diferente”.

As duas dimensões do Sínodo

Referindo-se aos trabalhos sinodais, o cardeal Carlos Aguiar Retes, arcebispo da Cidade do México, destacou que o Sínodo tem duas dimensões. A primeira diz respeito à Amazônia e seu imenso patrimônio natural e cultural. A segunda é global e refere-se a todo o planeta. Estes são dois níveis que se intersectam e que não podem ser separados. A Amazônia – disse o purpurado – deve nos conscientizar de que estamos colocando em risco o equilíbrio da Casa comum. Por esta razão, disse ele, é essencial mudar os estilos de vida das nossas sociedades e opor-se – como disse muitas vezes o Papa Francisco – à cultura do descarte.

A Amazônia e o “trânsito religioso

O bispo de Rio Branco, dom Joaquín Pertíñez Fernández, também abordou o fenômeno que ele chamou de “trânsito religioso”. Há muitas pessoas, disse ele, “que passam de uma Igreja a outra”. “Devido à falta de sacerdotes, não temos condições de estar presentes em todos os lugares. São espaços vazios que nós, como católicos, somos incapazes de ocupar e outros vêm ocupá-los”. “Por falta de cultura, o povo acredita em falsas promessas – talvez no âmbito da saúde – e acaba aderindo; então é difícil distanciar-se. Saltam de uma Igreja para outra em busca de uma solução mais prática do que espiritual”.

Povos isolados

Respondendo a uma pergunta sobre os povos da Amazônia que vivem em condições de isolamento, o arcebispo de Palmas, dom Pedro Brito Guimarães, disse que “muitas vezes são obrigados a se isolar”, a entrar na floresta porque “fogem de alguém que ocupa seu território”. É uma “forma de autodefesa”. “Às vezes é impossível chegar até eles, e quando o fazemos, temos de estar preparados”. São povos “muito frágeis” que se sentem ameaçados.

A contribuição das mulheres ao Sínodo

Durante o encontro com os jornalistas foi também recordada a contribuição das mulheres ao Sínodo. Irmã Birgit Weiler, da Congregação das Irmãs Missionárias Médicas, colaboradora da Pastoral para o cuidado da criação da Comissão de Ação Social da Conferência Episcopal Peruana, disse que em seu Círculo Menor (grupo de trabalho), como em outros, “há uma atmosfera muito aberta: nós mulheres nos sentimos acolhidas, há uma grande liberdade de expressão“. Muitos bispos partilham as nossas preocupações e o que nos faz mal, e querem que as coisas mudem.  “Precisamos de mais mulheres em posições de liderança” e é importante, acrescentou, que as mulheres sejam “incluídas em decisões importantes”.

No Peru, lembrou a religiosa, “as mulheres teológicas estão trabalhando em conjunto com as mulheres indígenas para o desenvolvimento da teologia indígena“. Quando questionada pelos jornalistas sobre a falta de direito de voto para as mulheres presentes no Sínodo, irmã Birgit expressou uma esperança:

Nós esperamos, desejamos que se chegue ao ponto em que as nossas superioras possam votar, assim como podem fazer os superiores homens. Sou muito grata ao papa Francisco, por todos os passos que levaram à presença de 35 mulheres neste Sínodo. É já um grande passo avante”.

Fonte:

www.vaticannews.va

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