Serviço Teológico Pastoral – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Thu, 25 Apr 2024 18:48:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Serviço Teológico Pastoral – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Uma experiência sinodal na Igreja do Brasil https://observatoriodaevangelizacao.com/uma-experiencia-sinodal-na-igreja-do-brasil/ Mon, 24 Oct 2022 11:41:26 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=46295 [Leia mais...]]]> Neste texto, Neuza Mafra nos apresenta “Uma experiência sinodal na Igreja do Brasil”. Trata-se do Sínodo da Diocese de Tubarão, que foi uma proposta “gestada aos poucos no Conselho Diocesano de Pastoral, amparada pelas comarcas (regiões pastorais), paróquias, comunidades e pastorais, através de consultas, sendo assumida concretamente por todos numa Assembleia Diocesana de Pastoral”, com a missão de transformar a realidade social/eclesial à luz do Concílio Vaticano II”. Não é exatamente isso que o papa Francisco vem impulsionando com o seu projeto de reforma da Igreja, de modo especial, com o Sínodo sobre a sinodalidade?  

Este é o sexto texto da iniciativa do Serviço Teológico-Pastoral, que publica quinzenalmente em diversas mídias católicas textos opinativos que contribuam para a reflexão e a formação na caminhada de conversão sinodal da Igreja Católica impulsionada pelo papa Francisco.

Desejamos a todos e todas uma boa leitura!

 

UMA EXPERIÊNCIA SINODAL NA IGREJA DO BRASIL

 “O caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja do Terceiro milênio!” 

Papa Francisco 

Por Neuza Mafra

Capa do Documento de Trabalho do Sínodo da Diocese de Tubarão.

O papa Francisco tem afirmado que a sinodalidade é uma dimensão constitutiva na vida da Igreja. Ou seja, é da sua natureza, o “caminhar juntos” dos irmãos e irmãs que acolhem o chamado de fazer parte do Povo de Deus e participar de sua missão. Daí a necessidade de realizar “sínodos” ao longo da caminhada, através de Assembleias Eclesiais para discernir, à luz da Palavra de Deus, questões pastorais, litúrgicas, doutrinais, que expressem o “modus vivendi et operandi da Igreja povo de Deus”. Esses são momentos específicos para tratar de determinados assuntos significativos para a caminhada, para tomadas de decisões conjuntamente. Evidencia, portanto, que a prática sinodal é recorrente na caminhada histórica da Igreja, inspirada na vivência das Primeiras Comunidades Cristãs, manifestações significativas inspiradas e referenciais da vida eclesial dos primeiros séculos. Não é uma invenção do papado de Francisco. Ele apenas deseja recuperar o que o próprio Concílio Vaticano II propôs.

Na caminhada recente da Igreja do Brasil, inúmeros eventos sinalizam essa prática: as Assembleias do Povo de Deus, as Conferências Episcopais, os Sínodos Diocesanos…

Voltemos em meados dos anos de 1984-1986, na Diocese de Tubarão, sul de Santa Catarina, onde se realizou o Sínodo Diocesano de Planejamento Participativo. Ele nasceu sob as inspirações do Concílio Vaticano II (1962-1965), das Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979) e da organização da CNBB, no contexto da busca de uma pastoral de conjunto, como resposta ao cenário que naquele momento se apresentava na esfera eclesial. Uma experiência sinodal muito significativa que pode servir de inspiração profética para o nosso tempo. Vejamos.

 

Cenário eclesial da Diocese de Tubarão

O Sínodo da Diocese de Tubarão está situado no contexto histórico, social e eclesial dos anos de 1980. Passados vinte anos do Concílio Vaticano II, discernia-se que era chegado o momento da Igreja de Tubarão alinhar-se às perspectivas do grande Concílio. Isso porque, até então, as suas propostas e definições pastorais para a Igreja haviam chegado muito pouco à Diocese de Tubarão. 

Mesmo com a reforma litúrgica e a catequese renovada, e embora já houvesse uma estrutura organizativa na Diocese de Tubarão, como o Secretariado Diocesano de Pastoral, a elaboração de planos de pastoral de conjunto, uma coordenação diocesana colegiada e também muitos setores de pastoral, a atividade eclesial ainda era desenvolvida numa perspectiva ad intra, a pastoral continuava centralizada nos padres e nas paróquias, em torno da sacramentalização e da Igreja-matriz, com a “pastoral de conservação”. Os movimentos eclesiais cresciam e multiplicavam-se, e mesmo tendo vida própria e participando pouco dos espaços de comunhão da Diocese, tinham a bênção do poder central da Igreja. Há que se considerar que houve um esforço na superação dessas práticas pré-conciliares, mas os resultados eram pequenos e estavam longe de caminhar numa perspectiva mais libertadora, voltada para a opção preferencial pelos pobres e com atuação no meio popular.

Da parte dos leigos e leigas, era nítido o desejo de pertencer a uma Igreja “Povo de Deus”, toda ministerial, servidora e comprometida com a vida e com os pobres, em diálogo com o mundo e, consciente de sua dimensão histórica. Contudo, estes ainda não se compreendiam como sujeitos eclesiais

As Comunidades Eclesiais de Base – CEBs se apresentavam como uma promessa de renovação eclesial: fomentava-se Grupos de Reflexão em torno na Palavra de Deus, como sementeiras a fazer surgir novas lideranças, organização de projetos e lutas em defesa da vida, e futuras Comunidades Eclesiais de Base. Essa imagem de uma Igreja que emerge das bases, de baixo para cima, das periferias, era o horizonte desejado pelo Sínodo de Planejamento Participativo da Diocese de Tubarão. 

 

A tomada de decisão 

A proposta de um Sínodo na Diocese foi gestada aos poucos no Conselho Diocesano de Pastoral, amparada pelas comarcas (regiões pastorais), paróquias, comunidades e pastorais, através de consultas, sendo assumida concretamente por todos numa Assembleia Diocesana de Pastoral (cf.: ASDT, 1985, v. 1, f.70).

 

O lema e os objetivos do Sínodo

A consulta feita às bases resultou num acúmulo de 50 sugestões vindas de toda a Diocese que apontavam para um lema: “Igreja, Povo a caminho da libertação” (ASDT, 1985, v. 2, f.14). Como dissemos, havia a preocupação em transformar a realidade social/eclesial à luz do Concílio Vaticano II. 

Para fazer isso implicava olhar, profunda e atentamente, a realidade, suscitar pessoas, nos mais diferentes ambientes e situações, que assumissem um compromisso, ou seja, multiplicar lideranças. Para isso, foram assumidos os seguintes objetivos para o Sínodo: 

  • 1º Elaborar um plano de pastoral
  • 2º Tentar adaptar a Igreja aos novos tempos
  • 3º Dar mais voz e vez aos leigos/as na Igreja
  • 4º Conhecer a realidade global
  • 5º Fazer um planejamento participativo e orgânico
  • 6º Fazer do planejar um evangelizar. (DF, 75, 1983, p.2-7). 

O número de participantes no Sínodo teve um tom de legitimidade: “será uma convocação de todas as pessoas, grupos e comunidades das cinquenta e três (53) paróquias que compõem a Diocese” (ASDT, 1985, v. 1, f. 7). 

 

O que o Sínodo fortaleceu

Durante seu processo, a formação para a sinodalidade fervilhava por todos os lugares. Era comum ver leigos/as participando de formações lideradas pelos padres, e também os padres participando de formações lideradas pelos leigos/as.

O processo de planejamento participativo, com a metodologia assumida no Sínodo da Diocese de Tubarão, apontava os novos caminhos para a Igreja diocesana, firmando a eclesiologia do “Povo de Deus”. 

Essa prática fortaleceu as instâncias de comunhão, participação e missão que estavam no bojo de todo o processo sinodal, tais como:

  • os Conselhos de Pastoral, em todas as instâncias, com a descentralização do poder nas tomadas de decisões e encaminhamentos
  • as Assembleias em todas as instâncias, como órgãos máximos de tomada de decisão
  • o Conselho de Leigos/as;
  • a Associação dos Presbíteros;
  • a Escola de Teologia para Leigos e Leigas;
  • os Cursos de Capacitação
  • bem como, outras forças vivas.

O Sínodo constituiu-se num processo vivo e criativo de renovação. Por meio dele algumas conquistas foram reafirmadas e passos concretos foram dados. A busca por respostas novas foi marcada por momentos de tensões, de incertezas e de conflitos, o que exigiu uma conversão pessoal e pastoral. E sempre exigirá.

Entre a implementação do processo do Sínodo, a organização, a realização e o pós-sínodo, enquanto momento próprio para a sua recepção na vida e no dinamismo concreto da Igreja, há uma caminhada de muitos passos. Exige espaço e tempo de reflexão, aprofundamento, abertura e paciência histórica, conflitos e discernimento de novos desafios que se apresentam. Não podemos esquecer que a Igreja é Povo de Deus que caminha rumo a libertação. E da caminhada da Igreja, como nos ensina o Concílio, se exige dupla fidelidade: primeiro, ao Evangelho e a Tradição da Igreja, segundo, ao tempo de hoje. 

Talvez esteja na hora da Diocese de Tubarão realizar um novo sínodo!

Bibliografia:

  1. Compêndio dos Documentos do Sínodo de Planejamento Participativo 1984-1986;
  2. Anotações da Tese de Doutorado de Pe. Pedro Paulo das Neves;

(Os grifos são nossos.)

Neuza Mafra

Neuza Mafra é pedagoga, com pós-graduação em Doutrina Social da Igreja. Trabalha na Cáritas, faz parte da Ampliada das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs e é colunista do Portal das CEBs.

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Francisco e a sinodalidade: caminhar juntos para as periferias https://observatoriodaevangelizacao.com/francisco-e-a-sinodalidade-caminhar-juntos-para-as-periferias/ https://observatoriodaevangelizacao.com/francisco-e-a-sinodalidade-caminhar-juntos-para-as-periferias/#comments Wed, 24 Aug 2022 19:58:48 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45715 [Leia mais...]]]> Este texto, do jovem teólogo Joaquim Jocélio de Souza Costa, “Francisco e a sinodalidade. Caminhar juntos para as periferias”, no qual analisa o sentido novo e profundo da reflexão sobre sinodalidade no atual contexto da Igreja Católica e que considera como “um tempo de darmos novos passos“, é o quarto da iniciativa do Serviço Teológico-Pastoral, de publicar quinzenalmente textos opinativos que contribuam para a reflexão e a formação na caminhada de conversão sinodal da Igreja Católica impulsionada pelo papa Francisco. O Observatório da Evangelização PUC Minas acolheu o convite de participar desta importante iniciativa.

Como afirma Joaquim, “O papa Francisco propôs um caminho sinodal querendo que a Igreja dê novos passos na sua renovação eclesial para ser cada vez menos uma Igreja autorreferencial (EG 94-95) e cada vez mais uma Igreja em saída para as periferias (EG 20, 30, 49)… A sinodalidade não é um caminhar juntos para qualquer lugar. É saída para onde fundamentalmente Deus está, e como nos recorda Francisco (2021a), ao Senhor “não O encontramos quando e onde queremos, mas reconhecemo-Lo na vida dos pobres, na sua tribulação e indigência, nas condições por vezes desumanas em que são obrigados a viver”. Logo, a sinodalidade não pode ser entendida fora desse caminhar em saída para as periferias.” 

Desejamos a todos e todas uma boa leitura!

Francisco e a sinodalidade. Caminhar juntos para as periferias

Por Joaquim Jocélio de Sousa Costa

A palavra sinodalidade, que até bem pouco tempo não era muito usada em nosso vocabulário teológico, é agora tema principal das nossas reflexões e debates pastorais. Ela vem da palavra “sínodo” e significa “caminhar juntos”. “A sinodalidade expressa a natureza da Igreja, a sua forma, o seu estilo, a sua missão” (FRANCISCO, 2021b). Por isso seu sentido não é propriamente novo, embora precise ser constantemente redescoberto e assumido criativamente, pois afinal, muitas vezes as estruturas eclesiais mais dificultam que ajudam o caminhar juntos do povo de Deus.

O papa Francisco propôs um caminho sinodal querendo que a Igreja dê novos passos na sua renovação eclesial para ser cada vez menos uma Igreja autorreferencial (EG 94-95) e cada vez mais uma Igreja em saída para as periferias (EG 20, 30, 49). Assumiu um organismo que já havia recebido novo vigor com o Concílio (o Sínodo) e deu-lhe outro formato. Essa assembleia para pensar a caminhada da Igreja, começou dessa vez fundamentalmente a partir das bases, através de uma grande escuta ao povo de Deus de todas as dioceses do mundo, incluindo pessoas de outras Igrejas, outras religiões e até pessoas sem vinculação religiosa. Francisco assume assim que o Espírito age não só em qualquer grupo ou pessoa que se abre a Ele, como através delas o Espírito tem uma palavra para a Igreja.

Um ponto importante a destacar é que os primeiros a serem escutados devem ser os pobres, pois “estes têm muito para nos ensinar. A nova evangelização é um convite a reconhecer a força salvífica das suas vidas, e a colocá-los no centro do caminho da Igreja” (EG 198). Por isso, a sinodalidade não é um caminhar juntos para qualquer lugar. É saída para onde fundamentalmente Deus está, e como nos recorda Francisco (2021a), ao Senhor “não O encontramos quando e onde queremos, mas reconhecemo-Lo na vida dos pobres, na sua tribulação e indigência, nas condições por vezes desumanas em que são obrigados a viver”. Logo, a sinodalidade não pode ser entendida fora desse caminhar em saída para as periferias. 

E nesse sentido, a Igreja da América Latina tem profundas e avançadas experiências sinodais intimamente ligadas à vida dos pobres. As Conferências do Episcopado Latino-Americano expressam bem isso. Inclusive, recentemente, Francisco (2022) afirmou que a “‘comunhão’ e a ‘participação’ foram as categorias-chave para a compreensão e implementação da III Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano, realizada em Puebla” e afirmou ainda que “além dos documentos, é a própria realidade pastoral da Igreja Latino-Americana que me incentiva a pensar nela como uma experiência na qual a sinodalidade há muito se enraizou”. De fato, foram muito frutuosas as experiências sinodais em nosso chão: CEBs, leitura popular da Bíblia, conselhos pastorais, teologias da libertação, Assembleia dos Organismos do Povo de Deus, envolvimento nas lutas sociais, maior participação dos leigos (especialmente das mulheres) etc.

Mas esse é o tempo de darmos novos passos. Não se trata de criar algo totalmente novo nem muito menos simplesmente repetir as experiências frutuosas. É bem mais aprender com elas para criativamente, a partir do que o Espírito semeia na história, nos renovarmos como seguidores de Jesus para sermos mais fiéis ao Evangelho e melhor servir na construção do Reino de Deus. Precisamos assumir os novos meios de comunicação para contribuir com uma evangelização mais sólida do nosso povo; investir mais na formação dos agentes de pastoral; promover a dimensão profética das devoções populares; insistir sempre que “cada um dos batizados, independentemente da própria função na Igreja e do grau de instrução da sua fé, é um sujeito ativo de evangelização” (EG 120).

De qualquer modo, o caminho evangelicamente seguro para isso é sempre começar a partir dos pobres. Como já foi dito, suas vidas têm muito a nos ensinar. Sua alegria sempre contagiante, apesar de tantos desafios e sofrimentos; sua solidariedade mesmo tendo tão pouco; sua determinação mesmo diante de tantos “nãos” e tantas portas fechadas; sua vida oprimida que sabe muito bem o que é a força da centralização, do autoritarismo e dos mecanismos de exclusão; sua sabedoria para viver com tão pouco e ainda afirmar que vale a pena viver e lutar. Tudo isso nos ajuda a sermos uma Igreja de autêntica comunhão e participação, onde reine o amor de irmãos e irmãs, a partilha, a simplicidade, estilos de vida austeros, a alegria; uma Igreja que vença os moralismos e rigorismos. Só a partir dos últimos seremos uma Igreja verdadeiramente sinodal. É isso que nos ensina Francisco (2015): “Que posso fazer eu, recolhedor de papelão, catador de lixo [sic], limpador, reciclador… artesão, vendedor ambulante, carregador, trabalhador irregular… Camponesa, indígena, pescador?… Vós, os mais humildes, os explorados, os pobres e excluídos, podeis e fazeis muito. Atrevo-me a dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas mãos… Não se acanhem!”. 

Referências 

FRANCISCO, Papa. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium sobre o anúncio do Evangelho no mundo atual (EG). São Paulo: Paulinas, 2013.

FRANCISCO, Papa. Discurso no II Encontro Internacional com os Movimentos Populares. 09 de julho de 2015. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/ 2015/july/documents/papa-francesco_20150709_bolivia-movimenti-popolari.html. Acesso em 15 de abril de 2021.

FRANCISCO, Papa. V Mensagem para o Dia Mundial dos Pobres. 13 de junho de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/poveri/documents/20 210613-messaggio-v-giornatamondiale-poveri-2021.html. Acesso em 28 de maio de 2021a.

FRANCISCO, Papa. Discurso aos fiéis da Diocese de Roma. 18 de setembro de 2021. Disponível em: https://www.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2021/september/documents/20210918-fedeli-diocesiroma.html. Acesso em 07 de outubro 2021b.

FRANCISCO, Papa. Mensagem de vídeo por ocasião da plenária da Pontifícia Comissão para a América Latina, 26 de maio de 2022. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2022-05/papa-francisco-pcal-sinodalidade-comunhao-eclesial.html. Acesso em 28 de maio de 2022.

Joaquim Jocélio de Sousa Costa

Joaquim Jocélio de Sousa Costa é graduado em Filosofia pela Faculdade Católica de Fortaleza e graduando em Teologia pela Faculdade Católica de Fortaleza.

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Canais de inspiração católica exibem o programa Igreja Sinodal https://observatoriodaevangelizacao.com/canais-de-inspiracao-catolica-exibem-o-programa-igreja-sinodal/ Sat, 26 Mar 2022 12:00:00 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=44575 [Leia mais...]]]> A primeira Assembleia Eclesial Latino Americana e Caribenha representa um marco para a caminhada da Igreja. Um acontecimento que precisa ser retomado e aprofundado afim de que possamos avançar rumo à sinodalidade eclesial. Neste anseio nasceu um grupo que se põe a serviço da teologia e pastoral procurando fazer com que as questões eclesiais “furem as bolhas” restritas aos especialistas e estudados e cheguem à maior parte dos fieis através de linguagem e meios acessíveis. Uma destas estratégias recentes é o programa Igreja Sinodal. Saiba mais no artigo:

Estreiou, neste mês de março, o programa Igreja Sinodal, uma iniciativa do Serviço Teológico-Pastoral, com o objetivo de repercutir assuntos ligados à primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe e aprofundar as reflexões do Sínodo sobre Sinodalidade. A data de estreia do programa recordou os 9 anos de eleição do Papa Francisco, em 13 de março de 2013.

Com exibição inédita pela TV Horizonte todos os sábados, às 8h30, o programa também será veiculado pela TV Pai Eterno todos os sábados, às 14h30. A TV Aparecida exibe-o todas as terças-feiras, às 22h30 e a Rádio América, de Belo Horizonte, às quartas-feiras, às 20h30.

O programa tem duração total de 30 minutos e é conduzido pelo coordenador-geral da PASCOM Brasil e membro da equipe de comunicação do Anima PUC Minas, Marcus Tullius. No programa de estreia, o comunicador conversou com o presbítero da diocese de Limoeiro do Norte (CE) e doutor em Teologia, padre Francisco de Aquino Junior, sobre a inspiração do nome do programa Igreja Sinodal e com a doutora em Teologia e professora da PUC-RIO, Maria Clara Bingemer, sobre os 9 anos de pontificado do Papa Francisco.

Serviço teológico-pastoral

O Serviço Teológico-Pastoral é um grupo de trabalho atento às questões pastorais na realidade latino-americana e ao magistério do Papa Francisco. Segundo o membro do grupo, professor da Faculdade Jesuíta (FAJE) e doutor em Teologia, Padre Geraldo Luiz De Mori, um grupo de teólogos e pastoralistas, provocados pela Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, começou a se reunir para pensar juntos como participar do processo de recepção da Assembleia na Igreja do Brasil, contribuindo com isso à “reforma” eclesial querida pelo Papa Francisco e aos processos sinodais que ele tem implementado na Igreja.

“O grupo organizou um seminário com alguns dos representantes do Brasil na Assembleia e vem se reunindo todas as semanas para pensar não só a divulgação dos resultados da Assembleia, mas também as questões que ela levanta ao conjunto da Igreja”, afirmou.

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Seminário reflete os ecos e perspectivas da primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe  https://observatoriodaevangelizacao.com/seminario-reflete-os-ecos-e-perspectivas-da-primeira-assembleia-eclesial-da-america-latina-e-caribe/ Wed, 15 Dec 2021 15:05:52 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=43187 [Leia mais...]]]> Iniciativa partiu de um grupo de trabalho ligado às questões pastorais na realidade latino-americana e ao magistério do papa Francisco

Teólogos e pastoralistas de diversas regiões do Brasil realizaram seminário sobre a primeira Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe nos dias 09 e 10 de dezembro, de forma on-line. O objetivo foi refletir os ecos e as perspectivas desta assembleia, que foi celebrada de 21 a 28 de novembro na cidade do México, com delegados de todo o continente.

O seminário é uma iniciativa do Serviço Teológico-Pastoral, recém-criado a partir de um grupo de trabalho atento às questões pastorais na realidade latino-americana e ao magistério do papa Francisco. Para o doutor em Ciências da Religião e membro do grupo, professor Edward Guimarães, o resultado é fruto de uma provocação do teólogo padre Aquino Júnior. “Ele fez uma provocação em um grupo de whatsapp e nós acolhemos. Não sabíamos ainda o que fazer, mas sabíamos que precisávamos pensar em algo para acompanhar este processo. Começamos a nos reunir um pequeno grupo às sextas-feiras e mapeamos algumas pessoas, pelas regiões do Brasil, para ampliar a discussão”.   

Ecos da Assembleia: escuta e participação 

A primeira noite do seminário contou com a partilha de dois leigos que participaram como delegados na primeira Assembleia Eclesial. A presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Oliveira, e o presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (Soter) e professor da PUC-Rio, César Kuzma.

Sônia destacou o sentimento de alegria em participar como delegada e elementos do processo para a Assembleia. “Queria destacar o momento da escuta, que para mim foi o momento mais bonito de todo o processo, o que foi feito nas dioceses”, relata. Ela ressalta também o critério de escolha dos delegados, que procurou contemplar os diversos rostos e segmentos da Igreja no Brasil. 

Para a presidente do conselho do laicato, o maior aprendizado que fica é o processo sinodal, da oportunidade de exercitar a escuta para atender ao apelo do papa Francisco, dando voz às mais diversas realidades existentes na Igreja. “Nós somos chamados a vivenciar esta esperança, do que nós ouvimos no processo e do que podemos levar adiante”. 

Em sua partilha, Kuzma destacou o caminhar até a assembleia, a experiência vivida durante a realização e a recepção deste evento em nível pessoal e comunitário. “O sentimento que me fez caminhar para lá foi de alegria e de esperança, de me sentir parte e corresponsável pelos caminhos da Igreja na América Latina e Caribe, mas em especial, os caminhos de mudanças na Igreja do Brasil, a Igreja que nós perseguimos, trabalhamos e fazemos parte”, relata. 

Para o teólogo, a assembleia ocorreu em espírito sinodal, mas dentro uma estrutura marcadamente clerical. Contudo, ele ressalta que este foi um primeiro passo e há uma expectativa do que pode vir a ser. Assim como Sônia, César destaca os testemunhos que deram o tom da Assembleia e a ausência de vozes laicais, e femininas, durante as conferências e a falta de clareza na metodologia assumida. 

Um fato destacado por Kuzma é o lugar onde aconteceu a Assembleia e que isto deve impulsionar o modelo eclesiológico para o continente. “Guadalupe tem todo um simbolismo, da imagem de Nossa Senhora inculturada, com raízes indígenas e latino-americanas e que traz em seu ventre um Cristo que nasce neste contexto”.

Após as partilhas, os participantes manifestarem suas reações. O bispo auxiliar de Belo Horizonte e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Joaquim Mol, realçou que é preciso aproveitar os defeitos metodológicos da Assembleia para ajudar no caminho do Sínodo sobre Sinodalidade e que a interpretação da Assembleia tem que ser maior do que o evento. “Devemos entender a assembleia como parte de um processo mais amplo”, destacou.

Perspectivas eclesiais para a América Latina e Caribe

O segundo dia do seminário, na noite de 10 de dezembro, apresentou as perspectivas para a Igreja no continente a partir da Assembleia Eclesial e torná-la um processo mais amplo. Para isso, foram convidadas a ex-presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB) e delegada da Assembleia Eclesial, Marilza Schuina, e o professor e conferencista da Assembleia, padre Agenor Brighenti.

Para Marilza, ecoou forte o refrão entoado durante todo o período da Assembleia, “todos somos discípulos-missionários em saída”, a expectativa de retomada da conferência de Aparecida e da eclesiologia do povo de Deus tão emblemática do Concílio Vaticano II. Ela destaca a importância da escuta no processo, já no Sínodo da Amazônia e agora na Assembleia Eclesial. “Como nós podemos fazer efetivamente no Brasil para escutar, para ser uma Igreja da escuta, da ausculta, que faz mais do que ouvir, que aceita e compreende os desafios?”, questiona. 

Para ela, a grande perspectiva é pensar como ser Igreja daqui para frente. A primeira Assembleia deve apontar a construção de um caminho rumo à sinodalidade e, aqui, no Brasil, Marilza destaca que é preciso qualificar o que se quer com a Assembleia dos organismos do povo de Deus. Dentre outros pontos destacados pela leiga, estão a insistência de uma Igreja missionária em saída para as periferias e na ruptura com o clericalismo, fortalecendo a formação do laicato e da caminhada das Comunidades Eclesiais de Base. 

O padre Agenor Brighenti, que atuou como conferencista na Assembleia, apontou que ventos novos sopram sobre a Igreja. “E ventos que sopram depois de três décadas de involução eclesial. E parte desses ventos vêm da América Latina e o Caribe”, afirma o teólogo referindo-se às influências latino-americanas no pontificado do papa Francisco. 

Três pontos foram destacados por Brighenti como significantes desta Assembleia. Segundo ele, a Assembleia situa a colegialidade episcopal no seio da sinodalidade eclesial. “Isso significa dizer que o bispo é membro do povo de Deus na sua Igreja local. A sinodalidade é horizontal”, afirma. O segundo significante é que a Assembleia eclesial buscou reavivar Aparecida, que resgatou o Vaticano II e a tradição libertadora que deu rosto e palavra própria à Igreja da América Latina. Brighenti recorda que o período de 2022 a 2025 representa os 60 anos de realização do Concílio Vaticano II e provoca os participantes se este não seria o momento de fazer uma segunda recepção do Concílio. 

Por fim, o teólogo coloca a importância da Assembleia para a afirmação do laicato como sujeito eclesial. Dentre as perspectivas que surgem deste significante, Brighenti salienta a necessidade de promover e reconhecer os conselhos de leigos e leigas em todas as instâncias eclesiais, a criação de escolas para formação de ministérios laicais que atuem em ambientes externos, além daqueles já existentes nas comunidades, e a criação de ministérios específicos para mulheres. 

Nos dois dias de seminário, os principais pontos foram destacados em uma síntese. Para ajudar no processo de recepção e interpretação da primeira Assembleia Eclesial, o Serviço Teológico-Pastoral terá outras iniciativas, em sintonia com o processo sinodal, com produções audiovisuais e conteúdos para redes sociais. 

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Comunicação
Marcus Tullius – Anima PUC Minas
soumarcustullius@gmail.com
31 99062 1987

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