Semana Santa – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 16 Apr 2019 12:50:40 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Semana Santa – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Para além da Semana Santa, o desafio da evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com/para-alem-da-semana-santa-o-desafio-da-evangelizacao/ https://observatoriodaevangelizacao.com/para-alem-da-semana-santa-o-desafio-da-evangelizacao/#comments Tue, 16 Apr 2019 12:50:40 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=30290 [Leia mais...]]]> É possível afirmar que a Semana Santa, pela centralidade do mistério celebrado, concentra toda a densidade da experiência cristã?

Em nosso modo de compreender a dinâmica da fé cristã, a resposta para esta significativa interpelação, não pode ser outra que um “sim e não”. Foi com o saudoso professor e amigo Pe. João Batista Libanio que aprendemos a utilizar o antigo “método da dialética do sim e do não” como poderoso instrumento de análise e aprofundamento das questões que aparentemente se apresentam simples e óbvias.

Comecemos com a afirmação positiva: Sim, a Semana Santa concentra toda a densidade da experiência cristã.

Nela celebramos os impactos sociopolíticos e religiosos da vida de Jesus, de sua práxis libertadora profética ao anunciar-denunciar-testemunhar a acolhida fecunda da presença do Reino de Deus entre nós. A pessoa de Jesus, por um lado, atraiu discípulos e discípulas e saciou a sede de sentido ou a fome da proximidade amorosa e salvífica de Deus de muitas tantas pessoas que se sentiam excluídas da luz divinal. Mas também, por outro, Jesus despertou a ira de poderosos inimigos no âmbito religioso e sociopolítico de seu tempo. O que Jesus anunciava e testemunhava foi compreendido pelos poderosos como ameaça, daí a virulenta reação de seus algozes.

Na Semana Santa celebramos, o discernimento e a radical fidelidade de Jesus de Nazaré. Fiel até as últimas consequências ao projeto salvífico universal de Deus. Mesmo sendo ameaçado e depois de traído, preso, torturado e condenado, na calada da noite, à morte cruenta na cruz, Jesus permaneceu firme e fiel à revelação do amor de Deus Pai. Por discernir e entender que se manter fiel ao anúncio-denúncia-testemunho do Reino de justiça, fraternidade, misericórdia e paz era a concretização do fazer a vontade de Deus, Jesus entregou-se confiante nas mãos de Deus Pai. E não morreu fracassado.

Nesta singular semana, celebramos de modo todo especial a fidelidade de Deus ao seu Filho Jesus. O profeta da Galiléia não morreu abandonado por Deus Pai. Ao contrário, Deus ressuscita Jesus dos mortos. Esta intervenção de Deus na morte de Jesus, ou seja Jesus ao ser ressuscitado pelo Pai, revela o julgamento divino sobre a vida de Jesus. A ressurreição confirma que o conteúdo da vida de Jesus agradou tanto a Deus que se transformou em juízo salvífico. A vida de Jesus, seus ensinamentos e gestos proféticos, é caminho de salvação.

A ressurreição de Jesus ocupou a centralidade da experiência cristã pois revelou definitivamente o projeto salvífico universal de Deus, iluminou o sentido da história e explicitou, com inédita lucidez, o sentido da vida humana para Deus: somos chamados a cultivar, com fidelidade, a centralidade do amor. O amor é a nossa origem, o nosso sustento e o nosso destino último.

Aprofundemos com a afirmação negativa: Não, a Semana Santa não concentra toda a densidade da experiência cristã.

Quando temos presente a nervura do real, ou seja, quando temos diante de nós a dinâmica histórica do cristianismo, com seus altos e baixos, com sua fidelidade e infidelidade, com sua ambivalência radical, damo-nos conta da necessidade, para além da retórica, de refletirmos sobre o sentido da afirmação negativa.

De fato, por mais que compreendamos a força transformadora do simbólico, igualmente temos que estar cientes da força destruidora do diabólico. Simbólico, o que une, diabólico o que divide… A prudência, a vigilância, o discernimento crítico e autocrítico e a busca contínua de conversão a Deus, juntas, suscitam a atitude fundamental do cristão diante da própria experiência cristã.

A história do cristianismo revela que podemos vivenciar e transformar a experiência cristã, como qualquer outra experiência religiosa, é uma realidade ritualística perversa, hipócrita, intimista, espiritualista e vazia.

Quando a Semana Santa se transforma em pura ritualística tradicional – um conjunto de ritos antigos que se realiza igualmente todos os anos – ainda que vivida de modo piedoso, devocional e emotivo, mas desligada do modo como acolhemos a presença do Reino de Deus entre nós ou divorciada da maneira como nos responsabilizamos em assumir em nossa vida atual a práxis libertadora de Jesus de Nazaré como caminho de conversão, esta semana não concentra toda a densidade da fé cristã.

Quando a Semana Santa é vivida sem renovação da aliança batismal de procurarmos cotidianamente em nosso contexto atual discernir e fazer, como Jesus de Nazaré – com fidelidade até as últimas consequências – a vontade de Deus, esta semana, por falta de resposta dos cristãos a Deus, perde a capacidade de concentrar sacramentalmente a totalidade da proposta cristã.

Quando a Semana Santa não consegue nos envolver num processo criativo de conversão a Deus e de busca de fidelidade ao anúncio-denúncia-testemunho do Reino, Reino de justiça, fraternidade, misericórdia e paz – daí a importância da Campanha da Fraternidade todos os anos nos provocar e nos convocar a conversão para uma dimensão da realidade na qual a vida não está sendo o valor maior – esta semana perde a capacidade de nos interpelar, revigorar e renovar mesmo nosso compromisso de participar da missão salvífica de Jesus Cristo ressuscitado que, com a força atuante do Espírito Santo, permanece sempre conosco.

Para além da Semana Santa, o desafio da evangelização

O maior desafio do cristianismo é sempre o de evangelizar. Este verbo jesuânico traduz o contínuo sentimento de urgência diante do compromisso de discípulos e discípulas com o zelo diante do anúncio-denúncia-testemunho profético do Reino de Deus presente e atuante no meio de nós.

Que a experiência da Semana Santa, ao fazer a memória perigosa dos últimos acontecimentos históricos da vida de Jesus, desperte o nosso desejo de maior fidelidade a Deus e ao seu Reino de justiça, fraternidade, misericórdia e paz.

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães é mineiro de Tombos, teólogo leigo, doutorando em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e mestre em Teologia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE). Ele é membro da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER), do Conselho Arquidiocesano de Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte e o atual secretário executivo do Observatório da Evangelização.

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Para bem viver a Semana Santa https://observatoriodaevangelizacao.com/para-bem-viver-a-semana-santa/ Sat, 08 Apr 2017 15:14:57 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=16155 [Leia mais...]]]>

Padre Joel Maria dos Santos orienta sobre a vivência deste tempo especial

As comunidades de fé se preparam para celebrar a Semana Santa, e o vigário episcopal para a Ação Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte, padre Joel Maria dos Santos, recorda que esse tempo ocupa lugar central na vivência da fé cristã. Nesta entrevista, padre Joel fala sobre o sentido da Semana Santa e os caminhos que estão sendo percorridos para efetivar o Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra, da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Centralidade da Semana Santa

“Na Semana Santa, celebramos o mistério central da nossa fé, da nossa vida cristã, isto é, a paixão/morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vivemos com Ele o caminho do calvário, da sua entrega/oferta amorosa a nós, cumprindo a vontade do Pai. Por fidelidade e obediência ao Pai, Ele vai à cruz e nela derrama seu sangue pela vida de toda a humanidade. Ao celebrar a Semana Maior, somos convidados ao mergulho nas profundezas do amor de Deus que salva a humanidade toda, e ao mesmo tempo, renovar, como seguidores dele, nosso compromisso de também sintonizar nosso coração com todos os que sofrem, com os pobres, os pequeninos, os injustiçados, fazendo-nos todos mais solidários e servidores dos prediletos do Reino. Celebraremos com alegria e agradecidos esses mistérios que, ao mesmo tempo, nos interpelam a estarmos no coração do mundo, movidos pela Palavra e Testemunho do Mestre, como verdadeiros discípulos e discípulas daquele que indo à frente, ensinou-nos o caminho a seguir.”

Recomendações para a vivência deste tempo

“Na vida da Igreja, quando nos referimos ao Ano Litúrgico, e, por conseguinte, aos tempos litúrgicos com seus ciclos, temos em cada um deles um momento de preparação, de celebração e de prolongamento da festa. Considerando o ciclo Pascal, em que celebramos a paixão/morte e ressurreição de Jesus Cristo, o momento de preparação se refere à quaresma. A quaresma não tem um fim em si mesmo, mas é pensada em relação à Pascoa. Enquanto tal, a quaresma nos propõe os seus exercícios que, por sua vez, visam colaborar conosco no caminho da conversão. Neste horizonte, a Palavra de Deus tem uma primazia importantíssima. É a partir dela que somos convidados à conversão. Ela nos leva à busca da oração, da interiorização. Ela nos leva à prática da caridade. Assim, por meio do jejum, da oração, da caridade e interpelados pela Palavra, criamos condições para uma adequada vivência do tempo quaresmal levando-nos a assumir uma vida nova com Cristo a partir da sua Páscoa. Renovados com Ele, por sua vida oferecida, chamados somos a transformar nossa realidade, onde cada vez mais a vida é ferida e comprometida em sua dignidade.”

A importância de participar da Missa da Unidade

“Dentro da Semana Maior, a Semana Santa, celebramos, na Quinta-feira Santa, a Missa da Unidade, ou chamada também Missa do Crisma. Nessa celebração, que se recomenda a presença de todos unidos aos seus pastores, celebra-se a unidade de uma Igreja particular reunida com seu Arce(bispo), presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, todos os fiéis. Testemunhamos o valor e a importância da comunhão em que rezamos pelos que nos guiam e também pelo amado Povo de Deus. Na celebração da unidade a cada ano, os presbíteros renovam, diante do bispo e da comunidade, seus compromissos sacerdotais assumidos em sua ordenação sacerdotal, o de estar a serviço do Povo de Deus exercendo junto a eles o sacerdócio de Cristo, e o de se colocar como colaboradores da ordem episcopal (bispos). Essa celebração é conhecida também como do Crisma, devido ao fato de, durante a Missa, serem abençoados os óleos usados no sacramento do Batismo (óleo dos catecúmenos), no sacramento da Unção dos Enfermos e no sacramento da Crisma. É o momento em que o óleo do Crisma é consagrado. Com ele, os recém-batizados são ungidos e os confirmados pela Crisma são marcados. Com o Santo Crisma os cristãos são inseridos pelo batismo no mistério pascal de Cristo, se tornam participantes do seu sacerdócio profético e real, e, pela confirmação, recebem a unção espiritual do Espírito Santo que lhes é dado. Assim, ao participarmos desta celebração da unidade, vivemos um momento de profunda comunhão e fortalecimento da nossa consciência e fé em participarmos dos mistérios de Cristo na vida da comunidade cristã.”

Projeto de Evangelização: Proclamar a Palavra

“A nossa amada Arquidiocese de Belo Horizonte está agora comprometida com o Projeto de Evangelização, e mais ainda, com o espírito que o alimenta, isto é, a Palavra de Deus. Esse projeto é fruto do longo e importante caminho que fez nossa Arquidiocese a partir das suas mais diversificadas instâncias: as comunidades, as paróquias, as foranias, as regiões, os vicariatos especiais, enfim, a mobilização de todas as forças vivas e evangelizadoras de nossa Igreja particular. Temos em nossas mãos, e, sobretudo no nosso coração, o compromisso de colocar em prática tudo o que o Povo de Deus escolheu como caminho desafiador e evangelizador na vida das inúmeras comunidades, quer sejam nas áreas rurais, cidades históricas, nas vilas e favelas, nos prédios e condomínios, centros urbanos, enfim, em todo lugar em que cada um de nós se faz presente e é chamado a estar como Igreja missionária. Neste momento, estamos tornando o Projeto de Evangelização conhecido com a ajuda dos vários meios de comunicação: redes sociais, sites, Observatório da Evangelização, TV Horizonte, Rádio América, Assessoria de Comunicação da Arquidiocese. Até o dia 20 de março, todas as paróquias deverão entregar à sua região os seus planos pastorais. Lembramos ainda que o projeto pastoral terá a sua força maior justamente nas paróquias. As comunidades paroquiais são a instância de vivência do projeto pastoral, onde de fato o Projeto de Evangelização acontece. Cada Região vai articular a melhor forma de viabilizar a execução dos planos. No âmbito da forania, deverá ser promovida a experiência da partilha dos planos entre as paróquias. Essa experiência possibilitará o crescimento e a ajuda entre as comunidades paroquiais. Quanto à Arquidiocese, por meio do Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral, caberá a orientação de todo o trabalho a ser desenvolvido em relação ao Projeto – com assessorias, acompanhamento e iniciativas que ajudem todas as instâncias a melhor vivê-lo, traduzindo em ações concretas o Projeto de Evangelização. O nosso Projeto de Evangelização estabeleceu 10 compromissos a partir do encontro com a Palavra de Deus. Esses compromissos devem ser assumidos com todo empenho, dedicação e amor, buscando traduzir a escuta da Palavra, no serviço a cada pessoa que encontrarmos, comunicando a alegria do Evangelho que transforma vidas e corações, testemunhando a força Salvadora de Cristo Jesus a todos.”

Os 10 compromissos do Projeto de Evangelização

1. Fortalecer a rede de comunidades.
2. Assumir, cada vez mais, a nossa opção preferencial pelos pobres.
3. Ser Igreja da acolhida, estar com as portas e os corações abertos para testemunhar a misericórdia de Deus.
4. Cultivar a ética na política e no exercício da cidadania com a força da fé.
5. Investir na família.
6. Incentivar, cada vez mais, o protagonismo das pessoas nas muitas tarefas da Igreja.
7. Dedicar-se aos jovens, escutá-los, envolvê-los nos trabalhos.
8. Promover formação integral e permanente, para que todos possam Proclamar a Palavra de Deus.
9. Investir na Catequese
10. Evangelizar a partir da Comunicação e da Cultura.

                                                                                                            Padre Joel Maria dos Santos                                                                                       Vigário episcopal para a Ação Pastoral  e coordenador do Observatório da Evangelização

FONTE: Opinião e Notícias

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