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O Filho de Deus assume, integralmente, nossa vida humana para nos ensinar o quão bom é realizar nossa humanidade.

A pedagogia do Natal nos leva a conhecer de modo mais profundo o rosto amoroso de Deus.
A pedagogia do Natal nos leva a conhecer de modo mais profundo o rosto amoroso de Deus. (Irina Murza by Unsplash)


Por Felipe Magalhães Francisco*

Estamos chegando ao que, no calendário litúrgico, chamamos de Oitavas de Natal. Dada a importância da festa celebrada, a da memória do nascimento do Menino-Deus, a Igreja guarda um tempo de assimilação da importância de tal celebração. As Oitavas são um prolongamento da festa: tempo propício para se colher os frutos espirituais daquilo que se celebrou. Esta é uma pedagogia importante para que possamos adentrar na profundidade do mistério que significa celebrar a encarnação do Filho de Deus, sua visita radical à nossa humanidade.

O Filho de Deus assume, integralmente, nossa vida humana para nos ensinar o quão bom é realizar nossa humanidade: vivermos aquilo a que somos chamados a ser. O tempo do Natal, mesmo que marcado por outras simbologias, eivadas de contravalores do sistema econômico que nos aprisiona, continua a ser propício para nutrir em nós valores que contribuem para nossa humanização, isto é, para despertar o melhor em nós e nos conduzir ao melhor que podemos ser.

Tempo de afetos, de gentilezas, de generosidades. Esses são gestos-valores que devemos nutrir em nós, para que eles possam nos identificar, nos fazer reconhecidos como pessoas, verdadeiramente humanas. Prolongar essa festa é permitir que tudo aquilo que o Natal nos revela, alcance-nos desde dentro, provocando o melhor de nós. É preciso não restringir os valores natalinos à época: é preciso vivê-los cotidianamente. Esses são frutos espirituais que essa ocasião litúrgico-celebrativa nos inspira.

A pedagogia do Natal nos leva a conhecer de modo mais profundo o rosto amoroso de Deus, o que é possibilidade fecunda de conhecermos melhor a nós mesmos, bem como nossas potencialidades existenciais. Deixar que o Natal – e tudo o que este tempo nos traz – ecoe em nós é uma postura virtuosa que nos abre ao caminho de descoberta daquilo que a humanidade traz de melhor em si.

Pedagogias natalinas

Daniel Reis abre nossa conversa, com o artigo: Natal: solidariedade de Deus. No texto, Daniel reflete sobre o significado profundo da solidariedade presente no assumir, por parte de Deus, nossa humanidade, de modo verdadeiro e genuinamente gratuito. Essa solidariedade divina também nos inspira à solidariedade, a fim de unirmos Natal e Páscoa, na busca por criarmos mundo novo.

No segundo artigo, Natal, ternura de Deus, Sandra Sousa reflete sobre a pedagogia própria deste tempo, a partir da ternura do amor de Deus, que nos visita e nos transforma. A ternura divina, que nos enriquece com sua descida até nós, eleva-nos espiritualmente à expansão de nossas potencialidades e renova as esperanças.

Natal é encontro. É a encruzilhada na qual, definitivamente, o divino e o humano se encontram. É o que reflete Edward Guimarães, no texto Natal, acolhida humana de Deus, no qual resgata a dupla significação da encarnação do Filho de Deus: a iniciativa divina de nos salvar e a acolhida humana, que recebe, naquilo que a humanidade é, a própria vida de Deus. Esse encontro traz consequências e interpelações profundas para todos nós.

Boa leitura!

*Felipe Magalhães Francisco é teólogo. Articula a Editoria de Religião deste portal. É autor do livro de poemas Imprevisto (Penalux, 2015). E-mail: felipe.mfrancisco.teologia@gmail.com.

Fonte:

Dom Total

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