Roteiro homilético – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Fri, 02 Mar 2018 18:25:36 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Roteiro homilético – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Para inspirar… a liturgia do 3º Domingo da Quaresma https://observatoriodaevangelizacao.com/para-inspirar-a-liturgia-do-3o-domingo-da-quaresma/ Fri, 02 Mar 2018 18:25:36 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27484 [Leia mais...]]]> AS EXIGÊNCIAS DO DEUS DA ALIANÇA

DOMINGO, 4 DE MARÇO DE 2018: 3º DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

Os «Dez Mandamentos» estão inseridos num discurso divino muito mais amplo. Deus, que libertou Israel da escravidão, quer que seu povo goze de uma vida à altura da liberdade que Ele mesmo proporcionou, e que respeite as exigências da sua Aliança.

TEXTOS DESTE DOMINGO

  • 1ª leitura: A Lei pronunciada por Deus, a Moisés (Êxodo 20,1-17 ou 1-3.7-8.12-17).

 

  • Salmo: Sl. 118(119) – R/ Senhor, tens palavras de vida eterna.

 

  • 2ª leitura: Nós, porém, pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e insensatez para os pagãos, … Mas, para os que são chamados, esse Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus (1 Coríntios 1,22-25).

 

  • Evangelho: “Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei” (João 2,13-25).

 

O SIMBOLISMO DO TEMPLO DE JERUSALÉM

O Templo de Jerusalém é o sinal de que é vontade de Deus habitar a humanidade. O Templo é a “morada” de Deus entre nós; é Deus que mora conosco. No Sermão da Montanha, Jesus já havia denunciado o uso da oração, da esmola e do jejum para finalidades estranhas ao seu autêntico destino. Todas as realidades religiosas podem ser desviadas. Aqui se mostra que a morada de Deus tornou-se um instrumento de lucro. Mas, como acabamos de dizer, o Templo é mais do que o Templo e o amor de Deus pelos homens, enfim, é o que é explorado. Este desvio é o mesmo de quando um pregador se delicia com sua própria eloquência; ou de quando, através dos seus escritos, um escritor busca especialmente a sua glória. O gesto de Cristo expulsando os mercadores do templo é, portanto, altamente significativo. É de fato profético, porque anuncia um “culto” sem compromisso. Que culto? O que consiste em dar a própria vida para que neste dom se manifeste o Deus que é Amor. Conforme explica Paulo, em 1 Coríntios 13,3, se o amor não é o que comanda este dom, ele não serve para nada. Sendo assim, a humanidade e Deus se fazem somente um, pois unidos num só e no mesmo Amor. Para chegarmos até aí, Jesus purifica o Templo de seus usos mercantis, mas vai mais longe: o próprio Templo é que vai mudar de natureza.

 

DE UM TEMPLO AO OUTRO

Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei“. O evangelista nota que Jesus falava então do Templo do seu corpo. Não se trata de simples jogo de palavras. Jesus quer com isto significar que o local em que daí em diante se poderá encontrar Deus é o seu próprio corpo. A palavra Templo muda, pois, de sentido. Este corpo, este Templo, os homens o destruirão, mas ele ressurgirá depois de três dias. É evidente a profecia do acontecimento pascal, mas que só poderá ser compreendida à luz da ressurreição. A primeira linha do evangelho, aliás, e os seus últimos versículos sublinham este contexto pascal e formam uma inclusão que enquadra todo o episódio, fornecendo-lhe sentido. Notemos que, ao falar da destruição e da ressurreição de seu corpo, Jesus está respondendo à pergunta das testemunhas da expulsão dos cambistas: “Que sinal nos mostras para agir assim?“. A resposta de Jesus nos faz lembrar Mateus 12,38-40. Ali também se pede um sinal a Jesus. E ele responde falando do sinal dado por Jonas, profeta que ficou três dias no ventre do monstro marinho, no coração do abismo da morte. Três dias no ventre da terra: sinal que mais é um desaparecimento, ou a ausência de qualquer sinal. Ora, vivemos sob este regime. Somos assim remetidos à 2ª leitura: também aí se põe em questão a exigência de um sinal e de uma manifestação de sabedoria. E a resposta de Deus será o escândalo e a loucura da Cruz.

 

ALI ONDE ESTÁ O CORPO, ESTÁ O TEMPLO

O Corpo do Cristo ressuscitado preenche todo o universo. Não se pode dizer: ele está aqui, ou: ele está ali. Ele está em toda parte. Adoramos a Deus “nem nesta montanha, nem em Jerusalém“, mas “em Espírito e Verdade” (João 4,21 e 23). Isto significa que não há lugar privilegiado, porque todos os lugares se tornaram “privilegiados”. O quarto de dormir, a rua, a igreja, o metrô… Cristo está aí, no meio de nós, desde que nos abramos para os outros. Devemos compreender que o Corpo ressuscitado, em se tratando do autêntico corpo humano de Jesus, não é menos plural: está de qualquer forma integrado em todos os seres humanos. Por isso, no Novo Testamento, este tema do Templo se enriquece com sentidos os mais inesperados. O Corpo que, na Ressurreição, o Espírito deu ao Cristo, ganhou o nome de Igreja, não só no sentido da hierarquia, mas, sobretudo, no de assembleia, de comunhão. Tendo nos tornado todos juntos no corpo de Cristo, somos o Templo de Deus. “Nele, bem articulado, todo o edifício se ergue como santuário santo, no Senhor, e vós, também, nele sois co-edificados para serdes habitação de Deus, no Espírito” (Efésios 2,21). Jesus é a pedra fundamental sobre a qual tudo está construído, mas dele somos, nós mesmos, as suas pedras vivas (ver 1 Pedro 2,4…). Assim, até mesmo em nosso corpo, formamos o Templo do Espírito (1 Coríntios 6,19).

 

SOBRE OS MERCADORES DO TEMPLO

Não vamos crer que, ao expulsar os mercadores do Templo, Jesus estava condenando o comércio e os comerciantes. O que ele condenou foi o uso de Deus, e de sua Morada, para se obter outra coisa que não Ele: neste caso, o lucro. A “casa de Deus” tornara-se assim, de fato, uma “casa de tráfico”. Deus havia sido expulso de qualquer forma da sua casa, para que em seu lugar se instalasse o dinheiro. Temos aí um comportamento idolátrico: algo produzido pelo homem que é posto acima de Deus e que se torna um objeto de culto. E o que não se tem feito ao longo da história, em nome de Deus e do Cristo, submetendo-os ao nosso próprio culto! A Liturgia teve, portanto, ótima inspiração, ao nos propor o Decálogo como 1ª leitura. Pois, de fato, as condutas proibidas pelo Decálogo caem todas elas na idolatria: idolatria do lucro, do prestígio e do sexo. Muita gente está sempre pronta a sacrificar não importa o que a estas “potestades e dominações”. Uma vez mais, devemos constatar que os relatos evangélicos não se limitam a nos contar histórias pitorescas, mas eles nos falam de como é Deus e de quem somos nós, dos nossos equívocos e dos nossos possíveis desvios. Quem busca colocar qualquer coisa que seja no lugar de Deus vê-se expulso do domínio de Deus. De fato, não é expulso: tendo evacuado Deus da sua vida, é ele mesmo quem sai da sua morada. Não há necessidade de nenhum chicote para isso.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

Fonte:

Centro Alceu Amoroso Lima

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Para inspirar… a liturgia do 2º Domingo da Quaresma https://observatoriodaevangelizacao.com/para-inspirar-a-liturgia-do-2o-domingo-da-quaresma/ Sat, 24 Feb 2018 09:25:45 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27420 [Leia mais...]]]> A GRANDE PROVA

DOMINGO, 25 DE FEVEREIRO DE 2018: 2º DOMINGO DA QUARESMA – ANO B

Em resposta ao chamado do Senhor, Abraão deixou tudo. Admirou-se e alegrou-se com as promessas divinas. Mas teve a sua fé rudemente posta à prova, quando Deus lhe pediu um gesto que mais parecia anular o que lhe havia sido prometido. Foi grande a prova, mas maior ainda a fé do patriarca.

TEXTOS DESTE DOMINGO

1ª leitura: O sacrifício de nosso pai Abraão (Gênesis 22,1-2.9-13.15-18).

Salmo: Sl. 115(116B) – R/ Andarei na presença de Deus, junto a ele na terra dos vivos.

2ª leitura: “Deus não poupou seu próprio Filho” (Romanos 8,31-34).

Evangelho: “Este é o meu Filho amado” (Marcos 9,2-10).

 

O ROSTO DA GLÓRIA

De repente, aquele Jesus de todos os dias, cujos traços eram mais do que conhecidos de seus discípulos, mostrou-se resplandecente de luz. Notemos que este relato -espécie de experiência mística de Pedro, Tiago e João- encontra-se inserido nos anúncios da Paixão. Compreende-se que os discípulos tivessem necessidade de ser fortalecidos, pois iriam ressentir-se com a perspectiva da crucifixão de Jesus, tomando-a como uma derrota. O mesmo se dá conosco, aliás, por via da certeza de nossa morte. Jesus já lhes teria falado por certo sobre a sua ressurreição. Eles, contudo, conforme sublinhado na última frase do evangelho, não compreendiam o que queria dizer «ressuscitar dos mortos». Nós também não, devemos confessar. A visão do Cristo radiante de luz podia fazê-los tomar consciência de que haveria uma saída positiva, feliz, para o drama que iria se produzir. Não tenhamos medo de transpor isto para os dias de hoje. Da mesma forma que todo o conjunto dos evangelhos, também este relato não fala somente de acontecimentos passados, mas refere-se ao que acontece hoje em nossas vidas. Nós também temos necessidade de ganhar altura em relação ao que a vida nos dá por viver e aos acontecimentos que afetam a humanidade atualmente. «Não tenhais medo», por detrás de tudo isso, mantém-se radiante esta luz de glória. Luz que secretamente está sempre em trabalho, no interior de tudo o que temos de atravessar. Hora virá em que ela se manifestará com todo o seu brilho, em plena luz do dia. Nada pode reduzir ao silêncio a Palavra que nos faz ser. Para sempre.

 

A RELIGIÃO DA LUZ

Há momentos em nossas vidas que são de «transfiguração»: momentos nos quais vemos claro. Então, a alegria nos visita e podemos compreender, ou entrever, a verdade última de nossas existências. Mas, depois, uma névoa nos recobre e vemos apenas Jesus que está só, este Jesus de todos os dias que acreditamos conhecer e que não nos surpreende mais. É neste claro-escuro que temos de caminhar: o pão de cada dia da nossa vida cristã não é a visão, mas a fé. Importante tomar consciência de tudo isso, porque temos dificuldade em reconhecer que a mensagem evangélica é uma “boa notícia” (é este o sentido da palavra «evangelho»). Muitos de nós fabricamos uma religião masoquista, feita de prescrições exigentes, de pesadas proibições. Tristeza e abstinência generalizada… Pois invertamos a perspectiva e entreguemo-nos à alegria que nasce da certeza de sermos «salvos». Salvos de quê? Salvos da morte, bem entendido. Temos de nos persuadir de que nada de grave, de verdadeiramente grave, pode nos acontecer. O que quer que aconteça, estamos indo para a luz. Tudo o que vivemos será transfigurado, «até mesmo os nossos pecados», como escreve Santo Agostinho. Mas, sobre tal formulação, melhor será meditar após passada, e não no momento mesmo (um mau momento), da «tentação». Isto tudo nos ajuda a compreender que a última palavra da fé é a que chamamos de «ação de graças», ou seja, o reconhecimento. No vocabulário religioso, fala-se muito em «sacrifício». Não esqueçamos que o último sacrifício, aquele em sua forma perfeita, é o «sacrifício de ação de graças».

 

PARA ALÉM DE MOISÉS E DE ELIAS

Moisés costumava frequentar as montanhas: foi na solidão do Sinai que recebeu a Lei. Também Elias, figura simbólica de todo o profetismo, era familiarizado com o monte Horeb. Por isso os evangelistas situam a Transfiguração «sobre uma alta montanha». Jesus vai substituir, vai realizar e cumprir, completar perfeitamente uma superação: «a lei e os profetas», expressão que recapitula toda a primeira Aliança. Pedro, Tiago e João, ali representantes da nova Aliança que irá se concluir na Páscoa, são tomados de terror, ainda que Pedro tenha dito: «É bom ficarmos aqui.» A sua proposta, de erguer três tendas, não é inocente. Quer não só manter-se instalado na manifestação da glória, mas põe no mesmo plano Jesus, Moisés e Elias. Ora, justamente quando chegou o momento em que a Lei foi superada e em que as profecias se cumpriram. A questão não é inventar uma religião que, ao lado da fé no Cristo, conserve o culto da Lei, fundando-se na expectativa da realização das profecias. Com Cristo, tudo já foi dado. Trata-se agora de acolher este dom e de fazê-lo nosso. A este acolhimento chamamos de fé. Vai ser preciso descer da montanha e pôr-se a caminho de Jerusalém. Assim como Moisés, antigamente, havia conduzido o seu povo na travessia do mar, do deserto e do Jordão, Jesus vai atravessar a morte para fazer-nos atravessá-la.

Marcel Domergue, jesuíta (tradução livre de www.croire.com pelos irmãos Lara)

Fonte:

Centro Alceu Amoroso Lima

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