Rosto da Igreja Particular de Belo Horizonte – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 12 Mar 2018 01:03:03 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Rosto da Igreja Particular de Belo Horizonte – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Você conhece o rosto da Igreja de Belo Horizonte? https://observatoriodaevangelizacao.com/voce-conhece-o-rosto-da-igreja-de-belo-horizonte-captado-no-horizonte-aberto-pela-5a-assembleia-do-povo-de-deus/ Mon, 12 Mar 2018 01:03:03 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27487 [Leia mais...]]]> Qual o rosto da Igreja Particular de Belo Horizonte que emerge do Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”?

Antes de tudo, importa dizer que:

a) Enquanto PROJETO, o rosto de nossa Igreja é algo a se construir. E tudo depende do que fazemos e do que faremos!

b) Enquanto MÍSTICA, o rosto é um modo de ser, é que nos define e o que interpela. Trata-se, portanto, do que somos em tensão fecunda para o que queremos ser!

c) Uma Igreja que se esforça para refletir e revelar, com coragem profética, “o que é” e “o que faz” e, mais ainda, que define o rumo que quer trilhar, dá a conhecer o seu ROSTO e por ele o seu SER.

Para inspirar e abrir o coração…

Como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele que não ouviram? E como o ouvirão, se ninguém o proclamar? E como o proclamarão, se não houver enviados? A fé vem pela pregação e a pregação pela palavra de Cristo.”

Rm 10,14-15.17

A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras, da mesma forma como o próprio Corpo do Senhor, já que, principalmente na Sagrada Liturgia, sem cessar toma da mesa tanto da Palavra de Deus quanto do Corpo do Cristo o pão da vida, e o distribui aos fiéis.

DV  21

A) Leitura a partir dos 10 (dez) compromisso assumidos como diretrizes no Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”: 

a) Podemos afirmar que há uma base comum, queremos ser cada vez mais:

  • Igreja em Rede de Comunidades (Compromisso 1).

b) Para avançarmos na fidelidade ao Evangelho, fizemos três opções prioritárias para nossas ações evangelizadoras:

  • Igreja que caminha com os Pobres (Compromisso 2).
  • Igreja que caminha com as Juventudes (Compromisso 5).
  • Igreja que caminha com as Famílias (Compromisso 7).

c) Para que tenhamos firmeza e lucidez, firmamos quatro colunas de sustentação:

  • Igreja que pauta o seu agir pela Acolhida sem julgar ou excluir (Compromisso 3).
  • Igreja que assume, em seu agir evangelizador, a relação indissociável entre Fé, Política e Cidadania (Compromisso 4).
  • Igreja que investe na formação  integral e permanente (Compromisso 8).
  • Igreja que assume como missão irrenunciável a educação na fé, o investimento na catequese (Compromisso 9).

d) E que assume Dois Princípios estruturantes e estruturadores:

  • Igreja cujo Protagonismo é dos Leigos e Leigas (Compromisso 6).
  • Igreja cuja Comunicação em diálogo com as Culturas é de todos (Compromisso 10).

B) Reflexão sobre os 10 (dez) compromissos assumidos na 5ª APD enquanto diretrizes da ação evangelizadora:

I – REDE DE COMUNIDADES

  • Investir na descentralização fraterna do poder e na compreensão evangélica do poder enquanto serviço;
  • Criar processos eclesiais em vista de fazer quatro desafiantes passagens:
    • do clericalismo ao reconhecimento da dignidade e cidadania laical;
    • da Igreja de massa para a Igreja de grupos fraternos (bíblicos, de rua, de reflexão…);
    • do sacramentalismo à centralidade da Palavra;
    • da religiosidade à religião, da religião à fé e da fé em Jesus Cristo à fé de Jesus Cristo.
  • Tornar-se um Igreja de serviços e ministérios, cada vez participativa e corresponsável.

II – POBRE

  • Não fazer abstrações sobre a pecaminosa questão da pobreza em nossa realidade: trata-se do resultado de uma lógica que mata, pois, centrada na exploração, na especulação, na acumulação e na exclusão.
  • Levar a sério, portanto, o imperativo ético do Evangelho da justiça e do Reino de Deus:
    • Tive fome …
    • Tive sede …
    • Era estrangeiro …
    • Estava nu …
    • Estava enfermo …
    • Estava preso …

III – JUVENTUDES

  • “Discutir a juventude na contemporaneidade leva-nos a tomar duas precauções importantes:
    • entender que a noção de juventude é uma construção social e cultural e, além disso, bastante diversificada;
    • compreender que a noção de juventude não pode ser definida isoladamente, mas a partir de suas múltiplas relações e contextos sociais. Nesse sentido, pensar a ideia de juventude é pensar sobre condições de gênero, raça, classe social, moradia e pertencimento religioso;
    • E, o principal, contextualizá-la historicamente, como integrante de uma geração específica que se relaciona com outras gerações. Por isso, não é possível falar no jovem atual, mas nos diferentes modos de vivenciar a juventude na contemporaneidade.”

(Alexandre Barbosa Pereira)

  • Importa, portanto, concretizar uma dinâmica eclesial onde cada jovem que dela se aproxima experimente acolhida, ternura, compreensão e espaço de participação e crescimento na vida cristã.

IV – FAMÍLIAS

  • “A vida familiar é um processo de amadurecimento que requer tempo e que se desenvolve no tempo. É muito bonita a imagem deste processo que tem início na liberdade. O Papa fala seguidamente de amadurecimento, fala de crescimento, de cultivo da autêntica autonomia. Portanto a Igreja não deve ser, como toda boa mãe, muito obsessiva em relação aos seus filhos, como se devesse ser espacialmente presente sempre e em todo lugar ao lado do filho. O importante é que exista uma intencionalidade e uma proximidade de coração, que exista uma sintonia que valorize: o crescimento e a liberdade das pessoas”.

(Antônio Spadaro)

  • Importa, portanto, que cada família, independente de sua configuração ou situação existencial ou social, encontre uma Igreja de portas abertas, casa da acolhida, disposta a ouvir, acompanhar, favorecer o encontro com o amor de Deus, oportunizar espaço de participação e crescimento e, sobretudo, um horizonte esperançado a ser trilhado na vida cristã.

V – ACOLHIDA

  • Formas de acolher, receber: acolhimento, recepção, recebimento, atendimento, receptividade, atenção, admissão, aceitação, adoção, consideração, respeito, cabimento, deferimento, tratamento.
  • Hospitalidade: hospedagem, alojamento, pousada, agasalho.
  • Abrigo seguro: abrigo, proteção, amparo, guarida, refúgio, esconderijo, ninho, porto, teto, asilo, abrigadouro, recolhimento, tugúrio.
  • Que avancemos na concretização de uma Igreja – Rede de comunidades capaz de acolher cada pessoa que dela se aproxima ou nela se insere. Uma Igreja Mãe que cuida amorosamente de cada um de seus filhos e filhas, zelando por sua dignidade e crescimento na vida cristã.

VI – FÉ, POLÍTICA e CIDADANIA

  • “O divórcio entre a fé professada e a vida cotidiana de muitos deve ser enumerado entre os erros mais graves do nosso tempo. Ao negligenciar os compromissos sociais e políticos, o cristão negligencia os seus deveres para com o próximo e o próprio Deus e coloca em perigo a sua salvação eterna.”

(GS, 43)

  • Que avancemos na concretização de uma Igreja hospital de campanha que, por fidelidade a Jesus Cristo, zele pelo cuidado com a dignidade da vida de cada pessoa: “Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância”. Uma Igreja que percebe como indissociável a unidade fé e vida; que acolhe a história de cada pessoa como parte da história da salvação; que, por fidelidade ao Reino de Deus, entende a política como o  lugar, por excelência, da caridade, pois com políticas públicas justas  garante-se a inclusão de todos os cidadãos na mesa da dignidade; que assume a dimensão profética de denunciar toda forma de injustiça, corrupção e exclusão social.

VII – FORMAÇÃO INTEGRAL E PERMANENTE

  • Uma Igreja que assume como urgente o investimento em uma cultura de formação integral permanente;
  • Conscientes de que “Uma verdadeira cultura da formação permanente se caracteriza por três dimensões essenciais e integradas:
    • uma dimensão intelectual-cognoscitiva (a Formação Permanente como mentalidade);
    • uma dimensão emotivo-afetiva (a Formação Permanente como sensibilidade);
    • uma dimensão existencial-metodológica (a Formação Permanente como práxis concreta ou habitual estilo de vida).”

(Francesco Lambiasi)

  • Uma Igreja que, em suas ações evangelizadoras, investe concreta e continuamente na formação e capacitação de seus membros na intimidade da Palavra de Deus e nos desafios e urgências da vida cristã no contexto atual.

VIII – EDUCAÇÃO DA FÉ, CATEQUESE

  • “A catequese, como ecoar do Mistério e educação da fé, é processo oportuno para que os discípulos e discípulas se coloquem na escuta atenta da Palavra de Jesus, desde os que dão os seus primeiros passos na fé, bem como os que já encontraram lugar na caminhada.”

(Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra)

  • Um Igreja cuja centralidade é ocupada pela Palavra de Deus – a encarnada da pessoa de Jesus de Nazaré, o Cristo Ressuscitado, e a consignada na Bíblia, baliza para o cristão – implica o contínuo cuidar da educação da fé de seus membros adultos, jovens e crianças. Daí a importância de colocar em prática o programa arquidiocesano de Iniciação à Vida Cristã, com investimento nos círculos bíblicos, encontros bíblicos, grupos Viver em Cristo, na formação dos catequistas de adultos, jovens e crianças etc.

IX – PROTAGONISMO DOS LEIGOS E LEIGAS

  • Que todos os leigos sejam protagonistas da evangelização, da promoção humana e da cultura cristã. É necessário a constante promoção do laicato, livre de todo clericalismo e sem redução ao intra-eclesial

(Santo Domingo, 97)

  • A imensa maioria do povo de Deus é constituída por leigos. Ao seu serviço, está uma minoria: os ministros ordenados

(EG, 102)

  • Uma Igreja, que se estrutura a partir do protagonismo dos leigos e leigas, procura combater a mentalidade clericalista,  arraigada nos clérigos – bispos, presbíteros e diáconos – e nos próprios leigos e leigas, e dedicar-se, criativamente, a concretização, a partir da centralidade do Batismo, de estruturas eclesiais participativas e que criem outra cultura eclesial, com igual dignidade e corresponsabilidade (cidadania eclesial): conselhos consultivos e deliberativos, ministérios leigos reconhecidos, valorização de serviços, fim das práticas eclesiais de exclusão dos leigos e leigas empoderados de sua dignidade ou problemáticos etc.

X – COMUNICAÇÃO E DIÁLOGO COM AS CULTURAS

  • “Neste tempo em que as redes e demais instrumentos da comunicação humana alcançaram progressos inauditos, sentimos o desafio de descobrir e transmitir a «mística» de viver juntos, misturar-nos, encontrar-nos, dar o braço, apoiar-nos, participar nesta maré um pouco caótica que pode transformar-se numa verdadeira experiência de fraternidade, numa caravana solidária, numa peregrinação sagrada. Assim, as maiores possibilidades de comunicação traduzir-se-ão em novas oportunidades de encontro e solidariedade entre todos.”

(EG, 87)

  • Uma Igreja que cuida da comunicação interna e externa, favorecendo a transparência, a inclusão, o crescimento na fé e a identidade cristã de todos os seus membros.

C) Uma reflexão em três níveis de uma mesma espiral

1º Nível da Pessoa

INTEGRAÇÃO DAS DIVERSAS DIMENSÕES DA PESSOA

  • O termo pessoa traduz a dignidade de cada ser humano que na fé cristã é acolhido como filho ou filha de Deus, portanto, alguém dotado de consciência, liberdade e autonomia que está, desde a concepção, sob o dinamismo da graça e do amor de Deus;
  • O cristianismo é chamado a superar a visão dualista e recuperar a unidade na pluralidade de dimensões. Somos uma unidade de corpo, alma e espírito. Não há oposição entre a nossa dimensão material e histórica e a nossa dimensão espiritual e vocacionada participar, pela graça do amor, da glória de Deus. O projeto salvífico de Deus é destinado à totalidade do ser humano;
  • A Igreja que compreende e acolhe o ser humano, homem e mulher, como pessoa é chamada a constituir-se enquanto comunidade de fé que caminha em contínuo processo de conversão a Deus e superação do egoísmo, de crescimento no seguimento de Jesus e na abertura dialogal com Deus e os irmãos.

2º Nível da Comunidade

  • Comunidade: essencial a toda religião como lugar de descoberta, de recepção e de transmissão da experiência religiosa. Aquilo que vivemos e cremos não o descobrimos por conta própria: recebemos de outros. Sem uma comunidade que tivesse sustentado a experiência de fé primitiva, essa consciência não chegaria até nós;
  • A comunidade cristã é chamada a se perceber enquanto estrutura hierofânica, ou seja, uma realidade humana que torna presente o divino, sem jamais se identificar com Ele, procurando, a partir dessa consciência sacramental, ser sinal d’Ele sem pôr-se em Seu lugar. Na caminhada de uma comunidade cristã há tensões inevitáveis: comunhão e missão; carisma e poder; pecadora e sacramento de salvação; humana e divina;
  • Uma Igreja – Rede de comunidades cuidará ao mesmo tempo do senso comunitário de seus membros e do senso da dignidade de cada membro individualmente, com especial atenção para os invisibilizados e excluídos. É essencial cuidar das relações humanas que se concretizam dentro da comunidade cristã, procurando crescer no afeto, no respeito mútuo e no reconhecimento da igual dignidade de filhos e filhas de Deus.

3º Nível da Sociedade

  • Em sociologia uma sociedade é o conjunto de pessoas que compartilham propósitos, gostos, preocupações e costumes, e que interagem entre si constituindo uma comunidade.
  • Uma sociedade é um grupo de indivíduos que formam um sistema semi-aberto, no qual a maior parte das interações é feita com outros indivíduos pertencentes ao mesmo grupo.
  • Uma sociedade é uma rede de relacionamentos entre pessoas. Uma sociedade é uma comunidade interdependente. O significado geral de sociedade refere-se simplesmente a um grupo de pessoas vivendo juntas numa comunidade organizada;
  • Uma Igreja que, consciente de estar inserida na sociedade de seu tempo, procura discernir os sinais do tempo e contribuir com sua reflexão para que ela mesma e a sociedade estejam firmadas na justiça, na igual dignidade cidadã e na fraternidade. Há, portanto, uma dimensão política irrenunciável no ser Igreja.

 

D) Quatro lacunas que não podem ser esquecidas, mas, ao contrário, que precisam ser integradas na ação evangelizadora da Igreja de Belo Horizonte:

  • Explicitar a dimensão ecológica, ou seja, o compromisso da ação evangelizadora com o cuidado com a nossa Casa Comum;
  • Explicitar a dimensão dialogal que reconhece a beleza e a legitimidade do pluralismo cultural e religioso e compromete-se com a cultura do respeito mútuo e da paz mundial;
  • Explicitar a dimensão ecumênica e macro-ecumênica, ou seja, o compromisso da ação evangelizadora com o diálogo com os irmãos e irmãs das outras Igrejas cristãs e das outras tradições religiosas.
  • Explicitar a dimensão feminina, ou seja, o compromisso da ação evangelizadora explicitar e reconhecer a dignidade da mulher e investir na superação da perversa desigualdade de gênero na Igreja e na sociedade.

 

Créditos:

A ideia original e central é de Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães – Teólogo, bispo Auxiliar de Belo Horizonte e membro do Conselho Arquidiocesano de Pastoral. Depois, a proposta original foi modificada e ampliada por Manoel Godoy – Teólogo pastoralista, presbítero, administrador paroquial da Paróquia de São Tarcísio – Nova Cintra. Por fim, foi acolhida, modificada e ampliada por Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães – Teólogo leigo, membro do Conselho Arquidiocesano de Pastoral. Este último assume a publicação acima e espera ter mantido fidelidade ao texto original.

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