Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 18 Jan 2022 00:30:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Rede Eclesial Pan-Amazônica – Repam – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 “Concretizar a sinodalidade do processo como metodologia eclesial” – Dom Cláudio Hummes https://observatoriodaevangelizacao.com/concretizar-a-sinodalidade-do-processo-como-metodologia-eclesial-dom-claudio-hummes/ Tue, 18 Jan 2022 00:30:58 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=43305 [Leia mais...]]]> “Procuremos desenvolver o espírito e a prática sinodais” nas comunidades. O presidente da CEAMA enfatiza a urgência de treinar futuros pastores indígenas ordenados e incentiva os bispos a avançar no caminho da inculturação da fé. O cardeal Hummes também assinalou outras necessidades, tais como a criação de uma Universidade Católica Pan-Amazônica, insistindo no apoio do CELAM e da REPAM.”

Retomar e implementar as tarefas da CEAMA para 2022, “em favor da missão da Igreja na nossa querida Panamazônia”. Este foi o objetivo da mensagem em vídeo lançada pelo Cardeal Claudio Hummes, presidente da entidade.

Em um caminho legitimado e iluminado pelo Sínodo para a Amazônia e seus documentos norteadores, assim como pela criação e reconhecimento canônico da CEAMA, o cardeal brasileiro chama a “caminhar juntos, respeitando as nossas legítimas diferenças, e mantendo-nos em rede entre nós e em comunhão jubilosa e real com nosso querido Papa Francisco”.

Para o presidente da CEAMA, a sinodalidade deve ser a metodologia eclesial, na qual todos participam, procurando ser uma “Igreja em saída”, que “derruba os muros e constrói pontes para chegar e escutar a todos, com prioridade aos pobres”, insistindo em alcançar os povos indígenas e com eles buscar os avanços necessários.

O Cardeal Hummes chamou a ” socializar o que cada comunidade está fazendo e inspirar as demais em seu próprio trabalho”, lembrando a necessidade de “elaborar e pôr em prática um Plano de Pastoral de Conjunto”, algo que já está sendo feito e que “quer tornar real uma pastoral missionária de uma Igreja que visa não somente as comunidades e pessoas humanas, mas toda a criação, a natureza, numa ecologia integral”.

Dom Cláudio também fez um chamado a assumir a preservação do meio ambiente e que “procuremos desenvolver o espírito e a prática sinodais” nas comunidades. O presidente da CEAMA enfatiza a urgência de treinar futuros pastores indígenas ordenados e incentiva os bispos a avançar no caminho da inculturação da fé. O cardeal Hummes também assinalou outras necessidades, tais como a criação de uma Universidade Católica Pan-Amazônica, insistindo no apoio do CELAM e da REPAM.

Finalmente, Dom Cláudio enfatizou a importância do trabalho diário nas comunidades locais, insistindo que “é ali que se deve escutar as bases e com elas elaborar e realizar concretamente o básico do que nos pede todo este processo sinodal”.

Por Luis Miguel Modino – Regional Norte 1

MENSAGEM DO PRESIDENTE DA CEAMA PARA INÍCIO DE 2022

Caros amigos e amigas, irmãos e irmãs, quem lhes fala aqui é Dom Cláudio Hummes, atual presidente da Conferência Eclesial da Amazônia, a CEAMA. Permitam-me dirigir-lhes a seguinte mensagem neste início de ano. Terminadas as comemorações natalinas e da passagem do ano, importa retomar e implementar, na luz do Espírito Santo, as nossas tarefas de CEAMA para o transcurso do ano de 2022 em favor da missão da Igreja na nossa querida Panamazônia.

O Sínodo para a Amazônia e seus documentos orientadores, bem como a criação e o reconhecimento canônico da CEAMA, legitimam e iluminam o nosso caminho. Este caminho deverá ser um “caminhar juntos”, respeitando as nossas legítimas diferenças, e mantendo-nos em rede entre nós e em comunhão jubilosa e real com nosso querido Papa Francisco.
No “caminhar juntos” importa concretizar a sinodalidade do processo, como metodologia “eclesial”, isto é, em que participam na qualidade de sujeitos não apenas os pastores, mas também as demais categorias do Povo de Deus, ou seja, consagrados e leigos, com suas múltiplas formas de se organizarem.

Já disse numa mensagem anterior que, neste sentido de realizar o sínodo, já se está fazendo muita coisa nas comunidades locais, sejam da população sejam da Igreja. A presente mensagem quer animar a todos a continuar este trabalho e pedir que seus relatórios sejam levados a nossa rede de comunicação, através da secretaria executiva da CEAMA, que tem sua sede no CELAM, em Bogotá. Isso tornará possível socializar o que cada comunidade está fazendo e inspirar as demais em seu próprio trabalho.

Como eu disse acima, é preciso continuar corajosamente este nosso trabalho na Panamazônia, com alegria e muita oração. A bênção de Deus não nos faltará. Só para lembrar algumas dessas tarefas, cito especialmente aquela que Aparecida e depois o sínodo sublinharam, isto é, elaborar e pôr em prática um Plano de Pastoral de Conjunto. Estamos já fazendo isto, mas ainda não terminamos.

Dentro deste horizonte, recordemos que este plano de pastoral envolve e quer tornar real uma pastoral missionária de uma Igreja que visa não somente as comunidades e pessoas humanas, mas toda a criação, a natureza, numa ecologia integral, segundo as orientações do Papa Francisco, em que é importante, nessa ecologia integral, nessa pastoral, lutar também pela preservação do território, do Planeta, porque é obra de Deus e porque de sua saúde, da saúde do Planeta, depende nosso futuro.

Por isso, continuemos firmes na luta em favor da preservação das florestas, a luta contra a contaminação do ar, do solo e das águas dos rios, lagos e nascentes. A proteção das nascentes é fundamental. Vamos promover o reflorestamento, onde for o caso, e a descontaminação das águas, do solo e do ar. Sejamos também força de resistência, quando nossos governos devastam a natureza. Na população de nossas cidades situadas junto às florestas, vamos desenvolver a consciência de que a floresta não é obstáculo ao progresso; ao contrário, a floresta em pé pode produzir mais riquezas do que quando a abatemos.

Em todas as nossas comunidades procuremos desenvolver o espírito e a prática sinodais. Isso poderá ser até mesmo uma contribuição concreta e já em andamento para o próximo Sínodo Ordinário dos Bispos, de 2023, que o Papa convocou para refletir sobre a sinodalidade de toda a Igreja.

Outra tarefa urgente e fundamental é a formação de futuros pastores ordenados indígenas (bispos, padres, diáconos), bem como de ministros indígenas instituídos e catequistas. Os bispos de cada país panamazônico poderiam reunir-se para planejar sobre como realizar isto em seu país. Seria um passo decisivo para o processo de uma verdadeira inculturação da fé. Por que, quem melhor do que os próprios indígenas para inculturar a fé em suas culturas? Que serão processos de médio e longo prazo.

Outra tarefa ampla, complexa e que demandará seu devido tempo, é a criação de uma universidade católica panamazônica. Ela demandará da parte de Roma a criação de uma Fundação Pontifícia. Também pressupõe a formulação, a médio prazo, de um projeto inovador, elaborado com a ajuda de especialistas do setor, criativos e interessados. Este projeto de universidade está em andamento, sim, sendo levado avante por um comitê de promoção, mas precisa muito de nosso apoio e principalmente do apoio de nossas universidades católicas.

Contamos também com a colaboração das Agências Católicas Internacionais de Ajuda e com os setores universitários internacionais contatados pela REPAM quando a CEAMA ainda não existia.

Dentro de todo este processo precisamos do apoio e da colaboração do CELAM, que acaba de realizar uma bem sucedida Assembleia Eclesial da Igreja na América Latina e Caribe. A REPAM, por sua vez, certamente estará sempre conosco, lado a lado.

Contudo, volto a dizer que no dia a dia importa o trabalho nas comunidades locais. É ali que se deve escutar as bases e com elas elaborar e realizar concretamente o básico do que nos pede todo este processo sinodal.

Termino, agradecendo a Deus a sua bênção inspiradora e a todos os colaboradores a sua participação. E vamos em frente!

Cardeal Dom Cláudio Hummes, O.F.M.

Presidente da CEAMA

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REPAM – Sete anos de caminhada sinodal comprometida com a construção de uma Igreja com o rosto da Amazônia https://observatoriodaevangelizacao.com/repam-sete-anos-de-caminhada-sinodal-comprometida-com-a-construcao-de-uma-igreja-com-o-rosto-da-amazonia/ Wed, 15 Sep 2021 20:23:36 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=40916 [Leia mais...]]]> A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM é uma rede eclesial da Igreja Católica à serviço da vida e dos povos da região da Amazônia. Criada em setembro de 2014, esta rede eclesial, há sete anos tem procurado juntar pessoas comprometidas, que, de mãos dadas, procuram ouvir as pessoas e planejar juntos o jeito de ser Igreja para a Amazônia, com a Amazônia e na Amazônia.

A REPAM tem por objetivo…

consolidar e fortalecer a ação evangelizadora na região amazônica, por meio de uma metodologia que articule, apoie e visibilize as ações e iniciativas das comunidades eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, com atenção aos povos indígenas e aos grupos em vulnerabilidade, à defesa da biodiversidade amazônica, à formação pastoral, aos direitos humanos, à Igreja de Fronteira, ao mapeamento, às alternativas ao desenvolvimento e à comunicação para a transformação social.

www.repam.org.br

Para melhor conhecer a REPAM…

Em outras palavras, trata-se de…

um esforço da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), das Igrejas Particulares (dioceses e prelazias), paróquias, comunidades, organizações sociais, cooperadores nacionais e internacionais para a defesa dos direitos humanos de mulheres e homens, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, extrativistas, pescadores, e tantas outras expressões e trajetórias de vida emersas na Amazônia“.

www.repam.org.br

A REPAM-Brasil acolhe, promove e aposta no protagonismo dos povos amazônicos na defesa e cuidado da casa comum através de um serviço de interconexão e articulação de ações, que se dinamizam a partir de eixos prioritários: 

  • Justiça Socioambiental e Bem Viver
  • Comunicação para a Transformação Social
  • Igreja em Fronteiras
  • Formação e Métodos Pastorais
  • Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais;
  • Direitos Humanos e Incidência Internacional.

É uma rede tecida com a participação ativa e corresponsável em defesa da vida na Amazônia, que se propõe a escutar, acompanhar, animar, formar e unir forças para responder aos grandes desafios socioambientais.

A REPAM-Brasil está constituída como uma rede de articulação formação, mobilização e incidência na Amazônia Legal e, desde 2017 é uma pessoa jurídica de direito privado, de caráter religioso e filantrópico. Entidade Eclesiástica sem fins lucrativos e de fins não econômicos, constituída como Organização Religiosa por prazo indeterminado.

SOBRE A MISSÃO DA REPAM

Potencializar, de maneira articulada, a ação que realiza a Igreja no território Pan-Amazônico, atualizando e concretizando opções apostólicas conjuntas, integrais e multiescolares, no quadro da doutrina e das orientações da Igreja.

SOBRE A VISÃO DA REPAM

À luz do Evangelho de Cristo, morto e ressuscitado, queremos viver uma experiência de fraternidade e solidariedade encarnada e inculturada, como instrumento de diálogo e unidade eclesial, sinal e horizonte do Reino de Deus a serviço da Pan-Amazônia, em defesa da vida, Dom de Deus, seriamente ameaçada, o que implica “criar consciência nas Américas da importância da Amazônia para toda a humanidade”.

Você conhece as principais realizações e/ou processos eclesiais impulsionados nos sete anos de caminhada da REPAM?

Vamos continuar esta conversa. Que tal visitar o site da REPAM?

Fonte:

www.repam.org.br

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“Com a REPAM houve um fortalecimento da dimensão da unidade e da comunhão”. Entrevista com Dom Rafael Cob https://observatoriodaevangelizacao.com/com-a-repam-houve-um-fortalecimento-da-dimensao-da-unidade-e-da-comunhao-entrevista-com-dom-rafael-cob/ Sat, 07 Nov 2020 12:54:24 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=36236 [Leia mais...]]]> A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, plantou sua primeira semente na Amazônia equatoriana, especificamente no Vicariato de Puyo, de onde é bispo dom Rafael Cob, que foi recentemente anunciado como o novo vice-presidente da Rede, algo que ele vê como uma oportunidade “de empurrar, ajudar e servir”.

A REPAM ajudou a “estabelecer diretrizes e formas de trabalho em uma pastoral de conjunto”, algo que está sendo feito em diferentes níveis. Neste sentido, dom Rafael Cob enfatiza a importância da mídia e da defesa e acompanhamento das comunidades nativas. Não podemos esquecer que “o que os povos no Sínodo pediram à Igreja foi para ser sua aliada na defesa de seus direitos e ao mesmo tempo para acompanhá-los”, algo que está se tornando uma realidade, uma Igreja que está se implicando.

Neste trabalho eclesial conjunto, a colaboração entre as diferentes igrejas é importante. Nos últimos dias, o envio de três sacerdotes diocesanos equatorianos ao Vicariato de Puyo tornou-se uma realidade, algo que seu bispo descreve como um fato histórico e que ajuda a conscientizá-los de que “somos verdadeiramente ordenados não apenas para Igreja particular onde vivemos ou onde fomos ordenados, mas para a Igreja universal que precisa de nós”.

Na nova situação que surgiu com o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia, Cob afirma que a CEAMA “abrirá novas diretrizes que ajudarão as jurisdições eclesiásticas a concretizar”. É uma questão de responder a realidades concretas, de estar atento às propostas de inculturação, de buscar novas propostas que sejam criativas. Estamos diante de “trabalhar juntos e todos nós exigiremos esse esforço de escuta, que sempre foi uma das chaves”.

Confira a entrevista:

1. Após o Sínodo para a Amazônia, podemos dizer que a Igreja começou a aplicar os novos caminhos que a Assembleia Sinodal pediu. Entre eles está um organismo episcopal, mas que acabou sendo um organismo eclesial, que é a Conferência Eclesial da Amazônia, e junto com a CEAMA, a REPAM. Nos últimos dias, foi conhecido que o senhor será o novo vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Como o senhor se situa diante deste novo serviço que a Igreja lhe pede?

R.: O avanço das instituições sempre exige esse serviço generoso daqueles de nós que estamos sempre nessa linha de trabalho e de serviço à Igreja da Amazônia. Quando me propuseram assumir este cargo de vice-presidente da REPAM, pensei em suas origens, quando a pequena semente daquela instituição foi plantada em Puyo. Vejo que a REPAM tem sido realmente uma força muito grande para esse espírito eclesial, que nasceu do trabalho conjunto, quando começou aqui com os vicariatos da Amazônia equatoriana. Então ficou claro que era necessária uma rede, aquela rede eclesial amazônica que seria constituída no ano seguinte em Brasília.

A partir de nossa consciência como servos na Igreja, estamos aqui para empurrar, para ajudar e para servir. Eu me situo como uma espécie de continuidade, um canal para tantas iniciativas, ideias e pensamentos, que surgem e caem neste canal do que é uma rede eclesial de articulação de tudo aquilo que tem um objetivo comum. Como a ideia surgiu do papa Francisco, ele convidou a REPAM, para que ela realmente ajudasse a preparar o Sínodo Amazônico, mas também a sua celebração e, agora, as implicações do pós-sínodo.

No pós-sínodo, surgiu a maravilhosa Conferência Eclesial da Amazônia. A REPAM, assim como foi para o Sínodo, é também um canal que poderá ajudar muito nesta nova conferência. Teremos sempre que caminhar juntos, por um lado, com esse objetivo de cuidar da casa comum, que a REPAM tem feito um esforço colaborativo gigantesco, de outro, e da mesma forma, os novos caminhos da evangelização, que foram traçados na primeira parte do Sínodo para a Amazônia. Acredito que a CEAMA terá que concretizar muito mais reformas para encontrar alternativas e novos caminhos para um cuidado pastoral global na Amazônia.

2. O senhor diz que a REPAM teve sua primeira semente no Vicariato de Puyo. O que significou para seu Vicariato e para os Vicariatos da Amazônia Equatoriana esses mais de seis anos de trabalho em rede com a REPAM?

R.: Como vicariatos na Amazônia equatoriana, isso nos aproximou, significou realmente marcar diretrizes e formas de trabalho em um ministério conjunto, mas a partir de uma dimensão não apenas no nível de cuidado da casa comum. Sentimo-nos mais unidos como vicariatos na Amazônia, através de todas as reuniões que estamos realizando por zoom com os eixos que estão sendo desenvolvidos. Por exemplo, a mídia, com as estações de rádio dos vicariatos, acho que isso tem sido muito importante, estamos fazendo um trabalho muito grande de conscientização para nosso povo sobre o cuidado com o meio ambiente, com programas de rádio.

Da mesma forma, as diferentes propostas da REPAM a nível da Pan-Amazônia estão sendo retomadas e compartilhadas. No eixo de incidência social, vemos que é muito necessário acompanhar as comunidades nativas. Creio que isto significou para nós como REPAM um grande avanço na comunhão, sinodalidade e uma importante esperança na dimensão pastoral, embora muito mais a CEAMA tenha que ir abrindo caminhos e concretizando todas aquelas prioridades que saíram do Sínodo e que, em suma, também afetam toda a Amazônia e a nós em particular.

Penso que tem sido uma caminhada progressiva e com espírito do que o Sínodo também nos pediu, de uma Igreja samaritana, por um lado, e profética, por outro. Tivemos, aqui na Amazônia equatoriana, casos importantes nos quais a voz da Igreja Amazônica foi ouvida, como foi no dia 7 de abril, no derramamento de petróleo que ocorreu nos rios Coca e Napo. Tem havido um fortalecimento e reforço desta dimensão de unidade e comunhão.

3. Estas posições que a Igreja tem tomado nos últimos tempos em defesa do meio ambiente amazônico e sobretudo dos povos indígenas e dos povos da Amazônia equatoriana. O que significou para estes povos esta aliança com a Igreja, algo que foi um dos pedidos do Sínodo para a Amazônia?

R.: O que os povos no Sínodo pediram à Igreja foi que fosse sua aliada na defesa de seus direitos e, ao mesmo tempo, que os acompanhasse. Agora, mais do que nunca, os povos nativos estão vendo que a Igreja não está apenas fora da barreira, observando, mas eles viram que a Igreja deu mais um passo, se comprometeu, mergulhou na Amazônia, nos problemas dos povos nativos. É por isso que dizemos que, diante de fatos concretos, o povo reconhece que a Igreja está com eles, e eles sentem isso.

Este foi um avanço importante após o trabalho que a REPAM realizou, especialmente na consulta preparatória do Sínodo, na qual visitamos as diferentes comunidades indígenas. Isto deu origem a esta troca e a este interesse em escutar, em apoiar, em acompanhar, em levantar nossa voz junto aos povos indígenas. Penso que é muito importante valorizar neste caminho que estamos a trilhar o que foi realizado no processo sinodal.

4. O Sínodo também nos lembra a necessidade de novos caminhos para a Igreja. Durante esta semana foi conhecido que o Vicariato de Puyo receberá três novos sacerdotes de duas dioceses do Equador, que acompanharão o trabalho pastoral do Vicariato. Será este um primeiro passo para que a Igreja no Equador e nos diferentes países que fazem parte da Amazônia, possa se tornar mais consciente da missão e enviar, não apenas sacerdotes, mas também outros agentes pastorais, para colaborar nas Igrejas onde essa presença eclesial ainda é mais limitada?

R.: Este fato de que as dioceses podem e mandam sacerdotes ad gentes para territórios de missão é verdadeiramente uma revelação. Há sempre a resposta de dizer, não temos pessoal, não podemos, somos poucos, e aí sempre permanece. Este passo, já que estas dioceses vão oferecer missionários ad gentes ao Vicariato de Puyo, será para as outras jurisdições um incentivo, um chamado de atenção, um ditado que a Igreja pede, como o Sínodo pediu a todos os bispos da América Latina, saber orientar a vida sacerdotal e consagrada, para um trabalho com os últimos, com os excluídos, com os esquecidos.

Creio que este é um fato histórico para esta diocese de Latacunga, que pela primeira vez envia sacerdotes diocesanos ad gentes, também a diocese de Ambato. Há um despertar, que vai se rompendo pouco a pouco, depois de ter havido muitas batidas às portas dos bispados, dizendo que devemos ser missionários ad gentes, que devemos ser uma Igreja em movimento. Como diz o ditado, o jarro vai tanto para a fonte que finalmente se quebra. Estamos conseguindo ver que algumas dioceses já estão começando a tomar consciência da missão, que em sua formação com seus padres mostram que somos verdadeiramente ordenados não apenas para a Igreja particular onde vivemos ou onde fomos ordenados, mas para a Igreja universal que precisa de nós, e precisa de nós em muitos lugares.

Esta abertura das dioceses também responde ao convite do Sínodo Amazônico. Não apenas padres, mas também agentes pastorais, leigos comprometidos ou congregações religiosas. A Conferência Equatoriana de Religiosos está atualmente em movimento e fazendo uma opção para a Amazônia. Recebi alguns pedidos de congregações que desejam fundar comunidades na Amazônia. O Sínodo continua dando frutos e este fato é muito revelador para nós, que sendo como somos, com um número tão reduzido de padres em um vicariato como o nosso, podemos contar com novos padres que nos ajudarão, padres diocesanos, a partir deste mês.

Nas dioceses do Equador, é muito difícil encontrar uma diocese que tenha enviado sacerdotes diocesanos. Apenas uma diocese, das 24 dioceses do Equador, tinha sacerdotes ad gentes fora do país. O Papa, quando nos visitou no Equador, nos disse que teríamos que convidar sacerdotes com espírito missionário, começando pelos territórios de missão do próprio país, para que eles pudessem então atravessar as fronteiras. Este é o processo que o Papa nos convidou a empreender e que pouco a pouco estamos conseguindo sensibilizar as dioceses, os bispos e os padres.

5. A CEAMA é um exemplo claro de uma Igreja sinodal. Uma intuição fantástica do Papa Francisco fez possível que não fosse uma conferência episcopal, mas eclesial, onde a Igreja como Povo de Deus está presente nos órgãos de decisão, algo que aparece na Querida Amazônia. Como podemos levá-la à realidade das Igrejas locais e gradualmente instituir esses órgãos de decisão eclesial para conduzir a vida pastoral e evangelizadora das diferentes circunscrições eclesiásticas?

R.: A CEAMA, que está dando os primeiros passos, vai abrir novas diretrizes que ajudarão as jurisdições eclesiásticas a colocar o pé no chão. Não é a mesma coisa fazer um trabalho urbano, rural ou pastoral indígena; em cada caso devemos encontrar caminhos e respostas para estes desafios. Nós sabemos que os povos originários, eles também se deslocam, e os encontramos na cidade, na zona rural ou no interior da floresta. Em cada um dos lugares devemos levar em conta a realidade da origem, como disse o Papa, não podemos esquecer a memória, e ele a disse especialmente aos jovens, para que não percam a identidade cultural e a dos povos originários.

Temos que estar conscientes das propostas de inculturação e dos desafios de buscar, como disse também o Papa, novas propostas que sejam criativas, como dissemos no início do Sínodo, que seja uma Igreja mais ministerial, menos clerical, com uma participação muito maior das mulheres na Igreja, na tomada de decisões. Todos estes passos são para, nas palavras do Papa, uma comunidade não pode crescer sem a Eucaristia. E quem pode presidir a Eucaristia, um sacerdote, e como podemos preparar esses sacerdotes para que as comunidades tenham verdadeiramente a Eucaristia. E como podemos passar de uma Igreja de visita para uma Igreja de presença.

Tudo isso está sobre a mesa e temos que dar-lhe uma saída, em processo, para que os desafios que estão latentes ali possam realmente encontrar as respostas. A CEAMA tem muito a fazer neste campo, mas também a REPAM, que está consciente da realidade e que atua como ponte entre as comunidades e a mesma realidade com a qual a CEAMA tem que estar muito unida, a fim de conhecer os desafios concretos. É um trabalho conjunto e vai exigir de todos nós esse esforço de escuta, que sempre foi uma das chaves. Depois de escutar, saberemos como contemplar e discernir o que nos levará a assumir um compromisso. Ali está a palavra-chave de todo o Sínodo, que foi a conversão, e com a Exortação Apostólica para continuar a sonhar, como nos diz o Papa Francisco, e para tornar esses sonhos realidade.

Sobre o autor:

Luis Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

(Os grifos são nossos)

A seguir, a versão do texto em espanhol, confira:

Rafael Cob: “Con la REPAM ha habido un fortalecimiento de la dimensión de unidad y de comunión”

La Red Eclesial Panamazónica – REPAM, plantó su primera semilla en la Amazonía ecuatoriana, concretamente en el Vicariato del Puyo, de donde es obispo Monseñor Rafael Cob, que ha sido anunciado recientemente como nuevo vicepresidente de la red, algo que ve como una oportunidad “para empujar, para ayudar y para servir”.

La REPAM ha ayudado a “marcar pautas y modos de trabajar en una pastoral en conjunto”, algo que se está haciendo presente a diferentes niveles. En ese sentido, Monseñor Cob destaca la importancia de los medios de comunicación y de la defensa y acompañamiento a las comunidades originarias. No podemos olvidar que “lo que los pueblos en el Sínodo pidieron a la Iglesia fue ser su aliada para la defensa de sus derechos y a la vez de acompañamiento”, algo que se está haciendo realidad, una Iglesia que se moja.

En ese trabajo eclesial conjunto es importante la colaboración entre las diferentes iglesias. En los últimos días se ha concretado el envío de tres sacerdotes diocesanos ecuatorianos al Vicariato del Puyo, algo que su obispo califica como un hecho histórico y que ayuda a tomar conciencia de que “somos verdaderamente ordenados no solamente para la Iglesia particular donde vivimos o donde nos han ordenado, sino para la Iglesia universal que nos necesita”.

En la nueva coyuntura que ha surgido con el nacimiento de la Conferencia Eclesial de la Amazonía, Cob afirma que la CEAMA, “va a abrir nuevas pautas que ayudarán a las jurisdicciones eclesiásticas a aterrizar”. Se trata de responder a realidades concretas, de estar pendientes de las propuestas de la inculturación, de buscar nuevas propuestas que sean creativas. Estamos ante “un trabajo en conjunto y nos va a todos a exigir ese esfuerzo de la escucha, que siempre ha sido una de las claves”.

1. Después del Sínodo para la Amazonía, podemos decir que la Iglesia ha empezado a aplicar los nuevos caminos que la Asamblea Sinodal pidió. Entre ellos un organismo episcopal, pero que acabó siendo un organismo eclesial, que es la Conferencia Eclesial de la Amazonía, y junto con la CEAMA, la REPAM. En los últimos días se ha sabido que usted será el nuevo vicepresidente de la Red Eclesial Panamazónica. ¿Cómo se sitúa ante este nuevo servicio que la Iglesia le está pidiendo?

El avance de las instituciones exige siempre ese servicio generoso de los que estamos siempre en esa línea de trabajo y de servicio a la Iglesia de la Amazonía. Cuando me propusieron asumir este cargo de la vicepresidencia de la REPAM, pienso en sus orígenes, cuando se inició la pequeña semilla de esa institución en Puyo. Veo que la REPAM, verdaderamente ha sido una fuerza muy grande para que ese espíritu eclesial, que nació de un trabajo conjunto, cuando empezó aquí con los vicariatos de la Amazonía ecuatoriana. Después se vio que era necesario una red, esa red eclesial amazónica que al año siguiente se constituiría en Brasilia.

Desde nuestra conciencia de servidores en la Iglesia, estamos para empujar, para ayudar y para servir. Me sitúo como una especie de continuidad, de cauce, para tantas iniciativas, ideas y pensamientos, que van surgiendo y van cayendo en este cauce de lo que es una red eclesial de articulación de todo aquello que con un objetivo común lleva. El Sínodo amazónico, como surgió por parte del Papa Francisco, invitando a la REPAM, para que verdaderamente ayudará a preparar ese Sínodo amazónico, sino también lo que suponía la preparación, la celebración, y ahora el postsínodo.

En ese postsínodo ha surgido esa maravillosa Conferencia Eclesial de la Amazonía. La REPAM, lo mismo que lo fue para el Sínodo, es también un cauce que podrá ayudar muchísimo a esta nueva conferencia, como fruto del Sínodo. Nos va a tocar siempre caminar juntos, con ese objetivo, por una parte, del cuidado de la casa común, que en ese sentido la REPAM ha hecho un esfuerzo gigante. Igualmente, también los nuevos caminos de evangelización, que fue la primera parte del Sínodo para la Amazonía. Esos nuevos caminos para la evangelización, creo que a la CEAMA le va a tocar mucho más la concreción de toda esa reforma que supone encontrar alternativas y nuevos caminos para una pastoral de conjunto en la Amazonía.

2. Usted habla que la REPAM tuvo su primera semilla en el Vicariato del Puyo. ¿Qué ha supuesto para su vicariato y para los vicariatos de la Amazonía ecuatoriana estos más de 6 años de camino en red junto con la REPAM?

Como vicariatos en la Amazonía ecuatoriana, nos ha unido más, ha supuesto verdaderamente marcar pautas y modos de trabajar en una pastoral en conjunto, pero desde una dimensión no solamente a nivel del cuidado de la casa común. Nos sentimos más unidos los vicariatos de la Amazonía, a través de todas las reuniones que vamos teniendo por zoom con los ejes que se van desarrollando. Por ejemplo, los medios de comunicación, con las emisoras de radio de los vicariatos, creo que eso ha sido muy importante, estamos haciendo un trabajo muy grande de concientización para nuestra gente sobre el cuidado del medio ambiente, con programas de radio.

Igualmente, las distintas propuestas de la REPAM a nivel de Panamazonía las vamos asumiendo, compartiendo. En el eje de incidencia social, vemos que es muy necesario el acompañamiento a las comunidades originarias. Esto sí creo que ha supuesto para nosotros como REPAM un avance grande de comunión, de sinodalidad y de una esperanza importante en la dimensión pastoral, aunque mucho más la CEAMA tendrá que ir abriendo caminos y concretándose todas esas prioridades que en el Sínodo también salieron, y que, en definitiva, también afectan a toda la Amazonía y a nosotros en particular.

Pienso que ha sido un caminar progresivo y con un espíritu de lo que también en el Sínodo se nos pidió, de una Iglesia samaritana, por una parte, y profética por otra. Hemos tenido, aquí en el Amazonía ecuatoriana, casos importantes en los que la voz de la Iglesia amazónica se ha dejado escuchar, como fue el 7 de abril, en el derrame petrolero que hubo en los ríos Coca y Napo. Ha habido un fortalecimiento y un refuerzo de esa dimensión de unidad y de comunión.

3. Esos posicionamientos que ha tenido la Iglesia en los últimos tiempos en defensa del medio ambiente amazónico y sobretodo de los pueblos indígenas y de los pueblos de la Amazonía ecuatoriana. ¿Qué ha supuesto para esos pueblos esa alianza con la Iglesia, algo que fue uno de los pedidos del Sínodo para la Amazonía?

Lo que los pueblos en el Sínodo pidieron a la Iglesia fue ser su aliada para la defensa de sus derechos y a la vez de acompañamiento. Los pueblos originarios están percibiendo ahora más que nunca que esa Iglesia no está solamente desde fuera de la barrera, observando, sino que han visto que la Iglesia ha dado un paso más, se ha comprometido, se ha mojado en la Amazonía, en la problemática que se vive en los pueblos originarios. Por eso decimos que, ante hechos concretos, los pueblos reconocen que la Iglesia está con ellos, y así lo sienten.

Eso sí ha sido un avance importante después de ese trabajo que la REPAM hizo, sobretodo en la consulta preparatoria para el Sínodo, en la que visitamos las distintas comunidades indígenas. Eso dio pie para ese intercambio y ese interés de escucha, de respaldo, de acompañamiento, de levantar la voz con los pueblos originarios. Eso creo que es muy importante de valorar en este camino y en este proceso sinodal.

4. El Sínodo también nos recuerda la necesidad de nuevos caminos para la Iglesia. En esta semana se ha sabido que el Vicariato del Puyo va a recibir tres nuevos sacerdotes de dos diócesis de Ecuador, que van a acompañar el trabajo pastoral del vicariato. ¿Puede ser éste un primer paso para que la Iglesia ecuatoriana y de los diferentes países que forman parte de la Amazonía, pueda tomar una mayor conciencia misionera e enviar, no solamente sacerdotes, también otros agentes de pastoral, para colaborar en iglesias donde esa presencia eclesial todavía es más limitada?

Este hecho de que las diócesis puedan enviar, y de hecho envíen, sacerdotes ad gentes a los territorios de misión, es verdaderamente una revelación. Siempre está la respuesta de decir, no tenemos personal, no podemos, somos pocos, y ahí se quedaba siempre. Este paso, como es que esas diócesis van a ofrecer misioneros ad gentes al Vicariato del Puyo, va a ser para las demás jurisdicciones un aliciente, una llamada de atención, un decir hay algo que hacer que la Iglesia está pidiendo, como lo pedía el Sínodo a todos los obispos de Latinoamérica, saber orientar a la vida sacerdotal, consagrada, para un trabajo con los últimos, con los excluidos, con los olvidados.

Creo que esto es un hecho histórico para esta diócesis de Latacunga, que por primera vez envía sacerdotes diocesanos ad gentes, igualmente la diócesis de Ambato. Hay un despertar, que se va rompiendo poco a poco, después que ha habido muchos golpecitos en las puertas de los obispados, diciendo que debemos ser misioneros ad gentes, que debemos ser Iglesia en salida. Como dice el refrán, tanto va el cántaro a la fuente que al fin se rompe. Estamos consiguiendo ver que ya comienzan algunas diócesis a tomar conciencia misionera, que en su formación con sus sacerdotes les muestran que somos verdaderamente ordenados no solamente para la Iglesia particular donde vivimos o donde nos han ordenado, sino para la Iglesia universal que nos necesita, y nos necesita en muchos lugares.

Esta apertura de las diócesis responde también a la invitación que el Sínodo amazónico decía. No solamente sacerdotes, también agentes de pastoral, laicos comprometidos o congregaciones religiosas. La Conferencia Ecuatoriana de Religiosos está moviéndose y haciendo opción actualmente por la Amazonía. He recibido algún pedido de congregaciones que quieren fundar comunidades en la Amazonía. El Sínodo sigue dando frutos y este hecho para nosotros es muy revelador, el que estando como estamos, con un número tan reducido de sacerdotes en un vicariato como el nuestro, podamos contar a partir de este mes con nuevos sacerdotes que nos van a ayudar, sacerdotes diocesanos.

En las diócesis del Ecuador es muy difícil encontrar una diócesis que haya enviado sacerdotes diocesanos. Solo una diócesis, de las 24 diócesis de Ecuador, tenían sacerdotes ad gentes fuera del país. El Papa, cuando nos visitó en Ecuador, nos decía que tendríamos que invitar a los sacerdotes con espíritu misionero, empezando por los territorios de misión del propio país, para que luego pudieran pasar fronteras. Ese es el proceso que el Papa nos invitó y que poco a poco vamos consiguiendo, que haya una sensibilización por parte de las diócesis, de los obispos y de los sacerdotes.

5. La CEAMA es un claro ejemplo de una Iglesia sinodal. Una fantástica intuición del Papa Francisco quiso que fuese no una conferencia episcopal y sí eclesial, donde se hace presente la Iglesia Pueblo de Dios en los órganos de decisión, algo que aparece en Querida Amazonía. ¿Cómo traer para la realidad de las Iglesias locales e ir instituyendo poco a poco esos órganos de decisión eclesial para conducir la vida pastoral y evangelizadora de las diferentes circunscripciones eclesiásticas?

La CEAMA, en estos comienzos que está, va a abrir nuevas pautas que ayudarán a las jurisdicciones eclesiásticas a aterrizar. No es igual una pastoral urbana, rural o indígena, para cada caso debemos encontrar caminos y respuestas a estos desafíos. Los pueblos originarios sabemos que también se mueven, y les encontramos tanto en la ciudad, como en la parte rural o en el interior de la selva. En cada uno de los lugares debemos tener en cuenta la realidad del origen, como decía el Papa, no podemos olvidar la memoria, y lo decía sobre todo a los jóvenes, para que no perdieran la identidad cultural y de los pueblos originarios.

Tenemos que estar pendientes de las propuestas de la inculturación y los desafíos de buscar, como también decía el Papa, nuevas propuestas que sean creativas, como decíamos al principio del Sínodo, que sea una Iglesia más ministerial, menos clerical, con una participación mucho mayor de la mujer en la Iglesia, en la toma de decisiones. Todos estos pasos para, en palabras del Papa, una comunidad no puede crecer sin la Eucaristía. Y quién puede presidir la Eucaristía, un sacerdote, y cómo podemos preparar a esos sacerdotes para que en verdad las comunidades tengan la Eucaristía. Y cómo podemos pasar de una Iglesia de visita a una Iglesia presencial.

Todo esto está sobre el tapete y tenemos que darle salida, en proceso, para que verdaderamente los desafíos que están ahí latentes, puedan encontrar las respuestas. Ahí está la CEAMA, que le toca mucho en este campo, pero también la REPAM, que es la conocedora de la realidad y la que hace de puente entre las comunidades y la misma realidad con la que tiene que estar muy unida la CEAMA, para poder conocer los desafíos concretos. Es un trabajo en conjunto y nos va a todos a exigir ese esfuerzo de la escucha, que siempre ha sido una de las claves. Después de la escucha, ese saber contemplar, discernir lo que nos lleve a tomar luego un compromiso. Ahí está la palabra clave de todo el Sínodo, que fue la conversión, y con la Exhortación Apostólica seguir soñando, como nos dice el Papa Francisco, y que esos sueños se hagan realidad. 

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REPAM faz balanço prospectivo dos 6 anos de caminhada e apresenta seu novo secretário executivo https://observatoriodaevangelizacao.com/repam-faz-balanco-prospectivo-dos-6-anos-de-caminhada-e-apresenta-seu-novo-secretario-executivo/ Tue, 15 Sep 2020 23:26:32 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35659 [Leia mais...]]]> Após seis anos de caminhada, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM realizou nos últimos meses um processo de discernimento que ajuda a continuar definindo o caminho a ser seguido no futuro. O nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia – CEAMA, constituída em 29 de junho, vista como uma irmã da REPAM, que quer caminhar junto na mesma sinergia da sinodalidade, nas palavras do novo secretário executivo da REPAM, é uma nova experiência para a Igreja da Amazônia.

Precisamente com a chegada do novo secretário executivo da REPAM, o marista brasileiro Ir. João Gutemberg Sampaio, apresentado oficialmente pelo Cardeal Cláudio Hummes na coletiva de imprensa realizada em 14 de setembro de 2020, podemos dizer que é um ponto de inflexão, embora como reconheceu o presidente da REPAM, haverá um caminho de transição entre o novo secretário e aquele que até agora realizou este serviço, Mauricio López, a quem agradeceu junto com a equipe da secretaria executiva pelo trabalho realizado durante estes seis anos.

Ir. João Gutemberg Sampaio, novo secretário executivo da REPAM. Foto. Luis Miguel Modino.

Não podemos esquecer que o serviço da REPAM é algo muito amplo, nas palavras do Cardeal Hummes, envolvendo muitas pessoas que trabalham na base, tanto nas circunscrições eclesiásticas como em outros espaços, como as comunidades indígenas, sempre na tentativa de estar entre as situações mais frágeis e vulneráveis. Esta presença na Amazônia é uma tarefa que o cardeal brasileiro vem realizando desde 2011, quando, ao retornar de Roma, onde havia sido Prefeito da Congregação do Clero, o episcopado brasileiro lhe pediu que presidisse a Comissão Episcopal da Amazônia.

Durante este tempo, o Cardeal Hummes disse ter visitado 38 circunscrições eclesiásticas na Amazônia brasileira, numa tentativa de participar das experiências do povo, de ouvir, de ver, de encorajar aqueles que vivem nas comunidades. Foi nesta jornada que nasceu a REPAM, em setembro de 2014, um serviço que quer articular o que existe, junto com aqueles que trabalham em favor da Amazônia, na preservação das riquezas e daqueles que ali vivem, especialmente os povos originários, que são sua maior riqueza.

Hummes mostrou a importância do papa Francisco para que a Amazônia tenha alcançado um papel relevante na Igreja e na sociedade mundial, destacando neste sentido o discurso que ele dirigiu aos bispos brasileiros no encontro que aconteceu no Rio de Janeiro por ocasião do Dia Mundial da Juventude em 2013. Nas palavras do Presidente da REPAM, o papa Francisco sempre foi alguém que encorajou a avançar, dizendo que ainda que se possa cometer erros, devemos ser corajosos.

Estes seis anos da REPAM consolidaram um tempo de envolvimento, de presença no território, de escuta e, junto com as comunidades, construir os novos caminhos, nas palavras do Cardeal Hummes, que insistiu que “sentimos a presença de Deus e de seu Espírito todos os dias“, convencido de que “a causa era muito maior do que as dificuldades enfrentadas“. Tudo isso se concretizou no Sínodo, um momento em que o Papa quis ouvir os bispos da Amazônia e traçar novos caminhos, um tempo de discernimento que teve como fruto o Documento Final, que o Papa pede que seja aplicado, e a exortação Querida Amazônia, na qual “o Papa nos ofereceu seus sonhos, para ir além do cotidiano, porque se deixamos de sonhar, deixamos de ter esperança”. Tudo isto, sabendo que “Deus foi o agente principal desse processo e continua sendo”.

A REPAM reúne tudo o que está sendo feito na Amazônia e tudo o que foi feito desde o início da Evangelização, disse o cardeal Pedro Barreto na coletiva de imprensa. Segundo ele, a Conferência de Aparecida, quando o então cardeal Bergoglio era o relator geral do Documento, mostrou a importância da Amazônia e a necessidade de criar uma pastoral de conjunto nos 9 países da Amazônia. Neste sentido, não podemos esquecer que foi em Aparecida que começou a conversão ecológica do papa Francisco.

Barreto também se referiu à importância das palavras do papa Francisco no encontro com os bispos brasileiros no Rio de Janeiro, quando novamente insistiu na importância da Amazônia e na criação de uma pastoral para a região. Neste sentido, o cardeal peruano insiste que a REPAM foi definida desde o início como uma fonte de vida no coração da Igreja, como um organismo eclesial que conseguiu articular os esforços que estão sendo feitos, apoiados desde o início pelo papa Francisco, para unir as diversas experiências em todo o bioma amazônico.

Nesta jornada, entre luzes e sombras, Deus nos iluminou e fortaleceu, e inspirou todo o processo sinodal, disse o vice-presidente da REPAM. Barreto salientou a importância de “nossos irmãos indígenas”, que ele vê como “guardiães de nosso ambiente natural”, que durante o Sínodo, desde a periferia, trouxeram sua vida e conhecimento ao centro do cristianismo. A missão da Igreja, que no Sínodo estabeleceu uma aliança com os povos originários, é acompanhá-los diante da invasão das grandes empresas, que está levando ao martírio dos defensores da Amazônia, lembrando o assassinato de um defensor ambiental no sábado passado em Puerto Maldonado, no Peru.

Cardeal Pedro Barreto, vice-presidente da REPAM.

O cardeal Barreto também quis agradecer ao Ir. João Gutemberg por ter aceito o serviço da secretaria executiva da REPAM, assim como “Mauricio López, que muito generosamente, junto com sua equipe, que o apoiou nestes anos, de forma muito generosa, nos faz sentir que nossa gratidão é para aprofundar a experiência que estamos vivendo“. Em suas palavras, ele destacou a alegria que representa a criação da Conferência Eclesial da Amazônia, que ele vê como “um elo de comunhão direta com nosso papa Francisco”. Por esta razão, ele nos convidou a continuar sonhando juntos, com aquele Espírito de Deus que ele quer para nós, no meio das tempestades da vida, das dificuldades da pandemia, “para experimentar aquelas carícias de Deus e aquele alento que ele nos dá através de muitas pessoas, especialmente os mais pobres, os mais abandonados”.

Fazendo um balanço do que foi vivido até agora, Barreto quis agradecer aos irmãos indígenas por sua participação no processo de preparação e realização do Sínodo, “que pregam com suas vidas e com seu testemunho de que vale a pena cuidar da vida e cuidar de nosso ambiente natural”. Olhando para o futuro, ele vê a REPAM como “um apoio muito importante de articulação no território para dar à Conferência Eclesial da Amazônia as condições efetivas para que suas orientações, seus documentos, a implementação de todas as propostas, que o Sínodo ofereceu em seu Documento Final, possam ser colocados em prática de forma harmoniosa, de forma articulada”. Finalmente, ele afirmou que a Querida Amazônia nos faz conscientes de que temos que trabalhar em dois aspectos, colocando em prática as orientações que nos foram dadas pelo Documento Final do Sínodo e continuando a sonhar com uma Amazônia onde os Direitos Humanos, suas culturas, o meio ambiente sejam respeitados e a Igreja seja um fermento de paz e justiça.

Em sua primeira intervenção como secretário executivo da REPAM, ir. João Gutemberg Sampaio, após expressar sua gratidão pela confiança recebida, ressaltou a importância do trabalho em equipe, afirmando que “idealizar é muito bom, mas colocá-lo em prática requer muita criatividade e dedicação”. O novo secretário também agradeceu à pessoa que ele considera seu grande amigo, diretor espiritual e conselheiro, Mauricio López, assim como sua equipe.

João Gutemberg e Maurício López, com outros dois participantes, durante o Sínodo para a Amazônia.

Olhando para o futuro, ele pediu que continuássemos a “nos encorajar e nos articular, porque infelizmente nossa querida Amazônia é também uma Amazônia que é consumida, invadida e destruída“, apelou à unidade entre as comunidades eclesiais e as pessoas de boa vontade, a fim de “promover o cuidado e a proteção das comunidades humanas e de nossa diversidade ambiental, tão importante para toda a nossa vida no planeta, ouvindo o grito dos pobres e o grito da Terra“. O novo secretário se apresentou como “um instrumento de conexão para que possamos continuar semeando luz e esperança em nossa Amazônia, e de nossa Amazônia, para muitos outros contextos do cenário planetário que precisam se amazonizar, para viver o bom relacionamento que os povos amazônicos têm com a Mãe Terra“.

Sobre o autor:

Luis Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

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REPAM elabora o mapa do coronavírus na região da Pan-Amazônia https://observatoriodaevangelizacao.com/repam-elabora-o-mapa-do-coronavirus-na-regiao-da-pan-amazonia/ Fri, 20 Mar 2020 17:58:36 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=34379 [Leia mais...]]]> A crise do coronavírus se espalhou por todo o planeta e também atingiu a Pan Amazônia. Nessa situação, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, decidiu disponibilizar todos os canais necessários para tentar entender a realidade, acompanhá-la à distância e mobilizar atores eclesiais e sociais no território para responder a esses situações.


Nesse sentido, como reconhecido por seu Secretário Executivo, Mauricio López, “em uma dinâmica de interconexão, à luz da situação profundamente dolorosa na Itália e na Espanha, fomos questionados sobre a situação particular da Pan Amazônia com essa pandemia COVID 19”. A conseqüência de tudo isso foi a preparação da Secretaria Executiva, com o apoio do eixo de mapeamento e da equipe de comunicação, de um relatório diário que nos ajuda a analisar especificamente a situação específica de nossa Pan Amazônia diante dessa pandemia.


As informações estarão disponíveis no link https://redamazonica.org/covid-19-panamazonia/, onde aparecerão os números oficiais fornecidos pelos órgãos competentes dos nove países que compõem a região Pan-Amazônica. De acordo com os dados fornecidos em 19 de março, classificados nos países e nas diferentes circunscrições eclesiásticas, o número de casos oficialmente confirmados é de 52, já afetando os nove países e contando com um falecido na Guiana.


Referindo-se à exortação apostólica, Mauricio López recorda as palavras do Papa Francisco em sua conclusão: “Antes de confiar a Maria, Mãe da Amazônia, a vida e o futuro de toda a Amazônia, ele nos convida a compartilhar seus sonhos e nos encoraja a avançar de maneira concreta que permita liberar a realidade da Amazônia e libertá-la dos males que a afligem”. Nesse sentido, o Secretário Executivo da REPAM, insiste em que “neste momento do coronavírus, podemos identificar fortes sinais que ameaçam a vida e o futuro da Amazônia, mas sobretudo dos mais pobres, de suas comunidades indígenas e povos específicos, que não possuem condições, atenção, às vezes nem acesso à informação adequada”, algo que, segundo ele,“nos preocupa profundamente ”.

O desafio será sempre “libertar essas comunidades e populações dos males“, na opinião de Mauricio López, o que demanda “poder acompanhá-las nesta hora sombria“, algo diante do qual ele diz que “nos sentimos profundamente limitados por esse confinamento forçado que não nos permite acompanhar ”.

Por meio das informações que serão geradas ao longo dos dias, a REPAM deseja “convidar todos a seguir essas informações específicas em nosso site, que atualizarão a situação específica de pessoas afetadas por esta pandemia, os contagiados e as lamentáveis mortes“, segundo seu Secretário Executivo.

Em um momento de preocupação global, a REPAM, por meio de seu Secretário Executivo, espera “que seja uma oportunidade de se sentir ainda mais conectados em solidariedade concreta diante dessa realidade, em comunhão e oração à distância e, acima de tudo, afirmar junto com o Papa na exortação, este chamado para libertar nossa Amazônia de todos os males, sobretudo da profunda iniquidade, desigualdade estrutural, que hoje atinge essas situações e as machuca de maneira ainda maior”.

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manus – A.M. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

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Documento final do Sínodo para a Amazônia – Capítulo 4 Novos caminhos de conversão ecológica https://observatoriodaevangelizacao.com/documento-final-do-sinodo-para-a-amazonia-capitulo-4-novos-caminhos-de-conversao-ecologica/ Mon, 11 Nov 2019 14:03:36 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=33105 [Leia mais...]]]> Diante da situação premente do planeta e da Amazônia, a ecologia integral não é só mais um caminho que a Igreja pode escolher para o futuro neste território, é o único caminho possível, pois não há outro caminho viável para salvar a região... A defesa da vida da Amazônia e de seus povos requer uma profunda conversão pessoal, social e estrutural. A Igreja está incluída neste apelo a desaprender, aprender e reaprender, a fim de superar qualquer tendência a modelos colonizadores que tem causado danos no passado... Criar um observatório sócio-ambiental pastoral, fortalecendo a luta em defesa da vida. Realizar um diagnóstico do território e de seus conflitos socioambientais em cada Igreja local e regional, para poder assumir uma posição, tomar decisões e defender os direitos dos mais vulneráveis… Pedimos também que no Dicastério para o Serviço Integral e Desenvolvimento Humano seja criado um escritório amazônico que esteja em relação com este Observatório e as demais instituições amazônicas locais.

Pela importância para a ação evangelizadora de toda a Igreja, o processo do Sínodo para Amazônia, sua preparação, sua dinâmica fraterna e participativa de realização, sua produção, sua sinodalidade…, precisa ser bem conhecido, pois foi uma experiência inovadora e com muitos elementos originais na vida da Igreja. Ele pode inspirar e fecundar de beleza toda a caminhada da Igreja. 

O Observatório da Evangelização, já publicou a Introdução, o Capítulo 1 Amazônia: Da escuta à conversão integral, o Capítulo 2 – Novos caminhos de conversão pastoral, o Capítulo 3 – Novos caminhos de conversão cultural e, logo abaixo, o Capítulo 4 – Novos caminhos de conversão ecológica. Continuaremos a publicar cada uma das partes que compõem o documento aprovado no final do Sínodo e que foi entregue nas mãos do papa Francisco e que certamente servirá de base para a Exortação Pós- Sinodal que sairá em breve. 

Confira:

CAPITULO IV

NOVOS CAMINHOS DE CONVERSÃO ECOLÓGICA

“Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10, 10

65. Nosso planeta é um dom de Deus, porém sabemos da urgência de agir diante de uma crise socioambiental sem precedentes. Necessitamos uma conversão ecológica para responder adequadamente. Portanto, como Igreja Amazônica, diante da agressão cada vez maior contra nosso bioma ameaçado de desaparecer, com tremendas consequências para nosso planeta, nos colocamos a caminho, inspirados pela proposta da ecologia integral. Reconhecemos as feridas causadas pelo ser humano em nosso território, queremos aprender de nossos irmãos e irmãs dos povos originários, num diálogo de saberes, o desafio de dar novas respostas buscando, modelos de desenvolvimento justo e solidário. Queremos cuidar de nossa “casa comum” na Amazônia e, para tal, propomos novos caminhos.

Rumo a uma ecologia integral a partir da encíclica Laudato si‘ 

a. Ameaças contra o bioma Amazônia e seus povos 

66. Deus nos deu a terra como um dom e como tarefa, para cuidá-la e responder por ela; nós não somos seus donos. ecologia integral tem seu fundamento no fato de que “tudo está intimamente relacionado” (LS 16). Por isso, a ecologia e a justiça social estão intrinsecamente unidas (cf. LS 137). Com a ecologia integral surge um novo paradigma de justiça, uma vez que “uma verdadeira abordagem ecológica se torna sempre uma abordagem social, que deve integrar a justiça nas discussões sobre o ambiente, para escutar tanto o grito da terra como o grito dos pobres” (LS 49). A ecologia integral, assim, conecta o exercício do cuidado da natureza com o da justiça pelos mais empobrecidos e desfavorecidos da terra, que são a opção preferida de Deus na história revelada. 

67. É urgente enfrentar a exploração ilimitada da “Casa comum” e dos seus habitantes. Uma das principais causas de destruição na Amazônia é a atividade extrativa predatória, que responde à lógica da ganância, típica do paradigma tecnocrático dominante (LS 101). Diante da situação premente do planeta e da Amazônia, a ecologia integral não é só mais um caminho que a Igreja pode escolher para o futuro neste território, é o único caminho possível, pois não há outro caminho viável para salvar a região. A depredação do território vem junto do derramamento de sangue inocente e da criminalização dos defensores da Amazônia. 

68. A Igreja é parte de uma solidariedade internacional, que deve favorecer e reconhecer o papel central do bioma amazônico para o equilíbrio do clima do planeta; anima a comunidade internacional dispor de novos recursos econômicos para sua proteção e a promoção de um modelo de desenvolvimento justo e solidário, com o protagonismo e a participação direta das comunidades locais e dos povos originários em todas as fases, desde planejamento até implementação, fortalecendo também os meios já desenvolvidos pela convenção marco sobre mudança climática. 

69. É escandaloso que se criminalize os líderes, inclusive as comunidades, somente pelo fato de reclamarem seus próprios direitos. Em todos os países amazônicos há leis que reconhecem os direitos humanos, em especialmente dos povos indígenas. Nos últimos anos, a região (amazônica) passou por transformações complexas, onde os direitos humanos das comunidades têm sido impactados por normas, políticas públicas e práticas voltadas principalmente para a ampliação das fronteiras extrativistas de recursos naturais e para o desenvolvimento de megaprojetos de infraestrutura, que exercem pressão sobre os territórios ancestrais indígenas. Isso é acompanhado, segundo o mesmo relatório, por uma grave situação de impunidade na região em relação a violações de direitos humanos e de obstáculos para obter justiça (Relatório CIDH/OEA, Povos Indígenas e Tribais da Pan-Amazônia. 5 e 188. Set. 2019). 

70. Para os cristãos, o interesse e a preocupação com a promoção e o respeito dos direitos humanos, tanto individuais como coletivos, não são opcionais. O ser humano é criado à imagem e semelhança de Deus Criador, e sua dignidade é inviolável. Por isso, a defesa e a promoção dos direitos humanos não é apenas um dever político ou uma tarefa social, mas também, e sobretudo, uma exigência de fé. Talvez não possamos modificar imediatamente o modelo de um desenvolvimento destrutivo e de atividade extrativa predatória imperante, mas é necessário saber e deixar claro onde nos situamos, ao lado de quem estamos, que perspectiva assumimos, como transmitimos a dimensão política e ética de nossa palavra de fé e vida. Por esta razão:

  • a) denunciamos a violação dos direitos humanos e a destruição por atividades extrativas predatórias;
  • b) assumimos e apoiamos as campanhas de desinvestimento de empresas extrativistas relacionadas com danos socioecológicos da Amazônia, começando pelas próprias instituições eclesiais e também em aliança com outras igrejas;
  • c) conclamamos a uma mudança energética radical e a busca de alternativas: “A civilização requer energia, mas o uso da energia não deve destruir a civilização!” (Papa Francisco, Discurso aos participantes da conferência “Energy Transition and Cure of the Common House”, 9 de junho de 2018).

Propomo-nos desenvolver programas de capacitação sobre o cuidado da “Casa comum”, destinados à agentes pastorais e demais fiéis, abertos a toda a comunidade, num “esforço de conscientização da população” (LS 214).

b. O desafio de novos modelos de desenvolvimento justo, solidário e sustentável 

71. Constatamos que a intervenção do ser humano perdeu seu caráter “amigável”, para assumir uma atitude voraz e predatória que tende explorar a natureza até o esgotamento de todos os recursos naturais disponíveis. “O paradigma tecnocrático tende a dominar a economia e a política” (LS 109). Para se opor a isso, que prejudica gravemente a vida, é necessário buscar modelos econômicos alternativos, mais sustentáveis, amigáveis à natureza, com um sólido “sustento espiritual”. Por isso, junto com os povos amazônicos, pedimos que os Estados deixem de considerar a Amazônia como uma reserva inesgotável (cf. Fr. PM). Gostaríamos que desenvolvessem políticas de investimento que tenham, como condição para toda intervenção, o cumprimento de altos padrões sociais e ambientais e o princípio fundamental da preservação da Amazônia. Para isso, é necessário que levem em conta a participação dos Povos Indígenas organizados, de outras comunidades amazônicas e das diferentes instituições científicas que já estão propondo modelos de aproveitamento da floresta em pé. O novo paradigma do desenvolvimento sustentável deve ser socialmente inclusivo, combinando conhecimento científico e tradicionais para empoderar as comunidades tradicionais e indígenas, em sua maioria mulheres, fazendo com que essas tecnologias sirvam ao bem-estar e à proteção das florestas. 

72. Trata-se então de discutir o valor real que qualquer atividade econômica ou extrativa possui, ou seja, o valor que contribui e devolve à terra e à sociedade, considerando a riqueza que delas extrai e as suas consequências sócio-ecológicas. Muitas atividades extrativas, como a mineração em larga escala, particularmente a mineração ilegal, diminuem substancialmente o valor da vida na Amazônia. Com efeito, atentam contra a vida dos povos e os bens comuns da terra, concentrando o poder econômico e político nas mãos de poucos. Pior ainda, muitos desses projetos destrutivos são realizados em nome do progresso, e são apoiados – ou permitidos – por governos locais, nacionais e estrangeiros. 

73. Os povos amazônicos (cf. LS 183) e seu horizonte do “bem viver”, nos interpelam a uma conversão ecológica individual e comunitária que salvaguarde uma ecologia integral e um modelo de desenvolvimento em que os critérios comerciais não estejam acima do meio ambiente e dos direitos humanos. Queremos manter uma cultura de paz e respeito – não de violência e ultraje – e uma economia centrada na pessoa que também cuide da natureza. Por isso, propomos gerar alternativas de desenvolvimento ecológico integral a partir das cosmovisões que se constroem com as comunidades, resgatando a sabedoria ancestral. Apoiamos projetos que proponham uma economia solidária e sustentável, circular e ecológica, tanto a nível local como internacional, no âmbito da pesquisa e no campo de ação, nos setores formal e informal. Nesse sentido, seria útil sustentar e promover experiências de cooperativas de bio-produção, de reservas florestais e de consumo sustentável. O futuro da Amazônia está nas mãos de todos nós, mas depende principalmente de abandonarmos imediatamente o modelo atual que destrói a floresta, não traz bem-estar e põe em perigo este imenso tesouro natural e seus guardiões. 

Igreja que cuida da “Casa comum” na Amazônia 

a. Dimensão socioambiental da evangelização 

74. Cabe a todos nós sermos guardiões da obra de Deus. Os protagonistas do cuidado, proteção e defesa dos direitos dos povos e dos direitos da natureza nesta região são as próprias comunidades amazônicas. São elas os agentes de seu próprio destino e de sua própria missão. Neste cenário, o papel da Igreja é de aliada. Eles expressaram claramente que querem que a Igreja os acompanhe, que caminhe com eles e que não lhes imponha um modo particular de ser, um modo específico de desenvolvimento que pouco tem a ver com as suas culturas, tradições e espiritualidades. Eles sabem como cuidar da Amazônia, como amá-la e protegê-la; o que eles precisam é que a Igreja os apoie. 

75. O papel da Igreja é fortalecer essa capacidade de apoio e participação. Deste modo, promovemos uma formação que leve em conta a qualidade ética e espiritual da vida das pessoas a partir de uma visão integral. A Igreja deve dar atenção primária às comunidades afetadas por danos socioambientais. Continuando com a tradição eclesial latino-americana, onde figuras como São José de Anchieta, Bartolomeu de las Casas, os mártires paraguaios, mortos no Rio Grande do Sul (Brasil) Roque González, Santo Afonso Rodríguez e São Juan del Castillo, entre outros, nos ensinaram que a defesa dos povos originários deste continente está intrinsecamente ligada à fé em Jesus Cristo e em sua boa nova. Hoje devemos formar agentes de pastoral e ministros ordenados com sensibilidade sócio-ambiental. Queremos uma Igreja que navegue rio adentro e faça seu caminho pela Amazônia, promovendo um estilo de vida em harmonia com o território e, ao mesmo tempo, com o “bem viver” dos que ali habitam. 

76. A Igreja reconhece a sabedoria dos povos amazônicos sobre a biodiversidade, uma sabedoria tradicional que é um processo vivo e sempre em marcha. O roubo desse conhecimento é a biopirataria, uma forma de violência contra essas populações. A Igreja deve ajudar a preservar e manter estes conhecimentos e as inovações e práticas das populações, respeitando a soberania dos países e suas leis que regulam o acesso aos recursos genéticos e o conhecimento tradicional associado. Na medida do possível, deve ajudar estas populações a garantir que os benefícios da utilização destes conhecimentos, inovações e práticas sejam partilhados num modelo de desenvolvimento sustentável e inclusivo. 

77. Há uma necessidade urgente de desenvolver políticas energéticas que reduzam drasticamente a emissão de dióxido de carbono (CO2) e de outros gases relacionados com a mudança climática. As novas energias limpas ajudarão a promover a saúde. Todas as empresas devem estabelecer sistemas de monitoramento da cadeia de suprimento para garantir que a produção que compram, produzem ou vendem seja produzida de forma social e ambientalmente sustentável. Além disso, “o acesso à água potável e segura é um direito humano básico, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e é, portanto, uma condição para o exercício dos demais direitos humanos” (LS, 30). Este direito é reconhecido pelas Nações Unidas (2010). Precisamos trabalhar em conjunto para que o direito fundamental de acesso à água potável seja respeitado no território. 

78. A Igreja opta pela defesa da vida, da terra e das culturas originárias da Amazônia. Isso implicaria acompanhar os povos amazônicos no registro, sistematização e difusão de dados e informações sobre seus territórios e a situação jurídica. Queremos priorizar a incidência e o acompanhamento para alcançar a demarcação de terras, especialmente a do PIACI (América de língua espanhola) ou PIAV (América de língua portuguesa). Incentivamos os Estados a cumprirem as suas obrigações constitucionais sobre estas questões, incluindo o direito de acesso à agua. 

79. A Doutrina Social da Igreja, que a muito tempo vem tratando da questão ecológica, é hoje enriquecida com uma visão mais de conjunto que abarca a relação entre os povos amazônicos e seus territórios, sempre em diálogo com seus conhecimentos e sabedorias ancestrais. Por exemplo, reconhecer o modo como os povos indígenas se relacionam e protegem os seus territórios como referência indispensável para a nossa conversão a uma ecologia integral. A esta luz, queremos criar ministérios para o cuidado da “Casa comum” na Amazônia, que tenham como função cuidar do território e das águas junto com as comunidades indígenas, e um ministério de acolhida para aqueles que são deslocados de seus territórios em direção às cidades.

b. Igreja pobre, com e para os pobres a partir das periferias vulneráveis 

80. Reafirmamos o nosso compromisso na defesa da vida em sua integralidade, desde a concepção até seu ocaso e a dignidade de todas as pessoas. A Igreja esteve e está ao lado das comunidades indígenas para salvaguardar o direito de terem uma vida própria e em paz, respeitando os valores de suas tradições, costumes e culturas, a preservação dos rios e florestas, que são espaços sagrados, fonte de vida e sabedoria. Apoiamos os esforços de tantos que corajosamente defendem a vida em todas suas formas e etapas. Nosso serviço pastoral constitui um serviço à vida plena dos povos indígenas que nos obriga a proclamar Jesus Cristo e a Boa Nova do Reino de Deus, para frear as situações de pecado, as estruturas de morte, a violência e as injustiças internas e externas e a promover o diálogo intercultural, inter-religioso e ecumênico.

Novos caminhos para a promoção ecológica integral 

a. Interpelação profética e mensagem de esperança para toda a Igreja e o mundo inteiro 

81. A defesa da vida da Amazônia e de seus povos requer uma profunda conversão pessoal, social e estrutural. A Igreja está incluída neste apelo a desaprender, aprender e reaprender, a fim de superar qualquer tendência a modelos colonizadores que tem causado danos no passado. Nesse sentido, é importante que sejamos conscientes da força do neocolonialismo que está presente em nossas decisões cotidianas e do modelo de desenvolvimento predominante que se expressa no crescente modelo agrícola de monocultura, nossos modos de transporte e o imaginário do bem-estar a partir do consumo que vivemos na sociedade e que tem implicações diretas e indiretas na Amazônia. Diante disso, um horizonte global, escutando as vozes das igrejas irmãs, queremos abraçar uma espiritualidade da ecologia integral, para promover o cuidado da criação. Para isso, devemos ser uma comunidade de discípulos missionários muito mais participativa e inclusiva.

82. Propomos definir o pecado ecológico como uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o meio ambiente. É um pecado contra as gerações futuras e manifesta-se em atos e hábitos de poluição e destruição da harmonia do ambiente, em transgressões contra os princípios da interdependência e a ruptura das redes de solidariedade entre as criaturas (cf. Catecismo da Igreja Católica, 340-344) e contra a virtude da justiça. Propomos também criar ministérios especiais para o cuidado da “Casa comum” e a promoção da ecologia integral em nível paroquial e em cada jurisdição eclesiástica, que tenham como funções, entre outras, o cuidado do território e das águas, bem como a promoção da encíclica Laudato sí’. Assumir o programa pastoral, educativo e de incidência da Encíclica Laudato si’ nos Capítulos V e VI em todos os níveis e estruturas da Igreja. 

83. Como forma de reparar a dívida ecológica que os países têm com a Amazônia, propomos a criação de um fundo mundial para cobrir parte dos orçamentos das comunidades presentes na Amazônia que promovem seu desenvolvimento integral e autossustentável e assim também protegê-las da avidez predatória de querer extrair seus recursos naturais através de empresas nacionais e multinacionais. 

84. Adotar hábitos responsáveis que respeitem e valorizem os povos da Amazônia, suas tradições e sabedoria, protegendo a terra e mudando nossa cultura de consumo excessivo, a produção de resíduos sólidos, estimulando o reaproveitamento e a reciclagem. Precisamos reduzir a nossa dependência dos combustíveis fósseis e uso de plásticos, alterando os nossos hábitos alimentares (consumo excessivo de carne e peixe/mariscos) com estilos de vida mais sóbrios. Comprometer-se ativamente no plantio de árvores, buscando alternativas sustentáveis na agricultura, energia e mobilidade que respeitem os direitos da natureza e os povos. Promover a educação para ecologia integral em todos os níveis, implementando novos modelos econômicos e iniciativas que promovam uma qualidade de vida sustentável.

b. Observatório Sócio-Pastoral da Amazônia 

85. Criar um observatório sócio-ambiental pastoral, fortalecendo a luta em defesa da vida. Realizar um diagnóstico do território e de seus conflitos socioambientais em cada Igreja local e regional, para poder assumir uma posição, tomar decisões e defender os direitos dos mais vulneráveis. O Observatório trabalharia em aliança com o CELAM, a CLAR, Cáritas, a REPAM, os Episcopados nacionais, as Igrejas locais, as Universidades Católicas, a CIDH, outros atores não eclesiais do continente e os representantes dos povos indígenas. Pedimos também que no Dicastério para o Serviço Integral e Desenvolvimento Humano seja criado um escritório amazônico que esteja em relação com este Observatório e as demais instituições amazônicas locais. 

(Atenção: os grifos são nossos)

Ob.: Acompanhe-nos. Na próxima postagem: 

Capítulo 5 – Novos caminhos de conversão sinodal

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O protagonismo das mulheres no Sínodo para a Amazônia https://observatoriodaevangelizacao.com/o-protagonismo-das-mulheres-no-sinodo-para-a-amazonia/ Mon, 04 Nov 2019 10:06:18 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32955 [Leia mais...]]]>
No dia 26 de Julho, o papa Francisco nomeou a professora doutora Márcia Maria de Oliveira, do Curso de Ciências Sociais da UFRR, para participar da Assembleia especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, na condição de perita.

No início dos trabalhos do Sínodo para a Amazônia publicamos aqui o artigo “As mulheres no Sínodo da Amazônia”, sinalizando a presença e o protagonismo das mulheres neste evento de grande relevância para a Amazônia. Finalizado o Sínodo no dia 27 de outubro de 2019 em Roma, a participação das mulheres apresenta um balanço extremamente positivo.

O protagonismo das mulheres no Sínodo

Na mídia mundial, ocuparam uma média de 41% das principais matérias sobre o evento. Internamente, trouxeram importantes contribuições para pensar e decidir sobre seu papel e protagonismo na Igreja e na sociedade.

Nas 28 páginas do Documento Final do Sínodo, as mulheres são nomeadas 30 vezes e ocupam destaque importante no subcapítulo intitulado a presença e a hora da mulher com 5 parágrafos aprovados com a unanimidade dos votos sinodais. 

De forma resumida, a Assembleia Sinodal reconhece o  protagonismo das mulheres nas comunidades, pastorais, movimentos sociais e em todo conjunto da missão da Igreja na Pan-Amazônia. Da mesma forma, reconhece que é inegável a sua participação e representatividade no mundo da política, nos movimentos sociais, nas organizações de mulheres negras (quilombolas), indígenas e camponesas.

Reconhecimento da violência contra a mulher

O Documento também reconhece que os países da Pan-Amazônia têm em comum um contexto atual marcado pela violência contra as mulheres, e, no caso da Amazônia Brasileira, há estados como Roraima e Rondônia que apresentam alto índice de feminicídio.

Trata-se de uma violência histórica que se instalou na região com os processos de colonização e precisa ser tratada com seriedade pela Igreja, pelos Estados Nacionais e por toda sociedade. Entretanto, mesmo numa conjuntura de violência contra as mulheres, é inegável o seu protagonismo na luta para superar todas as formas de opressão, machismo, misoginia e discriminação, legado do patriarcado.

Diante do reconhecimento do papel central, a busca de um ministério oficial na vida eclesial

O processo sinodal desafiou a Igreja a “identificar o tipo de ministério oficial que pode ser conferido à mulher, tendo em consideração o papel central que hoje ela desempenha na Igreja amazônica”.

Nessa perspectiva, a realidade específica da Igreja na Pan-Amazônia, fundamentada na experiência da Igreja primitiva, quando “respondia a suas necessidades criando os ministérios oportunos” reconhece a vez e a hora das mulheres destacando seus carismas, talentos e o espaço que historicamente ocupam na sociedade.

Papa Francisco recebe das mãos da profª. dra. Márcia Maria de Oliveira alguns estudos sobre a Amazônia.

A mulher no Sínodo para a Amazônia

A experiência da Igreja na Pan-Amazônia aponta que a voz das mulheres seja ouvida, que elas sejam consultadas e participem nas tomadas de decisões e, deste modo, possam contribuir cada vez mais com o estilo feminino de atuar e de compreender os acontecimentos.

Na sua íntegra o parágrafo 101 destaca:

A sabedoria dos povos ancestrais afirma que a mãe terra tem um rosto feminino. No mundo indígena e ocidental, as mulheres são aquelas que trabalham em múltiplas instâncias, na instrução das crianças, na transmissão da fé e do Evangelho, são testemunhas e presença responsável na promoção humana, para que a voz das mulheres seja ouvida, para que sejam consultadas e participem das decisões e, assim, possam contribuir com sua sensibilidade à sinodalidade eclesial. Valorizamos o papel da mulher, reconhecendo seu papel fundamental na formação e continuidade das culturas, na espiritualidade, nas comunidades e nas famílias. É necessário que a Igreja assuma com maior força sua liderança dentro da Igreja, e que a Igreja a reconheça e promova, fortalecendo sua participação nos conselhos pastorais das paróquias e dioceses, ou mesmo nas instâncias de governo”.

O Documento Final do Sínodo da Amazônia foi entregue ao papa Francisco para subsidiar a sua elaboração do Documento Oficial denominado pela Igreja como Exortação Apostólica que apresentará orientações para a Igreja na Região Pan-Amazônica.  No aguardo desta publicação que, segundo o papa deverá ocorrer até o final deste ano, uma coisa é certa: o protagonismo das mulheres é reconhecido, reafirmado e assumido pela Igreja nesta região.

Considerado um sínodo histórico pelo número de mulheres participantes dos trabalhos na qualidade de peritas (05 doutoras em diversas áreas do conhecimento), auditoras (32 religiosas, leigas e lideranças de movimentos e organizações sociais) e uma observadora internacional.

A participação das mulheres também tem grande relevância pela qualidade do conteúdo que trouxeram para debater as questões centrais apresentadas pelo sínodo, com destaque para a Ecologia Integral, organização e articulação do trabalho em rede e das pastorais de conjunto, diálogo inter-religioso e intercultural, formação de lideranças, participação política e intervenções sociais são alguns dos destaques da hora e a vez das mulheres que marcaram definitivamente a história da igreja.

Sobre a autora:

Profª. dra. Márcia Maria de Oliveira

Doutora em Sociedade e Cultura na Amazônia ( PPGSCA/UFAM); Pós-Doutorado em Sociedade e Fronteiras (PPGSOF/UFRR); Mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (PPGSCA / UFAM), Mestre em Gênero, Identidade e Cidadania (Universidad de Huelva – Espanha); Cientista Social, Licenciada em Sociologia (UFAM); Pesquisadora do Grupo de Estudos Migratórios da Amazônia (GEMA/UFAM); Pesquisadora do Grupo de Estudo Interdisciplinar sobre Fronteiras: Processos Sociais e Simbólicos (GEIFRON/UFRR); Professora da Universidade Federal de Roraima (UFRR); pesquisadora do Observatório das Migrações em Rondônia (OBMIRO/UNIR). Assessora da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM/CNBB e da Cáritas Brasileira.

Fonte:

www.repam.org.br

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Sínodo para a Amazônia: Respostas pastorais estão nas «pequenas comunidades», com a palavra Pe. Dário Bossi https://observatoriodaevangelizacao.com/sinodo-para-a-amazonia-respostas-pastorais-estao-nas-pequenas-comunidades-com-a-palavra-pe-dario-bossi/ Mon, 28 Oct 2019 10:00:00 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32747 [Leia mais...]]]> Padre Dário Bossi participa nos trabalhos do Sínodo para a Amazônia no Vaticano e fala da necessidade de «sair da prisão dos modelos mentais»

Foto: Agência ECCLESIA/Arlindo Homem

O padre Dário Bossi, provincial dos missionários combonianos no Brasil, participou de todo o processo do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazónica desde a sua convocação pelo papa Francisco, passando pela organização, processo participativo de escuta, execução em Roma (06-27/10/2019). Ele afirma que as respostas pastorais para trabalhar na Igreja estão na “presença relacional das pequenas comunidades”.

Segundo ele:

É preciso costurar com paciência as respostas que não ousamos hoje e elas chegam da sabedoria do bem viver de outros povos que nos podem ajudar a encontrar uma forma diferente de organizar o nosso mundo. É na  força das comunidades locais, a capacidade de inculturação, a pastoral da presença e o tecido relacional das pequenas comunidades que se costura o novo”.

No final da segunda semana de trabalho no Sínodo para a Amazônia, o padre Dário Bossi afirmou que o “esqueleto” do documento final do Sínodo já começava a ganhar forma após as apresentações das propostas dos 12 grupos de trabalho, chamados de grupos menores, que, após as sugestões apresentadas durante a primeira semana, necessitariam ser discernidas.

Para ele:

Não podemos oferecer soluções como retalhos ou domesticação do conflito, mas precisamos transbordar, o que significa sair das bordas para procurar respostas fora dos esquemas sempre repetidos”.

O religioso destaca que o caminho para responder “às emergências globais, crise climática e ambiente” se encontra “nas pequenas comunidades amazônicas” e no seu modo de viver.

Com suas palavras:

Temos de ousar sair da prisão dos modelos mentais que temos construído até agora. As respostas surgem nas nossas fronteiras”.

Desde o dia 6 de outubro foram escutadas 290 intervenções no Sínodo para a Amazônia.

Ainda ressoam as palavras do papa Francisco como um enigma e o desafio para sair do óbvio e do mecânico como respostas práticas e pragmáticas”, afirma pe. Dário Bossi.

O Sínodo especial para a Amazônia, convocado pelo papa Francisco, encerrou hoje, dia 27 de outubro de 2019, no Vaticano, com a participação dos bispos católicos da região amazônica, de representantes indígenas, convidados e especialistas.

Fonte:

www.agencia.ecclesia.pt

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15ª Congregação do Sínodo: Apresentação da primeira versão do documento final https://observatoriodaevangelizacao.com/15a-congregacao-do-sinodo-apresentacao-da-primeira-versao-do-documento-final/ Sat, 26 Oct 2019 15:43:35 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32701 [Leia mais...]]]> Na presença do papa Francisco, durante a 15ª Congregação Geral do Sínodo Especial dos Bispos da Região Panamazônica, realizada na tarde deste dia 25 de outubro de 2019, teve a apresentação do Documento Final e a eleição dos Membros do Conselho Pós-Sinodal. 182 Padres sinodais estiveram presentes na Sala. 

VaticanNews – Cidade do Vaticano

São 13 os Membros do Conselho para a concretização da Assembleia Especial da Amazônia, eleitos nesta tarde de sexta-feira (25/10/2019) por maioria absoluta. Seus nomes representam os principais países que compõem a região: 4 vêm do Brasil, 2 da Bolívia, 2 da Colômbia, 2 do Peru, 1 das Antilhas, 1 da Venezuela e 1 do Equador. Aos membros eleitos hoje se unirão outros três de nomeação pontifícia. O Conselho será responsável pela atuação das indicações do Sínodo.

Apresentação do Documento

Imediatamente após a votação, a 15ª Congregação viu o Relator Geral do Sínodo e Presidente da Rede Eclesial Panamazônica, cardeal Cláudio Hummes, apresentar na Sala do Sínodo o Documento final dos trabalhos. Ao introduzir o texto, o cardeal destacou o grande trabalho realizado pela Comissão de Redação do documento, assim como pelos Círculos Menores, que apresentaram numerosas emendas. O texto, disse ele, faz parte de um momento de emergência ecológica, no qual é necessário agir e não adiar. A preservação da Amazônia, enfatizou, é fundamental para a saúde do planeta e a Igreja tem consciência disso, consciente de que é necessária uma conversão integral para uma ecologia integral. A Igreja, de fato, ouve o grito dos povos da Amazônia e o grito da terra, que são o mesmo grito, expressão também de uma grande esperança. O Sínodo, concluiu o cardeal, serve para alcançar uma comunhão eclesial, com Pedro e sob a orientação do Papa.

Amanhã a votação

Na manhã deste sábado, 26 de outubro, os Padres sinodais poderão dedicar-se a uma releitura individual do texto, enquanto na parte da tarde, durante a 16ª Congregação Geral, se procederá à votação. Finalmente, segundo a tradição das Assembleias Sinodais, o Papa ofereceu a todos os participantes do Sínodo um dom especial: a medalha do Pontificado para o ano de 2019, representando a Amazônia.

Fonte:

www.vaticannews.va

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14ª Congregação do Sínodo: Apresentação da primeira proposta para o Documento Final https://observatoriodaevangelizacao.com/14a-congregacao-do-sinodo-apresentacao-da-primeira-proposta-para-o-documento-final/ Sat, 26 Oct 2019 15:34:47 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=32703 [Leia mais...]]]> Com a presença do papa Francisco, foi realizada na manhã de segunda-feira, dia 21 de outubro de 2019, a 14ª Congregação Geral do Sínodo Especial dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, que se realiza no Vaticano até o dia 27 de outubro. Estavam presentes 184 Padres Sinodais.

Vatican News – Cidade do Vaticano

Foi o Relator Geral, Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo e presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica (Repam) a apresentar na Sala do Sínodo o projeto do documento final da Assembleia especial para a Região Pan-Amazônica. O texto, que reúne os frutos dos pronunciamentos apresentados durante os trabalhos, passará agora aos Círculos Menores para a elaboração de um documento geral.

Programa para os próximos dias

No decorrer dos trabalhos de quarta e quinta-feira, tais emendamentos serão colocados no Documento Final pelo Relator Geral e pelos Secretários Especiais, com a ajuda dos Peritos. Portanto o texto será revisto pela Comissão para a redação para depois ser lido na Sala sinodal na sexta-feira a tarde, no decorrer da 15ª Congregação Geral. Sábado a tarde, por fim, na 16ª Congregação Geral será feita a votação do Documento Final.

Reflexões de Dom Héctor Cabrejos Vidarte

Na abertura da Congregação de hoje, foi realizada a oração da Hora Média. A reflexão proposta foi feita por Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, arcebispo de Trujillo, Peru e presidente do CELAM, que convidou a olhar o exemplo de São Francisco e ao “Cântico das Criaturas”. “Para Francisco – evidenciou o bispo – a beleza não é uma questão estética, mas de amor, de fraternidade a todo custo, de graça a todo custo”. O Santo de Assis – falou ainda – “abraça todas as criaturas com um amor e uma devoção nunca vista, falando-lhes do Senhor e convidando-as a louvá-lo. Neste sentido, Francisco chega a ser o inventor do sentimento medieval pela natureza”.

Conhecer, reconhecer e restituir

Conhecer, reconhecer e restituir – disse ainda o presidente do CELAM – são os verbos que marcam “o ritmo” do caminho espiritual de São Francisco de Assis, ou seja conhecer o Sumo Bem, reconhecer os seus benefícios e restituir-Lhe os louvores. De fato, se para São Francisco o pecado é apropriação “não só da vontade, mas também dos bens” que o Senhor opera no ser humano, o louvor, ao contrário, significa restituição. “O ser humano – reforçou ainda Dom Héctor Vidarte – não pode louvar a Deus como convém, pois o pecado feriu a sua filiação” com o Senhor.

Deus, Pai de todos e de todas as coisas

Portanto serão as criaturas, como afirma São Francisco no “Cântico”, a cumprir a obra de mediação para levar o louvor a Deus. Com efeito, elas preenchem o vazio do ser humano, desprovido, por causa do pecado, de uma voz digna de louvar o Criador. “São Francisco descobre em Deus o lugar da Criação – concluiu o bispo – devolve a Criação a Deus, porque vê em Deus não só o Pai de todos, mas o Pai de todas as coisas”.

Os trabalhos desta manhã foram concluídos pelo pronunciamento de um convidado especial que falou sobre o tema da ecologia integral em relação à mudança climática.

Fonte:

www.vaticannews.va

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