Pe. Joahn Konings – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Thu, 22 Nov 2018 01:26:18 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Pe. Joahn Konings – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 CNBB lança nova tradução oficial da Bíblia Sagrada https://observatoriodaevangelizacao.com/cnbb-lanca-nova-traducao-oficial-da-biblia-sagrada/ Thu, 22 Nov 2018 01:26:18 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=29335 [Leia mais...]]]> A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou nesta quarta-feira, 21 de novembro, a nova tradução oficial da Bíblia Sagrada. O ato aconteceu durante a reunião do Conselho Permanente da entidade e contou com a participação de bispos, padres e convidados. “Este é um momento de evangelização da nossa Conferência Episcopal. Nós tivemos um longo caminho, foram muitos anos de trabalho e de dedicação de muitas pessoas”, afirmou o secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, na mesa de abertura.

Padres Luís Henrique Eloy e Silva, coordenador de tradução e revisão da Bíblia


Como recomenda o Concílio Vaticano II, a tradução oficial da Bíblia se baseia nos textos originais hebraicos, aramaicos e gregos, comparados com a Nova Vulgata – a tradução oficial católica. O projeto teve início em 2007, quando a coordenação de tradução e revisão, composta pelos padres Luís Henrique Eloy e Silva, Ney Brasil Pereira (in memorian) e Johan Konings, fez a revisão integral conjunta, enquanto os professores padre Cássio Murilo Dias, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa e Maria de Lourdes Lima colaboraram em algumas partes.

Durante o lançamento, o coordenador de tradução e revisão da Bíblia, padre Luís Henrique afirmou que a revisão se compôs de características diversas das traduções anteriores. De acordo com ele, no início visava-se um texto mais apurado em vista de outros objetivos como, por exemplo, o texto como referência para os documentos oficiais para os bispos do Brasil. Ele fez questão de enfatizar que, essa tradução, visou também uma maior facilitação à memória bíblica do país.

Padre Johan Konings, vice-coordenador de tradução e revisão da Bíblia


Assim como a nova Vulgata, a nova Bíblia da CNBB leva em conta as recentes descobertas documentais e a crescente valorização das antigas traduções gregas, siríacas, egípcias e latinas, às vezes mais antigas ou de maior importância para a Igreja que os textos comumente considerados como os mais originais.

Padre Johan Konings, vice-coordenador de tradução e revisão da Bíblia destacou durante o lançamento que nem a Nova Vulgata, nem a nova tradução da Bíblia pretendem restabelecer um “texto original” único, mas procuram representar os textos que os primeiros cristãos conheceram, citaram e comentaram.

As introduções e notas, bem como os títulos e subtítulos das seções, embora aprovados pela Comissão para a Doutrina da Fé, não possuem caráter oficial, mas, baseadas em fontes científicas, fazem desta edição uma verdadeira “Bíblia de estudo”, servindo para cursos de Bíblia e de Teologia , em sintonia com as orientações do Magistério católico. Segundo o presidente da Comissão para a Doutrina da Fé da CNBB, dom Pedro Carlos Cipollini, a tradução é importante para a Igreja no Brasil porque serve de referencial. “A CNBB tem uma tradução aprovada e isso faz a diferença no sentido de que dá uma segurança maior no uso desse texto nas várias atividades da nossa Igreja”, disse o bispo.

Ao final do lançamento, o presidente da CNBB, dom Sergio da Rocha agradeceu aos exegetas e a todos os que colaboraram no aprimoramento das várias edições da Bíblia da CNBB, e de modo especial, nesta nova tradução. “Confiamos esta Bíblia Sagrada – Tradução Oficial da CNBB a Maria, Mãe da Igreja, discípula fiel do Senhor, que acolheu, meditou e cumpriu a Palavra”, disse o bispo.

A Bíblia Sagrada está disponível para venda no site da Editora da CNBB.

Fonte:

www.cnbb.org.br

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Carta do padre Konings https://observatoriodaevangelizacao.com/carta-do-padre-konings/ Sat, 23 Dec 2017 14:34:01 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27183 [Leia mais...]]]> “Não podemos ficar assistindo passivamente a uma política econômica e social suicida e ao esvaziamento da humanidade dos indivíduos. Inundados por informação, perdemos a capacidade de pensar e agir.

É isso aí, gente. Mas, ao recordar que alguém que nasceu numa estrebaria virou o profeta que mais mexeu com o mundo, creio que há esperança.”

Assim termina a carta de final de ano que J. Konings enviou a seus amigos. Tomei a liberdade de adaptá-la, em seu início, e publicá-la aqui para nos ajudar – a todos os que desejamos experimentar a prometida “paz na Terra aos homens de boa vontade” – a refletir sobre pontos relevantes, que podem fazer de 2018 um ano bem melhor… Que Deus nos abençoe!

Tânia Jordão

 

Caras amigas, caros amigos,

Ao enviar a minha saudação natalina, […]

Meu pensamento não abandonou o povo brasileiro, muito amado e muito abandonado. Decerto, há ainda uma aparência de bem-estar material, até de progresso… Mas que progresso? Venda de automóveis, aumento da violência e competição para um lugar debaixo das pontes…

Estou preocupado, sobretudo, com o que se chama de educação. Os brasileiros, em geral, são agradáveis, amáveis, corteses, têm boas maneiras. São simpáticos e comunicativos. Alegres até, pois riem para não chorar. Mas muitos chegam ao fim do ensino fundamental sem domínio da língua pátria, da matemática e das ciências. Sem compreensão da história, da sociedade e da própria pessoa. Nas escolas públicas é comum encontrar no oitavo ou nono ano pessoas “normais” que não sabem ler, por falta de método educativo coerente e/ou de atenção psicopedagógica. Perde-se muito tempo na aula. Não se aprende a aprender – coisa que exige disciplina. Professores e direções se veem impotentes diante de fatores estranhos à educação. Atmosfera generalizada de imediatismo, de consumismo, até na sala de aula. Substituição da recepção auditiva (ouvir e refletir) pela meramente visual (ver e crer que as coisas são assim mesmo…). E os profissionais da educação cruzando os braços ou levando as mãos à cabeça…

As crianças e adolescentes não aprendem a observar e a compreender o mundo em que vivem. Com isso viram vítimas de todo tipo de manipulação, comercial, política, religiosa. Falava-se em Paulo Freire, mas agora está sendo demonizado, seu nome tirado de praças e ruas… Fala-se ainda, às vezes, em Piaget. Mas o que queriam esses educadores? Que os jovens, e também os adultos, observassem o mundo em que vivem e a partir daí construíssem um saber que lhes servisse. Entretanto, muitos nem sabem o nome da rua vizinha ou até da sua própria. Não aprendem a agarrar o boi pelos chifres para os afazeres de cada dia. Muita alienação.

Estou preocupado também com o cristianismo, a tradição religiosa na qual me insiro. Digo “cristianismo”, porque muitas coisas são comuns à igreja católica e às protestantes. Estou preocupado com o fundamentalismo, o recorrer a frases bíblicas absolutizadas ou a dogmas e tradições inquestionáveis para não ter de refletir sobre a realidade vivida. E no meio disso, as inclarezas do ensino religioso na escola pública. Catecismo é questão de comunidade, mas na escola pode-se aprender a observar, estudar a fé das pessoas como elemento do mundo em que se vive. Como formação humana integral, respeitosa, aberta. Como saber viver. Se “a graça supõe e eleva a natureza”, como dizem os teólogos, comecemos enobrecendo a natureza…

Quem viveu com todo o entusiasmo os anos do Concílio Vaticano II não pode ficar quieto diante da onda de neoconservadorismo que sopra na igreja. Claro, não da parte do Papa Francisco – embora seja teologicamente mais prudente do que dizem seus adversários! Eu mesmo me considero como “tradicional”, acredite ou não. Dediquei tempo imenso à organização de grandes obras que representam a tradição cristã (a Bíblia) e católica (o Compêndio de Dogmas e Declarações de fé e moral).
No seio da CNBB estou articulando um ambiente para os biblistas católicos de nível acadêmico superior, porque eles e seus bispos têm questões e projetos específicos a serem contemplados. Amo nossa tradição, mas não o neoconservadorismo. A Idade Média passou. O Concílio de Trento foi atualizado no Concílio Vaticano II, que, por sua vez, precisa ser atualizado em cada parte do mundo, na África, na América Latina, e também na velha Europa.

E há um neoconservadorismo que não o parece: escondido atrás do som de guitarras elétricas, com melodias incantáveis que os fãs procuram impingir nas comunidades paroquiais, transformando a missa em show, tudo para curtir um Jesus “espiritual”, que não mexe com os conflitos do mundo. Perdeu-se a consciência de que a missa é a memória viva de Jesus, o qual, por amor e fidelidade até o fim, enfrentou a morte. Tremenda superficialidade que invadiu o mundo, no qual vale a nova máxima: “Eu posto, logo sou”.

Estamos vivenciando o fim de uma civilização. O Papa Francisco o diz abertamente: no caminho em que estamos não há mais como continuar. Por um lado, o esgotamento do habitat humano. Por outro, a morte do ser humano pessoal. O ser humano acoplado à eletrônica, se não se cuidar, poderá acabar anencéfalo, reduzido a registrar e reagir, sem saber o que está fazendo. O “sistema” é que vai mandar. Não podemos ficar assistindo passivamente a uma política econômica e social suicida e ao esvaziamento da humanidade dos indivíduos. Inundados por informação, perdemos a capacidade de pensar e agir.

É isso aí, gente. Mas, ao recordar que alguém que nasceu numa estrebaria virou o profeta que mais mexeu com o mundo, creio que há esperança.

Desde já, feliz Natal e Ano Novo.

Johan Konings, dezembro de 2017.

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