Pastoral Operária – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Wed, 25 Aug 2021 23:29:33 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Pastoral Operária – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Você conhece a Pastoral Operária ou Pastoral do Mundo do Trabalho da Arquidiocese de Belo Horizonte? https://observatoriodaevangelizacao.com/voce-conhece-a-pastoral-operaria-ou-pastoral-do-mundo-do-trabalho-da-arquidiocese-de-belo-horizonte/ https://observatoriodaevangelizacao.com/voce-conhece-a-pastoral-operaria-ou-pastoral-do-mundo-do-trabalho-da-arquidiocese-de-belo-horizonte/#comments Wed, 25 Aug 2021 23:29:33 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=39709 [Leia mais...]]]> “Mata o próximo quem lhe tira seus meios de vida e derrama sangue quem priva o operário do seu salário”.

(Eclesiástico 34, 22)

“Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”.

(Papa Francisco, 2014) [1]

Origens da Pastoral Operária: pontes entre a fé, a vida e a dinâmica econômica

No final dos anos de 1960 o Brasil vivia o início dos chamados “anos de chumbo” da ditadura militar, período de maior repressão político-social do regime autoritário instaurado em abril de 1964. Este tempo se caracteriza pela cassação de diretos políticos, o fechamento do Congresso Nacional, as aposentadorias forçadas, a perseguição, tortura e assassinato de opositores ao governo, a intervenção direta nas direções sindicais, a abertura da economia brasileira ao capital externo, as privatizações de estatais, o crescimento econômico, o arrocho salarial, a concentração de renda, o aumento da desigualdade social e das várias formas de precarização da condições de vida[2].

Em de 18 de outubro de 1970, no auge do chamado “Milagre Econômico” e do endurecimento das repressões pela ditadura militar, que inviabilizavam as lutas dos trabalhadores, foi fundada a Pastoral Operária na arquidiocese de São Paulo. O ato inaugural foi marcado pela celebração da Missa pelo Salário Mínimo, presidida pelo arcebispo Dom Angelo Rossi.

O objetivo da pastoral era contribuir na construção da resistência e da luta da classe trabalhadora livre e soberana a partir do ensino social da Igreja, da mensagem libertadora do evangelho de Jesus e do movimento de oposição sindical, em especial em São Paulo, Osasco e Contagem, que se contrapunha as lideranças sindicais metalúrgica alinhadas com a ditadura[3].

No decorrer da década de 1970 e início dos anos de 1980, a Pastoral Operária atuou com cautela e às vezes de forma secreta devido as perseguições do regime autoritário. Porém tinha toda a sua legitimidade assegurada pelas deliberações do Concílio Vaticano II e pelas conferências de Medellín e de Puebla, o que a possibilitou somar-se a luta dos movimentos populares e receber o apoio da Ação Católica Operária, da Juventude Operária Católica (atualmente: Movimento dos Trabalhadores Cristãos), das Comunidades Eclesiais de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil e se difundiu para várias arquidioceses dos principais centros industriais do país.

Esta atuação contribuiu de forma decisiva para a articulação e viabilização de importantes greves de trabalhadores metalúrgicos, para a reconquista de sindicatos metalúrgicos ora liderados por interventores nomeados pelos governos militares, para a criação de centrais sindicais e para a resistência de partidos políticos de esquerda.   

“Há mais de 50 anos, descobri o poder da não-violência e no mesmo tempo, comecei a prestar atenção a todas as formas de violência que existem. Naquela época, marcado pelo ambiente marxista que dominava nas universidades, achava que a principal violência era o sistema econômico que gerava as desigualdades sociais que conhecemos a nível da renda, da educação, da saúde, da moradia, da exploração do Terceiro-Mundo, etc”.[4]

Pe. Chico (François Marie Lewden)

Em 2020, a Pastoral Operária celebrou os seus 50 anos de história de fé e engajamento no Brasil.

Na ocasião, que ocorreu de forma virtual devido a pandemia da covid-19, antigas lideranças relembraram o contexto nacional repressivo em que a pastoral foi fundada, seus percursos, sua lealdade as causas da classe trabalhadora urbana e a necessidade da continuidade das suas atividades frente as políticas econômicas neoliberais do governo federal que desde 2016 tem promovido a desregulamentação das leis trabalhistas e da segurança social, a precarização das condições de trabalho, o aumento do desemprego e da concentração de renda[5].

A Pastoral Operária na Arquidiocese de Belo Horizonte

A participação ativa e perseverante da Pastoral Operária de São Paulo na construção da oposição sindical repercutiu em outras regiões do Brasil fazendo com que, em 1976, fosse fundada a Pastoral Operária nacional. Desde então várias arquidioceses de importantes regiões industriais do país a acolheram e se somaram as suas ações.

A criação da Pastoral Operária na Arquidiocese de Belo Horizonte tem início com a sua expansão por várias igrejas particulares de Minas Gerias no contexto do fortalecimento dos movimentos populares e sindicais no estado após o fracasso do “Milagre Econômico” e o ascendente enfraquecimento da ditadura militar.

Nesta época o padre operário italiano Adriano Soudre tentou fundar a Pastoral Operária na cidade industrial de Betim, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, a partir da articulação de uma oposição sindical na cidade. Não obstante esta primeira tentativa alcançou êxitos político-sindicais contra o regime militar, mas não foi capaz de levar adiante a construção da pastoral propriamente dita.

Em 1981, houve uma nova tentativa de fundação da Pastoral Operária na Arquidiocese de Belo Horizonte. Isto se deu a partir da chegada de três padres operários franceses oriundos da arquidiocese da Missão de France, acolhidos na arquidiocese de Belo Horizonte pelo então arcebispo Dom João Resende Costa e o seu bispo auxiliar Dom Serafim Fernandes de Araújo.

Logo após a sua chegada, os padres operários começaram a trabalhar em empresas de Betim e em agosto daquele mesmo ano de 1981 realizam a primeira reunião em Belo Horizonte para a implantação da Pastoral Operária. Destaca-se nesse processo a atuação missionária do pe. François Marie Lewden, popularmente conhecido como padre Chico (atual coordenador da pastoral). A proposta foi acolhida por vários padres de cidades industriais da Região Metropolitana de Belo Horizonte e passou a somar-se as lutas do Movimento dos Trabalhadores Católicos e dos movimentos populares por habitação já existentes nessas localidades.

Pe. Chico (François Marie Lewden)

A partir do engajamento dos padres Chico, Tildem Santiago, Adriano Soudre, Nilmário Miranda e Miguel Elosua foram fundados grupos de base (grupo local) da Pastoral Operária nas cidades de Belo Horizonte (Barreiro e Lindeia), Betim, Santa Luzia (São Benedito) e Contagem (Petrolandia). A sua atuação se deu por meio do movimento de celebração eucarística e oposição sindical, chamado de Missa do 1° de Maio, no acompanhamento e na formação/conscientização dos militantes da pastoral e na distribuição mensal de boletins informativos e denunciativos nas portas das principais indústrias da Região Metropolitana de Belo Horizonte.

As atividades de formação se davam a partir da metodologia RVO (Revisão de Vida Operária) que compunha um projeto de educação popular voltado para a conjugação entre a prática e a teoria.

Ao longo dos anos de 1990 e 2000, o Brasil experimentou novas dinâmicas político-econômicas, fruto da globalização do neoliberalismo especulativo improdutivo, de forma que a Pastoral Operária em Minas Gerais passou a compreender a necessidade de renovação de suas formas de atuação. Desde então a pastoral priorizou o trabalho de apoio a empreendimento da economia solidária por meio de cooperativas, grupos de trabalho e movimentos sociais, expandindo o seu público alvo para além do operariado metalúrgico e atingindo os setores do mundo do trabalho e da classe trabalhadora rural.

Atualmente a Pastoral Operária da Arquidiocese de Belo Horizonte se chama Pastoral do Mundo do Trabalho e compõe os quadros do Vicariato Episcopal para a Ação Social, Política e Ambiental da mesma arquidiocese.

As suas atividades atualmente encontram-se muito comprometidas por uma série de fatores. Em primeiro lugar pelo predomínio de uma cultura do individualismo e do indiferentismo social, seja pela hegemonia do mentalidade neoliberalismo e o enfraquecimento dos ideias democráticos com cidadania para todos. fortalecimento de setores conservadores da sociedade brasileira e, inclusive, com grande atuação no seio da Igreja Católica. a partir de 2016 que levam adiante uma agenda anti-Concílio Vaticano II, anti-papa Francisco, anti-Teologia da Libertação, anti-Campanha da Fraternidade e anti-petista. Outro agravante é o avançar de reformas político-econômicas antipopulares a partir de 2017 que tem gerado o sucateamento das leis trabalhistas, o aumento do desemprego, do trabalho precário e da desigualdade social. Como que se não bastasse, somou-se a esta realidade dramática, os catastróficos impactos da pandemia da covid-19 no Brasil a partir de março de 2020.

A longa história de opressão e exploração dos trabalhadores e trabalhadoras exigiu e continua a exigir organização de classe, conscientização cidadã, mobilização e muitas lutas em defesa da justiça social e da dignidade humana. Há mais de 50 anos a Pastoral Operária ou do Mundo do Trabalho tem se colocado a serviço da defesa da dignidade da vida e do mundo do trabalho. O atual cenário sombrio de desemprego e de múltiplas e novas formas de exploração da classe trabalhadora, de destruição da legislação trabalhista e das condições dignas de trabalho indica que é imprescindível a retomada das atividades da Pastoral Operária em todo o Brasil. Jesus Cristo está no corpo e no sangue dos trabalhadores e trabalhadoras explorados que clamam por justiça social, solidariedade, respeito e dignidade.

Para melhor conhecer o nosso trabalho de evangelização

Os interessados em acompanhar as atividades e participar da Pastoral do Mundo do Trabalho:

Coordenador: Pe. François Lewden

Telefone: 3428-8046

E-mail: lewden@hotmail.com

https://social.arquidiocesebh.org.br/pastorais-socias.php

Endereço:

Rua Adalberto Ferraz, 31 Lagoinha

Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

  • Você gostaria de conhecer mais de perto a Pastoral Operária ou do Mundo do Trabalho, que atua na Arquidiocese de Belo Horizonte?
  • Você já pensou em fazer parte da caminhada desta importante Pastoral, tão necessária neste contexto de reformas trabalhistas contra a dignidade dos trabalhadores e de retirada de seus direitos?

Pe. Chico (François Marie Lewden)

Representante da Pastoral do Mundo do Trabalho

Glaucon Durães da Silva Santos

Membro da equipe ampliada do Observatório da Evangelização PUC Minas

Edward Neves Monteiro de Barros Guimarães

Secretário Executivo do Observatório da Evangelização e Coordenador do Projeto de Evangelização “Impulso de fé para uma primavera das pastorais sociais”


[1]https://www.geledes.org.br/vaticano-nenhuma-familia-sem-casa-nenhum-campones-sem-terra-nenhum-trabalhador-sem-direitos/

[2] Resultados da instauração do Ato Institucional n°5 (AI5) e do Programa de Ação Econômica do Governo (Paeg).

[3] https://www.youtube.com/watch?v=qi1o9VzydSI.

[4] https://arquidiocesebh.org.br/noticias/artigo-o-poder-da-nao-violencia-padre-chico-coordenador-da-pastoral-do-trabalho/

[5] Sobretudo a partir das reformas Trabalhista e Previdenciária.

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