“Jesus foi criticado e até crucificado. O objetivo não é dizer quem está certo, errado, se você vai para o céu ou inferno. O objetivo é respeitar, compreender, amar e acolher. Eu já sabia que seríamos criticados. Mas estamos aqui para defender o maior mandamento de Jesus: amar.” Dom Luciano Bergamim, bispo de Nova Iguaçu
(319ª Edição – Julho de 2018, p. 20)
A Diocese de Nova Iguaçu criou há poucos meses a Pastoral da Diversidade, destinada a pessoas LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais). É nossa resposta ao apelo que o papa Francisco faz à Igreja de ir às periferias existenciais. Ficou célebre a sua frase ao retornar do Brasil à Itália: “Se uma pessoa é gay, procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para a julgar?”.
A população LGBT tornou-se mais visível nos últimos tempos. Mas tal visibilidade expõe os problemas que a afligem.
Há na sociedade uma aversão a homossexuais, a homofobia; e a travestis e transexuais, a transfobia. Isto produz diversas formas de violência física, simbólica e verbal contra estas pessoas. Há pais de família que já disseram: “prefiro um filho morto a um filho gay”. Não são raros os LGBT expulsos de casa por seus pais. Entre os palavrões mais ofensivos que existem em português, constam a referência à condição homossexual e ao sexo anal. Ou seja, é xingamento. Muitas vezes, quando se diz: “fulano não é homem”, entende-se que é gay; ou “fulana não é mulher”, que é lésbica. Ou seja, ser homem ou mulher supostamente exclui a pessoa homossexual.
A homofobia se enraíza profundamente na cultura. No Brasil são frequentes os homicídios, sobretudo de travestis. Há também suicídios de muitos adolescentes que se descobrem gays ou lésbicas, e mesmo de adultos. Eles e elas chegam a esta atitude extrema por pressentirem a rejeição hostil da própria família e da sociedade. Tal hostilidade gera inúmeras formas de discriminação e, mesmo que não leve à morte, traz frequentemente tristeza profunda ou depressão.
A Campanha da Fraternidade de 2018, visando superar a violência, é um importante estímulo para combatermos a opressão feita a esta população.
Há também muitos LGBT na Igreja Católica. São pessoas que nasceram e foram criadas neste ambiente, têm fé e em certo momento descobriram esta condição. Várias delas participam ativamente de suas comunidades, mas não poucas se afastaram e se afastam por se depararem com incompreensão e hostilidade. É preciso que estas pessoas encontrem fiéis e ministros religiosos sensíveis às suas feridas e dificuldades, e também aos seus talentos e potencialidades. A solicitude pastoral da Igreja também deve contemplá-las. Com a devida compreensão da sua realidade, elas podem ser ajudadas na busca de Deus e de sentido para a vida, no cultivo da vida espiritual e da autoestima, na cura de feridas exteriores e interiores, no fomento da amizade e apoio mútuo, da vida eclesial e da ação no mundo.
A nossa Pastoral existe para isto, mas todos podem de alguma maneira ajudar em sua realidade específica.
Equipe da Pastoral da Diversidade
Fonte:
R.: O que Jesus faria em relação a essas pessoas se estivesse aqui? Temos também o exemplo que nos dá o Papa Francisco. Ele pede uma Igreja que vá ao encontro das pessoas. Esta pastoral quer acolher, compreender estes cristãos. Não queremos julgar ninguém. Queremos rezar juntos.
R.: Não negamos o ensinamento da igreja. Não negamos o matrimônio. Desejamos que os casais, homem e mulher, se casem, tenham amor. Mas temos que acolher quem tem outra opção sexual. A gente sabe quantos morrem por esse motivo? Nós, como Igreja, temos que defender a vida, então temos que defender a vida dessas pessoas. Tivemos amigos assassinados por causa disso. Como vou dizer para Jesus que não estou triste com isso? Não é iniciativa para dizer que somos progressistas. Foi uma ideia que veio do coração da gente.
R.: Fui muito criticado, só que a maioria acha que é uma coisa boa. Mas teve gente que achou que era atitude errada. Jesus foi criticado e até crucificado. O objetivo não é dizer quem está certo, errado, se você vai para o céu ou inferno. O objetivo é respeitar, compreender, amar e acolher. Eu já sabia que seríamos criticados. Mas estamos aqui para defender o maior mandamento de Jesus: amar.
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