Paróquias urbanas: um desafio demográfico – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 08 Apr 2019 03:28:33 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Paróquias urbanas: um desafio demográfico – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Paróquias urbanas: um desafio demográfico e muito mais https://observatoriodaevangelizacao.com/paroquias-urbanas-um-desafio-demografico-e-muito-mais/ https://observatoriodaevangelizacao.com/paroquias-urbanas-um-desafio-demografico-e-muito-mais/#comments Mon, 08 Apr 2019 03:28:33 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=30256 [Leia mais...]]]> Pe. Matias Soares, colaborador do Observatório da Evangelização, nos enviou mais um de seus provocantes textos. Este com o intuito de nos fazer refletir sobre os grandes desafios de conversão das estruturas eclesiais em contexto urbano. O autor, que é presbítero, como um começo de conversa, chama a nossa atenção para dois desafios na conversão pastoral da paróquia: uma maior setorialização (devido ao problema demográfico) e um melhor uso dos meios de comunicação (problema dos novos MCS, sobremaneira, a transformadora cultura internética e midiática). De fato, duas importantes temáticas que explicitam urgências pastorais.

Mas importa dizer que há outras tão importantes quanto estas duas por ele mencionadas. Para ampliar a discussão, sugerimos, dentre outras, o desafio do clericalismo (tão mencionado pelo papa Francisco) que impede a corresponsabilidade na dinâmica da vida eclesial, o crescimento dos leigos e leigas e a retomada da centralidade do batismo, proposta pelo Concílio Vaticano II (1962-1965); a necessária revisão da estrutura ministerial ainda muito centrada nos ministros ordenados (tema que será certamente discutido no Sínodo da Amazônia); a integração e o reconhecimento da plena cidadania eclesial do laicato, de modo especial, da mulher (o Ano do Laicato produziu tão poucos frutos); mesmo depois de documentos eclesiais contundentes como o Evangelii Nuntiandi, de Paulo VI, e o Evangelii Gaudium, de Francisco, a predominância de uma evangelização ainda reduzida a sua dimensão sacramental e litúrgica e, o que é ainda pior, autorreferencial, com pouquíssima explicitação das suas dimensões sociopolítica, econômica, ecológica, cultural, ecumênica e dialogal com as outras Igrejas cristãs e demais tradições religiosas.

A Igreja católica, para exercer com fidelidade a sua missão de anunciar-testemunhar o Evangelho do Reino precisa urgentemente repensar sua própria compreensão de estrutura paroquial, o uso das novas tecnologias de comunicação, promovendo concreta conversão pastoral para que haja, de fato, condições eclesiais de evangelizar no mundo de hoje. Confira, a seguir, o texto do Pe. Matias Soares:

Paróquias urbanas: um desafio demográfico

A evangelização na realidade urbana merece destaque entre os maiores desafios estruturais que a Igreja deve enfrentar na atualidade, pois o mundo urbano representa o pós-moderno, com suas complexidades geográficas, estruturais, existenciais, sociais e, em meio a tudo isso, eclesiais.

Uma paróquia na área urbana com mais de dez mil habitantes já é muito difícil de ser evangelizada, se não houver um consistente plano missionário pastoral para esta conjuntura. O fator tempo se sobrepõe ao aspecto espacial. Na área urbana, é toda dinâmica eclesial que deve estar em função das pessoas. Até mesmo na área rural, mesmo que um pouco menos, já há forte influência e existência de uma “mentalidade urbana”. É urgente que a Igreja repense suas estruturas. As paróquias não podem mais ser concebidas como “feudos e quinhões”. A conversão das estruturas, como o Papa está a nos ensinar, passa por esta conversão pessoal, tendo em vista o bem do povo de Deus.

Duas vias metrológicas, ainda, precisam ser melhor trabalhadas para o encaminhamento destes processos, a saber:

  • a setorização existencial e territorial das células paroquiais;
  • o uso qualitativo e continuado dos meios de comunicação social.

Com o primeiro, o contato personalizado e próximo das pessoas e instituições presentes nas paróquias e nas várias situações concretas e históricas da vida das comunidades. No segundo, porque a relação das pessoas com estas novas maravilhas se tornou condição de relação e articulação insubstituível da vida dos indivíduos. A Igreja tem que avançar no uso destes instrumentos para a sua ação evangelizadora na pós-modernidade.

Por fim, repensemos as realidades paroquiais do mundo urbano, considerando-as com não mais de dez mil habitantes e com perspetivas de subsetorização e reorganização futuras. Não, simplesmente, para resolver situações pessoais e desajustes, mas para fazer com que a Boa Notícia do Reino de Deus chegue ao seu povo.

Assim o seja!

Pe. Matias Soares – Pároco da paróquia de Santo Afonso
Natal-RN.



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