Padre Joel Maria dos Santos – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Fri, 25 May 2018 16:00:49 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Padre Joel Maria dos Santos – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 E agora… https://observatoriodaevangelizacao.com/e-agora/ https://observatoriodaevangelizacao.com/e-agora/#comments Fri, 25 May 2018 16:00:49 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=28203 [Leia mais...]]]> Ao terminar o Simpósio: a virada de Francisco: possibilidades e limites para o futuro da Igreja no mundo contemporâneo, a pergunta que naturalmente floresce é esta: e agora? Toda experiência marca profundamente aquele que se deixa por ela ser afetado, impactado e, consequentemente, transformado. A verdade é que não saímos os mesmos como entramos ao passar por qualquer que seja a experiência. Isto se aplica também à experiência que fiz nesse simpósio e que gostaria de compartilhá-la de forma muito sucinta.

Chamou-me a atenção a proposta do simpósio: a virada de Francisco. Ao acolhermos todos os conferencistas que contribuíram com suas reflexões explicitando de forma eloquente e profunda as razões que marcam uma virada de Francisco, não temos dúvidas  que de fato estamos diante de um reformador e que suas indicações à Igreja nascem de sua experiência pessoal através das várias etapas de sua vida que , aos poucos, foram dando contorno e  iluminam seu agir profético à frente da Igreja em nossos dias. Ao serem tomados muitos de seus escritos, exortações, homilias, documentos, alocuções pelos conferencistas, percebe-se , nas entrelinhas e de forma explicita, a “encarnação” em Francisco do espírito do Vaticano II, isto é, de uma Igreja que em estando não mundo precisa renovar sua consciência de ser chamada a assumir, enquanto razão de ser, sua missão de anunciar a Boa Nova de Cristo. Anúncio este que precisa de outra linguagem,  de um outro modo e atitudes caracterizados sobretudo pela proximidade, presença, alegria, misericórdia, ternura e respeito à cada pessoa. Uma Igreja menos formal e mais humana, menos dogmática e mais compreensiva, acolhedora de todos  e para com todos. As várias chaves de leituras indicadas pelos conferencistas nos fizeram identificar um fio condutor que perpassa as escritas de Francisco e que define seu coração de pastor. O que ele fala é o que ele vive, o que ele faz. Aqui está um grande exemplo para a Igreja chamada a estar no mundo como aquela que dá testemunho do Evangelho identificada com seu Mestre e Pastor. No que se refere aos documentos, encíclicas e exortações trabalhadas pelos conferencistas, não se tem dúvida, não se pode dizer que se desconhece que não se sabe qual espírito que norteia o coração, o falar e o agir de Francisco. Isto para que ninguém, na tentativa de esquivar-se e de não comprometer-se, possa justificar-se e até mesmo posicionar-se com indiferença a Francisco e às suas indicações à Igreja em nosso tempo. Que está clara a virada de Francisco através do seu falar e agir, não se tem dúvida, mas que ainda predomina um modo de pensar a e na Igreja no mundo através de práticas que contradizem o espirito da reforma de Francisco, não temos dúvida. Mesmo assim, não se pode perder a esperança. Caminhar sempre é preciso e sempre movidos pela fé, esperança e amor enquanto primazia tantas vezes destacada por Francisco.

Outro ponto muito evidenciado e destacado, a partir da produção teórica de Francisco em seus escritos trabalhados pelos conferencistas, diz respeito ao laicato. A reforma de Francisco passa pela ação dos leigos, pelo despertar da consciência dos discípulos missionários enquanto inseridos no mundo como fermento na massa. O despertar desses para a sua ação no mundo precisa incansavelmente do incentivo da Igreja. Ainda nosso jeito de pensar, nossos paradigmas insistem num modelo que não atende mais e que reforçam o binômio clero/leigos. O predomínio da mentalidade clerical atrasa muito o processo de uma Igreja toda servidora no coração do mundo chamada a comprometer-se com a evangelização. Frequentemente, logo após as colocações dos conferencistas, os participantes expressavam suas angústias em ainda não sentirem o apoio e as “bênçãos” da Igreja nas muitas iniciativas por parte dos leigos. Notavelmente, ainda não nos damos conta que em tudo esperamos que a Igreja aprove, tome a iniciativa e autorize. Ainda precisamos dar passos na consciência de que, como discípulos missionários não podemos esperar tudo da instituição que, por sua vez, é sempre lenta, mas precisamos estar na fronteira e ousar, ousar sempre mais até para além do que habitualmente e como fazemos.

De muitos modos nos sentimos interpelados nesse simpósio a corajosamente e decididamente avançar trilhando o caminho indicado pelo coração missionário de Francisco. Mesmo assim, ainda nos entristece saber e identificar que as resistências no vaticano, nas conferências episcopais, e, não poderia ser diferente na América Latina quando se vive certa estagnação da Igreja ao consideramos os passos dados, que muitos ainda não comungam com o coração de Francisco expresso em seus escritos e consagrado em suas atitudes. Dai a pergunta: até que ponto será “virada” mesmo quando esbarramos ainda com muitas burocracias, com preocupações apequenadas em relação à centralidade da missão, com os critérios estabelecidos nas casas de formação, com práticas extremamente autoritárias, com o estabelecimento de prioridades que não expressam a dimensão pastoral…

Enfim, não podemos deixar de acreditar que o Espírito de Deus atua na história, na Igreja, em cada um de nós. Ter participado deste simpósio foi uma oportunidade de aprofundar o Kairós de Deus nesse tempo que vive a Igreja. Mesmo que demore, é preciso acreditar que as sementes lançadas nesta oportunidade serão multiplicadas a partir de cada um de nós. Renovada seja nossa presença eclesial a partir da centralidade de Jesus Cristo nesse tempo de Francisco mediante a conversão pessoal de cada um de nós. As possibilidades do novo de Deus através de sua Igreja são muitas. Verdade também é que os limites existem e se explicam pelas estreitezas, reduções, complexidades das pessoas e estruturas, pelo medo, pela falta de coragem, pelos paradigmas ultrapassados, pelo peso cultural, enfim, quando verdadeiramente o coração não está aberto e disposto a libertar-se de todas as amarras pessoais e que, por conseguinte, são também estruturais.

Por: Padre Joel Maria dos SantosJoel1

Vigário Episcopal para a Ação Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte

Membro da Equipe Executiva do Observatório da Evangelização

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Para bem viver a Semana Santa https://observatoriodaevangelizacao.com/para-bem-viver-a-semana-santa/ Sat, 08 Apr 2017 15:14:57 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=16155 [Leia mais...]]]>

Padre Joel Maria dos Santos orienta sobre a vivência deste tempo especial

As comunidades de fé se preparam para celebrar a Semana Santa, e o vigário episcopal para a Ação Pastoral da Arquidiocese de Belo Horizonte, padre Joel Maria dos Santos, recorda que esse tempo ocupa lugar central na vivência da fé cristã. Nesta entrevista, padre Joel fala sobre o sentido da Semana Santa e os caminhos que estão sendo percorridos para efetivar o Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra, da Arquidiocese de Belo Horizonte.

Centralidade da Semana Santa

“Na Semana Santa, celebramos o mistério central da nossa fé, da nossa vida cristã, isto é, a paixão/morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Vivemos com Ele o caminho do calvário, da sua entrega/oferta amorosa a nós, cumprindo a vontade do Pai. Por fidelidade e obediência ao Pai, Ele vai à cruz e nela derrama seu sangue pela vida de toda a humanidade. Ao celebrar a Semana Maior, somos convidados ao mergulho nas profundezas do amor de Deus que salva a humanidade toda, e ao mesmo tempo, renovar, como seguidores dele, nosso compromisso de também sintonizar nosso coração com todos os que sofrem, com os pobres, os pequeninos, os injustiçados, fazendo-nos todos mais solidários e servidores dos prediletos do Reino. Celebraremos com alegria e agradecidos esses mistérios que, ao mesmo tempo, nos interpelam a estarmos no coração do mundo, movidos pela Palavra e Testemunho do Mestre, como verdadeiros discípulos e discípulas daquele que indo à frente, ensinou-nos o caminho a seguir.”

Recomendações para a vivência deste tempo

“Na vida da Igreja, quando nos referimos ao Ano Litúrgico, e, por conseguinte, aos tempos litúrgicos com seus ciclos, temos em cada um deles um momento de preparação, de celebração e de prolongamento da festa. Considerando o ciclo Pascal, em que celebramos a paixão/morte e ressurreição de Jesus Cristo, o momento de preparação se refere à quaresma. A quaresma não tem um fim em si mesmo, mas é pensada em relação à Pascoa. Enquanto tal, a quaresma nos propõe os seus exercícios que, por sua vez, visam colaborar conosco no caminho da conversão. Neste horizonte, a Palavra de Deus tem uma primazia importantíssima. É a partir dela que somos convidados à conversão. Ela nos leva à busca da oração, da interiorização. Ela nos leva à prática da caridade. Assim, por meio do jejum, da oração, da caridade e interpelados pela Palavra, criamos condições para uma adequada vivência do tempo quaresmal levando-nos a assumir uma vida nova com Cristo a partir da sua Páscoa. Renovados com Ele, por sua vida oferecida, chamados somos a transformar nossa realidade, onde cada vez mais a vida é ferida e comprometida em sua dignidade.”

A importância de participar da Missa da Unidade

“Dentro da Semana Maior, a Semana Santa, celebramos, na Quinta-feira Santa, a Missa da Unidade, ou chamada também Missa do Crisma. Nessa celebração, que se recomenda a presença de todos unidos aos seus pastores, celebra-se a unidade de uma Igreja particular reunida com seu Arce(bispo), presbíteros, diáconos, seminaristas, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, todos os fiéis. Testemunhamos o valor e a importância da comunhão em que rezamos pelos que nos guiam e também pelo amado Povo de Deus. Na celebração da unidade a cada ano, os presbíteros renovam, diante do bispo e da comunidade, seus compromissos sacerdotais assumidos em sua ordenação sacerdotal, o de estar a serviço do Povo de Deus exercendo junto a eles o sacerdócio de Cristo, e o de se colocar como colaboradores da ordem episcopal (bispos). Essa celebração é conhecida também como do Crisma, devido ao fato de, durante a Missa, serem abençoados os óleos usados no sacramento do Batismo (óleo dos catecúmenos), no sacramento da Unção dos Enfermos e no sacramento da Crisma. É o momento em que o óleo do Crisma é consagrado. Com ele, os recém-batizados são ungidos e os confirmados pela Crisma são marcados. Com o Santo Crisma os cristãos são inseridos pelo batismo no mistério pascal de Cristo, se tornam participantes do seu sacerdócio profético e real, e, pela confirmação, recebem a unção espiritual do Espírito Santo que lhes é dado. Assim, ao participarmos desta celebração da unidade, vivemos um momento de profunda comunhão e fortalecimento da nossa consciência e fé em participarmos dos mistérios de Cristo na vida da comunidade cristã.”

Projeto de Evangelização: Proclamar a Palavra

“A nossa amada Arquidiocese de Belo Horizonte está agora comprometida com o Projeto de Evangelização, e mais ainda, com o espírito que o alimenta, isto é, a Palavra de Deus. Esse projeto é fruto do longo e importante caminho que fez nossa Arquidiocese a partir das suas mais diversificadas instâncias: as comunidades, as paróquias, as foranias, as regiões, os vicariatos especiais, enfim, a mobilização de todas as forças vivas e evangelizadoras de nossa Igreja particular. Temos em nossas mãos, e, sobretudo no nosso coração, o compromisso de colocar em prática tudo o que o Povo de Deus escolheu como caminho desafiador e evangelizador na vida das inúmeras comunidades, quer sejam nas áreas rurais, cidades históricas, nas vilas e favelas, nos prédios e condomínios, centros urbanos, enfim, em todo lugar em que cada um de nós se faz presente e é chamado a estar como Igreja missionária. Neste momento, estamos tornando o Projeto de Evangelização conhecido com a ajuda dos vários meios de comunicação: redes sociais, sites, Observatório da Evangelização, TV Horizonte, Rádio América, Assessoria de Comunicação da Arquidiocese. Até o dia 20 de março, todas as paróquias deverão entregar à sua região os seus planos pastorais. Lembramos ainda que o projeto pastoral terá a sua força maior justamente nas paróquias. As comunidades paroquiais são a instância de vivência do projeto pastoral, onde de fato o Projeto de Evangelização acontece. Cada Região vai articular a melhor forma de viabilizar a execução dos planos. No âmbito da forania, deverá ser promovida a experiência da partilha dos planos entre as paróquias. Essa experiência possibilitará o crescimento e a ajuda entre as comunidades paroquiais. Quanto à Arquidiocese, por meio do Vicariato Episcopal para a Ação Pastoral, caberá a orientação de todo o trabalho a ser desenvolvido em relação ao Projeto – com assessorias, acompanhamento e iniciativas que ajudem todas as instâncias a melhor vivê-lo, traduzindo em ações concretas o Projeto de Evangelização. O nosso Projeto de Evangelização estabeleceu 10 compromissos a partir do encontro com a Palavra de Deus. Esses compromissos devem ser assumidos com todo empenho, dedicação e amor, buscando traduzir a escuta da Palavra, no serviço a cada pessoa que encontrarmos, comunicando a alegria do Evangelho que transforma vidas e corações, testemunhando a força Salvadora de Cristo Jesus a todos.”

Os 10 compromissos do Projeto de Evangelização

1. Fortalecer a rede de comunidades.
2. Assumir, cada vez mais, a nossa opção preferencial pelos pobres.
3. Ser Igreja da acolhida, estar com as portas e os corações abertos para testemunhar a misericórdia de Deus.
4. Cultivar a ética na política e no exercício da cidadania com a força da fé.
5. Investir na família.
6. Incentivar, cada vez mais, o protagonismo das pessoas nas muitas tarefas da Igreja.
7. Dedicar-se aos jovens, escutá-los, envolvê-los nos trabalhos.
8. Promover formação integral e permanente, para que todos possam Proclamar a Palavra de Deus.
9. Investir na Catequese
10. Evangelizar a partir da Comunicação e da Cultura.

                                                                                                            Padre Joel Maria dos Santos                                                                                       Vigário episcopal para a Ação Pastoral  e coordenador do Observatório da Evangelização

FONTE: Opinião e Notícias

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