Padre Alberto Antoniazzi – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Sat, 02 Mar 2019 19:46:04 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Padre Alberto Antoniazzi – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 A importância da Pastoral Urbana, segundo Alberto Antoniazzi https://observatoriodaevangelizacao.com/a-importancia-da-pastoral-urbana-segundo-alberto-antoniazzi/ Sat, 02 Mar 2019 19:46:04 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=29591 [Leia mais...]]]> No importante exercício da memória, compartilhamos esta entrevista concedida por Alberto Antoniazzi, quando atuava no Instituto Nacional de Pastoral (INP) e coordenava o Projeto Pastoral “Construir a Esperança” na Arquidiocese de Belo Horizonte. Publicada em 18/05/2002, muitas de suas reflexões e intuições teológico-pastorais continuam com grande vigor a nos desafiar. Dentre elas merece destaque:

  1. A urgência de se pensar uma ação evangelizadora com linguagem e conteúdo significativos para o homem e a mulher de nosso tempo;
  2. A criação de uma dinâmica eclesial participativa e corresponsável entre clérigos e leigos/as;
  3. A configuração de uma ação evangelizadora própria para o complexo contexto urbano das grandes cidades;
  4. A presença viva, significativa e atuante da Igreja nas periferias, aglomerados e favelas;
  5. O desafio de se pensar uma ação evangelizadora específica para a situação dos condomínios e bairros verticalizados (grandes edifícios).

Por: Maria Lucia Gomes de Matos

Padre Alberto Antoniazzi era teólogo, assessor da CNBB e Secretário Executivo do Projeto Pastoral Construir a Esperança (PPCE). Trabalhou como Coordenador de Pastoral na Arquidiocese de Belo Horizonte e sempre se referiu a essa Arquidiocese como muito atuante, sempre almejando melhorar mais, como ele afirmou em um de seus artigos – “a colheita é grande, os trabalhadores são poucos” (Lc.10,2) .

Pe. Antoniazzi apresenta nesta entrevista questões que leva o leitor a ponderar sobre a importância daquilo que ele aborda:

A missão da Igreja é uma tarefa de todos – e por isso também minha – ou só de alguns poucos? Nem todos são chamados a viajar tão longe como fazia São Paulo. Há modos de fazer missão por perto? Já saiu de seu bairro ou comunidade para levar o evangelho a outros? prestar serviços aos irmãos necessitados? Quando? Como?”

A seguir, ele responde a perguntas que esclarecem sobre as atividades de uma Pastoral Urbana:

1. QUAIS OS PRINCIPAIS OBJETIVOS DA PASTORAL URBANA?

Antoniazzi: A Pastoral Urbana nasceu na América Latina nos anos 60, como esforço de reflexão, orientação e ação relativamente aos problemas pastorais específicos das grandes cidades. Um marco, nesse sentido, foi o Encontro promovido pelo CELAM, em 1965, em Barueri (São Paulo). A consciência da necessidade de uma Pastoral Urbana nasceu, de um lado, da constatação que a urbanização crescia rapidamente e algumas cidades transformavam-se em “megalópoles” (ou grandes metrópoles) e, por outro lado, da percepção de que a maioria das práticas pastorais da Igreja Católica estavam adequadas ao mundo rural ou à cidade pequena, não às metrópoles modernas…

2. OS TRABALHOS DA PASTORAL URBANA ATINGEM AS COMUNIDADES DA PERIFERIA?

Antoniazzi: Certamente a Pastoral Urbana deve ocupar-se da periferia, particularmente no Brasil, onde nos últimos 15-20 anos não cresceram os municípios das capitais (já muito povoados desde os anos 80), mas os municípios periféricos a eles, formando o entorno das Capitais e inchando as regiões metropolitanas. Por exemplo, a cidade de Belo Horizonte tem há 20 anos pouco mais de 2 milhões de habitantes. No mesmo período a Região Metropolitana passou de menos de 3 para 4,3 milhões de habitantes. Alguns municípios da Região multiplicaram a população por dez. Apenas 8% da população acima de 18 anos de Betim, por exemplo, nasceu no município; os outros 92% vieram de fora! Agora, os problemas da periferia não são os mesmos do centro urbano! Na periferia encontramos muitas vezes uma população em transição do mundo rural (de onde vem) para a cultura urbana…

3. QUAIS AS MAIORES DIFICULDADES ENCONTRADAS PELA PASTORAL URBANA?

Antoniazzi: As dificuldades da Pastoral Urbana são muitas. A urbanização é acompanhada por um processo de modernização que tende a levar ao individualismo e ao enfraquecimento dos laços comunitários e institucionais. Isso desgasta também a ação pastoral da Igreja. (Vejam-se as reflexões sobre o tema no último capítulo do recente livro do CERIS: Desafios do Catolicismo na Cidade, Editora Paulus). Em geral, a ação pastoral da Igreja Católica está muito ligada às paróquias. Estas procuram se adaptar às exigências da pastoral urbana, tornam-se mais acolhedoras e dinâmicas. Mas falta, geralmente, uma pastoral mais especializada, que atinja setores específicos da sociedade ou ambientes de vida. Falta também mais rapidez para atender a periferia. Não é raro o caso em que, nas áreas periféricas, quando surge uma nova paróquia católica, já atuam dez ou mais igrejas evangélicas…

4. COMO SÃO ELABORADOS OS PLANOS DE TRABALHO NA PASTORAL URBANA?

Antoniazzi: O Brasil tem uma boa experiência de planejamento pastoral, sobretudo a partir do “Plano de Pastoral de Conjunto” (PPC), criado pelos Bispos para aplicar o Concílio Vaticano II. O primeiro PPC foi feito para o período de 1966 a 1970. E ficou depois como referência. Em 1975, foram introduzidas as “Diretrizes Gerais da Ação Pastoral”, renovadas há quatro anos. Cabe às Dioceses elaborar planos de ação diocesanos. Em Belo Horizonte, a Arquidiocese coincide com a Região Metropolitana. Desde 1990 temos um Projeto Pastoral, que foi chamado “Construir a Esperança”. Este projeto é renovado anualmente, envolvendo os padres e os Conselhos Pastorais (nos quais os leigos são maioria) na discussão e aprovação dos programas anuais. A inspiração básica vem do ” Ver – Julgar – Agir”. Ou seja, procuramos elaborar os planos a partir de:

  • 1. Análise da realidade (usando dados das instituições de pesquisa, mas também promovendo pesquisas próprias, bem como acolhendo as ricas contribuições analíticas das ciências humanas e sociais);
  • 2. Reflexão teológicaque deve nos ajudar a discernir objetivos e prioridades à luz do Evangelho e da doutrina da Igreja;
  • 3. Diretrizes de açãoque procuram coordenar a ação de forma mais orgânica e eficaz na dinâmica da Igreja e da sociedade.

A complexidade da realidade urbana nos estimula a buscar um “planejamento participativo” (e não tecnocrático ou centralizado), que estimule a corresponsabilidade e criatividade de todos os agentes. As propostas que são feitas a todos (por exemplo, a Campanha da Fraternidade ou outras campanhas sociais, a Missa da Unidade na Quinta-feira Santa, a festa de Corpus Christi, as missões, os eventos dos movimentos católicos, as lutas dos movimentos populares por cidadania e melhores condições de vida etc.) também são estudadas de tal forma que obedeçam a um ritmo e a um cronograma compatíveis com a vida da cidade.

5. OS GRANDES CONDOMÍNIOS SÃO CONTEMPLADOS NA PROGRAMAÇÃO DA PASTORAL URBANA?

Antoniazzi: Talvez se possa dizer que para muitas cidades os condomínios e os grandes prédios de apartamentos são um “espinho na carne” da ação pastoral. Eles são muitas vezes tão fechados, que se torna difícil o acesso de missionários ou mesmo atividades internas por parte de católicos mais ativos. Há, contudo, exceções. Um bom estudo de como evangelizar um condomínio da Barra da Tijuca foi apresentado no curso de doutorado em Teologia da PUC-Rio pelo Pe. Joel Portella Amado. Dois artigos dele na revista “Atualidade Teológica” (de 2001) oferecem uma boa resposta também à pergunta que se segue.

6. AS TENDÊNCIAS ATUAIS DO CATOLICISMO LEVAM A NOVAS ABORDAGENS?

Antoniazzi: Certamente. Os artigos do Pe. Joel na “Atualidade Teológica”, sobre a “A Igreja e a Cidade”, procuram exatamente mostrar isso. Espero publicar no próximo número da revista “MAGIS”, também da PUC-Rio, uma intervenção sobre o assunto, inspirada pela recente pesquisa do CERIS sobre as Regiões Metropolitanas. Por enquanto, limito-me a dizer – um pouco apressada e simplificadamente – que as novas tendências da religiosidade urbana exigem uma inversão da pastoral tridentina, que dominou na Igreja Católica até o século XX. Ela queria oferecer a reta doutrina, a liturgia autêntica, a justa disciplina, mas não se preocupava com o modo como as pessoas recebiam a ação pastoral. A Pastoral Urbana deve partir da valorização da pessoa e propor a experiência cristã em clima de liberdade. A pastoral tridentina foi chamada “pastoral do medo” e, até que persistiu a união de Igreja e Estado, as práticas religiosas eram obrigatórias e policiadas. Os desafios são grandes, mas a cidade hoje exige crescimento da qualidade do catolicismo e não se concretiza sem estimular a participação ativa de todos os católicos.

Sobre o autor:

Alberto Antoniazzi nasceu em Milão em 1937. Na arquidiocese de Belo Horizonte tem iniciada sua trajetória no ano de 1963. Professor de Filosofia na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas), e, mais tarde, vice-reitor. Pe. Alberto Antoniazzi é um importante intelectual do clero brasileiro, com notórios trabalhos de pesquisas e obras direcionados para a ação pastoral da Igreja no país. Participou de diversos cargos administrativos dentro de Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e da Arquidiocese de Belo Horizonte. Faleceu no dia 25 de dezembro de 2004.

Fonte:

Amai-vos.uol.com.br

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Casa e família dos primeiros cristãos: fonte de inspiração e discernimento para hoje https://observatoriodaevangelizacao.com/casa-e-familia-dos-primeiros-cristaos-fonte-de-inspiracao-e-discernimento-para-hoje/ Sun, 13 Jan 2019 20:36:53 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=29621 [Leia mais...]]]> Um dos grandes desafios do contexto atual é compreender a complexidade da nova situação sociocultural da família e sua missão no contexto em que vivemos. Pela riqueza das intuições e atualidade das provocações, o Observatório da Evangelização compartilhará alguns textos do grande teólogo pastoralista Alberto Antoniazzi. Confira o primeiro:

Casa e família dos primeiros cristãos

Por: Alberto Antoniazzi

Os novos desafios da família

Vamos começar procurando compreender a nova situação que a família e a educação vivem hoje. A principal missão da família é educar as pessoas. Outras “funções”, que a família desempenhou no passado, podem ser assumidas por outras instituições. As empresas, as escolas, os meios de comunicação ficam hoje com muitas coisas que a família fazia no passado, sozinha, por exemplo quando vivia isolada no meio do campo ou no mato! Mas a missão de educar continua da família. Até mais do que no passado! No mundo de hoje, na cidade, as pessoas encontram o que mais precisam – como: acolhida, cuidado, amor – somente na família.


Mas há uma grande novidade! A sociedade mudou. A educação mudou. Não podemos aqui descrever todas as transformações profundas que se deram aos poucos e hoje explodem diante de nossos olhos. Em poucas palavras, pode-se dizer que a sociedade antiga tinha valores e modelos de vida. Havia um modo de se comportar aceito mais ou menos por todos. Educar era “conformar-se” com esse modelo. Era imitar os que os mais velhos faziam ou tinham feito. A educação era “tradição”, transmissão.
Hoje a sociedade – de mil maneiras – propõe o contrário. Ela não tem mais um único modelo a oferecer. Diz que cada um pode e deve escolher. A orientação predominante é: “Você decide!”. O indivíduo está no centro de tudo. Ele constrói a sua identidade. Ele define quem quer ser. Entre muitas opções possíveis, pode fazer uma escolha.
Isso não acontece sempre, mas é a tendência geral. Isso explica a dificuldade de muitos pais, professores, padres ou pastores, educadores, diante das crianças e dos jovens de hoje. Devem educar de forma diferente. Não devem “impor” um modelo que não abra possibilidade de diálogo, de escolhas, de opções válidas, em que a criança ou o jovem possa confiar. Devem educar na liberdade, sem autoritarismo.
Essa tarefa não é fácil! Dela falaremos à luz dos ensinamentos de Jesus e dos Apóstolos.

A casa nas primeiras comunidades

Vamos começar nossa pesquisa nos Atos dos Apóstolos. O que descobrimos sobre a família? O livro dos Atos documenta desde o início que o lugar de reunião dos cristãos era a casa. Os primeiros discípulos ainda frequentavam o Templo de Jerusalém. Mas logo depois, espalhando-se fora da Cidade santa, os cristãos não terão mais Templo e as reuniões, inclusive para celebrar a Eucaristia, realizavam-se nas casas. Vamos lembrar um trecho do início dos Atos, que ficou como orientação para os cristãos dos três primeiros séculos:


Eles eram perseverantes em ouvir o ensinamento dos apóstolos, na comunhão fraterna, na fração do pão e nas orações. Perseverantes e bem unidos, frequentavam diariamente o Templo, partiam o pão pelas casas e tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração” (At 2,42.46).

Família e casa: uma coisa só

A casa era dirigida por um casal. Casa é sinônimo de “família”. Quando os Atos dizem que Cornélio em Cesaréia (At 10,2), Lídia em Filipos (At 16,15) ou Crispo em Corinto (18,8) se converteram e foram batizados “com toda a sua casa”, evidentemente significa: “com toda a sua família”. Muitas casas de cristãos, como a de Áquila e Priscila, tornam-se assim “casa da igreja” ou casa da comunidade. Destas casas se pode dizer o que os judeus diziam de suas casas, depois da destruição do Templo de Jerusalém: “agora o lugar da celebração (do culto a Deus) é a nossa mesa”. As casas se tornavam lugar de encontro com Deus. Especialmente na Eucaristia, Deus vinha sentar-se à mesa com os fiéis, com aqueles que se reuniam em seu Nome.
Hoje podemos nos perguntar se os cristãos ainda conservam a consciência de que a casa – melhor: a família reunida – é o primeiro lugar do encontro com Deus. Em nossas casas, a mesa é um lugar de encontro de irmãos, um lugar de oração, um altar? A maneira de viver hoje muitas vezes nos impede de sermos solidários, fraternos, de experimentarmos o verdadeiro encontro. Mas não poderíamos buscar uma maneira diferente – mais humana e mais cristã – de viver em família, em comunidade?

A família não é só laço de sangue ou tradição

Uma leitura superficial e apressada dos Atos e, em geral, do Novo Testamento poderia fazer pensar que as primeiras famílias cristãs eram bem tradicionais. Mas Jesus não veio simplesmente reforçar os laços naturais da família. Basta recordar a cena de Mc 3, 31-35. Os familiares de Jesus o procuram; no fundo, querem controlá-lo. Ele reage mostrando que tem outra família, não a do sangue! Seus irmãos e irmãs são aqueles que fazem a vontade do Pai.
Lucas ensina a mesma coisa quando conta de Jesus aos doze anos, no Templo de Jerusalém. Ele falou: “Eu devo estar junto [= na casa] de meu Pai” (Lc 2,49).
Jesus, com suas atitudes e sua palavra, está dizendo que a verdadeira família é unida não pelo sangue, não por uma relação biológica ou de dominação, mas sim pela disposição comum de fazer a vontade de Deus. E a vontade de Deus é que cada um desenvolva a sua pessoa, na dignidade e liberdade, como filho do Pai celeste, segundo a sua vocação.

Padre Alberto Antoniazzi
Quando publicou este texto era assessor da CNBB e Secretário-geral do Projeto Construir a Esperança

Fonte:

ejesus.com

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Por que e como fazer Círculos Bíblicos? – pe. Alberto Antoniazzi https://observatoriodaevangelizacao.com/por-que-e-como-fazer-circulos-biblicos-pe-alberto-antoniazzi/ Fri, 16 Mar 2018 19:24:19 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27603 [Leia mais...]]]> Os círculos bíblicos ampliam a capacidade de evangelização e de catequese das comunidades cristãs. Eles oferecem uma resposta à sede da palavra de Deus do povo. 

Encontros semanais e círculos bíblicos

Mesmo que o diálogo seja praticado em uma homilia, as circunstâncias de lugar e de tempo, o número ou a massa dos ouvintes, a tradição sacral e solene da missa, geralmente, impedem ou dificultam a participação de muitos. Os cristãos precisam de uma outra oportunidade, durante a semana, para se encontrar, para refletir juntos sobre a fé e a vida cristã, para colocar perguntas e procurar respostas.

À mesma conclusão chegamos partindo de outra consideração. Uma homilia de 10 minutos a cada domingo representa cerca de 520 minutos por ano, ou menos de 9 horas, a metade de uma semana de escola. Para muitos adultos, a homilia é a única catequese. É pouco, se não for completada por outras formas de evangelização.

Ora, essas formas são raras. Quase não existe catequese de adultos, ao menos de forma sistemática. Por isso propomos aqui, como instrumento privilegiado de catequese dos adultos e aprofundamento da palavra de Deus, o Círculo Bíblico.

Pensamos, especialmente, naqueles movimentos que, segundo sua própria metodologia, reúnem os leigos e leigas para refletir e agir à luz da fé. Particularmente interessante e recomendado (pela encíclica “Mater et Magistra”, por Puebla etc.) é aquele método, originário da JOC – Juventude Operária Católica, conhecido por “ver, julgar, agir“. Ele leva à análise das situações e necessidades atuais, refletir sobre elas à luz da fé e discernir os apelos de Deus e, finalmente, planejar uma ação adequada. No momento do “julgar”, da reflexão à luz da fé, o Evangelho ou a Bíblia são a referência principal. Assim, é à luz da palavra de Deus que o cristão aprofunda sua fé e leva adiante seu compromisso.

 

Com fazer o Círculo Bíblico?

O esquema do Círculo Bíblico que sugerimos é aquele que procura, sobretudo, a mensagem da Bíblia para a situação de hoje. Mais exatamente: procura ler a vida de hoje à luz da Bíblia. Portanto, inclui sempre uma reflexão sobre fatos e situações atuais, além da leitura e meditação de textos bíblicos. A ordem dos dois aspectos pode variar e eles podem até se misturar. O importante é que esses dois aspectos sejam levados a sério.

Nem todos possuem ou adquirem facilmente a familiaridade com a Bíblia e a capacidade de comparação com as situações. Mas, para facilitar a aprendizagem dos grupos que vão se constituindo, existem roteiros para círculos bíblicos (atualmente a Arquidiocese de Belo Horizonte produz roteiros mensais para os círculos bíblicos com o nome “Encontros Bíblicos”).

Os presbíteros ou conselhos paroquiais que desejam promover os círculos bíblicos (e isso deveria ser tomado como uma obrigação!) devem:

  • assinar os roteiros e distribuí-los aos grupos interessados;
  • treinar um grupo de coordenadores de círculos, que depois tomarão conta cada um de seu círculo (para isso, é bom convidar alguém que já tem experiência);
  • de vez em quando, voltar a reunir os coordenadores de círculos, para ouvir seus relatórios, resolver dúvidas, orientar e encorajar.

Dessa forma, multiplica-se enormemente a capacidade de evangelização e catequese da paróquia. Também se oferece uma resposta à sede da palavra de Deus do povo, que às vezes procura a Bíblia em outras Igrejas cristãs, porque na Igreja católica continua… acorrentada, inacessível.

(os grifos são nossos.)

Fonte:

ANTONIAZZI, Alberto. A palavra de Deus na vida do povo. Orientações teológicas e sugestões práticas. São Paulo: Paulinas, pp. 51-53.

 

Veja também:

https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/2018/03/14/o-que-e-um-circulo-biblico-como-surgiram-frei-carlos-mesters/

https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/2015/06/04/voce-conhece-a-dinamica-de-evangelizacao-dos-grupos-de-reflexao-ou-circulos-biblicos/

https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/2016/09/01/a-biblia-e-o-grande-instrumento-de-libertacao-dos-leigos-entrevista-com-o-biblista-francisco-orofino/

https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/2015/05/28/circulo-biblico-e-as-cebs/

https://wordpress.com/post/observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/1285

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Alberto Antoniazzi: vida em doação https://observatoriodaevangelizacao.com/alberto-antoniazzi-vida-em-doacao/ Sun, 24 Dec 2017 02:24:51 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27160 [Leia mais...]]]>  

 

Ao pensar em padre Alberto, penso imediatamente no sentido da doação. Doação de uma vida inteira à Igreja e doação aos mais pobres. Durante os 40 anos de presença na Arquidiocese de Belo Horizonte, mostrou-se sempre disponível e pronto para colaborar naquilo em que fosse chamado. Padre Alberto jamais me negou qualquer coisa, qualquer de meus pedidos e solicitações. Recentemente descobri que padre Alberto nunca negou nada a ninguém, especialmente aos mais pobres. Tudo que ele ganhava dividia com os pobres. E isso quase ninguém sabia.

Vejo sua partida, no dia de Natal, como um gesto de ternura de Deus. Assim como o Pai presenteou o mundo com seu Filho, no Natal, assim também, padre Alberto, que sempre foi só doação, foi o presente de Natal que o mundo devolveu a Deus.

                                                                Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo  Arcebispo Emérito de Belo Horizonte

Sabedoria, humildade e caridade são as características que mais se destacavam na personalidade de Alberto Antoniazzi, conforme relata monsenhor Éder Amantéa. Na terceira parte de seu depoimento ao Observatório da Evangelização, este presbítero recorda, com admiração, o amigo que partiu no dia de Natal, em 2004.

Sabedoria é um dom claramente perceptível tanto nos escritos de Antoniazzi quanto foi em sua dinamização pastoral, em que a espiritualidade profunda se abraçou à arguta capacidade de obter consensos. Humildade, mesmo para quem não teve o prazer de conhecê-lo, pode, por exemplo, ser percebida pelo fato de muitos de seus escritos terem sua autoria apagada, já que figuram como documentos eclesiais, seja de nossa arquidiocese, seja da CNBB. Caridade, tanto para atender aos seus superiores, quando quer que necessitassem de seus serviços, quanto pela prontidão em repartir aquilo que recebia por seus trabalhos com os menores dos irmãos.

Assim nos é apresentado padre Alberto, cuja memória celebramos neste Natal do Senhor. Sendo o Natal a festa da VIDA que toca a nossa pequenina vida, torna-se também, nesse homem de Deus, a possibilidade da pequena vida se irradiar VIDA. É que Deus não se deixa vencer em generosidade…

Professora Tânia Jordão.

 

 

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Alberto Antoniazzi: vida em missão https://observatoriodaevangelizacao.com/alberto-antoniazzi-vida-em-missao/ Fri, 22 Dec 2017 02:42:59 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27154 [Leia mais...]]]>  

Padre Alberto desempenhou um papel fundamental na formação e atualização sacerdotal, tanto na Igreja de Belo Horizonte quanto em nível nacional. Era presença constante nos Encontros Nacionais de Presbíteros. Sempre morou no seminário arquidiocesano e foi braço direito dos reitores. Desde 1990 esteve inteiramente dedicado ao Projeto Pastoral Construir a Esperança. Eu diria, na verdade, que padre Alberto foi a mente e o coração do PPCE.

                                                           Cardeal Dom Serafim Fernandes de Araújo  Arcebispo Emérito de Belo Horizonte

 

Se o próprio Dom Serafim afirma que Alberto Antoniazzi “foi a mente e o coração do PPCE”, monsenhor Éder Amantéa, na segunda parte da entrevista a nós concedida, irá narrar a gênese da I Assembleia do Povo de Deus (I APD), que emerge justamente como consequência do Projeto Pastoral Construir a Esperança (PPCE). Ao ouvir sua narrativa compreende-se porque tantos declaram que padre Alberto Antoniazzi era um homem de Igreja e para a Igreja.

Antoniazzi foi um sacerdote atento aos apelos de renovação eclesial do Concílio Ecumênico Vaticano II. Por isso mesmo, percebia que a presença da Igreja na sociedade precisava se dar a partir de sua missão enquanto Povo de Deus. Isso mudava completamente a eclesiologia piramidal anterior, pois todo o Povo de Deus – não só o clero – experimenta-se, então, com uma mesma missão e dignidade pelo Batismo. Refletia assim sobre o ministério ordenado e sobre o laicado tanto na perspectiva intra-eclesial quanto na importância da atuação cristã para a transformação social.

O PPCE foi a forma encontrada por padre Alberto para dinamizar a vida da Igreja na arquidiocese de Belo Horizonte. Incentivar e fortalecer o protagonismo laical; criar equipes para fazer da pastoral catequética de BH uma referência nacional; apoiar a reforma litúrgica… “o que aconteceu de pastoral no episcopado de Dom Serafim, foi iniciativa do padre Alberto”, segundo o depoimento de seu grande amigo, monsenhor Éder.

Além desse testemunho entusiasmado, Éder Amantéa contextualiza os fatos narrados e assevera: “O Concílio chegou com toda a força. Toda a Igreja estava esperando a reforma, mas depois de 50 anos de Concílio, muitas reformas não foram implementadas ainda. Há muita coisa pra mudar…” Vale a pena conferir!

Professora Tânia Jordão.

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Alberto Antoniazzi: vida em relação https://observatoriodaevangelizacao.com/alberto-antoniazzi-vida-em-relacao/ Wed, 20 Dec 2017 02:04:25 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27133 [Leia mais...]]]>  

 

A Igreja no Brasil lhe deve muito. Muitíssimo! Todos os documentos da CNBB, nos últimos 30 anos, têm a participação de padre Alberto. Seu trabalho no Projeto Pastoral Construir a Esperança, inclusive, inspirou a CNBB nos projetos de evangelização nos períodos de 1998-2000 e 2001-2003.

Da mesma forma como ele conseguia mobilizar a Igreja através de seus pensamentos e palavras, também agora, com sua morte, ele conseguiu sacudir o país inteiro. Desde o dia de sua morte, venho recebendo mensagens e telefonemas dos quatro cantos do Brasil, de pessoas que o admiravam, que o tinham como amigo, que lhe queriam bem.

As palavras acima, de Dom Serafim Fernandes de Araújo, arcebispo emérito de Belo Horizonte que acompanhou muito de perto o padre Alberto Antoniazzi, nos traz um pouco do teor e da dimensão do trabalho desse homem que engendrou uma nova face para nossa Igreja.

O Observatório da Evangelização teve a oportunidade de entrevistar monsenhor Éder Amantéa, com quem padre Alberto viveu seus últimos meses, quando já estava debilitado por um câncer que o levaria em dezembro de 2004. Registramos, com gratidão, esse histórico depoimento em três vídeos, os quais lhes apresentamos neste momento em que celebramos os 13 anos de sua partida para abraçar o Criador.

Padre Éder nos conta de sua convivência com o amigo: como o conheceu; seu incansável trabalho do qual nasceu o Projeto Pastoral Construir a Esperança (PPCE); seu empenho em trabalhar pela revitalização da vida presbiteral à luz dos documentos da Igreja (do Concílio Vaticano II, das Conferências de Medellín e de Puebla); sua disponibilidade para atender demandas de dioceses diversas e, principalmente, assessorar a própria CNBB em aspectos pastorais; sua presença no Sínodo sobre a Catequese; sua convivência afetuosa com outros intelectuais… 

Por fim, nesse depoimento sensível e próximo, padre Éder afirma que Alberto Antoniazzi foi um “presente da Igreja de Milão à Igreja de Belo Horizonte”, o que nos ajuda a entender a proximidade de padre Alberto ao Papa Paulo VI…

Para entender a beleza com que foi tecida a teia daquela saudosa vida, assista a primeira parte de nossa entrevista. Há, mesmo, homens que são imprescindíveis!

Professora Tânia Jordão.

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