O Sínodo da juventude que queremos – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 23 Oct 2018 19:32:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 O Sínodo da juventude que queremos – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Os jovens se interrogam: o Sínodo da juventude que queremos https://observatoriodaevangelizacao.com/os-jovens-se-interroga-o-sinodo-da-juventude-que-queremos/ https://observatoriodaevangelizacao.com/os-jovens-se-interroga-o-sinodo-da-juventude-que-queremos/#comments Tue, 23 Oct 2018 19:32:53 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=29209 [Leia mais...]]]> Diante do tema proposto pelo Sínodo, as juventudes presentes no mundo inteiro – cada qual com suas particularidades, identidades, histórias, dilemas e buscas – esperam uma Igreja que esteja aberta a dialogar com as suas realidades. Que a Igreja não procure criar um estereótipo de jovem… Ao contrário, que não perca esta rica oportunidade criada pelo Sínodo para contemplar e conhecer de perto a realidade concreta do diversos rostos da juventude de nosso tempo, presentes, de modo singular, em cada país de nossa casa comum. 

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O Sínodo dos Bispos de 2018, que acontece em Roma, tem como temática a juventude. Trata-se de uma realidade bastante complexa, daquelas que desencadeiam várias outras interpelações. Neste caso, que juventudes serão contempladas no evento? Os jovens, de fato, terão espaço para serem ouvidos? A Igreja estimulará e concretizará o protagonismo e a participação dos jovens nas diversas dinâmicas eclesiais de evangelização? Diante do tema proposto pelo Sínodo, as juventudes presentes no mundo inteiro – cada qual com suas particularidades, identidades, histórias, dilemas e buscas – esperam uma Igreja que esteja aberta a dialogar com as suas realidades.

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Mas esperamos ainda mais deste Sínodo. Que a Igreja não procure criar um estereótipo de jovem, o Tipo Ideal – conceito do sociólogo Max Weber para designar as generalizações que são atribuídas ao grupo para seu estudo. Ao contrário, que não perca esta rica oportunidade criada pelo Sínodo para contemplar e conhecer de perto a realidade concreta do diversos rostos da juventude de nosso tempo, presentes, de modo singular, em cada país de nossa casa comum. A criação de estereótipos como um modelo a ser seguido revela-se excludente, como também, é por muitos como estudiosos caracterizada como: racista, xenófoba, misógina, homofóbica e etnocêntrica. Isso porque parte de um modelo de jovem, geralmente, europeu, branco, de classe média, conectado, piedoso, aberto e interessado no que a Igreja lhes propõe.

Urge acolhermos, enquanto Igreja, a realidade de um mundo marcadamente plural e desigual. Consonante com isso, em cada lugar há uma diversidade de jovens que pensam e vivem, a seu modo, o desafio de ser feliz e de realizar-se enquanto pessoa, mas também o ser Igreja no seguimento de Jesus. Os jovens desejam ser reconhecidos pela Igreja como interlocutores, ter nela o seu espaço, ser ouvidos, para que assim, sigam a Jesus Cristo com a sua Igreja e não paralelo a ela. Mas nos interroguemos: Como ser jovem cristão autêntico na atual dinâmica centralizadora da Igreja?

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Vivenciamos, na Igreja do Brasil, o Ano Nacional do Laicato, que tem como lema “Cristãos leigos e leigas, sujeitos na ‘Igreja em saída’, a serviço do Reino”, com o lema “Sal da terra e luz do Mundo” (Mt, 5, 13-14). Partindo disso reflitamos: Como ser jovem cristão, com todas as especificidades presentes na realidade brasileira?

Jesus, no Evangelho segundo Mateus, diz: “vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado pelos homens” (Mt 5,13). E completando com o Evangelho segundo Marcos “Tende sal em vós e vivei em paz uns com os outros” (Mc 9, 50). Mas qual a verdadeira medida de sal que os jovens devem ser para temperar o mundo, a sociedade e a Igreja?

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Pouco sal torna insosso, não tem visibilidade. Muito sal torna intragável. A verdadeira medida pode ser capitada na sabedoria do método ver-julgar-agir-avaliar-celebrar-retomar. Primeiro, estimular e cultivar, coletivamente, o olhar crítico em  busca de lucidez e compreensão da realidade. Segundo, aproximar com intimidade da Palavra de Deus e deixar-se interpelar pela luz que irradia da prática de Jesus de Nazaré com seus discípulos, sempre encarnada na realidade de seu tempo. Terceiro, iluminados pela Palavra, acolher solidariamente, discernir as melhores ações e juntos atuar em vista de transformar a realidade, onde estamos inseridos, na busca de construir a civilização do amor fraterno e da justiça social que a todos inclui na mesa da dignidade. Quarto, avaliarmos os passos dados, seja para corrigir os erros, seja para aperfeiçoar e ampliar a nossa forma de atuar. Quinto, celebrar, com alegria fraterna, cada pequena conquista, mas também as eventuais derrotas e fracassos para que não desanimemos no meio do caminho, por experimentarmos a certeza do Deus de Jesus, sempre Emanuel, estradeiro conosco pelas estradas da vida.

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Para terminar, quero dizer que os jovens, como cada pessoa em qualquer idade, precisam de uma espiritualidade inspiradora que os motive e os faça perseverar. Assim, jovens que conhecem a fé e a entrega de Jesus no Reino e experimentam a sua presença viva no meio deles, caminhando com eles, tendem a viver a sua fé de modo mais libertador. Podem, então, ajudar a concretizar o sonho eclesial proposto pelo papa Francisco: sermos uma Igreja em saída, uma Igreja pobre e para os pobres, sempre disposta a seguir os passos do Mestre Jesus.

Desse modo, os jovens cristãos serão estimulados a ter uma atuação criativa e encarnada na realidade onde estão inseridos. A Igreja é chamada a investir continuamente nesta capacitação, para que as juventudes, com seus inúmeros rostos, possam se irmanar no mesmo Evangelho e procurar, com seu testemunho de fé, dar mais sabor ao mundo em que vivemos.

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Paulo Vinícius Faria Pereira é membro da equipe de colaboradores jovens do Observatório da Evangelização. Formado em Ciências Sociais pela PUC Minas, atualmente está concluindo o curso de Teologia. É professor concursado da Rede Pública de Ensino.

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