O drama do Haiti – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 30 Sep 2019 19:53:19 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 O drama do Haiti – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Nota do bispos do Haiti, um dos países mais pobres do mundo: “a classe dirigente está surda ao clamor do povo” https://observatoriodaevangelizacao.com/bispos-do-haiti-um-dos-paises-mais-pobres-do-mundo-a-classe-dirigente-esta-surda-ao-clamor-do-povo/ Mon, 30 Sep 2019 19:53:19 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=31948 [Leia mais...]]]> Os bispos haitianos se interrogam:

Apesar dos nossos repetidos apelos dos últimos dois anos, os líderes atuais, eleitos e responsáveis políticos, permanecem surdos, ocupados em gerir seu poder, seus privilégios e seus interesses mesquinhos. Enquanto isso, alguns setores da sociedade se tornam cada vez mais ricos, às custas dos pobres que não podem alimentar-se ou pagar a escola de seus filhosExiste uma violência mais atroz do que viver constantemente na insegurança? O que há de pior do que a pobreza extrema que ceifa toda e qualquer esperança? Nenhum povo deve aceitar a miséria, pobreza e violência de modo resignadoPovo haitiano, unamo-nos para derrotar a insegurança, a corrupção, a impunidade, a violência e todos os germes de morte. Deus nos criou para a vida. Por isso, temos o direito de existir e viver com dignidade”.

Cidade do Vaticano

Num comunicado divulgado no final de semana, a Conferência Episcopal Haitiana (CEH) faz uma duríssima acusação contra a atual classe dirigente do país caribenho. E esta poderia ser estendida a toda a humanidade. Os bispos haitianos encontraram-se na semana passada ao tempo em que no país a situação social e econômica é sempre mais explosiva, com os protestos que prosseguem há semanas e a carência de combustíveis.

Há meses, manifestantes pedem a renúncia do Presidente

Nos últimos dias a polícia usou gás lacrimogêneo contra os manifestantes que há meses pedem a renúncia do Presidente da República Jovenel Moïse. A atitude dos bispos é de “angústia indescritível” face a como o país se apresenta há mais de um mês.

É como se estivéssemos num estado de guerra fratricida. Chegamos a essa situação devido ao comportamento de funcionários e dirigentes eleitos. Não é mais o momento de proclamar que somos todos culpados. Essa não é a verdade; nem dizer que condenamos genericamente toda e qualquer violência; ela tem uma origem”.

Ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres

A nota prossegue:

Apesar dos nossos repetidos apelos dos últimos dois anos, os líderes atuais, eleitos e responsáveis políticos, permanecem surdos, ocupados em gerir seu poder, seus privilégios e seus interesses mesquinhos. Enquanto isso, alguns setores da sociedade se tornam cada vez mais ricos, às custas dos pobres que não podem alimentar-se ou pagar a escola de seus filhos”.

Os bispos haitianos se perguntam: “Existe uma violência mais atroz do que viver constantemente na insegurança? O que há de pior do que a pobreza extrema que ceifa toda e qualquer esperança? Nenhum povo deve aceitar a miséria, pobreza e violência de modo resignado”.

País em chamas devido irresponsabilidade dos dirigentes

Por conseguinte, os mais altos poderes do Estado devem assumir suas responsabilidades para garantir o bom funcionamento do país e das instituições; eles são moralmente responsáveis pela segurança e pelo bem-estar da população. E, em primeiro lugar, o presidente da República. Se o país está em chamas é por causa da irresponsabilidade deles”.

Daí, o claro convite a identificar as consequências desta situação:

Como podem não saber aquilo que o mundo inteiro sabe? É preciso um ímpeto de consciência, para medir o alcance dos falimentos acumulados e identificar as consequências. É hora de agir para mudar a vida no Haiti. Amanhã será tarde demais”.

Religiosos pedem criação de governo de emergência nacional

A nota episcopal conclui com um convite:

Povo haitiano, unamo-nos para derrotar a insegurança, a corrupção, a impunidade, a violência e todos os germes de morte. Deus nos criou para a vida. Por isso, temos o direito de existir e viver com dignidade”.

Dias atrás também a Conferência dos religiosos do Haiti pediu numa nota “a criação imediata de um governo de emergência nacional”. 

Milhares de manifestantes protesta, nesta quinta-feira (07/02/2019) em Porto Príncipe, no Haiti — Foto: Dieu Nalio Chery/AP Photo

Fonte:

www.vaticannews.va

Nota do Brasil de Fato para entender o drama do Haiti, um país à beira de um colapso humanitário:

As revoltas populares já derrubaram o primeiro ministro e colocaram na mira o atual presidente Jovenel Moises / HECTOR RETAMAL / AFP

“Drama da fome e da pobreza colocam Haiti à beira de um colapso humanitário”

O poder de influência dos grandes meios de comunicação empresariais fazem o mundo crer que é na Venezuela que existe o mais grave problema humanitário da região. Só não dizem que o foco é para desestabilizar a Venezuela por conta dos interesses dos Estados Unidos (EUA) no petróleo do país.

Mas não muito distante da Venezuela existe um país que sangra diariamente diante de um problema que se arrasta durante séculos. O drama da fome, da pobreza, das doenças epidêmicas, da falta de recursos energéticos, das catástrofes naturais e da imposição estadunidense nos destinos políticos fazem do Haiti um país à beira de um colapso humanitário.

Com uma população de 10 milhões de habitantes e um território pouco menor que o estado de Alagoas, o Haiti é hoje a nação mais pobre do continente americano. Cerca de 56% da população está abaixo da linha da pobreza absoluta; uma expectativa de vida de 58,1 anos; 39% de analfabetismo; 49% de crianças sem escolarização; 75% da população sem acesso à água potável.

Mas não foi sempre assim. No século XVIII, o Haiti, então chamado de Saint-Domingue, era a mais próspera colônia da França nas Américas. Em 1804, triunfou a primeira revolução de escravos da história derrotando o exército de Napoleão, se transformando na segunda república depois dos EUA e pondo fim ao regime de escravidão, quase um século antes do Brasil. O Haiti foi fundamental para o fornecimento de armas, recursos financeiros e soldados para a luta de independência da Venezuela contra a Coroa Espanhola.

As potências imperiais da época não perdoaram a ousadia revolucionária haitiana. Impuseram um cerco marítimo à ilha, isolando-a do resto do mundo. A França obrigou o Haiti a pagar uma indenização de 150 milhões de francos. Essa “dívida” equivalente a dez vezes a renda anual do Haiti, foi sendo paga a partir de empréstimos a juros exorbitantes de bancos franceses e é a base da chamada dívida da independência.

Desde então, o país jamais se recuperou. Os Estados Unidos invadiram a ilha com 20 mil marines em 1925 e lá permaneceram até 1934. Os 21 anos de ocupação estadunidense criaram um estado totalmente dependente e um Exército que obedecia às ordens que vinham diretamente do Departamento de Estado em Washington. Os EUA ainda apoiaram a ditadura de François Duvalier que durou 29 anos e deixou o país destruído.

Atualmente o Haiti arde outra vez em chamas. As revoltas populares contra a corrupção, o aumento da inflação, a fome e o desemprego já derrubaram o primeiro ministro e colocaram na mira o atual presidente Jovenel Moïse. Os movimentos sociais envolvidos nesse levante acreditam que é preciso desenvolver laços de trabalho e aproximação com outros setores da sociedade para se chegar a um projeto nacional viável, crível e mobilizador, que apresente uma alternativa real para o povo. Um projeto anti-imperialista, de liberação nacional, de afirmação da identidade caribenha e nacional contra todo tipo de dominação, exploração e manipulação.

Fonte:

www.brasildefato.com.br

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