Neuza Silveira de Souza – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Sat, 03 Jun 2017 17:49:52 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Neuza Silveira de Souza – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”: FÉ, POLÍTICA e CIDADANIA – Reflexões catequéticas IV https://observatoriodaevangelizacao.com/reflexoes-catequeticas-sobre-o-projeto-de-evangelizacao-proclamar-a-palavra-da-arquidiocese-de-belo-horizonte-fe-politica-e-cidadania-iv/ Sat, 03 Jun 2017 17:49:52 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18885 [Leia mais...]]]> Na concepção cristã, fé, política e cidadania são distintas, mas intrinsecamente ligadas e de forma inseparável como a liga de um amálgama. De tal modo assim é que, ao cristão é impossível viver com autenticidade a sua fé sem concretizar um compromisso sociopolítico libertador em defesa da igual cidadania para todos. Vejamos a reflexão catequética de Neuza de Souza a partir do terceiro compromisso do Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”, fruto da 5ª Assembleia do Povo de Deus:

 

Proclamar a Palavra: Fé, Política e Cidadania

Continuando nossa reflexão sobre as diretrizes da 5ª Assembleia da nossa Arquidiocese de Belo Horizonte, o tema de hoje é sobre Fé, Política e Cidadania. Trata-se de um tema muito importante para a formação do nosso “ser cristão” uma vez que ele tem sua fundamentação na Palavra de Deus e nos ensinamentos da Igreja.

Fé, Política e Cidadania é um compromisso pautado na promoção do bem comum e, como sinal de comunhão, revela a justiça do Reino. Sendo assim, a realização desse compromisso é ação de todos os cristãos. De mãos dadas com os movimentos sociais,  associações, cooperativas, grupos, organizações, dentre outras formas de coletivos, os cristãos são chamados a comprometer-se e a participar ativamente da construção de uma sociedade pautada pela justiça, inclusão dos marginalizados, promoção do bem comum e cuidado com a casa comum.

Importa reconhecer que todo ser humano é um ser político, pois, como ser de relações sociais ele precisa criar regras para a boa convivência. Essa dimensão política de nossa vida fica visível quando vivemos em sociedades cada vez mais  urbanas e complexas, tantas vezes marcadas pela desigualdade social, e que, portanto, precisam pensar em todas as pessoas nelas integradas. A missão da Igreja tem uma inegável dimensão sociopolítica. Mas, por mais que estimule os seus membros a desenvolver senso coletivo e consciência crítica, bem como a participar da política social e dos partidos políticos, ela mesma, enquanto instituição, não faz opção partidária, nem constitui um partido político próprio. A Igreja, ao exercer a sua missão, não pode ser neutra. Ela assume uma parcialidade ao proclamar o projeto salvífico universal. Mas a sua parcialidade somente pode ser a do Evangelho: colocar-se entre os últimos, ao lado do oprimido e marginalizado da vida digna, do empobrecido e excluído da cidadania.

Para melhor compreender a dimensão política da fé cristã, torna-se necessário explicitar o que está incluído no termo ‘política’ e – a partir da nossa realidade contemporânea brasileira de país democrático com contexto de grave desigualdade econômica – fazer uma distinção entre política social e política partidária.

A política social é o exercício do poder na sociedade a serviço da realização do bem comum. Ela acontece diariamente com nossas ações pessoais e comunitárias na família, na vivência da religião, na vida escolar, no trabalho, no trânsito, no comércio, no lazer, nos movimentos sociais ou grupos diversos que participamos. Trata-se de realidade coletiva que não deve ser apropriada ou privatizada por nenhuma pessoa, família, grupo ou partido, por mais poder que concentre, sob pena de destruir o pacto social, a dignidade dos cidadãos e o bom funcionamento da vida em sociedade pautada pela igualdade, pela justiça, pela solidariedade e pelo bem querer uns dos outros. A política social requer contínuo processo de reflexão crítica e autocrítica, além da concretização de políticas públicas que garantam o bem comum, ou seja, a dignidade da vida e o bem estar de todos os cidadãos. Nesse sentido, todos os trabalhos relacionados com a organização da saúde, a rede escolar, os transportes, os salários, tudo que diz respeito ao bem comum da sociedade tem a ver com a política social. Então, quando se luta junto com o objetivo de conseguir, para o bairro em que se mora, rede de esgoto, luz elétrica, escola, posto de saúde, é fazer política social, mesmo que ela seja feita através de um ou mais partidos políticos.

Já a política partidária, embora envolvida na dinâmica política social, é diferente. A sociedade – pelo fato de ser formada por classes socioeconômicas distintas e uma grande diversidade de grupos culturais e religiosos, cada qual com seus interesses e ideologias – suscitou a necessidade da formação de partidos políticos. Cada partido é organizado em torno de ideologias que concebem, de modo próprio, a organização da sociedade e o exercício da política social. A partir disso, elabora suas estratégias e seus planos para a conquista, nas eleições, da gestão, em nível federal, estadual e municipal, do poder executivo (ocupar a cadeira de presidente, de governador ou de prefeito) e legislativo (ocupar as cadeiras de senador, deputado federal, deputado estadual, vereador). Nesse sentido, cada partido representa interesses de classe ou de grupos com suas ideologias. Como no Brasil há muitos partidos e uma perda de identidade e clareza ideológica dos partidos, os cristãos, como os demais cidadãos, devem redobrar a atenção e ficar atentos para não serem enganados. Além disso, devem criar mecanismos de fiscalização e participação para que seus interesses e valores sejam respeitados e representados. Daí a importância da presença e participação dos cristãos na política. Veja o que disse o papa Francisco: sobre a participação do cristão na política.

A Igreja, com sua doutrina social, contribui com critérios eco-éticos e sociais para uma boa participação dos cristãos na política. Ela é chamada a colocar-se a serviço da formação dos cristãos para que estes contribuam e participem da construção da sociedade justa, cidadã e ecológica. As paróquias são camadas a constituir e apoiar uma pastoral de Fé e política para que, em conjunto com as demais pastorais sociais, respondam aos desafios e urgências de nosso tempo. Há na Igreja uma vocação profética, da qual todos os seus membros participam, para denunciar toda forma de ameaça a vida, sobretudo, dos mais pobres.

Nesse sentido, essas atividades entram no conjunto da ação evangelizadora da Igreja constituindo-se também como tarefa da catequese.  Desde criança somos convidados a cuidar, proteger e melhorar a nossa comunidade.

Todos somos chamados a participar e exigir que os que ocupam a gestão do poder executivo e legislativo, mas também do judiciário, cumprem a sua missão de cuidar do bem comum, com atenção preferencial para os mais vulneráveis e excluídos da mesa da cidadania.

Como anda a nossa Arquidiocese na prática da boa Política Social?

A partir de pesquisa elaborada pelo grupo de Fé e política da Arquidiocese de Belo Horizonte, foi constatado que a maioria dos grupos que se colocam a serviço da concretização da dimensão sociopolítica da fé cristã, encontra-se muito concentrada no centro da Capital e em seu entorno, revelando a ausência ou a quase inexistência dessa prática pastoral nas áreas mais distantes da sede da Arquidiocese.

A leitura desses dados torna-se relevante para o contexto reflexivo em torno do plano de ação pastoral de cada comunidade, paróquia, forania, região episcopal, vicariato e da da catequese, na busca de concretizarmos esse compromisso de nosso Projeto de Evangelização Proclamar a Palavra.

Olhando para os evangelhos percebemos as implicações sociopolíticas dos ensinamentos e gestos de Jesus. Preocupado com o Reino de Deus e a sua justiça, a prática libertadora de Jesus chama a atenção para o cuidado com os sofredores e oprimidos, o amor ao próximo, a caridade, a justiça, a vida em comunidade, a partilha… Seus ensinamentos e gestos proféticos encontram-se pautados  pela necessidade de cuidar daquilo que afeta a vida do povo, principalmente a dos mais pobres. Ele subverte a ordem dominante: o poder não pode ser exercido como dominação de uns sobre os outros, mas pela lógica do serviço.

Jesus de Nazaré ficou conhecido como o profeta da Galileia, pois deixou-se pautar pelos ensinamentos dos sábios, líderes e profetas, de seu povo. No Antigo Testamento, podemos perceber que as questões sociopolíticas estão muito presentes na realidade da vida do povo. Moisés e seus companheiros lutaram em nome da fé no Deus da vida pela libertação do povo oprimido no Egito. Os profetas, por exemplo, denunciaram as situações políticas injustas que oprimiam a vida do povo.  Amós, Oséias, Isaías, Jeremias, dentre outros, mesmo sendo perseguidos, denunciaram a corrupção, a desigualdade e questionaram a elaboração de projetos iníquos carregados de normas que propunham a negação da justiça ao oprimido e a fraude no direito dos pobres.

Nesse sentido, colocando-se em atitude de escuta e busca de cumprimento da “Palavra proclamada”, os cristãos são chamados a se colocar frente às exigências do Evangelho e a assumir suas responsabilidades nas questões sociopolíticas, sendo “sal na terra e luz no mundo”.

(os grifos são nossos)

Neuza

Neuza Silveira de Souza

Teóloga leiga, com especialização em teologia pastoral voltada para a catequese, objeto de  sua especialização e pesquisa de mestrado. Atualmente, coordena da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte.

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Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”: IGREJA DA ACOLHIDA – Reflexões catequéticas II https://observatoriodaevangelizacao.com/reflexoes-catequeticas-sobre-o-projeto-de-evangelizacao-proclamar-a-palavra-da-arquidiocese-de-belo-horizonte-ii/ Sat, 27 May 2017 15:50:02 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18411 [Leia mais...]]]> Formar e cultivar comunidades de fé capazes de concretizar verdadeira cultura da acolhida em contexto urbano plural e desigual, com inúmeras formas de exclusão social, solidão e violência: eis um dos maiores desafios do Evangelho do Reino a todo cristão. Nas palavras do Papa Francisco, como concretizar uma “Igreja Samaritana”, uma “Igreja de Hospital de Campanha”, uma “Igreja de Portas Abertas”, enfim, uma “Igreja em saída”.

Vejamos a reflexão catequética de Neuza a partir do terceiro compromisso do Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”, fruto da 5ª Assembleia do Povo de Deus:

 

Proclamar a Palavra como Igreja da Acolhida

A  doação suprema de acolher o Reino é viver de forma a se comprometer com a fraternidade, solidariedade, hospitalidade e partilha

A Igreja nos convoca para sermos Igreja de acolhida. Há um esforço e o desejo para que todos sejam acolhidos como irmãos.

O Acolher bem as pessoas como irmãos significa ir além do simples cumprimento, ou acolhimento em sua casa para hospedagem. No acolher bem está incluído, entre outras coisas…

  • ajudar as pessoas nos momentos difíceis;
  • dar-lhes o devido apoio nos momentos de suas incertezas;
  • estar junto e defendê-las nos momentos de injustiças ou de desamparos.

Quando acolhemos bem, rompemos com a solidão e com o anonimato desses irmãos e irmãs. E quando nos disponibilizamos para  acolher bem as pessoas, nos tornamos capazes de fazê-las felizes porque o acolher significa ser capaz de criar intimidade, aproximar do outro e, ao mesmo tempo, de respeitar e ter consideração com a pessoa.

Mas para que isto aconteça faz-se necessário  sairmos de nosso egoísmo, do comodismo, para nos abrirmos ao outro e percebê-lo com suas necessidades.

Esses comportamentos são características do agir cristão, herdados dos primeiros discípulos e discípulas de Jesus. Foi ele, Jesus, quem nos ensinou a viver a alteridade. E um dos princípios fundamentais da alteridade é que o ser humano, no seu meio social, tenha uma relação de interação e dependência com o outro. Por esse motivo, o EU, na sua forma individual, só pode existir por meio do contato com o OUTRO. Na vivência da alteridade um está sempre acolhendo o outro, a pessoa, sobretudo no que ela tem de diferente, de distinto, de próprio.  Nesse sentido: dou espaço para que a pessoa exista e esse gesto me leva a crescer, a conhecer-me mais verdadeiramente, e a descobrir que o mundo não resume ao meu modo de pensar e de viver.

A Alteridade implica a capacidade da pessoa se colocar no lugar da outra, em uma relação baseada no diálogo e na valorização das diferenças existentes. Assim, colocar-se  no lugar do outro e a serviço do acolhimento ao outro precede qualquer  ação que se possa empreender em favor do outro. É renúncia ativa a toda postura dominadora ou de exclusão.

O Acolhimento a partir dos ensinamentos de Jesus

Jesus passou toda a sua vida nos ensinando. Todo o seu caminho foi um grande abraço, foi o de acolher a nossa condição humana para nos perdoar e nos mostrar que somos muito além do que pensamos, para nos dar a liberdade de nossa origem: somos filhos de Deus. Desse modo, podemos abraçar o mundo todo.

Abraçar o mundo acolhendo Jesus e os seus ensinamentos, significa acolher  e reconhecer o Reino de Deus no meio de nós. E acolher o Reino é viver de forma a nos comprometer com a fraternidade, solidariedade, hospitalidade e partilha. É permitir ao outro incluir-se, sentir-se aceito, integrado, valorizado; é construir amizade, criar afeição. É partilhar a vida em suas várias dimensões.

Os discípulos e discípulas de Jesus foram aprendendo na caminhada e nos acontecimentos que a fé é, pois, a atitude pedida ao ser humano para que a graça de Deus possa manifestar todo o seu poder libertador. Fé e salvação caminham juntas, significando que  a salvação é verdadeira  a medida que atinge a totalidade da pessoa, o que inclui a sua dimensão religiosa. Segundo o evangelista Lucas, é possível amar  somente porque a ação de Deus transformou o coração humano.

Vários são os ensinamentos encontrados nos evangelhos. Neles, encontramos presente o mandato de Jesus de ir ao encontro do outro e juntos construirmos o alicerce para a vivência numa comunidade sadia e cuidadora, a exemplo das primeiras comunidades.

Esse mandato de Jesus é para todos os batizados e batizadas. É um chamado que o Senhor nos faz para a missão. Acolhidos/as como filhos/as através de uma atitude de amor, aceitação, valorização, somos conduzidos/as à plenitude humana. O acolhimento que fazemos uns aos outros, enquanto igreja, deve ser uma expressão desse amor recebido de Deus que é capaz de despertar sentimentos de amor no coração de quem foi acolhido.

Disse o Papa Francisco quando esteve no Brasil que

o sentir de um povo, as bases do seu pensamento e de sua criatividade, os princípios básicos de sua vida, os critérios de julgamento sobre as prioridades, as normas de atuação se fundamentam, se fundem e crescem em uma visão integral da pessoa humana. Essa visão do homem e da vida característica do povo Brasileiro recebeu a seiva do Evangelho, a fé em Jesus Cristo, o amor de Deus e a fraternidade com o próximo. A riqueza dessa seiva pode fecundar um processo cultural  fiel à identidade brasileira e fazer crescer a humanização integral e a cultura do encontro e da relação; esta é a maneira cristã de promover o bem comum, a alegria de viver”.

(Papa Francisco no Brasil).

Ser uma Igreja da acolhida: esta é também a maneira cristã de promover o bem comum em nossa Igreja particular, pois quem alimenta da seiva do Evangelho faz a experiência de seguir a Jesus ressuscitado.

(os grifos são nossos)

Neuza

Neuza Silveira de Souza

Teóloga leiga, com especialização em teologia pastoral voltada para a catequese, objeto de  sua especialização e pesquisa de mestrado. Atualmente, coordena da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte.

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Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra”: um desafio para todos os cristãos – Reflexões catequéticas I https://observatoriodaevangelizacao.com/reflexoes-catequeticas-sobre-o-projeto-de-evangelizacao-proclamar-a-palavra-da-arquidiocese-de-belo-horizonte-i/ Wed, 24 May 2017 19:54:00 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18149 [Leia mais...]]]> Depois de definidas as diretrizes (compromissos) para as ações evangelizadoras da Igreja Particular da Arquidiocese de Belo Horizonte, na 5ª Assembleia do Povo de Deus, elaborou-se o Projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra” para o próximo quadriênio (2017-2020). Ao longo do primeiro trimestre, as paróquias, os vicariatos episcopais e as regiões episcopais elaboraram o seu Plano. Agora, mãos a obra, que seja um compromisso de todos os cristãos concretizar Projeto e Plano por meio de processos eclesiais e ações evangelizadoras específicas.

A partir de hoje, publicaremos aqui as reflexões catequéticas de Neuza Silveira de Souza, coordenadora da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética de BH. Que esse esforço catequético ajude no desafio de tornar, ao alcance de todos/as, o Projeto conhecido e assumido.

 

Proclamar a Palavra:

ponto de partida para a evangelização

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5ª Assembleia Arquidiocesana do Povo de Deus, 15/10/2016, quadra do Colégio Pio XII, Belo Horizonte.

A Igreja de Belo Horizonte convida todos a conhecer e a vivenciar o Projeto de evangelização “Proclamar a Palavra”, fruto da 5ª Assembleia do Povo de Deus (5ª APD). Feito isso, nosso próximo passo será tornar conhecido e vivenciado esse rico projeto, por meio das nossas ações na igreja, bem como no cotidiano da vida familiar, nas escolas, no trabalho, nas vizinhanças, ou seja, no convívio interno dos nossos lares e nas periferias do nosso ethos (ambiente,  morada do homem, lugar que indica quais os traços característicos de um grupo humano qualquer que o diferenciam de outros grupos sob os pontos de vista social e cultural).

Em ambientes, onde se constrói a identidade social, somos convidados/as a assumir os compromissos propostos pela 5ªAPD e a levar o anúncio de Jesus Cristo para as nossas catequeses,  nossas comunidades, colocando a Palavra de Deus como eixo central de toda ação pastoral, evangelizadora e missionária da Igreja.

Apresentadas as diretrizes da nossa Arquidiocese para a elaboração dos planos pastorais, somos chamados/as a assumir os compromissos propostos conforme as necessidades de cada comunidade paroquial. Sejamos motivados/as pela palavra do Apóstolo Paulo que nos diz em sua carta aos Coríntios ( 1Cor 9,16): “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho”. Assim, somos interpelados/as a sermos discípulos/as e testemunhas do Ressuscitado, a trabalhar para que sua Palavra se torne conhecida.

Como evangelizar em nossas realidades?

Olhando ao nosso redor e observando os sinais que nos apontam que caminhos devemos percorrer, somos chamados/as, enquanto catequistas, a ajudar os/as nossos/as catequizandos/as,  mas também nossas famílias e nossas comunidades a fazerem a experiência do encontro pessoal com Jesus Cristo.

Através de Jesus Cristo, Deus se revela a nós, se dá a conhecer. É Jesus quem nos comunica tudo o que ouviu do Pai e nos convoca a transmitir aos outros e à Igreja, o que dele ouvimos. Como membro da Igreja, cada cristão tem o poder de revelar o amor de Deus, de amar e dar tudo de si àqueles que ama, assim como fez Jesus. Essa é a nossa missão de catequista.

Conectados ao projeto “Proclamar a Palavra”

O projeto de Evangelização “Proclamar a Palavra” é de todos/as e de cada um/a de nós. Assim, é fundamental assumi-lo como nosso, conforme as prioridades estabelecidas nos planos pastorais de nossas paróquias. Vamos caminhar juntos, colocar nossas experiências a serviço dos/as irmãos/ãs e construir redes de comunidades como espaços privilegiados de vivência da comunhão fraterna, conforme o proceder de Jesus. Vamos oferecer o que temos e sabemos àqueles que mais necessitam de nossos serviços; como Jesus, nos aproximar das realidades  onde, a olhos nus, enxergamos a pobreza e as injustiças.

Na prática das nossas ações, vamos olhar para as nossas crianças, acolhê-las, assim como Jesus fez, cientes de que com elas somos ainda mais capazes de sentir a ternura de Deus, a beleza do universo e a singeleza do agir cristão. Pensemos também nos jovens e nos adulto, na prática da solidariedade, da fraternidade. É importante oferecer uma palavra criadora, que salva, solidária com os pobres para promovê-los a um estado de dignidade e libertação para todos. Procurar formar pessoas adultas na fé e na responsabilidade, assumindo a realidade e se abrindo ao diálogo.

Vamos inaugurar um novo tempo com nossas catequeses querigmáticas para suscitar e fortalecer a fé no Cristo Jesus, centro da nossa fé trinitária. Tendo Jesus como fundamento da nossa fé, ele é aquele que nos propõe e não nos impõe. Cativados/as pela sua Boa-Nova, seu Evangelho, nós nos colocamos no seu seguimento. Seguir Jesus é o fundamento essencial e original da nossa vida cristã: como o povo de Israel seguia Deus, que o conduzia no deserto rumo à Terra prometida (cf. Ex 13,21), assim o/a discípulo/a deve seguir Jesus, para o qual é atraído pelo próprio Pai (cf. Jo 6,44).

Neuza

Neuza Silveira de Souza

Teóloga leiga, com especialização em teologia pastoral voltada para a catequese, objeto de sua especialização e pesquisa de mestrado. Atualmente, coordena da Comissão Arquidiocesana Bíblico-Catequética da Arquidiocese de Belo Horizonte.

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