Memória histórica – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Fri, 17 Jul 2020 14:14:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Memória histórica – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Neste contexto de violência e banalização da vida, especialmente da vida dos povos originários, evocamos a memória de São Bartolomeu de Las Casas https://observatoriodaevangelizacao.com/neste-contexto-de-violencia-e-banalizacao-da-vida-especialmente-da-vida-dos-povos-originarios-evocamos-a-memoria-de-sao-bartolomeu-de-las-casas/ Fri, 17 Jul 2020 14:14:42 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35106 [Leia mais...]]]>
São Bartolomeu de las Casas

No dia 17 de julho, na América Latina, evocamos a memória da morte-ressurreição do São Bartolomeu de las Casas, o primeiro bispo de Chiapas, missionário e teólogo dominicano que ficou conhecido como o “Apóstolo dos indígenas”, pois criticava a prática genocida dos conquistadores repetindo:

Nos corpos dos índios escravizados, o Cristo continua sendo crucificado pelos próprios cristãos!

O testemunho e o pensamento de São Bartolomeu de Las Casas foi fonte singular da Teologia da Libertação do teólogo dominicano peruano Gustavo Gutiérrez que, juntamente com outros teólogos cristãos católicos e protestantes, foi decisivo para alimentar a caminhada da Igreja dos pobres na América Latina e o processo de recepção do Concílio Vaticano II a partir da Conferência de Medellin, em 1968.

Neste momento em que, em nosso país, nos deparamos:

  • por parte do atual governo, com deliberada falta de políticas públicas emergenciais e renovado esforço de destruição das políticas públicas já existentes e garantidas na Constituição Federal;
  • com postura imoral, desumana e perversa de ignorar a urgências e de assumir a defesa da cidadania e, portanto, de não assumir a responsabilidade social do Estado, deixando que muitos integrantes das populações indígenas morram por causas que poderiam ser evitadas;
  • com renovada mentalidade de cobiça insaciável pelas terras indígenas e de exploração ecologicamente insana da Amazônia por parte de parcela significativa das elites econômicas, sobretudo ligadas ao agronegócio.

Que ressoe forte em nós o apelo do Espírito Santo para que nos solidarizemos e saíamos em defesa da cidadania e da dignidade dos povos originários e nos unamos a todos os irmãos e irmãs de cada um dos mais de 300 povos, nesta grande energia do amor que nos irmana e que vem do Espírito e é expressão da presença de Deus em nós.

Em carta enviada e divulgada na manhã de hoje, o monge beneditino, teólogo e biblista, Ir. Marcelo Barros diz:

Queridos irmãos e irmãs,
Hoje, 17 de julho, na América Latina, lembramos a morte de Bartolomeu de las Casas, o primeiro bispo de Chiapas, missionário e teólogo que criticava a conquista repetindo: Nos corpos dos índios escravizados, o Cristo continua sendo crucificado pelos próprios cristãos.
Neste momento em que o projeto do governo federal é praticamente deixar morrer as populações indígenas, que ressoe forte em nós o apelo do Espírito para nos solidarizarmos aos povos indígenas e nos unirmos a todos os irmãos e irmãs de cada um dos mais de 300 povos indígenas brasileiros, nesta grande energia do amor que vem do Espírito e é expressão de Deus em nós.
Sugiro, hoje, que façamos juntos com eles esta prece de um índio Guarani do sul do Brasil que recolhi no livro “Diálogos com o Amor”:


“Ó Grande Espírito, cuja voz ouço nos ventos e cujo alento dá vida a tudo o que existe no mundo, escuta-nos. Sou pequeno e fraco.
Necessito de tua força e sabedoria. Deixa-me andar em beleza e faze que meus olhos contemplem sempre com amor o vermelho púrpura do por-do-sol. Faze que minhas mãos respeitem todas as coisas que criaste
e meus ouvidos sejam aguçados para ouvir tua voz e segui-la.
Dá-nos a sabedoria para retomar as coisas antigas que ensinaste ao meu povo. Deixa-me aprender as lições escondidas em cada folha,
oculta em cada rocha. Dá-nos a força de nos manter unidos/as
e não querer sermos mais do que ninguém, mas unidos formarmos uma só família com todos os seres que criaste”.

Ouso ainda propor a vocês outro assunto. Como vocês sabem, incentivados por irmãos e mestres maiores como Adolfo Pérez Esquivel, Leonardo Boff e outros, há uma campanha mundial de solidariedade para pedir a concessão do Prêmio Nobel da Paz para a Brigada Henry Reeve, de médicos cubanos. Em uma conferência online, militantes e intelectuais, representantes de movimentos sociais em 14 nações – entre elas o Brasil – impulsionaram o movimento de coordenação da proposta no continente americano.
Além de propor reconhecimento ao trabalho, a indicação ao Nobel é uma forma de reconhecimento a um trabalho que é marginalizado por governos conservadores, em especial nos Estados Unidos.
Essa brigada atua desde 1963 quando socorreu milhares de pessoas na Argélia. Esteve presente e atuante no socorro às vítimas do terremoto do Peru (1970) e em 2007 no Haiti. Está presente em mais de 30 países do mundo. No Brasil, médicos cubanos que atendiam pelo Mais Médicos tiveram que deixar o país em meio a sucessivas ofensas por parte de Jair Bolsonaro. A histórica atuação para atendimento às vítimas do ebola na África Ocidental em 2014 e 2015 é reconhecida mundialmente. Em 2017, a brigada recebeu o Prêmio Doutor Lee Jong-Wook 2017 de Saúde Pública, entregue pela Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo trabalho. (Brasil de Fato, 15/ 07/ 2020).
A campanha está na internet e é facilmente acessada por quem quiser. Sugiro que todos os irmãos e irmãs que se sentirem sensibilizados/as por esta causa procurem assinar e divulgar. Muito obrigado e Deus os/as abençoe.

Abraço do irmão Marcelo

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