Leitorado e acolitado feminino – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 19 Jan 2021 13:10:06 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Leitorado e acolitado feminino – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Leitorado e acolitado feminino, um novo caminho nascido na Amazônia https://observatoriodaevangelizacao.com/leitorado-e-acolitado-feminino-um-novo-caminho-nascido-na-amazonia/ Tue, 19 Jan 2021 13:10:06 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=37630 [Leia mais...]]]> Coincidindo com a festa do Batismo do Senhor, algo que não pode ser visto como mera coincidência, o papa Francisco assinou um novo Motu Proprio, intitulado “Spiritus Domini“. Trata-se, concretamente, de uma modificação do cânon 230, parágrafo 1 do Código de Direito Canônico, e se refere ao acesso das mulheres ao ministério instituido do leitorado e acolitado.

Em suas palavras, o Papa coloca como base para sua decisão que esses ministérios são “uma forma particular de exercício do sacerdócio batismal“, dando mais um passo no Motu Proprio “Ministeria quaedam”, com o qual Paulo VI, em 1972, definiu os “ministérios leigos”, que eram reservados apenas aos que se preparavam para “a recepção do Sacramento da Ordem Sagrada”, e “a outros fiéis idôneos do sexo masculino”.

Como afirma o texto pontificio, pretende-se responder às discussões realizadas em “algumas assembleias do Sínodo dos bispos”, nas quais, segundo Spiritus Domini, “a necessidade de aprofundar doutrinariamente o tema tornou-se evidente, para que possa responder à natureza destes carismas e às necessidades dos tempos, e oferecer um apoio oportuno ao papel de evangelização que diz respeito à comunidade eclesial“.

Podemos dizer que esta é uma mudança que tem o Sínodo para a Amazônia como sua principal força motriz, que não devemos esquecer que entre seus objetivos estava a busca de novos caminhos para a Igreja, destacando a força da periferia e do discernimento sinodal. De fato, este foi um pedido expresso que a assembleia sinodal fez ao Santo Padre, como consta no Documento Final do Sínodo: “o Motu Proprio de Paulo VI, Ministeria quaedam, para que também mulheres adequadamente formadas e preparadas possam receber os ministérios do Leitorado e do Acolitado”, insistindo em “se promovam e se confiram ministérios para homens e mulheres de maneira equitativa“. Não esqueçamos que este documento foi assumido pelo papa Francisco, autorizando imediatamente sua difusão e oficialmente na Querida Amazônia.

O Documento Final também propôs a instituição de outro ministério, o de “mulher dirigente da comunidade”, algo que não é compreendido em outros contextos eclesiais, mas que, na Amazônia, onde a presença sacerdotal é reduzida a visitas esporádicas, não mais do que duas por ano em muitos casos, é mais do que necessário, já que ” a maioria das comunidades católicas é liderada por mulheres”. Da mesma forma, este documento insiste em fortalecer a participação das mulheres no discernimento e na tomada de decisões. Tudo isso em resposta ao que é dito no documento acima mencionado, que deixa claro que: “É a Igreja de homens e mulheres batizados que devemos consolidar, promovendo a ministerialidade“.

Esta insistência em “ampliar os espaços para uma presença feminina mais incisiva na Igreja”, é algo que faz parte do pensamento do papa Francisco desde o início de seu pontificado, e foi retomado na Evangelii Gaudium, considerada o programa de seu pontificado. O Sínodo para a Amazônia foi uma oportunidade para deixar claro qual deveria ser o papel da mulher na Igreja: “é necessário que a Igreja assuma em seu seio com maior força a liderança das mulheres, e que as reconheça e promova, fortalecendo sua participação nos conselhos pastorais das paróquias e dioceses, inclusive nas instâncias de governo”, algo que surgiu de forma clara e insistente no processo de escuta sinodal.

Muita gente, também o papa Francisco, é consciente do verdadeiro papel da mulher na Igreja da Amazônia, onde “há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decênios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente”, como ele diz em Querida Amazônia.

O papa Francisco, ao falar do papel da mulher na Igreja, sempre quis ir além de uma abordagem funcional, como ele afirma na Querida Amazônia, insistindo que a Igreja “sem as mulheres, ela se desmorona, como teriam caído aos pedaços muitas comunidades da Amazônia se não estivessem lá as mulheres, sustentando-as, conservando-as e cuidando delas“. Ele defende a exigência de “que estimulemos o aparecimento doutros serviços e carismas femininos que deem resposta às necessidades específicas dos povos amazônicos neste momento histórico”.

Sabemos que, na prática, isto é algo que já era assumido em muitos lugares e que algunos defienden que se debería llegar mucho más lejos en este campo. Pero no podemos olvidar que, en una Iglesia sinodal, es fundamental caminar juntos, evitando querer correr demasiado o empeñarse en posicionarse contra los signos de los tiempos. Los frutos del discernimiento deberían ser asumidos por todos, algo en lo que, una vez más, el Papa Francisco nos ha dado ejemplo al hacer efectivo el pedido de una asamblea sinodal, la primera en la que las mujeres tuvieron un papel más que destacado, hasta el punto de que como él mismo dice, “en el Sínodo, nos conmovieron a todos con su testimonio”.

O novo Motu Proprio pode ser visto como uma consequência das palavras em Querida Amazônia, onde se diz que o papel da mulher precisa de “uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo”, algo que agora pode ser realizado de forma canônica. Trata-se, como o texto divulgado em 11 de janeiro nos mostra, de enfatizar “a condição comum de ser batizado e o sacerdócio real recebido no sacramento do Batismo”, no qual homens e mulheres participam da mesma forma e com a mesma dignidade, algo nem sempre explicitamente reconhecido ao longo da história.

Sabemos que, na prática, isto é algo que foi assumido em muitos lugares e que alguns defendem que se deve ir muito mais longe neste campo. Mas não podemos esquecer que, em uma Igreja sinodal, é fundamental caminhar juntos, evitando querer correr demais ou comprometer-se a tomar uma posição contra os sinais dos tempos. Os frutos do discernimento devem ser assumidos por todos, algo em que, mais uma vez, o papa Francisco nos deu um exemplo ao tornar efetivo o pedido de uma assembleia sinodal, a primeira em que as mulheres tiveram um papel mais que destacado, ao ponto de, como ele diz, “no Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho”.

Sobre o autor:

Luis Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

A seguir, a versão do texto em espanhol:

Lectorado y acolitado femenino, un nuevo camino nacido en la Amazonía

Coincidiendo con la fiesta del Bautismo del Señor, algo que no puede ser visto como simple coincidencia, el papa Francisco ha firmado un nuevo “Motu Proprio”, que lleva por título “Spiritus Domini”. Se trata de una modificación del Canon 230, parágrafo 1 del Código de Derecho Canónico, y hace referencia al acceso de las personas del sexo femenino al ministerio instituido del lectorado y el acolitado.

En sus palabras, el Papa pone como base de su decisión que estos ministerios son “una forma peculiar de ejercicio del sacerdocio bautismal”, dando un paso a más en el Motu Proprio Ministeria quaedam, con el que san Pablo VI, en 1972, definía los “ministerios laicales”, que eran reservados a quienes se preparaban para “la recepción del Sacramento del Orden”, y “a otros fieles idóneos de sexo masculino”.

Como recoge el texto pontificio, se quiere dar respuesta a las discusiones llevadas a cabo en “algunas asambleas del Sínodo de los Obispos”, en las que según “Spiritus Domini” se “han evidenciado la necesidad de profundizar doctrinalmente en el tema, para que responda a la naturaleza de dichos carismas y a las necesidades de los tiempos, y ofrezca un apoyo oportuno al papel de la evangelización que atañe a la comunidad eclesial”.

Podemos decir que este es un cambio que tiene como principal impulsor el Sínodo para la Amazonía, que no olvidemos que entre sus objetivos tenía la búsqueda de nuevos caminos para la Iglesia, poniendo de manifiesto la fuerza de la periferia y del discernimiento sinodal. De hecho, ésta fue una petición expresa que la asamblea sinodal le hizo al Santo Padre, como recoge el Documento Final del Sínodo: “Pedimos revisar el Motu Propio de San Pablo VI, Ministeria quaedam, para que también mujeres adecuadamente formadas y preparadas puedan recibir los ministerios del Lectorado y el Acolitado”, insistiendo en “que se promuevan y se confieran ministerios para hombres y mujeres de forma equitativa”. No olvidemos que este documento fue asumido por el Papa Francisco, inmediatamente, autorizando su difusión inmediata y oficialmente en Querida Amazonía.

El Documento Final también proponía la institución de otro ministerio, el de “la mujer dirigente de la comunidad”, algo que no se entiende en otros contextos eclesiales, pero que, en la Amazonía, donde la presencia sacerdotal se reduce a rápidas visitas esporádicas, no más de dos por año en muchos casos, es más que necesario, pues “la mayoría de las comunidades católicas son lideradas por mujeres”. Así mismo, ese documento, insiste en potenciar la participación de las mujeres en el discernimiento y en la toma de decisiones. Todo ello queriendo dar respuesta a lo que se señala en el referido documento, que deja claro que: “Es la Iglesia de hombres y mujeres bautizados que debemos consolidar promoviendo la ministerialidad”.

Esta insistencia en “ampliar los espacios para una presencia femenina más incisiva en la Iglesia”, es algo que forma parte del pensamiento del Papa Francisco desde el inicio de su pontificado, siendo recogido en Evangelii Gaudium, considerado el programa de su pontificado. El Sínodo para la Amazonía ha sido una oportunidad para dejar claro cuál debe ser el papel de la mujer en la Iglesia: “es necesario que ella asuma con mayor fuerza su liderazgo en el seno de la Iglesia, y que ésta lo reconozca y promueva reforzando su participación en los consejos pastorales de parroquias y diócesis, o incluso en instancias de gobierno”, algo que apareció de forma clara e insistente en el proceso de escucha sinodal.

A nadie se le escapa, tampoco al Papa Francisco, el papel real que las mujeres tienen en la Amazonía, donde “hay comunidades que se han sostenido y han transmitido la fe durante mucho tiempo sin que algún sacerdote pasara por allí, aun durante décadas. Esto ocurrió gracias a la presencia de mujeres fuertes y generosas: bautizadoras, catequistas, rezadoras, misioneras, ciertamente llamadas e impulsadas por el Espíritu Santo. Durante siglos las mujeres mantuvieron a la Iglesia en pie en esos lugares con admirable entrega y ardiente fe”, como afirma en Querida Amazonía.

El Papa Francisco, al hablar del papel de las mujeres en la Iglesia, siempre ha querido ir más allá de un planteamiento funcional, como recoge Querida Amazonía, insistiendo en que la Iglesia, “sin las mujeres ella se derrumba, como se habrían caído a pedazos tantas comunidades de la Amazonia si no hubieran estado allí las mujeres, sosteniéndolas, conteniéndolas y cuidándolas”. Él defiende la exigencia de “estimular el surgimiento de otros servicios y carismas femeninos, que respondan a las necesidades específicas de los pueblos amazónicos en este momento histórico”.

El nuevo Motu Proprio puede ser considerado como una consecuencia de las palabras que aparecen en Querida Amazonía, donde se dice que el papel de las mujeres necesita “una estabilidad, un reconocimiento público y el envío por parte del obispo”, algo que ahora puede ser llevado a cabo de forma canónica. Se trata, como recoge el texto dado a conocer este 11 de enero, de enfatizar “la condición común de ser bautizados y el sacerdocio real recibido en el sacramento del Bautismo”, del que participan del mismo modo y en la misma dignidad los hombres y las mujeres, algo no siempre reconocido explícitamente a lo largo de la historia.

Sabemos que, en la práctica, esto es algo que era asumido en muchos lugares y que algunos defienden que se debería llegar mucho más lejos en este campo. Pero no podemos olvidar que, en una Iglesia sinodal, es fundamental caminar juntos, evitando querer correr demasiado o empeñarse en posicionarse contra los signos de los tiempos. Los frutos del discernimiento deberían ser asumidos por todos, algo en lo que, una vez más, el Papa Francisco nos ha dado ejemplo al hacer efectivo el pedido de una asamblea sinodal, la primera en la que las mujeres tuvieron un papel más que destacado, hasta el punto de que como él mismo dice, “en el Sínodo, nos conmovieron a todos con su testimonio”.

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