Igreja Missionária da Amazônia – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 02 Jun 2020 17:52:11 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Igreja Missionária da Amazônia – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 “Como é que a gente vai tirar o corpo fora? Não, jamais, jamais”. Entrevista com a ir. Firmina López, missionária salesiana na Amazônia https://observatoriodaevangelizacao.com/como-e-que-a-gente-vai-tirar-o-corpo-fora-nao-jamais-jamais-entrevista-com-a-ir-fermina-lopez-missionaria-salesiana-na-amazonia/ Tue, 02 Jun 2020 17:52:11 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=34779 [Leia mais...]]]> Quando alguém, após 50 anos de missão na Amazônia, em meio à pandemia que estamos enfrentando, em uma cidade onde a assistência à saúde é muito precária, se não praticamente inexistente, lhe diz: “Como é que a gente vai tirar o corpo fora? Não, jamais, jamais”, é uma prova clara de que existe pessoas que vivem a missão como algo vital.

É o exemplo da irmã Fermina López, que, mesmo com mais de 70 de idade, não deseja interromper a missão que está realizando em Barcelos – AM, cidade às margens do Rio Negro, um dia de barco de Manaus. Além disso, a salesiana diz que vive esse momento com “ansiedade por querer sair, ir às comunidades da periferia e encontrar lideranças, animadores, mas não podemos”. Ela até confessa que “as irmãs brigam comigo, porque não tenho medo, quero sair e fazer as coisas, como fazia nossa Mazzarello”, lembrando da fundadora e sua atitude em relação a uma pandemia de tifo que a Itália enfrentou em seu tempo.

Na cidade onde ela mora, os números oficiais já falam de mais de 350 infectados e 11 falecidos. As pessoas, na maioria dos casos, usam remédios naturais, inclusive as religiosas, a quem muitos vão pedir os remédios que cultivam em seu quintal. É uma ajuda material, mas também espiritual, enviando palavras de esperança e orando por todos aqueles que pedem suas orações.

Este é um momento em que podemos aprender muitas lições, de acordo com a irmã Fermina López, “especialmente a solidariedade, como ajudar os necessitados, a cuidar dos que estão ao nosso redor” e, junto com isso, “manter a esperança”, que nasce da confiança em Deus. Como algo típico do carisma salesiano, a religiosa sente o desejo de “ensinar aos jovens, mostrar essa bondade de Deus, que mesmo na provação, Ele está nos sustentando, nos dando coragem, sem nos deixar cair no pessimismo, na descrença”.

Confira a entrevista:

Ir. Firmina López

1. Como a senhora está vivendo este tempo de pandemia no meio da Amazônia?

Depois de 50 anos de missão na Amazônia, é uma experiência única, mas não boa. Dá muita ansiedade de querer sair, ir nas comunidades da periferia e encontrar as lideranças, os animadores, mas a gente não pode. Eles também foram contagiados, mas venceram, no bairro de Mariua, no bairro da Paz, no centro, no bairro São Sebastião. Está muito forte o foco, tem muita gente doente dentro de casa. Nós e nossos vizinhos, ninguém teve nenhum sintoma.

2. Numa região onde os recursos sanitários são muito limitados, como o povo, especialmente os povos indígenas, estão enfrentando este momento?

Ontem à noite, eu estava lendo que Marivelton, da FOIRN (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), ele está fazendo muito remédio caseiro. Outra jovem, ontem estava passando como fazer as famosas garrafadas, com mistura de casca de jambo, de manga, de cajú, de caxi, eles fazem uma mistura e o tomam continuamente. Eles estão preservando os remédios naturais, nós também, em casa não estamos tomando remédio de comprimidos, só o chá, toda hora, de manhã, de tarde e de noite. Eu sou a primeira que faço todos os dias.

Nossos vizinhos, eles também vivem nos pedindo as folhas, as cascas de árvore, mangarataia, hortelã, todos os remédios fáceis que tem aqui no nosso quintal, as plantas medicinais que nós sempre cuidamos, chegou a hora plena de usá-las e de facilitar as pessoas fazerem também.

3. O que vocês estão fazendo como Igreja para acompanhar a vida do povo?

O padre, desde finais de março, ele fica de manhã e de tarde a disposição. Como ele é psicólogo, toda hora ele tem gente lhe procurando. Junto com ele, nós fizemos duas campanhas de coleta de alimentos, entre os comerciantes e as pessoas de bem para levar a essas famílias que moram nas periferias. A gente motivou para doar, depois saiu juntando com o carro da paroquia e através das lideranças dos bairros, a gente foi distribuindo entre as famílias mais necessitadas. Uma vez foram 160, e agora, a semana retrasada, foram 212 cestas básicas completas. A Secretaria de Turismo daqui de Barcelos também doou muitas cestas básicas para poder levar para essas famílias.

Toda hora vem gente pedindo folha e esses remédios que sabem que nós temos. Limão, por exemplo, e aquela fruta daqui, o caxari, que junto com o limão faz um remédio muito forte. O povo que mora na beira do rio, eles têm essa árvore na beira do rio, é uma frutinha vermelha, miúda, parece com acerola, mas ela é muito forte em vitamina C. Quando a gente pergunta como eles estão, como superaram a doença, eles dizem que só tomando caxari, que é a fruta com mais vitamina C na região.

Muita gente telefona, vem na porta, pergunta o que tomar, pedem que a gente reze por eles. Também enviando mensagens através do whatsapp e do facebook, enviando palavras de esperança, também sabendo das notícias. Em toda Barcelos, que tem 30.000 habitantes, só faleceram 9 pessoas na cidade, já de idade e que tinham outros problemas de saúde.

4. Acabamos de celebrar a Semana Laudato Si’, que nos clama a cuidar da casa comum, da natureza. Diante de tudo isso que a senhora está dizendo, diante desses cuidados naturais, o que esse Semana Laudato Si’ pode nos ensinar em referência à pandemia do coronavirus?

A importância de cuidar da natureza, de preservar a floresta, suas árvores típicas e suas raízes curativas, assim como a água e o meio ambiente. Para eles, para nós, o valor dado às plantas, às árvores, às águas, isso que é importante para eles. A gente acompanhou esse convite de ouvir as palestras, de estar em sintonia, desse 5 anos de publicação da encíclica. Outras coisas com as pessoas, a gente não pode fazer, só enviar as notícias, os textos, as mensagens que chegavam para estar em sintonia. Também descobrir a importância da limpeza das ruas, nesse tempo que estão em casa, eles estão tendo mais tempo de cuidar.

A mesma coisa com o cuidado das plantas, sobretudo aquelas que são medicinais, que são muitas. O povo conta que, além da medicina, as plantas têm aqueles influxos, aquela mensagem positiva, que uma planta ajuda outra, que uma planta transmite energia positiva. Eles contam o que acontece com cada planta e para que serve.

5. Como religiosa, o que está significando para a sua vida espiritual esse momento que estamos vivendo?

Uma provação de não poder ficar em contato com as pessoas. Eu fico preparando o plano do grupo de crisma, o plano pastoral do colegio, atualizando, imaginando, pensando, quando tudo isso passar, como vou fazer, como vou fazer com os alunos, com os jovens, com o povo. Também a oração, nós estamos tendo mais tempo de oração, mais tempo para rezar, para pedir por cada pessoa que nos pede oração, que passa mal.

Com a gente, vive uma irmã que é de Maués, onde faleceu muita gente. Ela conta de gente perto da família dela, tios, primos… já faleceram várias pessoas conhecidas dela. A oração de manhã, de tarde, à noite, assistimos à missa pela televisão, inclusive acabaram as hóstias e estamos sem poder comungar sacramentalmente, só espiritualmente. Também aproveitamos para estudar os documentos que a congregação tem pedido.

6. Olhando para o futuro, o que a senhora pensa que a gente pode aprender, cada um de nós pessoalmente, mas também como Igreja, como humanidade, o que a gente pode aprender deste momento que estamos vivendo?

São muitas as lições que podemos tirar desse momento, sobretudo a solidariedade, como ajudar aqueles que estão precisando, o cuidado com aqueles que nos rodeiam, a atenção para não ser ponto de contagio. Devemos fazer um esforço para manter a esperança, de que tudo vai melhorar. O Pai nos ama, o Pai esta conosco, Jesus está vendo, Maria nos acompanha. Tem uma série de slogans que vão servir para agora e para depois. Também uma vontade grande de ensinar os jovens, de mostrar essa bondade de Deus, que mesmo na prova, Ele está nos sustentando, nos dando essa coragem, não deixando vir a cair no pessimismo, na descrença. Muita vontade de sair falando, dizendo, proclamando que a vida é maior e que temos que ficar atentos a essas vozes negativas dos meios de comunicação, tanta coisa que passa e que pode fazer os jovens ficarem perturbados, onde está a verdade, o que é melhor, como depois de tudo isso vamos nos comportar.

7. Depois de 50 anos de missão na Amazônia, diante dessas dificuldades que estamos vivendo, ainda tem vontade de continuar sendo missionária?

Sim, imagina. As irmãs brigam comigo, porque eu não tenho medo, eu fico querendo sair para fazer as cosas, como fazia nossa Mazzarello. A nossa fundadora, na sua época, teve uma pandemia de tifo. Ficou tudo escrito como ela fez, como ela se comportou. Também nos escritos de Dom Bosco, como ele ajudou as pessoas contaminadas, como preparou os jovens para ajudar, e como todos eles foram preservados nesse momento da pandemia do tifo na Itália.

Continuar, sim, mais ainda, no sentido de ver como eles precisam de alguém que seja amigo, que dê uma palavra de ânimo de confiança, que mostre que não tem medo, porque a fé e o amor é maior de que essas coisas negativas que nos rodeiam. Mas, por outro lado, tem que ficar atenta para não ficar no pessimismo, para não ficar com medo. Continuar na Amazônia, junto com eles, nessa luta tão grande que eles estão tendo, nesse cuidado que eles têm com a vida, vamos continuar.

Aqui havia um grupo grande de Ianomamis, que ficava muito tempo nos barracões, quando eles vinham para receber o bolsa família. Quando escutaram falar de pandemia, no final de março, todo sumiram, todos foram para o mato, e por lá estão se defendendo. Não tem ninguém que venha buscar alimentos, dinheiro, eles estão na sua vida, lá nas matas, nas muitas ilhas, nos muitos igarapés de Barcelos, onde tem peixe, onde eles podem ter comida em abundância, e essa fruta, caxari, que está lhes salvando.

Vamos continuar, sim, ninguém vai arredar o pé daqui, não. Não se pode arredar o pé da Amazônia. Tantas iniciativas para vir ajudar, como é que a gente vai tirar o corpo fora? Não, jamais, jamais.

Sobre o autor:

Luiz Miguel Modino

Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.

Confira, a seguir, a íntegra da entrevista em espanhol:

Fermina López: “¿cómo voy a querer dejar todo esto? No, nunca, nunca”

Cuando alguien, después de 50 años de misión en la Amazonía, en medio de la pandemia que estamos viviendo, en una ciudad donde la atención sanitaria es de lo más precario, por no decir prácticamente inexistente, te dice: “¿cómo voy a querer dejar todo esto? No, nunca, nunca”, esa es una prueba clara de que hay gente a la que la misión le corre por la venas.

Ese es el ejemplo de vida de Fermina López, que ya superados los 70 no está dispuesta a alejarse de la misión que lleva a cabo en Barcelos, una ciudad a la orilla del Río Negro, a un día de barco de Manaos, en el estado brasileño de Amazonas. Es más, la salesiana dice que vive este momento con “ansiedad por querer salir, ir a las comunidades de la periferia y encontrar a los líderes, los animadores, pero no podemos”. Incluso confiesa que “las hermanas pelean conmigo, porque no tengo miedo, tengo ganas de salir y hacer cosas, como lo hizo nuestra Mazzarello”, recordando a su fundadora y su actitud ante una pandemia de tifus que enfrentó Italia en su tiempo.

En la ciudad donde vive, los números oficiales ya hablan de más de 350 contagiados. La gente, en la mayoría de los casos, se sirve de remedios naturales, inclusive las propias religiosas, a quienes muchos acuden para pedir esos remedios que cultivan en su huerto. Es una ayuda material, pero también espiritual, enviando palabras de esperanza y rezando por todos aquellos que piden sus oraciones.

Este es un tiempo en el que podemos aprender muchas lecciones, según Fermina López, “especialmente solidaridad, cómo ayudar a los necesitados, cuidar a quienes nos rodean”, y junto con eso “mantener la esperanza”, que nace de la confianza en Dios. Como algo propio del carisma salesiano, la religiosa siente deseo de “enseñar a los jóvenes, de mostrar esta bondad de Dios, que incluso en la prueba, Él nos está sustentando, dándonos valentía, sin dejarnos caer en el pesimismo, en la incredulidad”.

1. ¿Cómo estás viviendo este tiempo de pandemia en medio de la Amazonía?

Después de 50 años de misión en la Amazonía, es una experiencia única, pero no buena. Hay mucha ansiedad por querer salir, ir a las comunidades de la periferia y encontrar a los líderes, los animadores, pero no podemos. También se infectaron, pero ganaron la batalla, en el barrio de Mariua, en el barrio de Paz, en el centro, en el barrio de San Sebastián. El foco es muy fuerte, hay muchas personas enfermas en casa. Nosotras y nuestros vecinos, nadie ha tenído ningún síntoma.

2. En una región donde los recursos de salud son muy limitados, ¿cómo enfrenta la gente, especialmente los pueblos indígenas, este momento?

Anoche, estaba leyendo que Marivelton, de la FOIRN (Federación de Organizaciones Indígenas del Río Negro), decía que la gente está haciendo muchos remedios caseros. Otra joven, ayer, estaba analizando cómo hacer las famosas “garrafadas”, con una mezcla de corteza de diferentes árboles, hacen una mezcla y la beben continuamente. Están preservando los remedios naturales, nosotras también, en casa, no estamos tomando pastillas, solo té, todo el tiempo, por la mañana, por la tarde, por la noche, soy la primera en hacer eso todos los días.

Nuestros vecinos, también nos piden hojas, corteza de árbol, hortelana, todos los remedios que tenemos a mano aquí en nuestra huerta, las plantas medicinales que siempre cuidamos, ha llegado el momento de usarlas y facilitar que la gente también lo haga.

3. ¿Qué hacéis como Iglesia para acompañar la vida de la gente?

Desde finales de marzo, el párroco ha estado disponible por la mañana y por la tarde. Como es psicólogo, tiene personas que lo buscan todo el tiempo. Junto con él, llevamos a cabo dos campañas de recolección de alimentos, entre comerciantes y buenas personas para llevar a estas familias que viven en las periferias. Motivamos a donar, luego nos fuimos con el coche de la parroquia y, a través de los líderes de las comunidades, lo distribuimos a las familias más necesitadas. Una vez hubo 160, y ahora, la semana anterior, se completaron 212 canastas. La Secretaría de Turismo aquí en Barcelos también donó muchas canastas de alimentos básicos para poder llevar a estas familias.

La gente siempre pide hojas y estos remedios que saben que nosotras tenemos, el limón, por ejemplo, y una fruta típica de aquí, el caxari, que junto con el limón son un remedio muy fuerte. La gente que vive junto al río, tienen este árbol cerca de casa, es una fruta roja pequeña, se parece a la acerola, pero es muy fuerte en vitamina C. Cuando preguntamos cómo están, cómo vencieron la enfermedad , dicen que solo toman caxari, que es la fruta con más vitamina C en la región.

Mucha gente llama, viene a la puerta, pregunta qué tomar, pide que recemos por ellos. También enviando mensajes a través de WhatsApp y Facebook, enviando palabras de esperanza, también conociendo las noticias. En todo Barcelos, que tiene 30,000 habitantes, solo 9 personas murieron en la ciudad, era gente mayor y tenían otros problemas de salud.

4. Acabamos de celebrar la Semana Laudato Si, que nos llama a cuidar la casa común, la naturaleza. En vista de todo lo que estás diciendo, en vista de estos cuidados naturales, ¿qué puede enseñarnos esta Semana Laudato Si en referencia a la pandemia de coronavirus?

La importancia de cuidar la naturaleza, preservar el bosque, sus árboles típicos y sus raíces curativas, así como el agua y el medio ambiente. Para ellos, para nosotros, el valor dado a las plantas, los árboles, el agua, que es importante para ellos. Seguimos la invitación a escuchar las conferencias, estar en sintonía, después de estos 5 años de publicación de la encíclica. No pudimos hacer otras cosas con la gente, solo enviar las noticias, los textos, los mensajes que llegaron para estar en sintonía. También descubrir la importancia de limpiar las calles, mientras están en casa, se toman más tiempo para cuidarlas.

Lo mismo con el cuidado de las plantas, especialmente las medicinales, que son muchas. La gente dice que, además de la medicina, las plantas tienen otras influencias, un mensaje positivo, una planta ayuda a otra, una planta transmite energía positiva. Cuentan qué sucede con cada planta y para qué sirve.

5. Como religiosa, ¿qué significa este momento que estamos viviendo en tu vida espiritual?

Una prueba, al no poder estar en contacto con la gente. Preparo el plan del grupo de confirmación, el plan pastoral de la escuela, actualizando, imaginando, pensando, cuando todo esto termine, qué es lo que haré con los estudiantes, con los jóvenes, con la gente. Oración también, estamos teniendo más tiempo para rezar, para pedir por cada persona que pide oración, que está enferma.

Con nosotras vive una hermana que es de Maués, donde murieron muchas personas. Ella habla de personas cercanas a su familia, tíos, primos, varias personas han muerto, conocidos de ella. Oración por la mañana, por la tarde, por la noche, vemos la Misa en la televisión, incluso las hostias han terminado y no podemos comulgar sacramentalmente, solo espiritualmente. También aprovechamos la oportunidad para estudiar los documentos que la congregación ha enviado.

6. Pensando en el futuro, ¿qué crees que podemos aprender, cada uno de nosotros personalmente, pero también como Iglesia, como humanidad, de este momento que estamos viviendo?

Hay muchas lecciones que podemos aprender de este momento, especialmente solidaridad, cómo ayudar a los necesitados, cuidar a quienes nos rodean, poner atención para no ser un punto de contagio. Debemos hacer un esfuerzo por mantener la esperanza, todo mejorará, el Padre nos ama, el Padre está con nosotros, Jesús nos está mirando, María nos acompaña. Hay una serie de eslóganes que funcionan ahora y más adelante. También un gran deseo de enseñar a los jóvenes, de mostrar esta bondad de Dios, que incluso en la prueba, Él nos está sustentando, dándonos valentía, sin dejarnos caer en el pesimismo, en la incredulidad.

Mucho deseo de salir a decir, a proclamar que la vida es más grande y que tenemos que ser conscientes de estas voces negativas de los medios, de tantas cosas que suceden y pueden perturbar a los jóvenes, mostrar dónde está la verdad, y lo que es mejor, cómo comportarse después de todo esto.

7. Después de 50 años de misión en la Amazonía, dadas las dificultades que estamos experimentando, ¿todavía quieres seguir siendo misionera?

Sí, imagina. Las hermanas pelean conmigo, porque no tengo miedo, tengo ganas de salir y hacer cosas, como lo hizo nuestra Mazzarello. Nuestra fundadora, en su día, vivió una pandemia de tifus, quedaron muchos escritos sobre lo que hizo, cómo se comportó. También en los escritos de Don Bosco, cómo ayudó a las personas contaminadas, cómo preparó a los jóvenes para ayudar y cómo se preservaron todos en este momento de la pandemia de tifus en Italia.

Continuar, sí, aún más, en el sentido de ver cómo necesitan a alguien que sea un amigo, que dé una palabra de confianza, que muestre que no tiene miedo, porque la fe y el amor son mayores que estas cosas negativas que nos rodean. Pero, por otro lado, hay que tener cuidado de no ser pesimista, no tener miedo. Continuar en la Amazonía, junto con ellos, en esta lucha tan grande que están teniendo en el cuidado de la vida, continuaremos.

Había un gran grupo de yanomami aquí, que pasaban mucho tiempo en los barracones, cuando venían a recibir las ayudas sociales. Cuando se enteraron de que había una pandemia, a finales de marzo, todos desaparecieron, todos fueron a la selva y allí se están defendiendo. No hay nadie que venga a buscar comida, dinero, están en su vida, en la selva, en las muchas islas, en los muchos arroyos de Barcelos, donde hay peces, donde pueden tener mucha comida, y esta fruta, caxari, que es salvándolos. Continuaré, sí, no me voy a alejar de aquí, no, no se puede uno alejar de la Amazonía. Tantas iniciativas para ayudar, ¿cómo voy a querer dejar todo esto? No, nunca, nunca.

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