Igreja do Brasil – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 06 Sep 2022 21:41:16 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Igreja do Brasil – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Bispos convidam Igreja do Brasil a trilhar caminho sinodal em vista das novas diretrizes gerais da ação evangelizadora https://observatoriodaevangelizacao.com/bispos-convidam-igreja-do-brasil-a-trilhar-caminho-sinodal-em-vista-das-novas-diretrizes-gerais-da-acao-evangelizadora/ Tue, 06 Sep 2022 21:41:16 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45851 [Leia mais...]]]> A presidência da CNBB e a secretaria geral divulgaram, no dia 02 de setembro, uma carta em que, em nome de todos os bispos da Conferência, convidam todo o povo de Deus a participar de um processo de escuta, oração e discernimento sinodal que culminará na constituição das novas diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja do Brasil.

As atuais diretrizes, previstas para o período de 2019-2023, foram reconfirmadas pelo episcopado até que este novo processo possa ser concluído em 2025, por ocasião da 62ª Assembleia Geral da CNBB e do Jubileu Ordinário.

O itinerário proposto pelos bispos prevê “prolongar o exercício da escuta, acolhendo a síntese das respostas ao sínodo sobre a Igreja Sinodal apresentadas pelas dioceses”, bem como as reflexões produzidas pela 59ª assembleia geral; viver, em 2023, um período de discernimento dos conceitos, metodologias e indicações pastorais das atuais diretrizes; recepcionar e aprofundar as indicações finais do sínodo em 2024; finalmente, apresentar uma nova redação das diretrizes por ocasião da assembleia geral de 2025.

Cabe destacar que a Conferência abriu um canal de consulta aos leigos e leigas, presbíteros, diáconos e consagrados(as) para que, através da Comissão do Tema Central, possam colaborar no discernimento a partir da resposta à seguinte provocação: “Diante do atual contexto social e eclesial, o que devemos considerar na elaboração das próximas diretrizes?”. As contribuições podem ser enviadas até 31 de julho de 2023 para o e-mail temacentral@cnbb.org.br

O convite à construção coletiva das diretrizes já é um importante fruto dos movimentos propostos pelo papa Francisco em torno da dinâmica da sinodalidade. Com ele, os bispos do Brasil dão um claro sinal daquilo que afirmam logo no início do comunicado: “entre nós, não há espaços para retrocessos.”

Para ler a carta completa clique aqui: Carta à Igreja no Brasil sobre o caminho sinodal para as diretrizes gerais da ação evangelizadora 

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Matheus Cedric Godinho
É professor de Filosofia e Ensino Religioso e autor de material didático para Educação Básica nas mesmas áreas. Leigo católico, cofundador da Oficina de Nazaré e membro do Conselho Editorial da Revista de Pastoral da ANEC. Atualmente coordena o Observatório da Evangelização PUC Minas.

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XV Seminário dos Bispos referenciais para o laicato e as CEBs https://observatoriodaevangelizacao.com/xv-seminario-dos-bispos-referenciais-para-o-laicato-e-as-cebs-2/ Thu, 04 Aug 2022 17:16:39 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45566 [Leia mais...]]]>

2º dia, Iluminar a realidade: Encantar a Política à luz do Magistério da Igreja.

Assim foi a acolhida, no estilo de sentir-se em casa, onde cada um que adentrava na sala, acolhia e partilhava a alegria do encontro, de maneira singular e carismática, até relembrando momentos vivenciados no primeiro dia do Seminário com descontração e entusiasmo.

Para oração inicial foi proposto a espiritualidade do Ofício Divino das Comunidades conduzida por Vanda – CNLB, no momento da Recordação da Vida foram citadas: a 40ª Assembleia Geral dos Leigos, a Romaria dos Mártires na Jornada ampliada das CEBs, a criação de novas comissões Justiça e Paz, a mais nova comissão Regional Nordeste 4 (Piauí), as novas Escolas de Fé e Política com a Escola Ir. Dorothy Stang de Campos- RJ. As falas orantes trouxeram inspirações para que reconheçamos que não é possível uma sociedade justa e fraterna, se não houver a participação na política e da política, que possamos encantar-nos pelo bem viver, pelo bem comum, nessa fraternidade e nessa entrega aos mais empobrecidos. E qual o problema nosso, nesta caminhada? Falta-nos organizar as pequenas comunidades, formar as nossas lideranças, parafraseando Frei Beto.

Iluminar para encantar-se

Dom Geovane deu boas-vindas, trazendo a análise de que “eu preciso respeitar o outro, a liberdade e reconhecer que posso estar errado em minha leitura, devemos vivenciar o ensino social da Igreja”.

Sônia: enfatizou que “o caderno Encantar a Política não é só um caderno para eleições 2022, mas um Projeto pensado em 2020, com quatro Comissões e Organismos”. E neste processo, recordou a fala de Dom Roberto sobre as Sementes Crioulas, ao afirmar que “o Projeto Encantar a Política é uma semente crioula, quer ter a vasta gama, e nunca vende suas sementes, mas troca as sementes”, à luz da Doutrina Social da Igreja e do que o Papa Francisco nos inspira, devemos buscar ser esse espaço de “troca de sementes”. Assim fez a apresentação do Assessor.

Pedro iniciou sua fala com um questionamento: porque é preciso “encantar a política”? Porque a Igreja Católica perdeu essa voz? Assim discorre sua análise, que não temos dentro da história republicana “uma política boa”, trazendo referencias do final da Guerra Fria, a vitória do mundo capitalista, neoliberal, globalizado, onde a economia vai se tornar o mundo, aludindo o pensamento a partir dos anos 90 para gestores administradores, e fazer o mínimo de administração, isso não é tomar “decisão política”.

A mudança cultural que visa o individualismo, ou seja, o princípio de que a sociedade não existe, existe o individuo e sua família. Assim, na prática, significa comprar uma liberdade individual, o estado surge como o garantidor dos direitos individuais, por exemplo: a vacina, “eu não vou vacinar”. O Neoliberalismo tem a pauta moral, assim as igrejas cristãs foram facilmente aderindo, como, por exemplo: “salva a tua alma”, ou seja, cada um com ideia individualista, esquecendo que o Reino é para todos. Na perspectiva de como são feitas as escolhas dos representantes, enfatiza-se que são através de “Propagandas Eleitorais, os Marqueteiros, que surgem para lapidar a escolha popular”.

Diante de tudo isso, surge o que chamou de voz profética, Papa Francisco, vem reforçar que somos todos irmãos e irmãs, a revolução da solidariedade (ser solidário entre nós), incluindo a irmã Terra, estamos todos no mesmo barco. Encantar a Política é uma proposta de mudança cultural, quando o Papa nos chama a atenção para universalização do amor cristão, trazendo a parábola do Samaritano: quem é meu próximo? Aquele que precisa de nós, todos que estão com a vida ameaçada, isso é Ensino Social, buscar o essencial e ir adaptando.

Posso ajudar uma pessoa a atravessar um rio, mas para que todos possam atravessar é necessário um ponte. E, para construir pontes é preciso da política, as grandes causas do Evangelho são justiça e paz, e onde houverem essas causas, haverá o sinal do Reino de Deus, lembra então o Grito pela Terra, o cuidar da Casa Comum. Além disso, ressalta que o momento político, o imperativo da política é unir o País, precisamos da democracia, de maneira participativa, e tendo os critérios éticos, e como fazer? Fazendo ecoar e deixar repercutir as falas de Francisco.

Processo de escuta e falas

Sérgio refletiu que mesmo a ciência, não é uniforme na identificação da realidade, deve ter o cuidado para não desvaliar os valores; Aroldo Braga perguntou: como encantar-nos pela política, com esse grande esforço para desencantar o cidadão pela política? Denilson Mariano, recordando que na Campanha da Fraternidade de 1996, onde o período estava mais tranquilo, diante dessa polarização, da violência em marcha, como podemos ajudar nossas comunidades neste momento eleitoral? Maria Rosa refletiu sobre a importância da vida em sua integralidade: educação e saúde, com a urgência da holística ao bem comum, e o desafio lançado em 2020, saúde para todos, onde as Políticas Públicas são fundamentais para garantir esses direitos; Marilza Shuína lembrou a bênção do Papa Francisco para a alta cúpula da Igreja em consonância a fala de Dom Helder Câmara “Quando dou comida aos pobres me chamam se santo. Quando pergunto por quê eles são pobres, me chamam de comunista”; Iarley ressaltou que o grande desafio é o testemunho cristão, estamos perdendo a capacidade de escutar as pessoas, e perceber até mesmo os que pensam diferente de nós; Pe. Ernanne Pinheiro indagou sobre qual o papel das religiões nesse contexto novo da política. Antônio Félix citou o diálogo entre dois vendedores ambulantes, discutindo sobre a corrupção das instancias que deveriam dar o exemplo, então como encantar a grande massa? Dom Roberto trouxe o aspecto religioso, a idolatria ao dinheiro, teologia da prosperidade; Dom Dirceu manifestou que pior que a polarização é a fragmentação. Lembrou os discursos binários e ressaltou o caminho que a CNBB vem seguindo no fortalecimento das instituições de estado e sociedade civil e de denunciar certas pautas sociais que não combinam com o Evangelho; Cidinha Longo,pergunta se está sendo sugerido que se siga a esquerda?

Diante das falas, Pedro refletiu que a ideia é levar a tona os diversos questionamentos, que nossa espiritualidade é terrestre, Madre Tereza atendeu aos pobres, uma espiritualidade do cuidado, devemos encantar-nos com a espiritualidade política, o que espanta é a falta de conhecimento, o medo, por exemplo, do “comunismo” que acabou há 30 anos, quando acabou a revolução soviética. O que sobrou dele (Cuba e Coreia do Norte) não ameaça ninguém. Precisamos que nossas igrejas sejam espaços de diálogo, citando a referência do livro de Josué, que é texto base do mês da Bíblia, sobre saber trabalhar para sair de uma linguagem individualista para, por exemplo uma linguagem de reforma agrária, onde se diga de todos e para todos. Chama para a necessidade de se posicionar, estar ao lado dos mais fracos, ao lado de Jesus, ao lado que perdeu para evitar maiores perdas. Para que haja um pouco mais de paz de justiça de fraternidade, saúde e educação para todos.

Caminhar juntos para Encantar a Política

Cada Organismo apresentou como estão caminhando, na perspectiva do Encantar a Política.

Patrícia Cabral, do CNLB, falou sobre os materiais, o hot site e seu amplo conteúdo, construído em coletividade e unidade.

Sérgio, do CARIS, destacou a Formação que visa três públicos: Academia, Líderes e Vocacionados, Populares: sobre a conscientização do voto… Destacou a parceria com a Canção Nova que proporcionou encontro com Juízes e Promotores; diálogo sobre os tipos de Servidor Público: Eleito, Convidado e Concursado.

Salete, da Ampliada Nacional das CEBs, enfatizou os quatros pilares que estão alicerçados: Palavra de Deus; Oração e vivencia em Comunidade; Eucaristia; Compromisso Social; destacando que estão inseridos na 6ª Semana Social Brasileira, Grito dos Excluídos, Romaria do(a) Trabalhador(a), nos Conselhos de Direitos.

Pe. Paulo Adolfo, do CEFEP, destacou as Lives e Encontros virtuais e presenciais com as temáticas que o caderno aponta; o envio de exemplares para as escolas; confecção dos cards etc. Explanou que o papel da Igreja não é apontar partido, mas formar para a visão crítica e iluminar a consciência, destacando três pontos do Encantar a Política: o caderno vai além do momento eleitoral, ele aponta uma política maior; o desafio é dar continuidade, continuar o Projeto pensando nas Eleições em 2024 e o acompanhamento dos que foram eleitos ou não; o curso de planejamento eleitoral, juntamente com a PUC.

Sônia retomou a questão da política partidária e a importância do apoio e incentivo ao laicato na política, os 60 mil exemplares do caderno Encantar a Política e o hot site, enfatizou: “que maravilha perceber e ver o caminho que estamos percorrendo”.

Dom Geovane: destacou alguns pontos: primeiro a importância das parcerias, a prova disso é a diversidade de iniciativas em âmbito nacional, segundo; o texto se insere na linha dos Documentos e a realidade da Igreja e seu posicionamento; terceiro, fato de o projeto ser construído por várias mãos, agradecendo aqueles e aquelas que estão com as mãos mais próximas, diretamente.

Após os avisos a oração foi conduzida por Dom Gabriel, que refletiu sobre colocar as mãos à obra, o grande louvor a Deus é o ser humano vivo, nossa paixão deve ser a paixão de Jesus por esse mundo. Nosso compromisso nos ajude a conhecer a verdade não das coisas, mas das pessoas, finalizando com a oração final do Papa Francisco na Fratelli Tutti.

Por: Érica Maria de Araújo Carvalho – CNLB – RN1

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XV Seminário dos Bispos referenciais para o laicato e as CEBs https://observatoriodaevangelizacao.com/xv-seminario-dos-bispos-referenciais-para-o-laicato-e-as-cebs/ Wed, 03 Aug 2022 11:44:20 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45530 [Leia mais...]]]> 1º dia, ver a realidade: Análise de conjuntura.

O Seminário teve início com uma acolhida feita por alguns bispos referenciais em cuja fala inicial prenuncia o anseio pela articulação entre fé e vida a serviço do Reino, na busca de uma sociedade justa e solidária, por meio do encantamento com a boa política.

Uma acolhida comprometida e profética:

Dom Giovane Pereira de Melo, citando Dom Walmor, lembrou que o tema deste seminário: “Encantar a Política” visa reunir pessoas e buscar meios para esse mutirão em defesa da vida e da democracia conforme já sustentado nos documentos do Magistério do Papa Francisco;

Dom Gabriel Marchesi manifestou a importância do diálogo para aprofundar as temáticas do momento político e social que vivemos, para que possamos ajudar o país numa reflexão pacífica;

Dom Roberto Francisco lembrou que estamos numa encruzilhada da história e que não sabemos o que virá. O Papa Francisco acena para a reconstrução do mundo por meio da “melhor política” e que é necessário, defender a democracia e não “cair no canto da sereia”;

Dom José Mário, reforçou a necessidade de interpretar os “Sinais dos Tempos” que vivemos. A crise da pandemia e a guerra envolvem o mundo todo. Jesus nos desafia a ser “sal e luz” diante dos novos desafios, na busca de uma sociedade justa e solidária;

Dom Francisco, que nosso país seja bem governado para o bem do povo brasileiro;

Dom Walmor de Oliveira (em vídeo mensagem enviada), precisamos firmar nosso compromisso, nosso dever cristão, diante das graves crises éticas e morais e não perder a esperança, inclusive no mundo da política. E isso exigirá vigor e participação de cada um/a, de modo coerente com o Evangelho para “Encantar a política”. Neste ano eleitoral, não agir com indiferença, mas ajudar a definir o voto para uma sociedade justa e solidária e rogou a bênção sobre todos os participantes e atividades a serem desenvolvidas neste seminário.

“O Caminho é este, é por aqui que vocês devem ir”

A oração de abertura foi motivada a partir da canção “Ruah”, composta pelo missionário verbita, Cireneu Kuhn, após o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga e pelo Evangelho do dia (Mt 14,22-36), ela foi conduzida por Pe. Paulo Adolfo, do CEFEP, destacando que quando estamos perto de Jesus não temos medo e que precisamos manter viva a chama da esperança: “esperançar…” e para isso é preciso “encantar a política”.

Após a oração inicial seguiu-se a apresentação rápida de cada um dos presentes e passou-se a um breve testemunho do Laudelino, como leigo cristão, destacando o que o levou a abraçar a ação política e até a assumir um cargo político.

Ele enfatizou a insistência de alguns documentos do Magistério no tocante à participação política ativa: Os cristãos como cidadãos do mundo têm uma missão irrenunciável no mundo da política porque aí se realiza o Reino de Deus (cf. Doc. CNBB, Catequese Renovada, n. 300); Para animar cristamente a ordem temporal de servir e pensar a sociedade os fiéis leigos não podem abdicar de sua missão na política… (cf. Christifidelis Laici, nº 42); Os católicos versados em política, alicerçados na fé cristã, não recusem cargos públicos… abram caminho para o Evangelho (cf. Apostolicam Actuositatem, nº 14); E ainda citou Bento XI no tocante à necessidade de explicitar a ligação entre o mistério eucarístico e a justiça social e que, só da eucaristia brotará a civilização do amor (cf. Sacramentum Caritatis). Por fim enfatizou que o projeto “Encantar a Política” é baseado nas Escrituras e no Magistério Eclesiástico. E finalizou com o destaque para o lema da 40ª Assembleia Nacional do Laicato: “O Caminho é este, é por aqui que vocês devem ir” (Is 30,21), mas que é preciso ter cuidado com o fermento dos fariseus e dos Herodes, conforme recomendado por Jesus.

Crise de mudança de época

Depois deste momento inicial de falas, oração, apresentação e testemunho, a palavra foi passada a Chico Botelho, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) para ajudar os presentes a tomar pé da realidade atual por meio de uma análise de conjuntura.

Destacou que a realidade é complexa, o que não significa que seja complicada, mas indica que todas as partes interagem entre si e com o meio, ou seja, “tudo está interligado”. Ele se propôs a fazer um “recorte” no amplo contexto para dedicar-se a dois eixos: o que acontece no mundo também se configura no Brasil? e Eleições 2022.

Sinalizou que as tendências internacionais apontam uma mudança de época, algo estrutural e profundo. O mundo forjado no pós II Guerra Mundial, caracterizado por forças bipolares (EUA e URSS) entrou em crise. A ascensão da China rouba a hegemonia Americana, a guerra na Ucrânia sinaliza para mundo multipolar. Isso se verifica ainda pela crise ambiental sem precedentes; o aquecimento global; a crise da globalização da economia, pelo retorno à economia nacionalista; pela política neoliberal que defende estado mínimo e faz aumentar as desigualdades sociais; por sua vez, a crise da financeirização que transfere as riquezas do setor produtivo para os bancos, uma “economia de papel” fictícia, frágil, resultando que muitos países não conseguem sair da crise e aumentam as desigualdades, a migração, a fome, o desemprego e a precarização das relações de trabalho.

Outro indicativo são os fenômenos emergentes do nazifacismo, uma onda de extrema direita mundial que começaram a ganhar as eleições em várias partes do planeta. Verdadeiro projeto de destruição dos oponentes verificados a partir de 2014 nas eleições da Áustria, na Alemanha, na França, com políticas de ódio, de divisão e contrários à migração. Essa onda começou a ser contida a partir da pandemia, (frente ao negacionismo à ciência). É o que se verifica em países como Espanha, Portugal, Alemanha, França, Chile, México, Peru e Colômbia. Os processos eleitorais apontam para o crescimento de outra esquerda, não tão radical.

Há uma crise de projetos e diante destas sombras, o Papa Francisco, com suas ações e Encíclicas, vêm tocando os principais problemas: crise ambiental, migração, caminho para a paz no mundo, uma nova economia (de Francisco e Clara) e um novo pacto educativo global. O Papa Francisco revela uma presença decisiva para o mundo neste tempo de crise.

Brasil e Eleições 2022

O cenário mundial se reflete em nosso Brasil. Estamos diante de uma crise econômica e social profundas, sem precedentes, com aumento da inflação, dos combustíveis, da fome, dos moradores de rua, que atingem sobretudo os setores mais pobres. Crescimento do emprego informal, queda da renda real e do poder aquisitivo do salário mínimo. E se pode dizer na situação do país: “há um Paraná inteiro de desempregados e uma Minas Gerais inteira de famintos”. Por outro lado, cresce a violência em geral e a violência político/eleitoral, que vai desde os assassinatos a ameaças de todas as formas. Como ponto positivo vemos aflorar os Movimentos Sociais, de estudantes, os coletivos de hip hop, funk, Movimento de Mulheres, Movimentos LGBTQI+, Movimento Negro, Movimento Indígena, Movimento dos Sem-Terra e Sem-Teto.

Por sua vez o cenário eleitoral parece consolidar-se em duas frentes: uma de Centro-Esquerda e outra de Extrema Direita. Não existem perspectivas reais para uma 3ª Via. Isso aponta para uma clara divisão da sociedade e cheia de incertezas. Grupos extremamente autoritários, com utilização do fundamentalismo religioso sob um moralismo conservador e carregado de hipocrisia, como a “marcha para Jesus” com ícone de um enorme revólver na passeata. Outro fator, a ameaça constante de golpe sinalizado nos ataques à democracia, e às urnas eletrônicas, como claro elemento de não reconhecimento dos resultados eleitorais. O resultado disso vai depender muito da reação dos militares diante dos acontecimentos eleitorais.

Vale ressaltar o posicionamento contrário dos EUA que não apoiam o golpe e os ataques à democracia no Brasil. Também o manifesto democrático da USP assinado por mais de 700 mil pessoas. O processo de eleição no Brasil tem que  ser repensado não como defesa dos nossos direitos, mas como processo de renovação, de eleição de parlamentares que façam a diferença e não do tipo atual que retiram os direitos do povo votam leis de favorecem o armamento da população.

Depois de sua fala, surgiram vários posicionamentos e questões, retomados por Chico Botelho. Ele finalizou ressaltando que sua análise não brota de uma ideologia, mas se fundamenta em dados reais, do Branco Central, de informações do Estado Nacional e de analistas sérios que comparam as várias pesquisas de intenção de voto para chegar a um parecer mais técnico e confiável que indique a tendência atual. E sinalizou que os fenômenos que se repetem em várias partes do mundo nos ajudam a entender a realidade e que precisamos buscar boas fontes, fontes confiáveis e encontrar meios de descobrir os sites e redes sociais que divulgam fake news, há ferramentas para isso. O seminário ainda terá mais dois dias de encontro, 03 e 04 de agosto de 2022.

 

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* Doutor em teologia, membro do grupo de pesquisa de Teologia Pastoral (FAJE) e da SOTER- Sociedade de Teologia e Ciências da Religião. Redator da Revista O Lutador, Integrante do MOBON – Movimento da Boa Nova. Membro do Observatório de Evangelização – PUC Minas.

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Economia de Francisco – Seminário PUC Minas https://observatoriodaevangelizacao.com/economia-de-francisco-seminario-puc-minas/ Tue, 12 Nov 2019 16:10:00 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=33149 [Leia mais...]]]> Um Seminário esperançoso, esclarecedor e inspirador! Assim ficou marcado o encontro na noite dessa segunda-feira, 11 de novembro, no auditório do Museu da PUC Minas, em BH, sobre a Economia de Francisco. Dezenas de pessoas participaram, entre elas, alunos, religiosos e religiosas, leigos e leigas da Igreja, pastoralistas, professores, padres, seminaristas, funcionários, coordenadores de Institutos, chefes de departamentos da Universidade e demais interessados. Também marcou presença o vice-prefeito de Belo Horizonte, Paulo Lamac.

Atendendo à realidade social e na perspectiva de uma economia para o bem comum, dom Joaquim Mol, reitor da PUC Minas, bispo auxiliar da Arquidiocese de BH, referencial da Região Nossa Senhora da Esperança (RENSE) e coordenador do Observatório da Evangelização, esteve presente na mesa redonda do Seminário Economia de Francisco. Com ele também participaram da mesa os professores Armindo dos Santos de Sousa Teodósio e Vander Luiz Aguiar, ambos do Instituto de Ciências Econômicas da PUC Minas (ICEG).

O evento promovido pelo Sistema Avançado de Formação ANIMA PUC Minas, em parceria com o ICEG, teve a palavra inicial do padre Aureo Nogueira, coordenador do ANIMA, que apresentou uma possível reflexão: “Será que a economia nos dias atuais é integral?”, a partir desse questionamento dom Joaquim Mol tomou a palavra e abriu a mesa redonda acolhendo a todos que estavam presentes no auditório, ele falou sobre o evento que acontecerá em março de 2020 em Assis, na Itália, a pedido do papa Francisco, com o intuito de reunir jovens economistas do mundo inteiro.

Seminário Economia de Francisco – ANIMA PUC Minas 2019

Com alegria, dom Joaquim Mol mencionou os três jovens que vão representar a PUC Minas no evento na Itália, junto ao papa Francisco, levando a ideia de projetos para uma economia sustentável, social e solidária e que já se tornou realidade em Belo Horizonte e Região Metropolitana. Ao iniciar sua breve apresentação, dom Mol disse:

Perguntam-me por aí: qual é a economia que mata? Em determinadas situações as pessoas que questionam isso tem uma dificuldade enorme para abrirem a cabeça e pensarem diferente, assim como fazem com os discursos e iniciativas do papa Francisco. Na Doutrina Social da Igreja, a economia é pensada de maneira integral, com humanismo, lembrando sempre da instância da ética e da moral. O que for contrário a isso se torna sinônimo de uma economia que mata.

Após a abertura da mesa foi passada a palavra para o professor Armindo dos Santos, do ICEG, que fez um panorama sobre o crescente capitalismo no mundo, alguns destaques negativos do socialismo e os seus impactos na sociedade.

Por incrível que pareça, por mais difícil que seja acreditar, saibam: nos dias atuais temos muito mais casos de escravidão no trabalho do que na antiga época da escravatura. Temos uma realidade capitalista que resulta no trabalho infantil, que oferece um trabalho precário e que favorece a degradação ambiental”, ressaltou o professor.

Já em seguida teve a fala o professor Vander Luiz Aguiar, também do ICEG, que apresentou um histórico sobre o avanço das políticas neoliberais, a desigualdade social e sobre o Brasil em seus aspectos econômicos. A partir disso, ele apresentou também a proposta das “Empresas Sociais”, que são pequenas empresas que partem de iniciativas dos próprios indivíduos, no intuito de se criar comunidades sustentáveis e produtivas.

Na segunda parte do Seminário, após as falas dos convidados da mesa redonda, foi aberto um espaço para os três alunos que vão para Assis, na Itália, representar a PUC Minas no evento Economia de Francisco. Cada um deles falou brevemente sobre seu projeto. Na ocasião também participaram representantes da comunidade indígena Pataxós, situada próximo à cidade de Brumadinho, aldeia que foi fortemente prejudicada pelos rejeitos de minério da empresa Vale, com o rompimento da barragem do Córrego do Feijão no início deste ano.

Os chefes da aldeia fizeram breves depoimentos sobre o desmatamento da região onde moram, além de declararem a difícil inserção social quando há, em uma sociedade capitalista, forte preconceito aos indígenas, desvalorização de suas culturas e artesanatos, frutos de suas rendas.

O Seminário teve fim logo em seguida, com o agradecimento a todos que estiveram presentes.

(Informações: Comunicação ANIMA PUC Minas /Observatório da Evangelização)

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