Grito dos/as Excluídos/as 2017 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Sun, 20 Aug 2017 21:07:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Grito dos/as Excluídos/as 2017 – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 A oração e o jejum de Jesus o impulsionava e o fortalecia para a missão profética do Reino de Deus https://observatoriodaevangelizacao.com/a-oracao-e-o-jejum-de-jesus-o-impulsionava-e-o-fortalecia-para-a-missao-profetica-do-reino-de-deus/ Sun, 20 Aug 2017 21:07:42 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=23391 [Leia mais...]]]> Data significativa e simbólica para nós brasileiros, o dia 07 de setembro, se aproxima. Nós cristãos consolidamos, nesta data, a importante prática de dar as mãos e juntar forças com os movimentos populares e pessoas de boa vontade para fazermos criativa e eticamente ecoar o “Grito dos/as excluídos/as”. Por todo o Brasil, acontecem manifestações, caminhadas e gestos simbólicos e proféticos, seja no sentido de denunciar as graves ameaças à vida de nosso tempo, seja para ensaiar os passos coletivos para a construção de outra sociedade possível: pautada pela justiça social, pela inclusão de todos na mesa da cidadania, pelo ideal da fraternidade-sonoridade universal e o cuidado coletivo com a nossa casa comum.

Chamou a atenção, nessa semana, a convocação da CNBB dirigida a todos os bispos para que, como cristãos, façamos um “Dia de jejum e oração pelo Brasil”. Embora tenha sido enviada uma bela e densa oração, com um conteúdo sintonizado com a situação sociopolítica vivida pelo nosso país, foi uma convocação sem qualquer referência ao “Grito dos/as excluídos/as”. Por quê não fazer do dia 06/09/2017 o dia de jejum e oração em preparação para a mobilização geral das manifestações do Grito dos/as excluídos no dia 07/09/2017?

Tendo a prática libertadora de Jesus, o profeta galileu do Reino de Deus, como fonte de inspiração, é claro que esta proposta tem profundo sentido. Como nos revelam os evangelhos, Jesus cultivava, em seu dia a dia, dentre outras práticas, o silêncio, a vigília de oração no cultivo da intimidade com o Pai, o jejum e a acolhida fraterna dos doentes e marginalizados. Tudo isso fazia parte da mística de Jesus. Tais práticas o encorajava e o fortalecia na missão junto ao povo, tanto no anúncio-testemunho do Reino, quanto na denúncia contra as injustiças políticas e a cumplicidade-promiscuidade das lideranças religiosas de seu tempo. Inúmeros sacerdotes, doutores da lei e fariseus não defendiam a dignidade e a vida do povo, ao contrário, juntavam-se aos saduceus e herodianos e avalizavam a dominação, a exploração e a exclusão social dos mais pobres.

Nenhum cristão, como discípulo ou discípula de Jesus, deve ver contradição entre o cultivo da mística e a prática profética cristã ou, o que seria ainda mais grave para a ação evangelizadora da Igreja, conceber um divórcio entre elas. A fé sem obras tende a deturpações, tanto quanto o ativismo social sem uma espiritualidade que nos anime e irmane na prática da justiça, da paz, da misericórdia e do amor fraterno. Nesse sentido, vale a pena ler o alerta lançado pelo sociólogo cristão Pedro A. Ribeiro de Oliveira, que durante muito tempo foi assessor da CNBB e, ainda o é, do Movimento fé e política e das Comunidades Eclesiais de Base – CEBs.

 

A CNBB recolhida em jejum e oração

Nada haveria de estranho no pedido de oração pelo Brasil, se ele fosse acompanhado de algum estímulo à participação na principal manifestação pública de protesto social: o Grito dos Excluídos“.

Pedro A. Ribeiro de Oliveira, doutor em Sociologia, professor aposentado dos PPGs em Ciências da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF e da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais – PUC Minas.

Eis o artigo.

Quem acompanha atentamente a conjuntura eclesiástica percebe a polarização do episcopado brasileiro entre aqueles que assumem as lutas dos Movimentos Sociais por Terra, Teto e Trabalho, e os que defendem a ordem estabelecida hoje representada pelo governo federal. Entre esses dois polos encontra-se a maioria dos bispos e sua expressão oficial – a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB.

A CNBB conquistou prestígio na sociedade quando se colocou como “voz de quem não tem voz” durante a ditadura de 1964-84. A autoridade moral então adquirida contribuiu decisivamente para o êxito de movimentos da sociedade civil como a inscrição dos Direitos de Cidadania na Constituição de 1988, o Combate à Fome e à Miséria, e a Ética na Política. Gradualmente, porém, ela foi-se retirando das mobilizações sociais e prestando-lhes um apoio pouco mais do que formal.

No dia 10 de agosto, ao concluir a reunião do Conselho Permanente – instância que responde pelo conjunto do episcopado brasileiro entre as Assembleias Gerais – veio o sinal de que essa retirada atingiu novo patamar. A Presidência da CNBB lançou uma Nota acompanhada de uma carta aos bispos, onde diz:

“Vivemos um momento difícil e de apreensão no Brasil. A realidade econômica, política, ética vem acompanhada de violência e desesperança. O Conselho Permanente, ao refletir o momento vivido, pediu que a Presidência enviasse carta ao irmão, sugerindo um Dia de jejum e oração pelo Brasil. Pediu igualmente que fosse enviada uma oração que pudesse ser rezada nas comunidades e famílias. O dia de oração e jejum sugerido é o dia 7 de setembro próximo.”

Nada haveria de estranho no pedido de oração pelo Brasil, se ele fosse acompanhado de algum estímulo à participação na principal manifestação pública de protesto social: o Grito dos Excluídos. Criado pela própria Igreja Católica como contraponto ao ufanismo que acompanha a parada militar e civil do Dia da Pátria, ele já está em sua 23ª edição. Sem violência, com criatividade, humor e senso crítico, ele acontece logo após o encerramento das comemorações oficiais mostrando o avesso da realidade brasileira. Vários grupos de cristãos participam desse ato, marcando sua presença entre os excluídos e excluídas do banquete do mercado.

Desconheço o processo que levou a CNBB a pedir oração e jejum mas não apoiar o ato público que acontecerá nas ruas de muitas cidades brasileiras, porque esse silêncio desclassifica o Grito dos Excluídos como legítima manifestação de protesto contra o “momento triste, marcado por injustiças e violência” a que se refere a mesma carta aos bispos. Desconfio, porém, que esse silêncio obsequioso sinaliza o recolhimento da Igreja Católica para dentro de si mesma – no aconchego dos templos e dos lares – na direção inversa da que pede Francisco:

“Saiamos, saiamos para oferecer a todos a vida de Jesus Cristo! Repito aqui, para toda a Igreja, aquilo que muitas vezes disse aos sacerdotes e aos leigos de Buenos Aires: prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias seguranças”. (A Alegria do Evangelho, 49).

Se essa hipótese é verdadeira, torna-se preocupante o atual momento eclesiástico porque sinaliza divergência entre a orientação pastoral dada pelo Papa e uma das principais Conferências Episcopais do mundo. Espero, portanto, estar enganado nesta análise da CNBB. Os fatos vindouros darão a resposta.

Fonte:

IHU

]]>
23391
Lançamento do Grito d@s excluíd@s 2017 em Belo Horizonte, dia 29/05/2017 https://observatoriodaevangelizacao.com/lancamento-do-grito-ds-excluids-2017/ Thu, 25 May 2017 18:58:09 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18375 [Leia mais...]]]> 18301385_10208599721165532_2644182252793343804_n
Cartaz do Grito dos/as Excluídos/as 2017

Grito d@s excluíd@s 2017

Por Laísa Campos

Jesus vivia sem teto e trabalho, como muitos indigentes e excluídos, buscando o Reino de Deus e sua justiça. Jesus declara que o Reino de Deus é para os pobres e os convida para a esperança, não para a resignação, porque quer que eles recuperem sua dignidade.

Ao dizer da pobreza Ele não fala de pobreza abstrata, fala dos pobres que trata enquanto percorre as aldeias, homens e mulheres sem possibilidade de um futuro melhor. Porque os pobres? Eles são melhores? Jesus nunca disse que eles são melhores. Deus se coloca do lado deles não porque merecem, mas porque precisam, porque eles sofrem e Deus defende aqueles que ninguém mais defende.

Dentro de uma perspectiva de Igreja profética, o seguimento de Jesus nos convoca a um compromisso com estes pobres e excluídos, e pensando nisso, em 1994, como gesto concreto da Segunda Semana Social Brasileira, a Igreja do Brasil instaura o Grito dos Excluídos. O primeiro acontece em 1995, com o Lema “A Vida em Primeiro Lugar”, que se manteve ao longo dos 23 anos de história de Gritos. No primeiro ano, em resposta à Campanha da Fraternidade que tinha como tema “A Fraternidade e os Excluídos”, o Grito se propõe a ser voz de denúncia às exclusões, e a valorizar os sujeitos sociais.

Sempre atento à conjuntura atual, neste ano de 2017, o Grito dos/as Excluídos/as traz como tema “Vida em Primeiro Lugar: Por direitos e democracia, a luta é todo dia!”, e convoca a todos e todas das Igrejas, pastorais, sindicatos, partidos, movimentos e organizações populares comprometidos com a causa dos excluídos a, assim como na Primeira Carta de Pedro às comunidades, “estar sempre prontos a dar razão da nossa esperança a todos que pedirem” (1Pd 3, 15b), e nos colocar lado a lado com os pobres e excluídos, e de forma alegre, aberta e plural, organizar nossas esperanças de uma sociedade melhor.

A data da manifestação popular é o dia 7 de setembro, dia da Independência do Brasil porque queremos refletir sobre nossa soberania à serviço das necessidades básicas da população. Queremos um Estado que esteja à serviço da nação, garantindo os direitos de cada cidadão e cidadã. Queremos ser voz profética na denúncia dos males que afetam a humanidade e construir juntos um mundo onde seja possível ser e estar com vida digna.

No ano de 2017, sofremos um golpe em nossa democracia, vimos nosso direito à eleições diretas serem retirados de nós e as reformas que estão sendo propostas – trabalhista e previdenciária – são na realidade desmontes e retirada de direitos conquistados pelos trabalhadores e trabalhadoras ao longo dos anos, que afetarão a todos e todas, e mais: são sinais de morte para os mais pobres da população. Não podemos ficar calados e caladas diante da situação. Precisamos seguir os ensinamentos de Cristo que não se calou frente aos vendilhões do Templo que exploravam o povo.

 É necessário olhar para nosso Estado e perceber que sua relação com a economia não está a serviço de todas as pessoas, e que sua relação com a mídia é de mascarar e manipular as informações na defesa de uma cultura do consumo. Toda essa realidade se opõe à Igreja em saída que o Papa Francisco defende: “essa economia mata, queremos uma mudança de estruturas” (Papa Francisco – Encontro Mundial dos Movimentos Populares, em Santa Cruz de la Sierra, no dia 09-07-2015).

Como um dos lugares possíveis de fazer valer nossa voz, na perspectiva da construção coletiva de uma bonita manifestação, no próximo dia 29 de maio, às 19 horas, acontecerá, no Salão da Igreja São José, no centro de Belo Horizonte, um lançamento do Grito dos Excluídos. Será momento de olhar para o chão de nossa realidade e perceber os gritos que são cotidianamente silenciados e fazê-los emergir juntos, e ecoar por todos os municípios de nossa Arquidiocese. Contaremos com a presença de Dom Otacílio de Lacerda, bispo auxiliar e referencial para Ação Social e Política. Você é convocado e convocada a estar conosco, partilhando tudo aquilo que lhe causa indignação perante as injustiças atuais: “Não pode faltar ninguém no grito dos/as excluídos/as”.

12247775_1089094964435043_6963059174960793418_oLaísa Silva Campos é psicóloga, especialista em juventude. Compõe a equipe de assessoria da Pastoral da Juventude na Arquidiocese de BH e da Cáritas Regional Minas Gerais. É membro da equipe de colaboradores jovens do Observatório da Evangelização.

]]>
18375