gaudete et exsultate – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Thu, 17 May 2018 14:36:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 gaudete et exsultate – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Uma santidade inserida no tempo: a chamada de Francisco https://observatoriodaevangelizacao.com/uma-santidade-inserida-no-tempo-a-chamada-de-francisco/ Thu, 17 May 2018 14:36:15 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=28079 [Leia mais...]]]> Por Faustino Teixeira

Hoje, 09 de abril de 2018, veio divulgada a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate (GE) do papa Francisco. A data do documento é 19 de março, por ocasião da solenidade de São José. Trata-se de uma exortação que abre pistas essenciais para o chamado à santidade. O mote é bem claro, vindo do evangelho de Mateus: “Alegrai-vos e exultai” (Mt 5,12). Uma palavra que vem dirigida “aos que são perseguidos ou humilhados por causa dele” (GE 1). O objetivo vem apresentado logo no início: “O meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez a chamada à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós ´para ser santo e irrepreensível na sua presença e amor` (Ef 1,4)”.

Não se trata de um tratado sobre a santidade, mas de um convite, de uma chamada à santidade (GE 2). O documento compõe-se de cinco capítulos: A Chamada à santidade (I); Dois inimigos sutis da santidade (II); À luz do mestre (III); Algumas características da santidade no mundo atual (IV); Luta vigilância e discernimento (V).

A partir de uma primeira leitura do documento busco aqui sublinhar alguns pontos que me chamaram a atenção neste primeiro momento, o que não significa que esta leitura seja a definitiva nem que exclua outras possibilidades de pontuação. Falo aqui do que me tocou de forma particular. Minha intenção é deixar o texto falar, comentando aqui e ali o que me chamou a atenção.

 

A Chamada à santidade (I)

O documento parte da referência à carta aos Hebreus, mencionando as várias testemunhas que nos encorajam no caminho da santidade, como Abraão, Moisés e Sara, entre tantos outros. Estamos, assim, rodeados de uma “nuvem de testemunhas” que nos ajudam a avançar e não nos deter no caminho (GE 3). Os santos estão, na verdade, “ao pé da porta”, e não se reduzem aos santos beatificados ou canonizados. Eles são os testemunhas tocados pelo Espírito, e este “derrama a santidade por toda parte, no santo povo fiel de Deus” (GE 6).

Os santos estão por todo canto, “no povo paciente de Deus”, entre mulheres e homens simples, aqueles que vivem bem “perto de nós”, como “um reflexo da presença de Deus” (GE 7). São pessoas muitas vezes anônimas: “Certamente, os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história” (GE 8). A santidade é o que há mais singelo na igreja, o seu “rosto mais belo”, mas encontra-se também fora de seu reduto, em áreas diversificadas (GE 9).

O papa Francisco nos recorda que pessoa alguma deve desanimar-se diante de modelos de santidade que aparecem como inatingíveis. Isto porque “a vida divina comunica-se ´a uns de uma maneira e a outros de outra`” (GE 11). Isto me faz lembrar Teresa de Ávila, no quinto livro das Moradas, capítulo terceiro, quando busca animar suas irmãzinhas no caminho da santidade, sobretudo àquelas que têm dificuldade de alcançar as mercês sobrenaturais. O caminho que ela indica é o mais cotidiano e vizinho: a prática do amor a Deus e o amor ao próximo. Insiste sobre a importância deste itinerário: guardando com firmeza esses dois mandamentos garante-se a profunda união com Deus (V M 3,7). E complementa Teresa: “E convencei-vos: quanto mais adiantadas estiverdes no amor ao próximo, tanto mais o estareis no amor de Deus” (V M 3,8).

Na visão de Francisco, para trilhar o caminho da santidade “não é necessário ser bispo, sacerdote, religiosa ou religioso” pois é um âmbito que se abre para todas as pessoas: “Todos são chamados a ser santos”, e isto nas simples ocupações do dia-a-dia (GE 14). A santidade brota e se irradia nos pequenos gestos, sempre “sob o impulso da graça divina” (GE 18).

O horizonte para o buscador deve ser sempre muito claro: o reino de Deus e sua justiça. Firma-se aqui para Francisco um dado que é fundamental: “Não se pode conceber Cristo sem o Reino que Ele veio trazer”. Identificar-se com o Cristo é também comprometer-se com o seu projeto de vida, com o horizonte almejado, de um reino de amor, justiça e paz para todos (GE 25).  Nesse projeto vital, nesta atividade que santifica, são essenciais os momentos de quietude e silêncio diante do Mistério maior. Francisco insiste na importância dos momentos de solidão sonora, em que se detém a corrida febril da vida para “recuperar um espaço pessoal, às vezes doloroso mas sempre fecundo, onde se realize o diálogo sincero com Deus” (GE 29). É o momento onde nos detemos para enfrentar “a verdade de nós mesmos” e nos deixamos “invadir pelo Senhor”. Sem tais momentos de desaceleração a própria missão sai prejudicada, quando então “o compromisso esmorece, o serviço generoso e disponível começa a retrair-se. Isto desnatura a experiência espiritual” (GE 30). Trata-se do “espírito de santidade”, imprescindível para a caminhada nos rastros do Mistério (GE 31). Francisco é bem claro: “Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo” (GE 33).

 

Dois inimigos sutis da santidade (II)

Nesse capítulo, Francisco chama a atenção para dois riscos presentes no caminho da santidade: o gnosticismo e o pelagianismo. No primeiro caso, a tentação de se fechar no campo subjetivo, “onde apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam”, mas que na verdade enclausuram a pessoa no âmbito da imanência (GE 36). No segundo caso, a tentação de atribuir centralidade ao esforço pessoal, deixando em segundo plano o mistério da graça.

Na verdade, segundo Francisco, com o pelagianismo firma-se uma “vontade sem humildade”, uma perspectiva que não reconhece devidamente “que a nossa realidade é fruto dum dom” (GE 55). Para Francisco, “só a partir do dom de Deus, livremente acolhido e humildemente recebido, é que podemos cooperar com os nossos esforços para nos deixarmos transformar cada vez mais” (GE 56). Aqui situa-se o desafio maior, de deixar-se “pertencer a Deus”.

 

À luz do Mestre (III)

Neste momento, Francisco busca retomar os ditos  de Jesus, como caminho singular para a compreensão e exercício da essência da santidade. Fala no desafio de “voltar às palavras de Jesus”, pois ali se encontra a chave de entendimento da santidade. O caminho está traçado numa resposta simples: fazer cada um “aquilo que Jesus disse no sermão das bem aventuranças” (GE 63). As bem-aventuranças guardam o segredo maior da santidade. O papa discorre sobre cada bem aventurança e assinala a importância da pureza de coração, da mansidão, da misericórdia, da fome e sede da justiça etc. O amor verdadeiro, insiste Francisco, é aquele que brota de um coração puro (GE 85-86). Fala também da virtude do perdão: “Jesus não diz ´felizes os que planejam vingança`, mas chama felizes aqueles que perdoam e o fazem ´setenta vezes sete`(Mt 18,22)” (GE 82). Recorda ainda o valor dos pacíficos, daqueles “que cuidam de semear a paz por todo lado” (GE 88). São eles “fonte de paz”, e não é nada fácil construir a paz evangélica, uma paz “que não exclui ninguém; antes, integra mesmo aqueles que são um pouco estranhos” (GE 89).

Viver a santidade é sobretudo “abraçar diariamente o caminho do Evangelho” (GE 94). Isto não é nada fácil! Trata-se de um caminho que num momento ou outro vai deparar-se com as incompreensões e a perseguição. A regra magna para a santidade vem ditada no capítulo 25 do evangelho de Mateus: “Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era migrante e me acolhestes, esta nu e me vestistes, estava enfermo e me visitastes, estava encarcerado e fostes ver-me” (MT 25,35-36). A santidade é algo bem terrenal, distante do êxtase que revira os olhos, e bem próxima do gesto que desvela o rosto do outro.

A santidade firma-se no solo da oração, não há dúvida, mas indica uma oração que alimenta “uma doação diária de amor”. A oração deve frutificar no âmbito da misericórdia: “O melhor modo para discernir se o nosso caminho de oração é autêntico será ver em que medida a nossa vida se vai transformando à luz de misericórdia” (GE 105). A misericórdia torna-se, assim, o “critério para individuar” os que são de fato verdadeiros filhos de Deus.

 

Algumas características da santidade no mundo atual (IV)

Neste capítulo, Francisco busca destacar os traços espirituais indispensáveis para o exercício da santidade, ou seja, para “compreender o estilo de vida a que o Senhor nos chama” (GE 110). Dentre as características indicadas sublinha a paciência e a mansidão, o traço da “solidez interior” (GE 112). Sublinha também a importância da humildade. Destaca ainda o traço da alegria e o sentido do humor. Indica que “o santo é capaz de viver com alegria e sentido de humor. Sem perder o realismo, ilumina os outros com um espírito positivo e rico de esperança” (GE 122). Para esta alegria busca inspiração nos profetas e em Maria. Nada impede a dinâmica da alegria, esta força de resiliência que vence os momentos difíceis e encontra o ritmo de luz nas frestas do tempo: “Nada pode destruir a alegria sobrenatural, que se ´adapta e transforma, mas sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados`” (GE 125). Ao lado da alegria, a ousadia e o ardor. A santidade, indica Francisco, “é ousadia, é impulso evangelizador que deixa uma marca no mundo” (GE 129). Seu impulso vem de Jesus: “Olhemos para Jesus! A sua entranha de compaixão não era algo que o ensimesmava, não era uma compaixão paralisadora, tímida ou envergonhada, como sucede muitas vezes conosco. Era exatamente o contrário: era uma compaixão que o impelia fortemente a sair de si mesmo a fim de anunciar, mandar em missão, enviar a curar e libertar” (GE 131).

Em sua prática, Jesus se alimentava do Deus sempre maior, do Deus que é novidade, que impele à saída e que nos convoca ao êxodo e ao movimento, a “mover-nos para ir mais além do conhecido, rumo às periferias e aos confins. Leva-nos aonde se encontra a humanidade mais ferida e aonde os seres humanos, sob a aparência da superficialidade e do conformismo, continuam à procura de resposta para a questão do sentido da vida” (GE 135).

A experiência da santificação ocorre em comunidade, é o que nos lembra Francisco. É um caminho comunitário, de criação de um espaço teologal que faculte a experiência do Senhor ressuscitado (GE 142). Os buscadores são despertados ao exercício de atenção aos “pequenos detalhes do amor” (GE 144-145), onde vigora o cuidado mútuo e o exercício de discernimento do projeto do Pai. Tudo isto num clima constante de oração: “O santo é uma pessoa com espírito orante, que tem necessidade de comunicar com Deus” (GE 147). Francisco adverte que não pode haver santidade sem oração. Todos buscadores necessitam de um “silêncio repleto de presença adoradora” (GE 149).

Luta, vigilância e discernimento (V)

No último capítulo de sua Exortação Apostólica, Francisco fala sobre a “luta permanente” que anima a vida cristã. Trata-se de um projeto que requer força, coragem e resistência diante das amarras do mal (GE 158). O maligno está aí, sempre por perto, com suas maquinações. Há que resistir com vigor contra suas artimanhas. Como antídoto, trilhar com serenidade “o progresso no bem, o amadurecimento espiritual e o crescimento do amor” (GE 163). Requer-se igualmente o exercício contínuo de discernimento, não apenas nos momentos extraordinários, mas também na luta do dia-a-dia. Há que permanecer em estado de atenção ao Senhor, de “obediência ao evangelho”. Este caminho de atenção nos coloca em sintonia fina com a liberdade de espírito, em atitude de escuta do Senhor, dos outros e da realidade (GE 172).

Sem dúvida, estamos diante de um documento de atualidade inédita, que abre caminhos novidadeiros para a nossa ação profética no tempo, que aponta pistas fundamentais para viver a dinâmica da santidade. Tudo em límpida sintonia com o caminho de coerência de Francisco, cuja nota essencial é dar continuidade ao projeto de vida do evangelho.

Fonte:

fteixeira-dialogos.blogspot.com.br

 

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ANALFABETOS ECLESIAIS: UM NOVO RADICALISMO https://observatoriodaevangelizacao.com/analfabetos-eclesiais-um-novo-radicalismo/ Fri, 13 Apr 2018 17:56:07 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27819 [Leia mais...]]]> Por: Pe. Matias Soares

A intenção desta reflexão é situar uma nova categoria que – devido à falta de conhecimento do pensamento da Igreja a partir das suas fontes genuínas e autênticas, que são a Sagrada Escritura e a Tradição Eclesial Viva, com a interpretação do seu magistério – tem assumido um radicalismo violento, irresponsável e imaturo na concepção e modo de proceder do seu “sentir contra a Igreja” e não “com a Igreja”.

radicalismo 2

Quando penso sobre o significado de radicalismo, o diferencio de radicalidade evangélica, no seguinte:

1. A radicalidade: esta é fruto da nossa conversão diária e permanente, que nos torna dóceis ao chamamento do Senhor. É fruto da nossa fé e confiança na ação gratuita, misericordiosa e amorosa de Deus-Pai. Por ela, somos chamados a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. Ela não exclui, não mata, nem promove a injustiça e a desunião… Ela nos torna sinais da presença do Reino de Deus, já aqui e agora.

2. O radicalismo: esse nos faz preconceituosos e excludentes. Leva-nos ao fundamentalismo, ou é fruto deste. Não é sinal do amor de Deus. Não brota do coração que ama, mas da hipocrisia. Não gera a vida, e sim a morte. Não permite que haja compaixão e misericórdia. Nos tenta a querer tomar o lugar de Deus. Torna-nos autorreferenciais e não seguidores autênticos de Jesus Cristo, que anunciou e testemunho o Reino de Deus, fazendo a vontade do Pai-Nosso.

Em outra consideração, já havia abordado essa questão. A radicalidade evangélica é própria da santidade cristã. Sobre o fundamento da mesma, assim ensina o Papa Francisco na sua Exortação: “Sobre a essência da santidade, pode haver muitas teorias, abundantes explicações e distinções. Uma reflexão do gênero poderia ser útil, mas não há nada de mais esclarecedor do que voltar às palavras de Jesus e recolher o seu modo de transmitir a verdade. Jesus explicou, com toda a simplicidade, o que é ser santo; fê-lo quando nos deixou as bem-aventuranças (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23). Estas são como que o bilhete de identidade do cristão. Assim, se um de nós se questionar sobre como fazer para chegar a ser um bom cristão, a resposta é simples: é necessário fazer – cada qual a seu modo – aquilo que Jesus disse no sermão das bem-aventuranças. Nelas está delineado o rosto do Mestre, que somos chamados a deixar transparecer no dia-a-dia da nossa vida”. (Cf. GE, n. 63). Para ser cristã e viver a sequela de Cristo, o que é essencial é a vivência do Evangelho. Quando percebemos a diferença entre radicalismo e radicalidade, podemos ter um termômetro das condições, às quais estão a delimitar e sufocar o essencial espírito do que é o Reino de Deus.

Existe um “analfabetismo eclesial e evangélico” das novas gerações de milhares de membros de comunidades eclesiais, que renegam constantemente a essência do Cristianismo. Esta está configurada e qualificada pela vida e obra de Jesus de Nazaré, o Ressuscitado e nosso único Salvador. Para muitos, que se dizem cristãos, mas que não entram na lógica universal e necessária do Evangelho, o Cristianismo não está sendo verdadeiramente assumido. . Esse fenômeno da superficialidade da vida cristã fez com que, em séculos anteriores, os mestres da suspeita (segundo expressão de Paul Ricoeur) Freud, Nietzsche e Marx, percebessem, sim, as lacunas da “religião cristã”. Isso porque muitos que se diziam cristãos se esqueceram de testemunhar com a própria vida a fé, à qual se converteram. A grande ânsia do mundo contemporâneo sobre a credibilidade de quem é o “cristão” passa pela santidade de vida. Neste aspecto está o porquê da exortação do Papa Francisco: o testemunho. Ser radicalmente seguidor de Jesus de Nazaré é viver o que se professa no dia a dia da história, em cada estado de vida e consagração que são assumidos pelo fiel batizado, que testemunha o que é-lhe próprio como cristão.

Os Analfabetos Eclesiais, deste modo, não são ignorantes só do que a Igreja ensina, como também não conhecem o que o próprio Evangelho ensina. Há um “Analfabetismo Evangélico”. Os paladinos do secundário, que não recordam do essencial, estão assumindo novas formas de contraposições ao significado da dinâmica cristã. O Pontífice os descreve com simplicidade e muita clareza, sem deixar a profundidade teológica, na sua Exortação sobre a Santidade:
a) O gnosticismo: “supõe uma fé fechada no subjetivismo, onde apenas interessa uma determinada experiência ou uma série de raciocínios e conhecimentos que supostamente confortam e iluminam, mas, em última instância, a pessoa fica enclausurada na imanência da sua própria razão ou dos seus sentimentos” (cf. GE, n. 36).
b) O pelagianismo: “o gnosticismo deu lugar a outra heresia antiga, que está presente também hoje. Com o passar do tempo, muitos começaram a reconhecer que não é o conhecimento que nos torna melhores ou santos, mas a vida que levamos. O problema é que isto foi sutilmente degenerando, de modo que o mesmo erro dos gnósticos foi simplesmente transformado, mas não superado. Com efeito, o poder que os gnósticos atribuíam à inteligência, alguns começaram a atribui-lo à vontade humana, ao esforço pessoal” (cf. GE, n. 47-48).

Essa ideologização, que degenera a beleza do Evangelho está obscurecendo a consciência de muitos batizados. O ódio, a intolerância, a falta de caridade, que é o pior dos pecados do discípulo de Jesus, na hierarquia das virtudes, foi e continua a ser fonte de divisão e perversão da Igreja do Senhor (cf. Mc 3,24; Jo 17,21). A polarização política, que tem como parâmetro a divisão para o domínio, tornou-se mais penetrante do que a comunhão das e nas diferenças, que é própria da comunidade cristã. Pois, “a comunhão é o sacramento da comunidade” (R. Guardini).

Penso que um redescobrimento da importância da espiritualidade eclesial é urgente na vida da Igreja. Isso é indispensável para o fortalecimento e testemunho do que a Igreja deve e precisa ser para o Mundo e, muito especialmente, para o povo brasileiro. Tudo que contribui para que não se dê o testemunho de unidade é uma chaga aberta no corpo eclesial. Conversão ao Evangelho e à identidade da Igreja. Que o Espírito Santo nos fortaleça nessa busca que é o grande desafio da fé da comunidade eclesial para os tempos de hoje. Nisto consiste também a nossa santidade. Assim o seja!

 

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