Eduardo Machado – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 08 Mar 2021 10:55:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Eduardo Machado – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 “oracaodesaofrancisco.com”, com a palavra Eduardo Machado https://observatoriodaevangelizacao.com/oracaodesaofrancisco-com-com-a-palavra-eduardo-machado/ Mon, 08 Mar 2021 10:55:53 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=38660 [Leia mais...]]]> Para ser rezado todas as vezes que, pela primeira vez no dia, você ligar o computador ou o celular. Reze sim. E, se lembrar, reze por mim…

oracaodesaofrancisco.com

Senhor,

quando eu estiver navegando nas Redes Sociais

fazei de mim instrumento de vossa paz.

Nos sites onde houver discurso de ódio

que eu poste amor.

Nos comentários, onde houver ofensa

que eu lembre a força libertadora do perdão.

Nos grupos, onde houver discórdia

que eu ofereça a possibilidade da união.

Onde houver dúvida sobre a sinceridade das pessoas

que eu restaure a fé naquilo que nos torna irmãos.

Onde houver erro, ou a desconfiança de uma fakenews

que eu mostre os caminhos que nos conduzem à verdade.

Onde houver desespero pela avalanche de notícias ruins

que eu faça brilhar, sem ingenuidade ou alienação, a esperança.

Onde houver tristeza, desânimo, apatia

que eu seja sinal de alegria.

Onde houver trevas, portas e corações fechados

que eu possa abrir frestas e janelas por onde entre luz.

Ó Mestre,

que ao seguir ou ser seguido por amigos e amigas

deste mundo virtual tão complicado

que eu procure mais consolar que ser consolado

compreender que ser compreendido

amar, que ser amado

pois não é só dando likes

que se recebe carinho verdadeiro.

É perdoando e relativizando os excessos

nesses tempos de tanta tensão e medo

que se é perdoado.

E é morrendo para o radicalismo dos cancelamentos

que se nasce para a vida que, se aqui não é eterna

pode ter o tamanho do HD do Facebook.

Amém!

Eduardo Machado

In “PoeMística Urbana”

Livro em busca de uma editora

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização – PUC Minas.

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Aglomerou https://observatoriodaevangelizacao.com/aglomerou/ Wed, 13 Jan 2021 14:07:29 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=37615 [Leia mais...]]]>
Pintura de Cláudio Pastro na Capela Santíssima Trindade – Itaici-Vila Kostka

Na minha caminhada, ontem, pela orla da lagoa, meu irmão, o Alexandre, me acompanhou. Uma conversa medida em quilômetros. Que preciosidade!

A certa altura ele desabafou: “algumas das melhores coisas da vida a pandemia nos tirou: encontros com amigos, com a família, cinema, teatro, viagens; tudo depende de aglomeração”!

O Espírito de Amor bateu à porta do meu coração e na brisa da manhã me sussurrou: “Vocês são imagem e semelhança de um Deus que É aglomeração”…c verdade, desde sempre, Deus aglomerou, pois era a única forma de ser amor. Trindade é encontro, convívio e partilha de amor que transborda na Criação.

As galáxias, com suas constelações de estrelas e planetas; as nebulosas inundando o universo de brilho e beleza. À nossa volta, os oceanos e mares, rios e lagos, plenos de vida.

Vida que se espalha pelas florestas, campos, savanas, montanhas, por toda parte. Até desertos escondem maravilhas da vida que resiste, insiste e existe.

Nós, habitantes deste pálido ponto azul, vidas múltiplas, originais, surpreendentes, inspiradoras, vivemos cercados dessa imensa aglomeração de beleza que nos invade e se revela também nos mistérios da vida que se reproduz, invisível, em nossos bilhões de células. Somos aglomeração. É nossa gênese, nossa vocação.

E tudo, inclusive você, que me lê, cabe no meu coração…

Eduardo Machado

13/01/2021

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização – PUC Minas.

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Uma conversa de Natal https://observatoriodaevangelizacao.com/uma-conversa-de-natal/ Sat, 26 Dec 2020 01:11:32 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=37405 [Leia mais...]]]>
Maria, Mãe do Filho de Deus – Globo Filmes (Imagem disponível na internet.)

– Bença, mãe!

– Você nos abençoe, meu filho! Que bom que veio me ver.

– É meu aniversário. Natal! No primeiro você estava comigo, eu estava com você. Bateu saudade, mãe. Lembrei de Nazaré, dos meus amigos, ouvi até o barulho de papai trabalhando na carpintaria…

– Boas lembranças, meu filho. Fomos muito felizes naquela casinha.

– Mãe, Deus pode ter saudade?

– Jesus; não se esqueça de que você também é humano…

– Às vezes penso que é a melhor parte de mim…

– Tá tristonho, meu filho. Seu olhar…

– Às vezes me dá vontade de usar o poder divino pra voltar pra lá, viver aquele tempo de novo.

– Não será “de novo”, meu filho. Não é possível viver “de novo”. O novo sempre será diferente do já vivido. Tem um moço que passa aqui, de vez em quando, o Heráclito, gosto muito de conversar com ele, que me disse: “Ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente, não se encontra as mesmas águas, e a própria pessoa também já se modificou”…

– Grande filósofo… mas todo Natal me bate esse banzo, mãe. Fico vendo as famílias reunidas, os amigos, as festas ao redor da mesa, me dá saudade. Aqui, no céu, às vezes é um paradeiro… Maria riu…

– Imagino, você não parava um minuto. Desde criança, correndo pela vila e depois, já adulto, andando pra todo lado com aquele bando de malucos que o seguiam.

– Bons amigos! Como nos divertimos. Que pescarias! Bons tempos aqueles antes da eternidade…

– A eternidade é um tempo que não tem tempo, meu filho. A diferença é o que a gente pode viver dentro dele. Mesmo aqui, no céu.

– E nós vivemos muita coisa boa naquele tempo, né mãe? A senhora não sente saudade?

– Claro que sim! Mas não sou saudosista.

– Como assim?

– Olha o onisciente…

– Você é humana de nascença. Eu não. Às vezes é difícil entender os humanos.

– Não devia ser. Vocês os criaram. Pergunte ao Pai, ao Espírito.

– Gosto de conversar com você. Às vezes falta sabedoria feminina na nossa Trindade…

– Filho, saudade é diferente de saudosismo. Saudade é recordar…

– Re-cordis, trazer de novo ao coração, você falava isso desde que eu era menino…

– Pois é, trazer à memória do coração lugares, pessoas, acontecimentos. Lembrar o vivido no passado que nos ensina a viver o presente.

– Presente que aqui se chama ‘sempre’. Eternidade, não se esqueça…

– Isso sempre me confunde. Quem viveu dentro do Tempo…

– Continue, mãe, tô aprendendo…

– Pois então: A saudade deve ser um farol que ajuda a alumiar o que vem pela frente. Quem vê a saudade pelo retrovisor fica preso num passado que não vai voltar.

– No saudosismo…

– Isso. Daí vem muito sofrimento. Nesses momentos de festa, muita gente se deixa prender pelo que já foi e não vive o que é. Ao invés de pegar as boas lembranças e transformá-las em alegria, gratidão, e iluminar o presente, ficam presas na névoa cinzenta de um tempo que já passou. Eu, por exemplo, tenho muita saudade do menino levado que você foi, mas isso me ajuda a apreciar e admirar ainda mais o homem em que você se tornou. Aquele menino corre, até hoje, nas minhas lembranças, mas me leva sempre a você, aqui e agora…

– Sempre, esta é a palavra… Lembro de um dia em que cheguei da rua com um joelho ralado. Nem estava doendo tanto assim, mas eu queria seu colo. Você me deu muito mais, como sempre. Cuidou do joelho, me abraçou, afagou meus cabelos, me contou uma história… E eu dormi pensando: feliz de quem tem mãe…

– Essa, meu filho, é uma das maiores saudades que um ser humano pode sentir: da mãe, do pai. Muita gente, no Natal, sente o coração apertado pela ausência dos que já se foram…

– Já vieram, estão todas e todos aqui, conosco…

– É, mas a saudade é invenção humana, filho: abstinência de sentidos, coisa que anjo não sabe o que é. O abraço que ficou vazio, no ar, o toque da pele que já não há, o desencontro do olhar. O som da voz que alegrava o coração, agora é silêncio. Os perfumes e sabores compartilhados que se perderam. Quando tudo isso se faz ausência, a saudade se faz presença.

– Mas passa…

– Sim, se a gente não alimentar a dor, transformando-a em mágoa.

– Mágoa guardada, azeda e vira rancor, você me ensinou.

– Pois é, vira um inferno.

– O verdadeiro inferno. Mas o céu é crer que toda saudade, um dia, vai virar reencontro….

– É isso, meu filho querido. Dá cá um abraço…

Jesus se aninhou no colo de Maria. Ela o beijou e delicadamente afagou seus cabelos dizendo: “Feliz aniversário, meu menino levado. Tá todo mundo comemorando”.

– Esse ano, menos, mãe, a pandemia…

– Eles inventaram uma tal de internet, filho. Se encontram de outro jeito. E estão inventando a vacina. Logo, logo isso vai passar…

– Há outros males que também precisam passar, mãe: há muita injustiça, miséria, violência; a estupidez de algumas pessoas que, ao invés de ser exemplo, espalham ódio, intolerância, ignorância, mentira, egoísmo e desunião.

– Foi pra isso que você foi lá, meu filho. Lembra? Para ensinar a eles que o único caminho é o amor. Um dia eles vão entender.

– Um dia… Bença, mãe…

– Você nos abençoe, meu filho…

Eduardo Machado

25/12/2020

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização – PUC Minas.

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Simplesmente, amor https://observatoriodaevangelizacao.com/simplesmente-amor/ Wed, 16 Dec 2020 23:55:38 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=37130 [Leia mais...]]]>

Quando comecei minha experiência de navegante neste fascinante e traiçoeiro mundo do Facebook fui seguindo as instruções para elaborar o meu ‘perfil’, ou seja, as informações sobre minha pessoa que iriam me identificar para a legião de ‘amigos’ que, muitos deles, nunca tinha visto na minha vida. Um dos itens perguntava sobre meus interesses, especificando “homens ou mulheres”? Achei aquilo muito restrito. Tenho interesse por tanta coisa. Sou um curioso obsessivo. Mas, vamos lá, sapequei um duplo X na questão e segui em frente. Afinal, pessoas me interessam.

Pra quê…Logo comecei a receber umas propostas de amizade estranhas, comentários de triplo sentido, postagens de fazer corar o frade no confessionário. Até que um amigo de verdade me avisou: – “Eduardo, conserta isso, você não é bissexual”… O Facebook devia ter uma seção chamada “Aviso aos Navegantes”… É perigoso o mundo das Redes. Tem de tudo. E, antes que já comecem a imaginar em mim impulsos hétero/homofóbicos típicos dos amigos do Capitão, já previno: não tenho nenhum. Sou daqueles que, de verdade, consideram justa toda forma de amor, contando que seja simplesmente amor. Vivo a minha, respeito as dos demais.

“Simplesmente, amor”… Lembrei-me do filme. Uma típica comédia romântica inglesa (adoro!), refresco cinematográfico em meio à avalanche de desastres e violência que costuma ser despejada nas telinhas e telonas pelo cinema americano. Aliás, bem adequadamente, a história se passa na época do Natal. Em meio a muitos clichês, sacados com bom gosto e humor, são várias histórias, todas com alguma ligação entre si, ainda que sutil. Nelas o amor (seria mais adequado falar em paixão) é apresentado sob diversas formas e situações e uma das diversões de quem está no sofá é escolher qual gosta mais. Uma das minhas preferidas é a de um casal de atores de filmes eróticos que, entre uma cena e outra vão iniciando um romance puro, tímido e comportado.

Em cada história o filme, a seu modo, ressalta algo que o cristianismo nos diz desde sempre: fomos feitos para o amor. Nele nos realizamos. Mas o amor cristão, como diz Paulo em sua Carta aos Coríntios, convida a um mergulho mais profundo. O amor, como desejo de bem para o outro, de sua felicidade, de sua realização como pessoa humana em sua plena dignidade, esse amor tem muitas expressões.

  • Na família, berço do amor primeiro, amamos sempre, apesar de tantos limites e contradições.
  • O que dizer do amor entre amigos, amor que fala de cumplicidade e confiança?
  • E o amor que está presente na profissão exercida com carinho, dedicação, competência e respeito?
  • Há o amor muitas vezes anônimo e silencioso de quem se dedica a uma causa, a um ideal e nele ‘gasta’ uma vida. É o amor que sublima e integra, fazendo-se plena doação. Nessa categoria podemos encontrar de guerrilheiros a religiosos(as), de Madres Terezas a anônimas donas de casa…
  • E há, é claro, o amor ressaltado no filme, o sentimento que abraça tudo no Eros, estabelecendo comunhão entre corpo, mente e coração. Sem preconceitos.

Assim, um filme leve, sem maiores compromissos a não ser divertir, me convida como cristão, “aquele que vê o que todo mundo vê, mas de um modo diferente…” a perceber o que pode estar por trás de personagens e situações as mais banais.

E, me perdoem, mas vou dar um spoiler da cena final: simplesmente uma câmera colocada no saguão de desembarque de um aeroporto, registrando cenas de encontros humanos. Pessoas que chegam, pessoas que recebem os que estão chegando. Abraços, sorrisos, beijos, afeto, ternura.

Pobre reducionismo do Facebook. Ele não sabe a maravilha de podermos nos interessar por familiares, amigos, trabalho, ideais, sonhos e desejos. Simplesmente, com amor…

Eduardo Machado

16/12/2020

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização – PUC Minas.

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Outubro, mês do(a) Educador(a)- todo mundo tem um(a) professor(a) https://observatoriodaevangelizacao.com/outubro-mes-doa-educadora-todo-mundo-tem-uma-professora/ Mon, 05 Oct 2020 11:39:24 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35887 [Leia mais...]]]> Lições da História (02)

Vou lhe contar uma história…

De 2004 a 2014 tive um programa na TV Horizonte onde apresentava crônicas escritas por mim sobre temas os mais variados. Não por acaso, o programa, inventado pela minha amiga Graziela Cruz, foi batizado por outro amigo querido, o Mozahir Salomão, de “Sobre todas as coisas”. Não que eu fosse especialista em coisa alguma, mas era o meu olhar, conectado aos meus sentimentos, que trazia da tecla para a tela cenários e personagens à luz de uma Espiritualidade do Cotidiano.

Ali vivi grandes momentos com a turma que me acompanhava no estúdio, minha plateia muito especial.

Você pode conferir no YouTube. Foram mais de 1500 crônicas gravadas e todas começavam com a mesma frase: “Vou lhe contar uma história”…

Era o lógico. Professores e professoras são, todos, contadores de histórias. Em algumas, os personagens são números, em outras, são palavras. Podem ser elementos químicos ou as leis que regem o funcionamento do universo. Células são personagens fantásticas, assim como datas, acontecimentos e ideias. Países, com seus climas, relevos, população e cultura são personagens inesquecíveis. Há abençoados(as) que contam histórias em aulas de Arte, Música, Dança, onde a personagem central é a Beleza. Há quem, nas aulas de Educação Física, fale da harmonia possível entre força e leveza.

A vida é uma imensa sala de aulas e os professores estão lá, contando e recontando as histórias da História…

Quando fui fazer vestibular fiquei na dúvida entre o curso de Letras e o de História. Já sabia que seria professor. A profissão já havia me escolhido quando colocou no meu caminho mestres como o Padre Candinho e o Professor Fábio Márcio de Freitas. Todo professor vira professor por culpa de algum professor…

A paixão pelas palavras falou mais alto, mas a História e suas lições continuam me seduzindo desde que, ainda pequeno me apresentaram um mundo novo chamado Escola. O Jardim de Infância Delfim Moreira…

– Olha, aqui é a sala de aula…

– O que é isso, mãe?

– É um lugar onde se aprende…

– Aprende o quê?

– A ler, escrever, aprende a somar, multiplicar…

– Prá quê, mãe?

– Ora, meu filho, todo mundo tem que aprender…

Mal sabia que, entrando nesse mundo, aos 5 anos, só sairia aos 62.

E será que saí…?

O sorriso da professora (D. Hilda) que me recebeu à porta, continuou me acompanhando pela vida afora. Grupo Escolar Carlos Goes, o Silviano Brandão, o Colégio Paroquial Nossa Senhora da Conceição, o COPANSC, onde numa virada de ano, passei de aluno a professor. Loyola, Santo Antônio, Imaculada, escolas onde a aula começava no estacionamento, passava pela portaria, dava uma parada no cafezinho, cruzava o corredor sempre limpinho, entrava pelas salas organizadas pelos funcionários que acordavam de madrugada e vinham cochilando e chacoalhando nos ônibus para que todos encontrassem, às sete da manhã, os banheiros limpos e asseados, os recados em dia, a mesa em ordem, os computadores conectados, o material preparado…

Então, o burburinho de vida dos alunos invadindo e contagiando pátios, corredores, meus olhares, meus amores…

Por 62 anos vivi essa presença companheira de cada colega, aluno, professor, a Escola toda funcionando, ensinando que tudo ensina.

Todos somos chamados sempre, e de repente, a aprender, mesmo depois do horário, mesmo à distância, como agora, em casa, em meio às lidas do dia a dia, onde continuamos aprendendo e ensinando a maior lição: a Sala de Aula está à nossa volta, em mim, em vós, em todos nós. A Educação, na verdade, não cabe na Escola. O mundo ensina. A Vida ensina. Por isso a História conta tantas histórias onde somos, permanentemente, alunos e professores, educandos e educadores!

Eduardo Machado

03/10/2020

Sobre o autor:

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Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.

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A gente trupica, mas… cai! https://observatoriodaevangelizacao.com/a-gente-trupica-mas-cai/ Wed, 09 Sep 2020 12:39:32 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35624 [Leia mais...]]]> Você vai andando com uma caneca de café na mão e, de repente, alguém lhe dá um esbarrão derramando café pra todo lado. Por que o café derramou da caneca?

– Ora, porque alguém esbarrou em mim!

– você responde.Resposta errada!

O café derramou da caneca porque você tinha café na caneca. Se tivesse chá você teria derramado chá. O que estiver na sua caneca é o que vai se derramar. Café, chá, suco, refrigerante, água ou veneno.

Da mesma forma, quando a vida te der um esbarrão o que você estiver levando dentro do coração, da alma, da mente, é o que vai derramar.

Às vezes nos assustamos com a reação desproporcionalmente irada de uma pessoa por causa de uma aparente bobagem. É que a bobagem foi só a gota d’água…

Tem gente que aparenta ter sua caneca sempre cheia de sabores deliciosos, qualidades e virtudes (no Instagram, então…), mas quando a vida dá um tranco acaba derramando o que na verdade existe no seu interior. E é cada susto!

Então, antes que o esbarrão aconteça (e ele acontece) é bom se perguntar: o que levo/ tenho na minha caneca/coração? Quando a vida entrar em desequilíbrio, fugindo ao meu controle, tirando minha estabilidade, o que vou derramar sobre as coisas e pessoas que estão ao meu redor? O que vou derramar sobre a pessoa mais próxima de mim, ou seja, EU mesmo?…

Parafraseando Jesus de Nazaré (Mateus 12,34), “a caneca transborda aquilo de que está cheio o coração”…

Em momentos de dificuldade, fracasso, perda, decepção, há pessoas que derramam tristeza, sim, mas também compreensão, bondade e humildade. Não é fatalismo, mas consciência dos limites que a vida impõe. São pessoas rebeldes. Não se conformam com o que está trazendo sofrimento e buscam saídas e formas de superação. Por outro lado, ao dar uma topada, há quem espalhe raiva, revolta, amargura, agressividade, palavras e atitudes negativas e destrutivas. São pessoas revoltadas que só pioram o que já estava ruim.

Agora pare e pense…

Sua caneca não se enche num dia, de uma vez. É aos poucos, nas escolhas que vamos fazendo no cotidiano mais banal, até que pingue aquela “gota que falta pru desfecho da festa”…

Não posso evitar os trancos e barrancos, escolher o que a vida, na sua gratuidade de bem e mal vai me oferecer, mas posso escolher o que permito que permaneça em mim. A vida traz de tudo, oferece de tudo; sabores doces e amargos, aromas que me atraem e outros que rejeito, o que me agrada e o que me faz mal, o que me alimenta e o que me envenena. Há, é claro, as grandes e imprevisíveis trombadas. Uma doença, uma perda irreparável, uma grande dificuldade financeira, mas, em geral, os esbarros vêm em doses homeopáticas. Aos poucos. Todo dia. De repente, a caneca está cheia e eu nem percebi. Até que vem o esbarrão, a topada, o tropeção.

Cultive seu equilíbrio. Ordene seus afetos. Faça um discernimento, pacifique suas emoções e coloque seus sentimentos no lugar em que eles devem ficar. Eu sei que não é fácil, ao contrário, às vezes é muito difícil, mas é muito mais sofrido andar aos tropeções, espalhando mágoa e raiva pelo caminho. Mágoas e raivas que vão se transformar em mais pedras e buracos que vão gerar mais tropeções.

Pra você e pra quem caminha com você…

Eduardo Machado

03/09/2020

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Prof. Eduardo Machado

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Promessa é dúvida https://observatoriodaevangelizacao.com/promessa-e-duvida/ Fri, 07 Aug 2020 20:08:10 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35321 [Leia mais...]]]> Dizem que foi um pastor, mas pode ter sido um padre. O fato, que inventei, de fato aconteceu num culto ou, quem sabe numa missa, sei lá.

O que se sabe é que o pregador fez uma leitura empolgada e empolgante da Parábola do Semeador e, ao final, conclamou a assembleia a ajudar o Senhor a espalhar suas boas sementes pelo mundo, que de espinhos, pedras e ervas daninhas já estamos de saco cheio.

Antenor ouvia cada palavra como se estivessem sendo ditas só pra ele. Atravessava um período duro, tanto de grana quanto de esperança. Desempregado há meses, os caraminguás da indenização há muito acabados, a mulher reclamando, os filhos choramingando…

No ponto do ônibus, voltando de mais um dia cansativo e frustrante, distribuindo currículo e ouvindo nãos e talvezes, recebeu um panfleto, um, não, vários, que guardou no bolso para ler, mais por costume que por interesse, na longa e amargurada viagem de volta pra casa.

  • Saia do aluguel. Lotes financiados. Oportunidade!
  • Trago seu amor de volta!
  • Compro sua dívida!
  • Um milagre espera por você!

Um milagre? Um milagre espera por mim…? Onde? Suspirou… Era o que Antenor estava precisando e esperando: um milagre.

No dia seguinte lá estava ele, no endereço indicado no folheto, ouvindo o pregador. O coração acelerado, os olhos úmidos, certo de que só sairia daquele templo com seu milagre debaixo do braço. Esse milagre é meu, nem que seja a porrete!

Não seria tão simples…

Ao final do sermão, entre muitos aleluias e glórias, o pregador anunciou:

Deus me enviou para falar a vocês sobre um milagre. Ele está te esperando para fazer o milagre acontecer. Só falta um sinal de sua fé para você tomar posse do milagre. Na porta da igreja há um obreiro (ou seria um sacristão?) com uma cesta de abóboras ungidas, colhidas diretamente no Jardim do Éden, bem ao lado da árvore da vida. Pegue a sua. Chegando em casa, releia a parábola que acabei de proclamar e deixe que o espírito de Deus toque seu coração para fazer de você um semeador do Senhor. Ore com fé e parta a abóbora. A cada semente que encontrar dê glória a Deus e coloque 10 reais sobre a mesa. Não se esqueça: dez reais por semente. No dia seguinte traga as sementes e o dinheiro à igreja, e faça a sua oferta. Para que não haja erro, um obreiro (ou terá sido um sacristão?) irá conferir se o valor em reais corresponde ao número exato de sementes. Mas, veja bem! Não se pode errar ou tentar enganar a Deus. Ele tudo vê e te julgará”!, concluiu com voz tonitroantemente divina o pregador.

Antenor achou aquela história de abóbora ungida meio esquisita, mas preferiu não duvidar. O pregador fora muito claro ao dizer que Deus oferece o milagre, mas temos que provar a nossa fé. Palavra de Deus não permite dúvida.

Antenor chegou em casa, reuniu a família, pegou a Bíblia, acendeu uma vela e leu pausadamente: “Saiu o semeador a semear…” Os três filhos olhavam, curiosos. A mulher, de olho na abóbora, já pensando em fazer um caldo…

Terminada a leitura, Antenor, solenemente, partiu a abóbora dando glórias a Deus enquanto olhava para a carteira quase vazia sobre a mesa.

Ao final, depois de uma saraivada de aleluias e glórias, ninguém entendeu a blasfêmia:

“Filho da puta, é abóbora jacaré”…

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

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Voar https://observatoriodaevangelizacao.com/voar/ Thu, 02 Jul 2020 17:29:25 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=34944 [Leia mais...]]]>

Na minha rua há um prédio em construção. Os operários estão lá, sem máscara, batendo a terceira laje. A obra fica a dois quarteirões da minha casa, em frente a um antro de perdição chamado “Bolo da Hora”. Há pouco, fui até lá buscar um bolo de fubá que encomendei por telefone.

Estava no portão, esperando a mocinha que me atendeu trazer o bolo (não se pode entrar na loja), quando uma gritaria na rua me assustou. Ato contínuo, um negão forte como um touro sai correndo do canteiro de obra e passa por mim feito um buscapé, desaparecendo na esquina. No parapeito da obra, os outros operários gritam entre gargalhadas.

Não entendi nada, mas a moça que me entrega o bolo sorri por trás da máscara e diz; papagaio…

Ainda estou tentando decifrar o mistério quando o negão surge na esquina, um sorrido imenso brilhando no rosto, trazendo nas mãos, intacta, uma bela e colorida pipa. A obra vibra com os aplausos da plateia.

Que coisa…

Operários gastando a vida no trabalho bruto, lidando com cimento, tijolo, pedra, cavando alicerces e subindo paredes, desafiando andaimes e vírus, e assim, de repente, se redescobrem meninos correndo atrás de um papagaio.

Reconheço neles o moleque que fui, empinando pipas do alto do morro onde hoje está a favela da Pedreira Prado Lopes.

O cheiro gostoso do bolo que trago nas mãos, o papagaio nas mãos do operário, a tarde que cai, tudo me fala de ausências, de desejos de alegrias sufocadas pelo isolamento social. Numa lufada de vento frio, Rubem Alves sussurra aos meus ouvidos…

Desejo: reconhecer que algo está faltando. Saudade…

Espiritualidade tem algo a ver com isto: viver em meio à presença de uma ausência.

É daí que surge tudo que de belo fazemos: o amor, a poesia, os jardins, a música, as revoluções.

Tudo.

Fazemos essas coisas para completar esse pedaço que está faltando.

Somos espirituais por causa disso: do meu corpo sai uma canção, um suspiro, um desejo, uma saudade de algo que não encontro e penso que sinto, no vento, no cheiro das coisas.

Desejo: somos espirituais por causa do desejo…”

e da saudade…

Naqueles homens embrutecidos pelo trabalho braçal havia latentes desejos de infância.

Em mim, ressoa a falta de beijos e abraços…

Aquele papagaio voando nas alturas era uma metáfora perfeita dos nossos desejos que, aprisionados à terra, endurecidos como cimento misturado à brita se fazendo piso e teto, sonham com horizontes e nuvens.

O bolo me fala de mesa, encontro, partilha, convívio…

Na alegria daqueles homens se encerrava a compreensão de um dos maiores mistérios que me foi revelado: Deus é alegria e mora na criança alegre que fui, que tento continuar sendo (mas como é difícil…).

Talvez por isso Jesus tenha dito: “se vocês não se tornarem como crianças, com coração de criança, não entrarão no Reino dos céus”…

Deus é uma criança, em mim, em todos, sempre procurando companheiros e companheiras para compartilhar um bolo, e brincar.

Simples assim.

Para crer, esperar e amar, é preciso aprender a brincar de voar…

Eduardo Machado

01/07/2020

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.

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“Parede-meia”, meditação para o domingo da Trindade https://observatoriodaevangelizacao.com/parede-meia-meditacao-para-o-domingo-da-trindade/ Tue, 02 Jun 2020 20:33:19 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=34790 [Leia mais...]]]>

Se tem uma coisa que não combina comigo é esse tal de isolamento social. Cumpro, por respeitar as orientações e conselhos de quem de direito, mas me rasgo por dentro de vontade de reencontrar, abraçar e beijar os queridos e queridas que fazem parte da minha vida que ficou lá fora.

A pandemia me pegou de jeito, ferindo meu direito e desejo, não só de ir e vir, mas de ser, estar e ficar com os outros, com o agravante de ver o pior dos vírus, o da estupidez, que vem a pé, de helicóptero e volta a cavalo, para zombar do nosso sofrimento.

Gosto de gente. Desde muito cedo aprendi que quem nasceu pra viver é planta. Você planta a muda, a semente, nasce uma árvore, um arbusto que seja, e ali vive. Gente, não. Gente é pra conviver. Nossas raízes são pernas de ir encontrar e braços de abraçar. Sem falar das raízes dos olhos, do nariz, dos ouvidos, do paladar.

Nossos sentidos são raízes que se entrelaçam com as raízes dos sentidos dos outros formando esses oásis, lugares de encontro e repouso dos afetos, que chamamos de família, amigos, colegas de trabalho, partidos políticos, igrejas e times de futebol.

Conviver tem a ver com felicidade. É uma das minhas poucas e preciosas certezas absolutas. Todo mundo quer ser feliz. Fazemos nossas escolhas, das banais às fundamentais, em qualquer idade, realidade, lugar e circunstância, movidos pelo desejo de felicidade. E o quê a vida já me ensinou sobre essa tal felicidade? Quais foram os momentos mais felizes da minha vida até agora?

E da sua?

O jeito é buscar respostas no sexto sentido…

Todo mundo já ouviu essa expressão, “sexto sentido”, mas qual seria ele?Em geral, o identificamos com a intuição, o pressentimento, a sensibilidade para perceber o “mais” que se esconde na banalidade das coisas e pessoas com as quais interagimos no cotidiano. Pode ser. Mas tenho por mim e para mim que o sexto sentido é, na verdade, a memória.

A memória humana é um prodígio. Ela é capaz de arquivar experiências das quais sequer chegamos a fazer um registro consciente. Não conhece limites de tempo e espaço. Enquanto a memória dos computadores pode ser medida em megas, gigas, tera bytes, a memória humana é um oceano do qual não visualizamos começo, meio, nem fim.

Lembrar é sonhar acordado. Alcança a memória intrauterina e vai além, pois há quem creia em memórias de vidas passadas.

Parte da memória pessoal e abraça a memória coletiva, do meu mil avô, provocando o exercício da esperança, que é a memória aí contrário, lembrando e desejando o que virá.

Tenho pensado muito nas pessoas com quem gostaria de estar, conversar, ver passar o tempo que se registra para além dos relógios. Ao lembrá-las, trago à memória momentos, palavras e sentimentos. São fotografias arquivadas não sei onde em mim, que aparecem na tela das lembranças sem que eu tenha nenhum controle sobre esse projetor que me surpreende assim, do nada.

Não, nada é nada…

Em tudo há uma razão, um porquê.

A memória me mostra que, nos momentos mais felizes, eu nunca estive ou estou sozinho. Foram e são momentos em que vivo o amar e ser amado, das muitas formas que o amor tem de entrar na nossa vida. Confira na sua memória…

O amor é nosso berço, caminho e destino. E ele precisa do con-viver. Jorge Bergoglio, quando se tornou Francisco, abriu mão do isolamento dos apartamentos pontifícios e foi morar na casa Santa Marta, onde faz as refeições, todos os dias, com os funcionários e visitantes.

Seu patrão, o Deus em que creio, precisou ser três para ser Amor. Um Deus solidário não pode ser solidão. Mais que isso, olhou para nós, cheio de misericórdia e disse a si mesmo: “precisamos ir até eles…”.

Na encarnação Deus se faz encontro e convívio…

A minha memória, que não aceita ser isolada, hoje emana um suave perfume de melancolia. É que toda memória tem, como vizinha de parede-meia, a saudade. É só chamar qualquer uma delas e a outra vem junto.

Em algum lugar da minha memória, sinto saudade de você, que leu essa crônica…

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.

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Juízo, afinal… https://observatoriodaevangelizacao.com/juizo-afinal/ Thu, 23 Apr 2020 03:15:56 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=34695 [Leia mais...]]]> Eu era um menino calado, feliz, mas tinha medo de deus.
Minha vida era a vida de um menino feliz, de uma felicidade tímida, contida, pois tinha medo de deus.
Deus não era feliz. Vivia sozinho, lá no céu, vigiando todo mundo com seu olho que via tudo, até pensamento.
Passava a eternidade anotando os pecados de todo mundo num livro grande onde havia uma página com meu nome. Lá, os meus pecados e os seus ficariam gravados para o dia do juízo final.
Eu achava estranho ser um menino feliz e, ao mesmo tempo, imagem e semelhança de um deus infeliz, carrancudo e vingativo. 
Que semelhança poderia haver entre nós?
Eu era um menino feliz, pois tinha família, amigos, casa e quintal.
Me divertia na escola e principalmente depois dela, quando corria para o campinho de futebol onde irmãos, primos e amigos me esperavam. Então, a vida se transformava num campeonato diário que não tinha fim, nem campeão. Só a alegria de jogar, todo dia, até o sol se pôr, só pela alegria.
Eu era feliz a semana inteira, até uma hora antes da missa de domingo, quando, em jejum, ia me encontrar com o olho de deus que via tudo e um dia iria me julgar.
Mas a felicidade insistia em sobreviver em mim, apesar de deus. 
Teimosa, ela se derramava em pensamentos, palavras, atos e omissões.
Na prece, me apegava à mãe de misericórdia, tão minha conhecida, cheia de vida, doçura e esperança, o que me fazia esquecer que eu era um desterrado no vale de lágrimas.
Tinha medo desse deus que via tudo. Achava impossível amá-lo sobre todas as coisas. Já o próximo, tão próximo, esse, sim, amava com gosto e alegria.
Foi preciso crescer, sem deixar de ser menino, pois que pulsa em mim, até hoje, um coração de criança, para me fazer capaz de entender…
Foi numa capela que aquele deus morreu e nasceu em mim um Pai com coração de Mãe, ao rezar a parábola do Pai Misericordioso.
O Pai que me esperava, que abraçou, a mim, filho pródigo, era feminino.
No aconchego dos seus braços me senti menino. Vi se apagar a página do livro do Juízo, que tinha o meu nome.
Meu nome agora estava escrito na palma da sua mão,
Seu nome, no meu coração…
Hoje sei que Ele se chama Amor, eu, Esperança.
Toda vez que consigo amar e me deixar ser amado, sou sua imagem e semelhança…

Sobre o autor:

Prof. Eduardo Machado

Eduardo Machado é educador e escritor apaixonado pelo ser humano. Considera-se um católico que tenta, cada dia mais, tornar-se cristão. É colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.

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