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Lideranças indígenas de 20 países reuniram-se em Brasília, entre 12 e 16 de outubro, para discutir as ameaças contra os direitos das populações tradicionais e o meio ambiente.

A reportagem é de Victor Pires, publicada por Instituo SocioambientalISA, 17-10-2017

Lideranças de 20 países, além de organizações parceiras, se reuniram durante seis dias para discutir as ameaças e desafios para os povos tradicionais e a preservação do meio ambiente (Foto: Mídia Ninja)

 

Lideranças indígenas de 20 países reuniram-se em Brasília, entre 12 e 16 de outubro, para discutir as ameaças contra os direitos das populações tradicionais e o meio ambiente. A 1ª Grande Assembleia Internacional da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza resultou em um documento com 18 recomendações aos líderes mundiais, aos Estados, às Nações Unidas e à sociedade civil com o propósito de garantir os direitos dos povos tradicionais em todo o mundo, a proteção ambiental e o sucesso na luta contra as mudanças climáticas. Saiba mais sobre a Aliança no fim da notícia.

“A gente interagiu com povos indígenas de diversos lugares do mundo, que trouxeram sua realidade e os problemas que enfrentam em suas comunidades”, destaca Taily Terena, estudante indígena de Antropologia na Universidade de Brasília (UnB).

O documento final do evento foi elaborado por lideranças de cinco continentes e deve ser entregue a chefes de Estado e representantes de organismos internacionais durante a 23ª Conferência das Partes (ou COP 23) da Convenção das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que ocorrerá em Bonn, na Alemanha, entre 6 e 17 de novembro (Leia a versão em português).

Estamos colocando para o mundo uma chamada de responsabilidade para nossos governantes, para observar mais os problemas que vêm acontecendo nos territórios indígenas, não como problemas pequenos”, ressalta Benki Pyiãko, do povo Ashaninka, do Acre.

É um momento em que nós temos que trocar conhecimento e diálogo para que a gente possa colocar aquilo que nós estamos sentindo como responsabilidade pelas gerações futuras”, conclui.

Hawe Mamman Bouba, liderança do povo Mbororo, de Camarões, na região ocidental da África Central, salientou a necessidade de incluir os povos indígenas nas discussões sobre a proteção do meio ambiente global. “Eu vim de longe porque eu vi essa inclusão, essa visão que quer unir indígenas de todo o mundo, por isso eu estou aqui”, afirma.

Os participantes ressaltaram que, nos dias de discussão, viram que vários dos problemas e ameaças apresentados são compartilhados por povos em diferentes países. É o que sublinha Casey Camp-Horinek, liderança do povo Ponca, que habita o estado de Oklahoma, nos Estados Unidos:

“Os Estados Unidos e o Brasil compartilham algo em comum, os nossos governos federais falharam em sua responsabilidade com os povos indígenas”.

 

Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza

A criação da Aliança dos Guardiões da Mãe Natureza foi anunciada, em abril de 2015, no Acampamento Terra Livre, em Brasília. Tradicionais lideranças indígenas da Amazônia, como Raoni Metuktire, Davi Kopenawa Yanomami, Aritana Yawalapiti, Pirakumã Yawalapiti, Afukaka Kuikuro e Tabata Kuikuro, participaram do anúncio.

Em novembro de 2015, na COP 21, em Paris, a Aliança foi oficialmente lançada, com a participação de lideranças do mundo inteiro e de organizações da sociedade civil. Na ocasião, foi elaborado um documento com 17 propostas para o planeta, a paz e as gerações futuras. Foi este documento que serviu de base para as discussões da 1ª Grande Assembleia, encerrada no início desta semana.

A Assembleia realizada em Brasília foi organizada pela ONG francesa Planète Amazone em parceria com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) com apoio da Mídia Ninja.

Fonte:

IHU

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