Comunidade de Taizé – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Mon, 17 Sep 2018 14:43:46 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Comunidade de Taizé – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Taizé: uma experiência de vida https://observatoriodaevangelizacao.com/taize-uma-experiencia-de-vida/ Mon, 17 Sep 2018 14:43:46 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=28792 [Leia mais...]]]>
  • O que tem de especial nessa comunidade ecumênica fundada na França pelo irmão Roger em 1940?
  • Qual o segredo para atrair tantos jovens de distintas confissões religiosas e até quem não pertença a nenhuma?
  • Antes de tentar responder a esses questionamentos quero partilhar como cheguei nessa colina e como no evangelho faço a experiência de “vinde e vede” e assim conhecer essa aventura divina chamada Taizé.

     

    Minha experiência em Taizé

    Em 2017, fui convidado pelo setor Universidades da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) para fazer uma experiência de três meses, como voluntário, na comunidade Taizé na França. Eu trabalhava na Pastoral Universitária da PUC Minas, obtive licença e tinha acabado de concluir a graduação em psicologia.

    Era minha primeira viagem para fora do Brasil e sozinho. Ao chegar em Taizé, vivi uma experiência que me deu o desejo de querer ali voltar: ao entrar na igrejinha onde a comunidade se iniciou, uma paz enorme e uma alegria intensa me invadiram. Nunca tinha estado tão longe de casa, no entanto me sentia tão à vontade para ser eu mesmo com a fé que trazia que uma certeza permaneceu em meu coração no final dos três meses: aqui eu quero voltar!

    A oração de Taizé

    A realidade da oração é simples e profunda. Três vezes por dia, pela manhã, ao meio dia e à noite, ao som dos sinos, todos são convidados e atraídos para a oração, irmãos, voluntários e visitantes. Na igreja da reconciliação não há bancos. Não por questões decorativas ou para sinalizar algo, como alguém poderia pensar. O motivo é simples: se acomodando no chão cabem mais pessoas. Mas para quem desejar sentar-se em um pequeno banco individual, há sempre alguns disponíveis onde estão os irmãos.

    Os cantos nas orações em Taizé são tão conhecidos, que não há quem não conheça algum ou tenha uma ideia, ainda que vaga sobre sua origem. Isso porque são cantos meditativos, compostos de forma simples, cantos compostos por palavras da Bíblia, dos salmos, dos escritos de Santa Teresa de Ávila, São João da cruz. São cantos para rezar, para levar as pessoas a adentrar no mistério da oração. A repetição coloca em comunhão o coração e a alma em Deus. É uma liturgia simples, bela, revelando o amor e a presença de Cristo. Não necessita de enfeites e discursos. É permeada pela simplicidade e silêncio, por isso encanta quem dela participa. Há semanas com mais de 4 mil pessoas, em sua maioria jovens.

    Em Taizé, não há bateria, guitarras e nem show de luzes, a não ser a luz serena das lâmpadas artificiais misturadas com a luz das velas. E em especial, no sábado à noite, quando tem a oração da luz e a igreja fica completamente iluminada. A mística do tríduo pascal é celebrada todo final de semana pela comunidade, com a oração da cruz na sexta, oração da luz no sábado e celebração eucarística no domingo.

    Experiência oferecida aos jovens

    São tantos jovens, tantos rostos e de tantos lugares, eu também queria entender, e na pele vivi a experiência de está em um lugar onde podia ser escutado, ser olhado nos olhos e sentir-se acolhido. Há um amor e confiança que faz pulsar vida neste lugar.

    Todos tem algum trabalho voluntário, seja lavar os pratos, preparar a comida ou participar da limpeza. Não há interesse por parte da comunidade que você se converta, que siga esta ou aquela confissão religiosa, que faça parte da comunidade. Há somente o convite para que experimente uma vida de oração e uma vida em comum. Não é este, basicamente, o núcleo essencial da experiência cristã?

     

    Irmão Roger, o fundador da comunidade

    Você pode então se perguntar qual era a religião do irmão Roger, o fundador da comunidade Taizé. Se ele era católico ou protestante? Sem hesitar, respondo que foi um homem reconciliado, como ele mesmo disse. Ele encontrou sua identidade cristã reconciliando em si mesmo o mistério da fé protestante com o mistério da fé católica, sem necessidade de romper com nenhuma delas. Ao contrario, criou profunda comunhão entre elas.

    As divisões impedem que o evangelho se irradie, e em Taizé é luminoso justamente pela comunidade buscar viver os dons que as igrejas possuem. Não é uma vivência de tolerância, mas de respeito, onde a confiança e amor ocupam o centro. Há uma abertura para acolher o outro, e essa abertura alarga a própria fé. O amor ao próximo independente da pertença religiosa ou ideológica.

     

    A experiência de fé vivida em Taizé

    Por ocasião do fim de semana em que a comunidade acolheu um encontro entre jovens cristãos e mulçumanos, o irmão Alois em sua reflexão disse que “falar sobre fraternidade é possível porque acreditamos que Deus é um pai para todos os seres humanos e para nós cristãos através da vida, morte e ressureição de Jesus que descobrimos este incondicional amor de Deus. Fazer crescer a fraternidade e amizade implica o respeito à diferença do outro. Para um diálogo inter-religioso autêntico é necessário uma distância respeitosa que nos leve a evitar a forçar o outro a pensar como nós.”

     

    O grande segredo de Taizé

    Mas então, o que tem de especial neste lugar? A simplicidade, a alegria, a misericórdia, a confiança, a escuta e o convite ao outro a acreditar nas suas possibilidades, modos de ser e agir na vida que o seguimento de Jesus Cristo nos chama.

    Em relação ao segredo para atrair tantos jovens de distintas confissões religiosas e até quem não pertença a nenhuma? Poderia dizer que vem dos encontros com culturas diferentes, as partilhas, a beleza dos cantos, o acolhimento dos irmãos, o trabalho voluntário, mas não, o segredo é tão simples e, ao mesmo tempo, profundamente exigente: coerência. Não há distância, separação entre o que a comunidade propõe e o que ela mesma e seus membros vivem. Isso dá testemunho sem que nenhuma palavra seja dita.  Alcança o coração das pessoas, em especial dos jovens, que buscam autenticidade de vida. Ao fazerem esta experiência, sentem-se animados e encorajados a serem autênticos também.

     

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    Rafael Morais
    Psicólogo formado na PUC Minas
    Voluntário em Taizé – Bourgogne, Frace
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    Conversas sobre o Ofício Divino das Comunidades – Ir. Bruno da Comunidade de Taizé https://observatoriodaevangelizacao.com/conversas-sobre-o-oficio-divino-das-comunidades-ir-bruno-da-comunidade-de-taize/ Mon, 05 Mar 2018 18:23:40 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27495 [Leia mais...]]]> A contribuição da Comunidade de Taizé

    Nossa conversa sobre o Oficio Divino das Comunidades vai agora focar a atenção sobre a experiência de Taizé, comunidade ecumênica que tem participação fundamental na sua elaboração. As primeiras experiências de um ofício popular, realizadas no Brasil, pelo Pe. Geraldo Leite, teve nela sua inspiração. Pe. Geraldo passou nove meses convivendo com a simplicidade e a beleza dos ofícios na comunidade de Taizé (França), e foi esta experiência que o animou a começar, no Brasil, precisamente em Ponte dos Carvalhos, um Ofício Divino com o povo.

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    O Irmão Michel da Comunidade de Taizé, que viveu no Brasil e fundou uma comunidade, em Alagoinhas (BA), com sua longa trajetória de celebrar o ofício com o povo, participou do processo de elaboração do Ofício Divino das Comunidades, dando sua colaboração bem precisa e muito valiosa. Ambos já fizeram sua páscoa e participam do incessante louvor na casa do Pai, mas suas contribuições continuam vivas no Ofício Divino das Comunidades e são transmitidas, agora, pelo Irmão Bruno, da mesma comunidade de Alagoinhas. De modo muito sincero, ele diz: “não falo muito”. Mas suas respostas curtas dão o que pensar… Ousamos, comentá-las, para aprofundarmos a contribuição que ele oferece neste bate-papo. Em nossos comentários não queremos repetir simplesmente o que ele diz em suas breves respostas, mas refletir com ele alguns aspectos importantes sobre a prática do Ofício Divino das Comunidades.

    (Para fins de distinção, transcrevemos as respostas de Irmão Bruno, seguida pelo comentário, em itálico).

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    Irmão Bruno, da comunidade de Taizé de Alagoinhas – BA

    1. Qual a contribuição da liturgia de Taizé na elaboração do Ofício Divino das Comunidades (ODC)?

    Irmão Bruno: Como toda liturgia, o Ofício Divino é um corpo vivo. Veicula verdades perenes e circunstanciais. Necessita adaptar gênero literário e vocabulário para que as mentalidades do tempo presente possam se situar como realidade viva, corpo orante. Ir. Michel passou esta intuição.

    — A intuição do Irmão Michel, segundo as palavras de Irmão Bruno, não se refere a um livro apenas, e ao que ele contém. Está falando da celebração, dos cantos, dos gestos, dos símbolos como o incenso, a música e o espaço com todos os elementos. Está falando das pessoas: as histórias que elas carregam, as situações que vivem, os sonhos que nutrem. O Ofício Divino das Comunidades como corpo vivo tem a ver com a Igreja, que é Corpo orante de Cristo ressuscitado, o vivente, que continua o seu louvor nas expressões particulares do Brasil com sua diversidade regional e traz para a celebração as suas feições mais próprias. Por sua qualidade de corpo, está ligado ao restante dos membros (ao nosso país com toda sua riqueza humana e à Igreja universal que abraça tudo o que traduz a fé).

    2. Os refrãos meditativos no Ofício Divino das Comunidades são amplamente utilizados. Como você avalia esta utilização?

    Irmão Bruno: O Ofício Divino das Comunidades existe em várias versões: há a edição básica e edições menores também para jovens, adolescentes e crianças, nas quais os mantras são muito valorizados… Estes refrãos meditativos cantados são da ordem da oração do coração. A contribuição de Taizé virou patrimônio de toda a Igreja. Taizé escolheu letras da Bíblia ou dos santos. Taizé não tem primazia, porém tem grande aceitação.

    — “A ordem do coração” sobressai no texto do Irmão Bruno… Os mantras talvez exprimam esse segredo da comunidade de Taizé: pequenos textos cantados repetidamente, sem o muito falar das nossas celebrações. A circularidade do canto, a cadência, a palavra ressoada e o clima orante que se estabelece, conduz o corpo-Igreja para o coração do Mistério e para o íntimo das pessoas, fazendo todos e cada um experimentar a verdade da fé, na comunhão dos irmãos e irmãs e na própria experiência de Deus. Taizé aponta a direção do coração, lá onde os segredos se escondem e o mistério faz livre e gratuita morada. A ordem do coração supera as lógicas do raciocínio, da presunção, da oração orgulhosa que não agrada a Deus. A ordem do coração permanece na soleira do templo, onde o humilde se esvazia de si mesmo diante do mistério (Lc 18,9-14). A lógica do coração admite a ritualidade dos humildes, as palavras dos santos, pequenos trechos da Bíblia, em busca da “serena alegria”… É patrimônio da Igreja! Taizé deu ao Ofício Divino das Comunidades o que tinha de melhor: mais que os mantras e os seus cantos, deu o espírito de gratuidade na oração.

    3. Quais as semelhanças e diferenças entre os ofícios de Taizé e as celebrações do Ofício Divino das Comunidades?

    Irmão Bruno: Pela sua natureza ecumênica, ladainhas e introduções, os dois ofícios são reflexo de catolicidade. Embora a estrutura seja, grosso modo, a mesma, Taizé não coloca a memória do dia, porque salienta mais o lado da contemplação. Taizé privilegia o silêncio após a Palavra.

    — Irmão Bruno indica outra maneira de entender a catolicidade: universalidade. O que é universal é de todos e não é propriedade de ninguém. No Ofício Divino das Comunidades, assim como nos ofícios de Taizé, o componente ecumênico da oração abraça o que é universal e o que escapa dos rótulos e partidarismos. As ladainhas e introduções (aberturas), por sua repetição e popularidade são acessíveis e encantam muito! O silêncio após a Palavra tem a primazia: espaço para deixar falar Aquele que é inominável. A memória do dia cede lugar à contemplação, com ênfase na oração pessoal dentro da oração comunitária. Não nega a importância da recordação da vida, tão valorizada no Ofício Divino das Comunidades, mas talvez mostra um lado desconhecido e temido pela nossa mentalidade religiosa ocidental. Em tempos de pós-modernidade, que tanto valoriza o sentir e o experimentar, é preciso redescobrir o caminho certo da experiência subjetiva como oportunidade de conduzir ao mistério de Cristo, enquanto experiência objetiva da fé.

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    Irmão Bruno

    4. Qual a contribuição do ODC para a Igreja do Brasil

    Irmão Bruno: Após o Concílio Vaticano II e a redescoberta da participação ativa do povo de Deus na liturgia, vejo o Ofício Divino das Comunidades como a resposta mais ajustada, principalmente pelos salmos e músicas (mérito de Jocy Rodrigues, Geraldo Leite, Reginaldo Veloso e outros).

    — A participação dos fiéis, fruto do Movimento litúrgico que se afirma no Concílio, rompeu com séculos de separação e distanciamento entre o povo e a liturgia da Igreja. Embora estejamos longe de mensurar o seu alcance, poder participar das ações litúrgicas, ativamente e com conhecimento de causa, representa grande avanço. No Ofício Divino das Comunidades todos(as) cantam, todos(as) se elevam a Deus, todos(as) têm acesso à liturgia, o que faz dele uma resposta mais ajustada ao nosso mundo plural e com tanta diversidade…

    5. Quais elementos ecumênicos você destaca no ODC?

    Irmão Bruno: O Ofício Divino das Comunidades não cuidou apenas dos aspectos ecumênicos, mas incorporou elementos que se referem ao macro-ecumenismo, como por exemplo, preces de outras tradições e religiões.

    — De fato, no Ofício Divino das Comunidades os elementos ecumênicos se fazem presentes: a oração do Senhor em versão ecumênica, o sentido cristológico, trinitário e bíblico da oração, a inclusão de hinos de outras tradições cristãs e denominações, o cuidado e a opção pela linguagem inclusiva e popular. O Irmão Bruno volta a atenção para o aspecto macro-ecumênico, também chamado hoje de “inter-religioso”. O Ofício Divino das Comunidades incorpora elementos religiosos de outras tradições; basta tomarmos como exemplo os ofícios para circunstâncias especiais, quando, diante de situações de fronteira e de limite, falam menos as diferenças e mais a busca pela vida, pela paz e pela sobrevivência. Tudo isso depõe a favor do Ofício Divino das Comunidades como oração de todos(as) e aberta a todos(as).

    6. A tradição monástica contribuiu para a liturgia do Ofício Divino das Comunidades? Como?

    Irmão Bruno: As comunidades monásticas foram guardiãs desta tradição da Igreja ao longo dos séculos e mantiveram a forma mais primitiva da oração comunitária. O Ofício Divino das Comunidades não propõe ao povo todos os ofícios dos monges, mas as duas horas principais, como acontecia nas comunidades eclesiais dos primeiros séculos.

    — O Irmão Bruno nos remete aos primórdios dos ofícios da Igreja: os ofícios monásticos e os ofícios de catedral. Os primeiros, com suas diversas horas, organizados para as comunidades de homens e mulheres com a vida dedicada e consagrada à oração. A segunda forma, os ofícios de catedral ou de paróquia, eram especialmente marcada pela oração da manhã e da tarde, com a presença de todo o povo de Deus: famílias, jovens e crianças, também os monges e monjas, presbíteros e bispo… Infelizmente, o segundo modelo praticamente se perdeu na Igreja ocidental, mas está renascendo com iniciativas como as de Taizé, desde o movimento litúrgico, e a Liturgia das Horas do Concílio Vaticano II, que em nossas comunidades chega na forma do Ofício Divino das Comunidades, onde o povo toma parte na oração em momentos especiais do dia, do ano litúrgico e de circunstâncias especiais.

    Fonte: Revista de Liturgia – 220 – Ano 37, entrevista organizada e publicada pelo Pe. Renato, SJ, em seu blog Caminhos de Formação.

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    O amor e a misericórdia não têm religião https://observatoriodaevangelizacao.com/o-amor-e-a-misericordia-nao-tem-religiao/ Thu, 07 Dec 2017 17:06:29 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27078 [Leia mais...]]]> “Fomos deixando de nos ver como irmãos e passamos a nos ver como concorrentes. Isso, dentro da comunidade cristã, é um pecado grave e que ignoramos. Quando olhamos para os passos de Jesus percebemos que suas escolhas não se parecem com as nossas.”  Afirma Rafael Morais em relação à vida cristã e ao ecumenismo. “Ele amava o que ninguém queria amar. Hoje, mesmo cheios de estudos e formações sobre o cristianismo, nós ainda não sabemos fazer as mesmas escolhas.” Continua o jovem que retornou, recentemente, de uma experiência de três meses em Taizé. “O amor e a misericórdia não têm religião, nasce do coração de Deus e cabe a nós, cristãos, darmos testemunho sincero em meio ao mundo.”

    Esse jovem sensível ao Outro provoca-nos, pois, a olhar para o Mestre da Galileia e buscar realizar escolhas que Ele próprio faria se vivesse em nossa realidade. Abrir-nos, deixar-nos interpelar pelos desafios da sociedade à luz do Espírito de Jesus, unir oração à ação, cultivando sempre a beleza da escuta, do encontro… São interpelações que nos vem ao ler a entrevista de Rafael no jornal Opinião e Notícias desta arquidiocese. Vale a pena conferir!

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    FONTE: OPINIÃO E NOTÍCIAS

     

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    Extremismo x Ecumenismo https://observatoriodaevangelizacao.com/extremismo-x-ecumenismo/ Thu, 07 Dec 2017 01:59:37 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27058 [Leia mais...]]]> Em tempo de tantas polarizações, chama a atenção uma comunidade que foi fundada justamente para romper com qualquer extremismo: Taizé é uma comunidade ecumênica, com representantes tanto católicos quanto de várias igrejas protestantes, das mais diversas nacionalidades, que inclue em suas orações ícones e cânticos da tradição ortodoxa oriental  e que se dedica justamente à reconciliação.

    A questão é: por que jovens de todo mundo visitam Taizé, incorporando-se à vida de oração daquela comunidade em encontros que duram uma semana? São milhares de pessoas, sobretudo jovens, em grupos que chegam a seis mil pessoas por semana, peregrinando à Taizé, na França. Algo move essa busca pela meditação, através da harmonia da música e da repetição de frases tão simples… Algo, que a experiência do silêncio faz germinar… Nossa sociedade do excesso, do descarte, da agitação não nutre a busca mais íntima. Nossa realidade de defesas de verdades excludentes não oferece uma resposta satisfatória ao anseio mais profundo!

    Enquanto outros grupos ou movimentos eclesiais procuram adeptos, Taizé envia o jovem que vive aquela experiência de volta a sua Igreja local a fim de partilhar com outros sua vivência e realizar o que o fundador da comunidade, Irmão Roger, cunhou como sendo a peregrinação de confiança na terra. Quem se encanta pela experiência quer partilhá-la. É uma paixão que contagia, por sua simplicidade e força evangélica. Tanto o jovem quanto qualquer pessoa que viva isso já não entenderá o ecumenismo da mesma forma.

    É bonito perceber, sobretudo, como a experiência da oração fortalece a ação solitária. A verdadeira oração cristã necessariamente nos abre ao outro, porém – enquanto determinadas expressões religiosas são intimistas – o que é possível atestar é que o compromisso social se torna um dos pilares de quem experimenta profundamente que Deus é Amor. Um sinal disso são as postagens do blog Taizé BH, alimentado pelo CEBI.

    «Penso que, desde a minha juventude, nunca perdi a intuição de que uma vida em comunidade pode ser um sinal de que Deus é amor; só amor. Pouco a pouco crescia em mim a convicção de que era essencial criar uma comunidade de homens decididos a dar toda a sua vida, e que procurassem sempre compreender-se mutuamente e reconciliar-se: uma comunidade onde a bondade do coração e a simplicidade estivessem no centro de tudo.»

    (Irmão Roger)

    A quem deseja conhecer a Oração de Taizé, o site da comunidade oferece vários subsídios, além de informações variadas. Inclusive poderá pesquisar acerca das comunidades dos irmãos de Taizé no Brasil. Em BH, quem quiser alimentar a espiritualidade nesse estilo, poderá participar, por exemplo, da oração na Paróquia Nossa Senhora da Consolação e Correia, na última sexta de cada mês, a partir das 20 horas.

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    Observar essa experiência contribui para, ternamente, favorecer nossa abertura dialogal. E então perceberemos que o Outro, o Diferente, nem é tão diverso assim… é por isso que podemos alegremente nos chamar de irmãs e irmãos. E comprometidos com a construção de um outro mundo – que sabemos possível! – cantar: Vem, Senhor Jesus!

    Professora Tânia Jordão

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