celam – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Tue, 17 May 2022 21:30:00 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 celam – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 15 anos de Aparecida: uma Conferência que conserva toda sua validade https://observatoriodaevangelizacao.com/15-anos-de-aparecida-uma-conferencia-que-conserva-toda-sua-validade/ Tue, 17 May 2022 21:30:00 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45000 [Leia mais...]]]>  

A comemoração pelos 15 anos da Conferência de Aparecida reúne uma série de atividades marcando e reavivando um importante momento eclesial para o Brasil, para a América Latina e até para a Igreja Universal. Revisitar Aparecida é fundamental para melhor compreender muito do Pontificado do Papa Francisco. Acompanhe a matéria de Luis Miguel Modino.

O Espaço Memorial de Aparecida

Aparecida, uma Conferência e um Documento que permanecem vivos nas ações do Papa Francisco, um documento atual, surgido de uma Conferência celebrada aos pés da Padroeira do Brasil de 13 a 31 de maio de 2007, com 266 participantes. Disso está sendo feito memória nos dias 12 e 13 de maio de 2022 no mesmo local, algo que tem começado coma inauguração de um Espaço Memorial e a reza do terço, lembrando o presidido pelo Papa Bento XVI 15 anos atrás.

O Espaço Memorial é uma iniciativa da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Santuário Nacional, que lembra as conferências realizadas pelo Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM), com livros, fotos, paramentos e outros objetos. A inauguração esteve presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, que após a acolhida do reitor do Santuário Nacional, que insistiu em ver Aparecida como a Casa da Mãe, mostrou sua alegria diante deste importantíssimo evento.

Dom Walmor insistiu em que esse espaço memória não faz referência unicamente ao passado, e sim algo que mostra “a força espiritual e missionária da Conferência de Aparecida e o Documento de Aparecida”, destacando que mesmo sem aparecer o termo, no Documento de Aparecida “nós encontramos um programa de sinodalidade da mais alta qualidade, da mais alta pertinência”.

Oração para renovar o ardor missionário

A reza do Terço foi presidida pelo cardeal Odilo Scherer, contando com a presença de bispos, os mais de 500 presbíteros que estão participando do seu 18º Encontro Nacional, a Vida Religiosa e leigos e leigas. Juntos meditaram os mistérios do Santo Rosário, sendo rezados por diferentes pessoas, tudo intercalado com cantos, textos bíblicos e do Documento de Aparecida, e reflexões do Arcebispo de São Paulo que foi atualizando esta devoção secular à luz daquilo que hoje o mundo vive.

O cardeal Scherer afirmou que “a nós é pedido que nos renovemos no fervor missionário”, o que se concretiza no anuncio com alegria de uma Palavra que precisa ser testemunhada. O purpurado também fez um chamado à paz frente a uma violência que “acaba sendo uma grande injustiça para as pessoas”, que na guerra gera fome e sofrimento. Isso o fez mostrar a necessidade de “nós cuidar para que este mundo seja cada vez mais sadio, com menos sofrimentos”, chamado a ser testemunhas da caridade, da compaixão, da misericórdia de Deus.

No final da oração do terço, Dom Miguel Cabrejos fez uma leitura de uma mensagem onde ele descreveu os 15 anos desde Aparecida como um tempo de impulso missionário. O presidente do CELAM disse ver o Documento de Aparecida, citando as palavras do Papa Francisco, como algo que “nasceu precisamente desta tecelagem entre o trabalho dos Pastores e a simples fé dos peregrinos, sob a proteção materna de Maria”.

Um tempo da graça na vida da Igreja

Aparecida foi “um autêntico Kairós que gerou um profundo impulso missionário”, segundo o presidente do episcopado peruano, que destacou a dimensão missionária como um dos eixos norteadores de Aparecida, a partir do método de ver-julgar-atuar, e a opção preferencial pelos pobres e pelo cuidado da Criação. A partir daí ele afirmou que “a Igreja precisa de um choque forte que a impeça de se acomodar no conforto, estagnação e tibieza, às margens do sofrimento dos pobres do continente”.

Em suas palavras, ele se referiu à conversão pastoral e outros aspectos da V Conferência Geral do CELAM, tais como ser discípulos missionários e assumir a Missão Permanente como uma tarefa impagável. Juntamente com isto, ele o relacionou com o atual processo sinodal e a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, chamando a “reafirmar nossa identidade de discípulos missionários, a ser uma Igreja em saída, sinodal e misericordiosa”, algo que leva a “fortalecer a missão, a comunhão eclesial, a colegialidade e a sinodalidade”.

Hoje, Aparecida produz “uma grande esperança, um espírito de profecia, de grande compromisso, porque ainda há desafios a serem enfrentados e outros que se abrem”, algo motivado pelo contexto histórico, segundo Dom Miguel Cabrejos. O prelado destacou que Aparecida promove o conceito do povo de Deus, que somos todos Igreja, assim como a interculturalidade, o cuidado com a casa comum e a ecologia integral. Neste sentido, ele disse não ter dúvidas de que Aparecida inspirou os quatro sonhos da Querida Amazônia: social, cultural, ecológico e eclesial.

Uma riqueza reunida em Aparecida, que, segundo Dom Miguel Cabrejos, nos abre para entender que “toda evangelização deve ser um processo, as obras pastorais devem ser um processo, não eventos que são organizados, terminados e pronto”. Tudo isso olhando para o futuro, para o evento de Guadalupano de 2031 e para o ano da Redenção em 2033, caminhando sinodalmente, algo já presente na vida das primeiras comunidades cristãs.

Sentir-se em casa, na casa da mãe

Aparecida se entende a partir da decisão pessoal do Papa Bento XVI na escolha do lugar, segundo Dom Jaime Spengler, que vê no Santuário Nacional “um lugar todo especial na história também do nosso povo. Aparecida é a referência para muitos de nosso povo, a casa da mãe”. Segundo o vice-presidente primeiro da CNBB, “na casa da mãe, a gente fala livremente, na casa da mãe, nós verdadeiramente nos sentimos em casa”, algo experimentado pelos bispos participantes da V Conferência do CELAM.

O arcebispo de Porto Alegre insistiu em que “foi esse sentir-se em casa, na casa da mãe, com os irmãos e irmãs que frequentam o santuário que, por assim dizer forjou a beleza, a grandeza desse documento que marca, não só a história da Igreja latino-americana, mas que também de alguma forma delineou o próprio pontificado do Papa Francisco”.

Aparecida mantem a sua atualidade, segundo o cardeal Odilo Scherer, “embora depois de Aparecida até nossos dias já tem surgido muitas outras questões que não estão contempladas suficientemente no Documento de Aparecida e necessitam de novas declarações, novas posturas, enfim nova reflexão da Igreja”.

Ele destaca que “as questões essenciais do Documento de Aparecida conservam toda sua validade”. O vice-presidente primeiro do CELAM vê como questão de fundo, “o renovado encontro com Jesus Cristo para uma fé viva, profunda e verdadeira”. Junto com isso, “a necessidade de renovar a Igreja a partir de uma renovação missionária, a Igreja precisa se renovar na missão”, algo sempre atual, com toda sua validade, assim como “aquela atenção que Aparecida pediu aos pobres, pediu para a juventude, se mostra totalmente atual”.

O purpurado destacou também a atualidade da “presença da Igreja no meio dos nossos povos, que é histórica”, uma presença que “precisa ser aprofundada, precisa ser renovada e cultivada, de maneira que através sobretudo de uma renovada presença laical no meio da sociedade, a Igreja, o evangelho, possa chegar a todos os âmbitos da vida social, da vida cultural, da vida pública, da vida política, econômica e assim por diante”, para que esses povos possam ter “vida abundante em Jesus Cristo”.

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pe. Luis Miguel Modino
Natural da Espanha, é missionário Fidei Donum na Diocese de São Miguel da Cachoeira, Amazonas. É parceiro do Observatório da Evangelização e articulista em diversos periódicos e revistas virtuais católicas.

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15 anos de Aparecida: um documento determinante para entender a Igreja do século XXI https://observatoriodaevangelizacao.com/15-anos-de-aparecida-um-documento-determinante-para-entender-a-igreja-do-seculo-xxi/ Fri, 13 May 2022 12:00:00 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=44968 [Leia mais...]]]> As Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano, especialmente depois de Medellín, têm marcado a vida da Igreja católica no continente, mas poderíamos dizer que elas têm sido também uma referência para a Igreja universal. Acompanhe o relato feito por Luis Miguel Modino sobre a memória e as atividades para a comemoração desta data significativa.

Igreja em saída, discípulos missionários

Esse caminho é algo que continua ainda hoje, tendo dado um passo a mais com aquela que deveria ter sido a VI Conferencia Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, mas que por orientação do Papa Francisco, o relator geral do Documento de Aparecida, quando era arcebispo de Buenos Aires, se concretizou na 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, considerada uma prévia da fase continental do Sínodo sobre a Sinodalidade.

A Conferência de Aparecida e o Documento que recolhe os debates que lá aconteceram, pode ser considerado um momento determinante para entender a Igreja do século XXI, a Igreja do Papa Francisco. Conversão pastoral, Igreja em saída, discípulos missionários, elementos que hoje fazem parte do dia a dia da Igreja, cobraram força após a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe.

Uma Conferência que teve sua abertura no dia 13 de maio de 2007 e contou com a presença do Papa Bento XVI. 15 anos depois a Igreja da América Latina e do Caribe comemora essa data com algumas atividades ao longo desta semana, que serão realizadas no entorno do Santuário de Aparecida, a casa da Padroeira do Brasil.

Várias atividades fazem parte da comemoração

Está confirmada a presença do Presidente do Conselho Episcopal Latino-americano e Caribenho (CELAM), Dom Miguel Cabrejos e do Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Walmor Oliveira de Azevedo, junto com outros membros da presidência da CNBB.

No dia 12 de maio, às 16 horas no horário local, está prevista a inauguração do “Espaço Memória”, que quer lembrar os 15 anos do Documento de Aparecida e da realização da V Conferência. No mesmo dia, às 19 horas, será recitado o Terço, lembrando assim a recitação do Terço conduzida pelo Papa Bento XVI no altar central da Basílica da Padroeira do Brasil.

Fazendo memória da abertura da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, hoje (13 de maio), às 9 horas, será celebrada uma Eucaristia, presidida por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, Presidente da CNBB. No final da Missa está prevista uma coletiva de imprensa com a presença da Presidência da CNBB.

A comemoração dos 15 anos de Aparecida contará com a realização de um seminário com reflexões de especialistas e assessores que contribuíram na conferência, conduzido pelo Instituto Nacional de Pastoral Padre Alberto Antoniazzi (INAPAZ), com o apoio de diferentes Institutos de Teologia.   

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pe. Luis Miguel Modino
Natural da Espanha, é missionário Fidei Donum na Diocese de São Miguel da Cachoeira, Amazonas. É parceiro do Observatório da Evangelização e articulista em diversos periódicos e revistas virtuais católicas.

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Encontro Eclesial: continuar o caminho pastoral a partir dos desafios eclesiais na América Latina e no Caribe https://observatoriodaevangelizacao.com/encontro-eclesial-continuar-o-caminho-pastoral-a-partir-dos-desafios-eclesiais-na-america-latina-e-no-caribe/ Sat, 02 Apr 2022 21:00:00 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=44696 [Leia mais...]]]> Caminhar juntos como discípulos missionários é um desafio assumido na Assembleia Eclesial da América Latina e Caribe, lembrando o que foi vivido em Aparecida. Para promover esta caminhada, os participantes da Assembleia Eclesial se reuniram virtualmente no dia 30 de março. Acompanhe o relato deste encontro virtual feito por Luis Miguel Modino:

Foi mais um passo para realizar “o desejo de continuar nossa caminhada pastoral depois de conhecer os desafios que temos como Igreja do continente”, segundo o Padre David Jasso, que se realizou em quatro momentos: orar, compartilhar, escutar e caminhar, nas palavras de Paola Calderón, que junto com o secretário-geral adjunto do CELAM, liderou o Encontro Eclesial, do qual participaram cerca de 250 membros da Assembleia.

Nova etapa de recepção da Assembleia Eclesial

Foi um “encontro de memória e projeção”, nas palavras de Dom Miguel Cabrejos, que quis olhar para o mês de novembro de 2021. O presidente do CELAM lembrou as diferentes etapas do processo da Assembleia, o tempo da escuta e da assembleia, e agora a etapa de apropriação significativa enquanto aguarda o documento que está sendo trabalhado pela equipe de reflexão teológica sobre as orientações pastorais.

Tudo isso para responder aos grandes desafios que o CELAM ainda enfrenta em seu processo de renovação e reestruturação e da comunhão para continuar no caminho rumo ao Sínodo, relembrando os 15 anos de Aparecida, com vistas ao ano 2033. Dom Miguel Cabrejos lembrou como os processos de evangelização da Igreja têm se acentuado nos últimos tempos, e a partir daí fez um convite para trabalhar em todos os níveis.

Levando em conta a diversidade de carismas, ministérios e serviços, que abre o horizonte para o exercício diário da comunhão, Dom Jorge Lozano definiu este Encontro Eclesial como “uma expressão dessa diversidade de carismas e ministérios”, o que ajuda a dar continuidade ao processo da Assembleia Eclesial. O Secretário Geral do CELAM lembrou a necessária unidade de comunhão e missão como um caminho para a santidade. Para isso, “não devemos esquecer que nossa identidade é ser o Povo de Deus, lembrar Aparecida e discernir juntos os caminhos que o Senhor nos está dando neste momento da história”.

Seguir caminhando juntos

Um encontro eclesial, um encontro de toda a Igreja para a qual todos fomos convidados, disse o Padre Pedro Brassesco, que insistiu em caminhar juntos, como um “convite para que todos se sintam parte dela e preparem seus corações para fazer parte deste povo que continua caminhando, querendo ser cada vez mais discípulos missionários”, nas palavras do Secretário Geral Adjunto do CELAM.

Nos quatro momentos da reunião, o orar foi uma oportunidade para permitir que o Espírito continuasse nos surpreendendo a fim de construir o Reino. Sentir a necessidade de viver de acordo com o Espírito em um mundo com fraturas profundas de todo tipo. Algo que deveria nos levar, diante de tantas formas e estilos de proceder, a mudar a partir do impulso da Ruah, como nos fez ver a Ir. Daniela Cannavina e o Capuchinho Jesús García, os líderes daquele momento.

O partilhar foi uma oportunidade de “trazer ao coração tudo o que vivemos, a caminhada que fizemos”, segundo Mauricio López. Uma caminhada na qual o Papa Francisco sempre esteve presente, desde o primeiro momento, como disse na apresentação da Assembleia em janeiro de 2021, onde insistiu que “a Igreja está em todos, sem exclusão”, algo que ele quis concretizar na Assembleia Eclesial, uma Igreja que participa, que se compromete, que está tecendo seu caminho. Isto deve nos levar a nos questionar sobre como a escuta nos transforma e sobre os novos caminhos que estão sendo tecidos para estabelecer a cultura da sinodalidade na Igreja como algo irreversível.

A experiência da Assembleia foi compartilhada em termos de espiritualidade, grupos de discernimento e desafios pastorais. A espiritualidade foi o eixo transversal da Assembleia, que permeou tudo, nas palavras de Ir. Liliana Franco. “Uma espiritualidade histórica, dinâmica, mas sobretudo encarnada, num eco permanente à Palavra de Deus”, segundo a presidenta da CLAR, “que ajudou a preparar o coração para poder ouvir e discernir qual era a vontade de Deus”.

Tendo em conta que “nossa imagem de Deus determina tudo, e nosso Deus é o Deus de Jesus, é o Deus encarnado, é o Deus envolvido em nossa história, capaz de nos escutar, capaz de simpatizar conosco e capaz de nos encorajar também a sair em missão, a trabalhar resolutamente pelo Reino, a corresponsabilidade”, a Ir. Liliana nos fez perceber que “ainda estamos em estado de Assembleia permanente, convencidos de que o que temos que fazer é escutar, contemplar Deus na vida e descobrir aqueles ecos nos quais Ele continua a clamar pelo compromisso renovado da Igreja”.

Mais espaço para as mulheres

Falando sobre os grupos de discernimento, que permitiram “o discernimento comunitário dos sinais dos tempos”, Ir. Birgit Weiler enfatizou a grande variedade desses grupos e tudo o que estava reunido neles. Ela se referiu à necessidade de mais espaço para as mulheres na Igreja, para crescer juntos, à necessidade de uma Igreja que saiba ouvir antes de falar, e também aos gritos dos pobres e da Terra. Aqueles grupos de discernimento que a teóloga missionária no Peru definiu como “pequenas escolas de sinodalidade”, nas quais “os bispos estavam presentes como irmãos na fé”.

Nestes grupos de discernimento foi insistido que, por sermos batizados, compartilhamos o dom do Espírito e somos sujeitos de fé, sujeitos eclesiásticos. Eles foram uma oportunidade para discernir o que nos une, para ouvir um ao outro, para sentir que precisamos um do outro para discernir onde este espírito quer nos levar, para tentar entender o outro em seu ser diferente, ela lembrou. E daí “crescer em uma Igreja perspicaz, na qual todos somos chamados a viver ativamente”, a ser uma Igreja em saída, que vai às periferias, “ver o mundo como ele é”, como nos diz o Papa Francisco.

Em relação às Diretrizes Pastorais, D. José Luis Azuaje chamou para vê-las do ponto de vista da conversão pastoral. É por isso que ele entende a Assembleia Eclesial dentro do processo de renovação eclesial no continente, algo que vem de Aparecida e que em várias etapas tem levado a “considerar o Povo de Deus como um sujeito”. Para o presidente da Cáritas América Latina e Caribe, “os desafios emergem de um caminho comum, de um discernimento comunitário em uma Igreja sinodal e missionária”, assumindo que ambos os campos precisam de conversão.

Diversos olhares

A partir daí, ele chamou para nos deixarmos desafiar pelas vozes dos pobres e da Mãe Terra, para melhorar as práticas, porque “os desafios não são apenas conteúdo, mas atitudes”, para a conversão em diferentes níveis ligados uns aos outros. Tudo isso se baseia na centralidade de Jesus Cristo, que nos chama a viver a corresponsabilidade, a promover e fortalecer a opção pelos pobres e o cuidado da Mãe Terra, a cuidar da vida dos mais vulneráveis, abrindo canais para a participação dos leigos, dos jovens e das mulheres. Mas para isso, é necessário nos perguntarmos se teremos a coragem de nos abrir a esta novidade ou se queremos continuar da mesma maneira antiga.

Os participantes do Encontro Eclesial foram convidados a ouvir diferentes testemunhos que relacionaram experiências na Assembleia Eclesial. Entre eles estava o Cardeal Gregório Rosa Chaves, que relatou sua experiência no CELAM e sua convivência com São Oscar Romero, assim como a influência do Concílio Vaticano II e das Conferências Gerais do CELAM sobre a vida da Igreja no continente. Do Uruguai, Dom Milton Tróccoli pediu uma reflexão sobre a relação entre a Igreja e os jovens, que questionam se eles são realmente ouvidos por uma Igreja muitas vezes desligada da realidade juvenil e que não fortalece o protagonismo dos jovens.

Susana Pachecoy, da Argentina, refletiu sobre o papel e a participação da mulher na Igreja e na sociedade, insistindo em não ter medo de ser uma Igreja que sai, de falar de gênero, de acolher diversos grupos. Uma assembleia que deve ser vista como um processo de aprendizagem de escuta mútua e comunhão com nossos irmãos e irmãs, segundo a Irmã Maria Suyapa, que, a partir da realidade dos povos afrodescendentes, chamou a continuar apostando em uma pastoral integral baseada nos quatro sonhos do Papa Francisco na Querida Amazônia.

Frei Santiago González Ortiz, da Colômbia chamou para sonhar em poder despertar nossa voz profética sem auto referencialidade, para ser profetas de esperança e comprometidos com a vida. A Ir. Laura Lissette García, que trabalha na pastoral hispana nos Estados Unidos, também falou da necessidade de nos enchermos de Deus para sermos um exemplo para outras pessoas, para sairmos às periferias para tornar Jesus Cristo conhecido. O padre Josetxo García do Equador enfatizou a importância de ouvir experiências que geram vida e esperança, uma nova Igreja samaritana, a caminho.

O fato de a Assembleia Eclesial ter acolhido a Pastoral da Diversidade Sexual foi motivo de gratidão para Antônio Ortiz, que do México enfatizou a importância de promover uma Igreja que seja um lar acolhedor no qual as diversidades étnicas e culturais estejam integradas. Uma Igreja ecumênica, como destacou o Pastor Harold Segura da Costa Rica, que chamou para continuar construindo pontes de aproximação, graça, amizade, baseada na vida, além do dogma. Uma Igreja em diálogo com as universidades, nas palavras de Andrés Barba, representante da ODUCAL, que vê a Assembleia Eclesial como um episódio de transformação institucional a partir do espírito de sinodalidade e do Pacto Global pela Educação.

Novos passos para continuar caminhando juntos

Todas as experiências da Assembleia Eclesial foram registradas no Relatório Final, entregue pela presidência do CELAM ao Papa Francisco em 19 de fevereiro de 2022, que, como lembrou Oscar Elizalde, lhes disse: “Continuem com todos os projetos”.

Finalmente, o caminhar, que deve nos levar a nos perguntarmos como continuaremos no caminho pastoral. Para isso, o CELAM está dando passos, apresentados neste último momento do Encontro Eclesial, como o Itinerário Espiritual durante a Quaresma e a Páscoa; o Processo de Renovação e reestruturação, a partir de uma Igreja em saída, desenvolvimento humano integral, sinodalidade, assumindo os quatro sonhos da Querida Amazônia; o Seminário permanente sobre o horizonte pastoral do CELAM; o texto de orientações pastorais com tudo o que foi vivido na Assembleia Eclesial; a Assembleia extraordinária do CELAM de 12 a 14 de julho, na nova sede do CELAM para reafirmar o desejo e o compromisso de continuar caminhando juntos; 4 encontros eclesiais para cada uma das regiões que compõem o CELAM para compartilhar experiências nascidas da Assembleia.

Não se deve esquecer que a Assembleia Eclesial e o Sínodo sobre a Sinodalidade “fazem parte do mesmo caminho rumo a uma Igreja mais sinodal que o Papa Francisco quis”, segundo Mauricio López. Neste sentido, a experiência latino-americana é reconhecida pela Secretaria do Sínodo como uma das contribuições mais significativas para o processo do Sínodo sobre a Sinodalidade. A partir daí, o coordenador do CEPRAP incentivou a aprofundar ainda mais a experiência da Assembleia em vista do Sínodo sobre a Sinodalidade, destacando a fase continental. Junto com isto, não se deve esquecer que o fim não são estes processos, mas o seguimento de Jesus e a construção do Reino.

Para Dom Jorge Lozano, não há discipulado sem comunhão, seguindo o que foi dito em Aparecida. A fé em Jesus Cristo veio até nós na comunidade eclesial, segundo o Secretário Geral do CELAM, que clamou por superar a tentação do isolamento ou da intimidade na fé. Também devemos entender que vivemos a Igreja em nossas comunidades, que a Igreja não é uma ideia, é uma realidade, é o Povo de Deus em movimento, não é algo abstrato, não é um espaço para pessoas selecionadas, que se separam dos outros, que olham para eles com desprezo. Portanto, encorajo-os a participar da experiência sinodal.

Dom Miguel Cabrejos concluiu o Encontro Eclesial lembrando que, se o Espírito não estivesse presente, o que está sendo feito não seria possível. Ele pediu ao Espírito para continuar fortalecendo a comunhão e a colegialidade episcopal com o povo santo de Deus na América Latina e em todo o mundo. Ele também convidou a continuar a rezar por nossa contínua conversão e pela paz no mundo, especialmente na Ucrânia.

Um Encontro Eclesial que quer ser um chamado àquele Espírito que invocamos na oração do Sínodo dizendo: “Vós que suscitais novas línguas e colocais palavras de vida em nossos lábios, livrai-nos de nos tornarmos uma Igreja museu, bela, mas muda, com muito passado e pouco futuro”. Para isso, é necessário continuar um processo que deu um passo na Assembleia Eclesial, deu um novo passo com este momento e continuará a fazê-lo no curso de uma história na qual somos chamados a descobrir Deus e a anunciar seu Reino.

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Natural da Espanha, é missionário Fidei Donum na Diocese de São Miguel da Cachoeira, Amazonas. É parceiro do Observatório da Evangelização e articulista em diversos periódicos e revistas virtuais católicas.

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