CEBs – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Thu, 04 Aug 2022 17:16:39 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.3 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 CEBs – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 XV Seminário dos Bispos referenciais para o laicato e as CEBs https://observatoriodaevangelizacao.com/xv-seminario-dos-bispos-referenciais-para-o-laicato-e-as-cebs-2/ Thu, 04 Aug 2022 17:16:39 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45566 [Leia mais...]]]>

2º dia, Iluminar a realidade: Encantar a Política à luz do Magistério da Igreja.

Assim foi a acolhida, no estilo de sentir-se em casa, onde cada um que adentrava na sala, acolhia e partilhava a alegria do encontro, de maneira singular e carismática, até relembrando momentos vivenciados no primeiro dia do Seminário com descontração e entusiasmo.

Para oração inicial foi proposto a espiritualidade do Ofício Divino das Comunidades conduzida por Vanda – CNLB, no momento da Recordação da Vida foram citadas: a 40ª Assembleia Geral dos Leigos, a Romaria dos Mártires na Jornada ampliada das CEBs, a criação de novas comissões Justiça e Paz, a mais nova comissão Regional Nordeste 4 (Piauí), as novas Escolas de Fé e Política com a Escola Ir. Dorothy Stang de Campos- RJ. As falas orantes trouxeram inspirações para que reconheçamos que não é possível uma sociedade justa e fraterna, se não houver a participação na política e da política, que possamos encantar-nos pelo bem viver, pelo bem comum, nessa fraternidade e nessa entrega aos mais empobrecidos. E qual o problema nosso, nesta caminhada? Falta-nos organizar as pequenas comunidades, formar as nossas lideranças, parafraseando Frei Beto.

Iluminar para encantar-se

Dom Geovane deu boas-vindas, trazendo a análise de que “eu preciso respeitar o outro, a liberdade e reconhecer que posso estar errado em minha leitura, devemos vivenciar o ensino social da Igreja”.

Sônia: enfatizou que “o caderno Encantar a Política não é só um caderno para eleições 2022, mas um Projeto pensado em 2020, com quatro Comissões e Organismos”. E neste processo, recordou a fala de Dom Roberto sobre as Sementes Crioulas, ao afirmar que “o Projeto Encantar a Política é uma semente crioula, quer ter a vasta gama, e nunca vende suas sementes, mas troca as sementes”, à luz da Doutrina Social da Igreja e do que o Papa Francisco nos inspira, devemos buscar ser esse espaço de “troca de sementes”. Assim fez a apresentação do Assessor.

Pedro iniciou sua fala com um questionamento: porque é preciso “encantar a política”? Porque a Igreja Católica perdeu essa voz? Assim discorre sua análise, que não temos dentro da história republicana “uma política boa”, trazendo referencias do final da Guerra Fria, a vitória do mundo capitalista, neoliberal, globalizado, onde a economia vai se tornar o mundo, aludindo o pensamento a partir dos anos 90 para gestores administradores, e fazer o mínimo de administração, isso não é tomar “decisão política”.

A mudança cultural que visa o individualismo, ou seja, o princípio de que a sociedade não existe, existe o individuo e sua família. Assim, na prática, significa comprar uma liberdade individual, o estado surge como o garantidor dos direitos individuais, por exemplo: a vacina, “eu não vou vacinar”. O Neoliberalismo tem a pauta moral, assim as igrejas cristãs foram facilmente aderindo, como, por exemplo: “salva a tua alma”, ou seja, cada um com ideia individualista, esquecendo que o Reino é para todos. Na perspectiva de como são feitas as escolhas dos representantes, enfatiza-se que são através de “Propagandas Eleitorais, os Marqueteiros, que surgem para lapidar a escolha popular”.

Diante de tudo isso, surge o que chamou de voz profética, Papa Francisco, vem reforçar que somos todos irmãos e irmãs, a revolução da solidariedade (ser solidário entre nós), incluindo a irmã Terra, estamos todos no mesmo barco. Encantar a Política é uma proposta de mudança cultural, quando o Papa nos chama a atenção para universalização do amor cristão, trazendo a parábola do Samaritano: quem é meu próximo? Aquele que precisa de nós, todos que estão com a vida ameaçada, isso é Ensino Social, buscar o essencial e ir adaptando.

Posso ajudar uma pessoa a atravessar um rio, mas para que todos possam atravessar é necessário um ponte. E, para construir pontes é preciso da política, as grandes causas do Evangelho são justiça e paz, e onde houverem essas causas, haverá o sinal do Reino de Deus, lembra então o Grito pela Terra, o cuidar da Casa Comum. Além disso, ressalta que o momento político, o imperativo da política é unir o País, precisamos da democracia, de maneira participativa, e tendo os critérios éticos, e como fazer? Fazendo ecoar e deixar repercutir as falas de Francisco.

Processo de escuta e falas

Sérgio refletiu que mesmo a ciência, não é uniforme na identificação da realidade, deve ter o cuidado para não desvaliar os valores; Aroldo Braga perguntou: como encantar-nos pela política, com esse grande esforço para desencantar o cidadão pela política? Denilson Mariano, recordando que na Campanha da Fraternidade de 1996, onde o período estava mais tranquilo, diante dessa polarização, da violência em marcha, como podemos ajudar nossas comunidades neste momento eleitoral? Maria Rosa refletiu sobre a importância da vida em sua integralidade: educação e saúde, com a urgência da holística ao bem comum, e o desafio lançado em 2020, saúde para todos, onde as Políticas Públicas são fundamentais para garantir esses direitos; Marilza Shuína lembrou a bênção do Papa Francisco para a alta cúpula da Igreja em consonância a fala de Dom Helder Câmara “Quando dou comida aos pobres me chamam se santo. Quando pergunto por quê eles são pobres, me chamam de comunista”; Iarley ressaltou que o grande desafio é o testemunho cristão, estamos perdendo a capacidade de escutar as pessoas, e perceber até mesmo os que pensam diferente de nós; Pe. Ernanne Pinheiro indagou sobre qual o papel das religiões nesse contexto novo da política. Antônio Félix citou o diálogo entre dois vendedores ambulantes, discutindo sobre a corrupção das instancias que deveriam dar o exemplo, então como encantar a grande massa? Dom Roberto trouxe o aspecto religioso, a idolatria ao dinheiro, teologia da prosperidade; Dom Dirceu manifestou que pior que a polarização é a fragmentação. Lembrou os discursos binários e ressaltou o caminho que a CNBB vem seguindo no fortalecimento das instituições de estado e sociedade civil e de denunciar certas pautas sociais que não combinam com o Evangelho; Cidinha Longo,pergunta se está sendo sugerido que se siga a esquerda?

Diante das falas, Pedro refletiu que a ideia é levar a tona os diversos questionamentos, que nossa espiritualidade é terrestre, Madre Tereza atendeu aos pobres, uma espiritualidade do cuidado, devemos encantar-nos com a espiritualidade política, o que espanta é a falta de conhecimento, o medo, por exemplo, do “comunismo” que acabou há 30 anos, quando acabou a revolução soviética. O que sobrou dele (Cuba e Coreia do Norte) não ameaça ninguém. Precisamos que nossas igrejas sejam espaços de diálogo, citando a referência do livro de Josué, que é texto base do mês da Bíblia, sobre saber trabalhar para sair de uma linguagem individualista para, por exemplo uma linguagem de reforma agrária, onde se diga de todos e para todos. Chama para a necessidade de se posicionar, estar ao lado dos mais fracos, ao lado de Jesus, ao lado que perdeu para evitar maiores perdas. Para que haja um pouco mais de paz de justiça de fraternidade, saúde e educação para todos.

Caminhar juntos para Encantar a Política

Cada Organismo apresentou como estão caminhando, na perspectiva do Encantar a Política.

Patrícia Cabral, do CNLB, falou sobre os materiais, o hot site e seu amplo conteúdo, construído em coletividade e unidade.

Sérgio, do CARIS, destacou a Formação que visa três públicos: Academia, Líderes e Vocacionados, Populares: sobre a conscientização do voto… Destacou a parceria com a Canção Nova que proporcionou encontro com Juízes e Promotores; diálogo sobre os tipos de Servidor Público: Eleito, Convidado e Concursado.

Salete, da Ampliada Nacional das CEBs, enfatizou os quatros pilares que estão alicerçados: Palavra de Deus; Oração e vivencia em Comunidade; Eucaristia; Compromisso Social; destacando que estão inseridos na 6ª Semana Social Brasileira, Grito dos Excluídos, Romaria do(a) Trabalhador(a), nos Conselhos de Direitos.

Pe. Paulo Adolfo, do CEFEP, destacou as Lives e Encontros virtuais e presenciais com as temáticas que o caderno aponta; o envio de exemplares para as escolas; confecção dos cards etc. Explanou que o papel da Igreja não é apontar partido, mas formar para a visão crítica e iluminar a consciência, destacando três pontos do Encantar a Política: o caderno vai além do momento eleitoral, ele aponta uma política maior; o desafio é dar continuidade, continuar o Projeto pensando nas Eleições em 2024 e o acompanhamento dos que foram eleitos ou não; o curso de planejamento eleitoral, juntamente com a PUC.

Sônia retomou a questão da política partidária e a importância do apoio e incentivo ao laicato na política, os 60 mil exemplares do caderno Encantar a Política e o hot site, enfatizou: “que maravilha perceber e ver o caminho que estamos percorrendo”.

Dom Geovane: destacou alguns pontos: primeiro a importância das parcerias, a prova disso é a diversidade de iniciativas em âmbito nacional, segundo; o texto se insere na linha dos Documentos e a realidade da Igreja e seu posicionamento; terceiro, fato de o projeto ser construído por várias mãos, agradecendo aqueles e aquelas que estão com as mãos mais próximas, diretamente.

Após os avisos a oração foi conduzida por Dom Gabriel, que refletiu sobre colocar as mãos à obra, o grande louvor a Deus é o ser humano vivo, nossa paixão deve ser a paixão de Jesus por esse mundo. Nosso compromisso nos ajude a conhecer a verdade não das coisas, mas das pessoas, finalizando com a oração final do Papa Francisco na Fratelli Tutti.

Por: Érica Maria de Araújo Carvalho – CNLB – RN1

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XV Seminário dos Bispos referenciais para o laicato e as CEBs https://observatoriodaevangelizacao.com/xv-seminario-dos-bispos-referenciais-para-o-laicato-e-as-cebs/ Wed, 03 Aug 2022 11:44:20 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45530 [Leia mais...]]]> 1º dia, ver a realidade: Análise de conjuntura.

O Seminário teve início com uma acolhida feita por alguns bispos referenciais em cuja fala inicial prenuncia o anseio pela articulação entre fé e vida a serviço do Reino, na busca de uma sociedade justa e solidária, por meio do encantamento com a boa política.

Uma acolhida comprometida e profética:

Dom Giovane Pereira de Melo, citando Dom Walmor, lembrou que o tema deste seminário: “Encantar a Política” visa reunir pessoas e buscar meios para esse mutirão em defesa da vida e da democracia conforme já sustentado nos documentos do Magistério do Papa Francisco;

Dom Gabriel Marchesi manifestou a importância do diálogo para aprofundar as temáticas do momento político e social que vivemos, para que possamos ajudar o país numa reflexão pacífica;

Dom Roberto Francisco lembrou que estamos numa encruzilhada da história e que não sabemos o que virá. O Papa Francisco acena para a reconstrução do mundo por meio da “melhor política” e que é necessário, defender a democracia e não “cair no canto da sereia”;

Dom José Mário, reforçou a necessidade de interpretar os “Sinais dos Tempos” que vivemos. A crise da pandemia e a guerra envolvem o mundo todo. Jesus nos desafia a ser “sal e luz” diante dos novos desafios, na busca de uma sociedade justa e solidária;

Dom Francisco, que nosso país seja bem governado para o bem do povo brasileiro;

Dom Walmor de Oliveira (em vídeo mensagem enviada), precisamos firmar nosso compromisso, nosso dever cristão, diante das graves crises éticas e morais e não perder a esperança, inclusive no mundo da política. E isso exigirá vigor e participação de cada um/a, de modo coerente com o Evangelho para “Encantar a política”. Neste ano eleitoral, não agir com indiferença, mas ajudar a definir o voto para uma sociedade justa e solidária e rogou a bênção sobre todos os participantes e atividades a serem desenvolvidas neste seminário.

“O Caminho é este, é por aqui que vocês devem ir”

A oração de abertura foi motivada a partir da canção “Ruah”, composta pelo missionário verbita, Cireneu Kuhn, após o falecimento de Dom Pedro Casaldáliga e pelo Evangelho do dia (Mt 14,22-36), ela foi conduzida por Pe. Paulo Adolfo, do CEFEP, destacando que quando estamos perto de Jesus não temos medo e que precisamos manter viva a chama da esperança: “esperançar…” e para isso é preciso “encantar a política”.

Após a oração inicial seguiu-se a apresentação rápida de cada um dos presentes e passou-se a um breve testemunho do Laudelino, como leigo cristão, destacando o que o levou a abraçar a ação política e até a assumir um cargo político.

Ele enfatizou a insistência de alguns documentos do Magistério no tocante à participação política ativa: Os cristãos como cidadãos do mundo têm uma missão irrenunciável no mundo da política porque aí se realiza o Reino de Deus (cf. Doc. CNBB, Catequese Renovada, n. 300); Para animar cristamente a ordem temporal de servir e pensar a sociedade os fiéis leigos não podem abdicar de sua missão na política… (cf. Christifidelis Laici, nº 42); Os católicos versados em política, alicerçados na fé cristã, não recusem cargos públicos… abram caminho para o Evangelho (cf. Apostolicam Actuositatem, nº 14); E ainda citou Bento XI no tocante à necessidade de explicitar a ligação entre o mistério eucarístico e a justiça social e que, só da eucaristia brotará a civilização do amor (cf. Sacramentum Caritatis). Por fim enfatizou que o projeto “Encantar a Política” é baseado nas Escrituras e no Magistério Eclesiástico. E finalizou com o destaque para o lema da 40ª Assembleia Nacional do Laicato: “O Caminho é este, é por aqui que vocês devem ir” (Is 30,21), mas que é preciso ter cuidado com o fermento dos fariseus e dos Herodes, conforme recomendado por Jesus.

Crise de mudança de época

Depois deste momento inicial de falas, oração, apresentação e testemunho, a palavra foi passada a Chico Botelho, da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP) para ajudar os presentes a tomar pé da realidade atual por meio de uma análise de conjuntura.

Destacou que a realidade é complexa, o que não significa que seja complicada, mas indica que todas as partes interagem entre si e com o meio, ou seja, “tudo está interligado”. Ele se propôs a fazer um “recorte” no amplo contexto para dedicar-se a dois eixos: o que acontece no mundo também se configura no Brasil? e Eleições 2022.

Sinalizou que as tendências internacionais apontam uma mudança de época, algo estrutural e profundo. O mundo forjado no pós II Guerra Mundial, caracterizado por forças bipolares (EUA e URSS) entrou em crise. A ascensão da China rouba a hegemonia Americana, a guerra na Ucrânia sinaliza para mundo multipolar. Isso se verifica ainda pela crise ambiental sem precedentes; o aquecimento global; a crise da globalização da economia, pelo retorno à economia nacionalista; pela política neoliberal que defende estado mínimo e faz aumentar as desigualdades sociais; por sua vez, a crise da financeirização que transfere as riquezas do setor produtivo para os bancos, uma “economia de papel” fictícia, frágil, resultando que muitos países não conseguem sair da crise e aumentam as desigualdades, a migração, a fome, o desemprego e a precarização das relações de trabalho.

Outro indicativo são os fenômenos emergentes do nazifacismo, uma onda de extrema direita mundial que começaram a ganhar as eleições em várias partes do planeta. Verdadeiro projeto de destruição dos oponentes verificados a partir de 2014 nas eleições da Áustria, na Alemanha, na França, com políticas de ódio, de divisão e contrários à migração. Essa onda começou a ser contida a partir da pandemia, (frente ao negacionismo à ciência). É o que se verifica em países como Espanha, Portugal, Alemanha, França, Chile, México, Peru e Colômbia. Os processos eleitorais apontam para o crescimento de outra esquerda, não tão radical.

Há uma crise de projetos e diante destas sombras, o Papa Francisco, com suas ações e Encíclicas, vêm tocando os principais problemas: crise ambiental, migração, caminho para a paz no mundo, uma nova economia (de Francisco e Clara) e um novo pacto educativo global. O Papa Francisco revela uma presença decisiva para o mundo neste tempo de crise.

Brasil e Eleições 2022

O cenário mundial se reflete em nosso Brasil. Estamos diante de uma crise econômica e social profundas, sem precedentes, com aumento da inflação, dos combustíveis, da fome, dos moradores de rua, que atingem sobretudo os setores mais pobres. Crescimento do emprego informal, queda da renda real e do poder aquisitivo do salário mínimo. E se pode dizer na situação do país: “há um Paraná inteiro de desempregados e uma Minas Gerais inteira de famintos”. Por outro lado, cresce a violência em geral e a violência político/eleitoral, que vai desde os assassinatos a ameaças de todas as formas. Como ponto positivo vemos aflorar os Movimentos Sociais, de estudantes, os coletivos de hip hop, funk, Movimento de Mulheres, Movimentos LGBTQI+, Movimento Negro, Movimento Indígena, Movimento dos Sem-Terra e Sem-Teto.

Por sua vez o cenário eleitoral parece consolidar-se em duas frentes: uma de Centro-Esquerda e outra de Extrema Direita. Não existem perspectivas reais para uma 3ª Via. Isso aponta para uma clara divisão da sociedade e cheia de incertezas. Grupos extremamente autoritários, com utilização do fundamentalismo religioso sob um moralismo conservador e carregado de hipocrisia, como a “marcha para Jesus” com ícone de um enorme revólver na passeata. Outro fator, a ameaça constante de golpe sinalizado nos ataques à democracia, e às urnas eletrônicas, como claro elemento de não reconhecimento dos resultados eleitorais. O resultado disso vai depender muito da reação dos militares diante dos acontecimentos eleitorais.

Vale ressaltar o posicionamento contrário dos EUA que não apoiam o golpe e os ataques à democracia no Brasil. Também o manifesto democrático da USP assinado por mais de 700 mil pessoas. O processo de eleição no Brasil tem que  ser repensado não como defesa dos nossos direitos, mas como processo de renovação, de eleição de parlamentares que façam a diferença e não do tipo atual que retiram os direitos do povo votam leis de favorecem o armamento da população.

Depois de sua fala, surgiram vários posicionamentos e questões, retomados por Chico Botelho. Ele finalizou ressaltando que sua análise não brota de uma ideologia, mas se fundamenta em dados reais, do Branco Central, de informações do Estado Nacional e de analistas sérios que comparam as várias pesquisas de intenção de voto para chegar a um parecer mais técnico e confiável que indique a tendência atual. E sinalizou que os fenômenos que se repetem em várias partes do mundo nos ajudam a entender a realidade e que precisamos buscar boas fontes, fontes confiáveis e encontrar meios de descobrir os sites e redes sociais que divulgam fake news, há ferramentas para isso. O seminário ainda terá mais dois dias de encontro, 03 e 04 de agosto de 2022.

 

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* Doutor em teologia, membro do grupo de pesquisa de Teologia Pastoral (FAJE) e da SOTER- Sociedade de Teologia e Ciências da Religião. Redator da Revista O Lutador, Integrante do MOBON – Movimento da Boa Nova. Membro do Observatório de Evangelização – PUC Minas.

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CNBB 70 anos: Campanha da Fraternidade e Perspectivas Pastorais https://observatoriodaevangelizacao.com/cnbb-70-anos-campanha-da-fraternidade-e-perspectivas-pastorais/ Fri, 29 Jul 2022 00:33:30 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=45517 [Leia mais...]]]> Seminário 70 anos da CNBB, 3º dia.

O Seminário 70 anos da CNBB, depois de trabalhar o enfoque histórico recuperando o nascimento da CNBB e sua contribuição ao Brasil, no contexto da realização do Vaticano II, em um regime de exceção – 1º dia –, buscou a contribuição da CNBB à democracia em nosso país – 2º dia –, ficando para o 3º dia a tarefa de levantar perspectivas pastorais a partir da Campanha da Fraternidade e da missão da CNBB no contexto atual. O que se deu, logo após à oração inicial e acolhida dos conferencistas e demais participantes.

“Ser um remédio diferente para o mundo cheio de tanta injustiça”

Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte e atual presidente da CNBB, abriu a sequência das falas com premissas e eixos importantes para o horizonte de ação da CNBB e da Igreja do Brasil. Ele iniciou apontando três premissas:

1ª A CNBB não é um órgão de governo da Igreja do Brasil, mas uma instituição de comunhão eclesial que reúne os bispos, os primeiros servidores do povo de Deus, com força profética e presença atuante na sociedade. Não se trata de simples afinidade entre as pessoas, mas de um ideal de comunhão evangélica e de compromisso profético, de efetivação de uma Igreja promotora da vida e servidora do Reino de Deus;

2ª A fé como experiência, como princípio fundante. Somos Igreja não porque somos uma ONG, mas porque somos seguidores de Cristo. Nosso ponto de partida é a fé, somente pela fé é possível, por exemplo, fazer desabrochar o martírio;

Espírito Sinodal. É preciso recuperar nossas raízes: a sinodalidade. Pensar a Igreja não a partir dos bispos, mas em comunhão com todos os cristãos, leigos e leigas em busca de respostas adequadas. Não puramente organização e eficácia, mas experiência mística que gere comunhão, participação e fortaleça a missão.

Depois de destacar estas premissas, Dom Walmor trabalhou três eixos importantes para pensar a ação evangelizadora da Igreja do Brasil, o que não é um receituário, mas um anseio de comunhão:

1º Formação integral. Estamos acostumados à formação acadêmica, à conscientização, mas é preciso considerar o cuidado com a saúde, superando todo tabu. Olhar como o nosso povo vive e nos debruçar sobre os seus problemas, em busca de novas respostas. A pastoral deve ser pensada não como um calendário de eventos, mas voltada para a integralidade da vida do povo. Uma pastoral que toque o nosso jeito de ser, de agir e de conviver;

2º Comunicação e diálogo com a sociedade. O que não diz respeito apenas aos meios, trata-se de pensar as redes sociais como o universo para uma ação evangelizadora eficaz. Um mundo de possibilidades e desafios que exigem novas respostas. É preciso superar o “analfabetismo digital” para que surja um novo dinamismo na evangelização. Em uma sociedade plural, injusta, na “contramão” do Reino, somos desafiados a anunciar o Evangelho fecundado por um “novo humanismo” (Papa Francisco). O mundo não é o mundo da Igreja, ele não se reduz a ela. Mas o mundo precisa da Igreja, precisa da CNBB, para que seja mais justo e solidário, para consolidar a construção da democracia, neste momento extremamente difícil, para a promoção da paz e do bem.

3º Gestão Pastoral. Não reduzida às questões de organização, mas de sustentabilidade, tudo o que se desdobra no horizonte da Ecologia Integral, sobre o nosso modo de viver em nossa “Casa Comum”, que implica nossa vida no dia a dia, no uso dos bens etc. Aprender técnicas novas e novos modos de planejamento para superar a atual sociedade injusta e corrupta.

Essas premisas, afirmou Dom Walmor, são fundamentais, precisamos nos deixar desafiar, em solidariedade com todos os que sofrem, que passam fome e vivem na penúria. Firmar o diálogo com sociedade nesse tempo novo, a partir do Evangelho de Jesus Cristo. Ser um remédio diferente para o mundo cheio de tanta injustiça e de modo rápido, incisivo, urgente, a serviço do Reino definitivo.

Uma sinodalidade a partir de baixo, a partir das comunidades

Na sequência, Dom Joel Portela Amado, Secretário Geral da CNBB, apontou três aspectos ad intra, indispensáveis para a Igreja do Brasil nos próximos anos: o desaparecimento da cristandade para outra forma sociocultural de Igreja; a prioridade única das Comunidades Eclesiais Missionárias e a Sinodalidade.

1º A Pós Cristandade. Já não podemos pensar o cristianismo como uma religião única, hegemônica – pesquisas revelam uma enorme mobilidade religiosa –. Vivemos outro contexto que exige discernimento sobre a forma de presença da Igreja na atualidade. A fé já não pode ser dada como pressuposta, por isso não basta uma pastoral de preservação e a sacramentalização. A Iniciação à Vida Cristã constitui uma primeira e principal preocupação, sem a qual, o agir evangelizador é mutilado. Na Pós Cristandade, é exigida outra forma de presença e/ou mediação da Igreja, outra forma de apresentar a pessoa de Jesus Cristo e de levar as pessoas a fazerem a sua experiência de fé na comunidade eclesial.

2º Comunidades Eclesiais Missionárias (CEMs). Estas são a única prioridade das últimas Diretrizes Gerais de Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil. Expressão objetiva que nos leva a preservar a característica de toda a Igreja. Elas não foram criadas para substituir as CEBs, nem representam uma estratégia para o esvaziamento delas. Trata-se de uma nova forma de organização, um salto necessário para o contexto de Pós Cristandade. Também não são uma forma de organização ao lado dos novos movimentos eclesiais e das novas comunidades, ressaltando que “nenhuma comunidade detém o monopólio do Espírito”. Há incompreensões semânticas que precisam ser aprofundadas e para isso é preciso voltar às afirmações das últimas Diretrizes de Ação Evangelizadora. Uma visão não centrípeda onde tudo conflui para a matriz, mas centrífuga, em um número grande de comunidades de todos os tipos, como “Igreja em saída”, não excluindo as CEBs nem subjugando-as, mas como comunhão, como “rede de comunidades”. Estas CEMs remetem e contribuem à sinodalidade, por sua vez, carregada de desafios.

3º Sinodalidade. A relação entre sinodalidade, CEMs e Pós Cristandade é marcada pelo convívio e pela partilha de vida. Pequenas comunidades geram escuta e participação, geram busca de um “novo humanismo”, não é sinodalidade de cima para baixo, mas de baixo para cima, que favorece o processo sinodal em toda a Igreja. “As CEMs podem ser a grande contribuição da Igreja ao momento contemporâneo sinodal”.

Dom Joel concluiu sua fala sinalizando a necessidade de assumir esses três aspectos, pois, se um mundo acabou e outro começou, é necessário buscar outras alternativas: “não dá para continuar maquiando defuntos”.

Campanhas da Fraternidade e o diálogo com a sociedade

A terceira a usar da palavra foi a  Dra. Nísia Trindade Lima, presidente da FIOCRUZ. Ela enfatizou que pensar as Campanhas da Fraternidade (CFs) é pensar o papel da Igreja católica diante das grandes questões sociais do Brasil. A CF teve seu início no bojo de uma transformação eclesial na América Latina num cenário de profundos desafios, desigualdade e pobreza. Neste sentido, recuperar a história é fundamental para situar os desafios e captar aqueles que permanecem atuais. E, é impossível pensar os desafios contemporâneos sem o diálogo com outras igrejas e religiões. Não é possível sobreviver sem a ciência, a tecnologia e a democracia. E ressaltou: a CNBB tem dado uma importante contribuição.

A CF lançada nacionalmente em 1964, com o tema: “Você também é Igreja” e a CF 2022, “Fraternidade e Educação” são de uma pertinência atual. Com a Pandemia de 2019, verificamos retrocesso na agenda da ONU para 2030 e, no Brasil, esse retrocesso tem maior intensidade. A CF 1975 “Repartir o Pão” e a CF 1985 “Pão para quem tem fome” voltam em 2023 com o tema: “A Fraternidade e a Fome”. Tema da maior pertinência diante da gravidade da insegurança alimentar de milhões de brasileiros. A expressão de Josué de Castro em seu livro “A Geografia da Fome” é atual: “Metade da humanidade não come; e a outra metade não dorme, com medo da que não come.” E essa fome tem gênero, tem raça, tem classe social. Temos a necessidade de unir todos aqueles/as que se orientam na busca de caminhos de esperança para a segurança alimentar. Esse é o papel da Igreja a serviço da vida diante dos desafios da sociedade, caminhar juntos, procurando envolver toda a sociedade.

Remédio que cura os corações e ilumina o olhar

Irmã Márian, ex presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB – em uma comunicação testemunhal, destacou como os religiosos/as acompanham os processos históricos da CNBB e o fez resumindo na palavra “Aliança”. Citou várias ações de comunhão e de parceria entre a CNBB e os/as religiosos/as, com destaque especial para os Projetos: “Timor Leste”; “Haiti” e “Igrejas Irmãs”. E salientou que a mudança da sede da CRB para a Capital Federal como uma forma de maior proximidade para reforçar a Aliança nas prioridades afirmadas. E concluiu numa prece: “Que Deus nos conduza numa mesma direção”.

Depois destas participações, aconteceram várias manifestações dos participantes com perguntas e destaques relativos aos assuntos tratados, e depois retomados pelos conferencistas em suas falas conclusivas, mas cujo relato estenderia por demais estas linhas.

Por fim, Dom Antônio Luis Castelan Ferreira da PUC-Rio, instituiu uma mesa de convidados para o encerramento do Seminário dos 70 anos da CNBB: comunhão, participação e missão:

Cardeal Dom Paulo Costa, na mesa formada para encerramento dos trabalhos, salientou que a memória nos compromete (Metz), os tempos mudaram, são muitas as contradições, faz-se necessário “ler os sinais dos tempos” (GS 4), este é o grande desafio da CNBB. O Papa Francisco nos encoraja a não ter medo de entrar no tempo escuro de nossa história. O caminho da sinodalidade é o nosso grande desafio nesta sociedade pluralista. Escutar o que o Espírito diz hoje à Igreja do Brasil.

Cardeal Dom Orani João Tempesta, Grão Chanceler da PUC-Rio retomou a celebração da primeira Conferência do CELAM no Rio de Janeiro em 1955, ressaltou a vitalidade da Igreja na América Latina após o fim do Padroado e destacou que, com o nascimento da CNBB, a Igreja vai assumindo a sua responsabilidade diante das situações adversas ao Evangelho, como por exemplo o trabalho análogo à escravidão. E destacou a importância da CNBB para a Igreja.

Dom Walmor de Oliveira Azevedo, Presidente da CNBB, concluiu sinalizando Gratidão, o remédio que cura os corações e nos ilumina para olhar a história para sermos fieis ao projeto de Jesus. Há homens e mulheres nos instando à profecia, à cidadania eclesial e civil. E finalizou o Seminário dos 70 anos da CNBB pedindo a bênção e proteção da Mãe Aparecida, padroeira do Brasil.

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* Doutor em teologia, membro do grupo de pesquisa de Teologia Pastoral (FAJE) e da SOTER- Sociedade de Teologia e Ciências da Religião. Redator da Revista O Lutador, Integrante do MOBON – Movimento da Boa Nova. Membro do Observatório de Evangelização – PUC Minas.

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A contribuição das CEBs para o Sínodo 2023 https://observatoriodaevangelizacao.com/a-contribuicao-das-cebs-para-o-sinodo-2023/ https://observatoriodaevangelizacao.com/a-contribuicao-das-cebs-para-o-sinodo-2023/#comments Wed, 23 Feb 2022 12:00:00 +0000 https://atomic-temporary-74025290.wpcomstaging.com/?p=43809 [Leia mais...]]]>

Você conhece a Cartilha preparada pelo Serviço de Articulação Continental das CEBs sobre o tema da sinodalidade? Neste artigo publicado no Portal das CEBs, Neuza Mafra, membro da Articulação Nacional das CEBs, apresenta esta preciosa contribuição para ajudar as comunidades a participarem do Sínodo convocado pelo papa Francisco. Neuza destaca que “as mulheres eram parte da comunidade em igualdade com os homens, as decisões eram tomadas juntos; os conflitos eram superados  com a inclusão de pessoas de diferentes origens e a atenção aos pobres e a diversidade de serviços dentro das comunidades eram prioridades“. Confira:

A Cartilha CEBs e Sinodalidade foi lançada recentemente (CLIQUE AQUI PARA BAIXAR) , mas retomo aqui este assunto, para fortalecer o propósito deste importante instrumento de formação, articulação e esperança.

Elaborada pelo Serviço de Articulação Continental das CEBs, a Cartilha propõe um itinerário com a intenção de animar as Comunidades Eclesiais de Base a contribuírem com o Sínodo marcado para 2023. Os sete temas dos encontros nos possibilitam percorrer um caminho, nos quais vamos identificando a nossa prática com a sinodalidade, já comum na história da Bíblia.

Descobrimos que:

  • as mulheres eram parte da comunidade em igualdade com os homens;
  • que as decisões eram tomadas juntos;
  • que os conflitos eram superados  com a inclusão de pessoas de diferentes origens;
  • que a atenção aos pobres e a diversidade de serviços dentro das comunidades eram prioridades.

No 1º encontro, A Sinodalidade, um caminho de encontro, o texto bíblico de 1Cor 12,12-27, não cita a palavra sinodalidade. Paulo usa a imagem do corpo para explicitar o caminhar da Igreja. A Igreja é o Corpo do Senhor e, nele, há diversidade, mas também unidade. E para explicar isso, ele o compara com o corpo humano, no qual todos os membros são importantes e necessários; não há sequer, um membro superior e outro inferior, todos têm uma missão para o bem de todo o corpo. É assim também no corpo eclesial: todos os membros têm a mesma dignidade pelo Batismo. E teria imagem melhor para explicar o que é caminhar juntos?

Vem do Antigo Testamento o sonho de uma sociedade mais organizada e igualitária. No 2º encontro, O caminho sinodal dos povos na Bíblia, diferentes grupos e etnias se uniam em busca de libertação. Este caminho era percorrido de modo sinodal em busca da terra prometida para todos e todas. Um dado importante nos aponta este encontro: as sociedades organizadas popularmente tinham à sua frente juízas, mulheres animadoras, que se reuniam em assembleias para decidir os grandes conflitos das comunidades.

No 3º encontro, O caminhar comunitário de Deus com o povo novo, o relato de dois testemunhos de CEBs, em Mar Del Plata – Argentina e Riobamba – Equador, se fundem com muitas experiências vividas em nossas comunidades e nos remetem ao Novo Testamento, mostrando o jeito sinodal com que Jesus viveu sua missão. Não é de se admirar por que a cada dia aumentava o número daqueles/as que o seguiam? Nas Comunidades Apocalípticas a dinâmica era carregada de sinais, como o povo, a rua, a árvore da vida e a água que a irriga, que se unem para fazer um pacto pela vida!  

O encontro seguinte, o 4º, Memória sinodal: raízes e testemunhos das comunidades originárias de Abya Yala, é um convite para que nos aproximemos das fontes da sabedoria milenar de tantos povos originários e culturas e os escutemos com reverência e respeito o que nos dizem, acerca da sinodalidade, e reconheçamos seus valores para vivermos hoje a multiculturalidade.

No 5º encontro, Nas CEBs fazemos caminho sinodal, mediante a diversidade de ministérios, em autonomia e comunhão, o fato da vida traz um relato que se aproxima muito de nossas CEBs: a vivência da igreja nas casas, fundamentado depois pela carta de Paulo aos Romanos (Rm 16,1-6). As comunidades eram formadas por homens, mulheres, jovens e adultos que partilhavam a missão e mantinham uma dinâmica de renovação, pois estavam sendo continuamente integradas por pessoas diferentes e por uma diversidade de ministérios.

No 6º Encontro, Nas lutas sociais, unem-se os caminhos de todos os povos e culturas, Isaias nos convida a ficar de pé, vestir roupa nova, excluir os sinais de escravidão e não mais inclinar a cabeça, não mais encurvar-se (Is 52,4-11). Seu texto é um texto de promessa: chegará o dia em que nos reconheceremos nas lutas por libertação! E aí estão as Pastorais Sociais, os Movimentos Populares, as nossas bandeiras de luta…perfazendo um caminho sinodal.

E por fim, o 7º encontro, A experiência de sinodalidade na nossa comunidade, vai nos ajudar a colocar em prática o objetivo deste estudo e assim fortalecer a sinodalidade na vida da comunidade. 

Atenção: No final de cada encontro, há questões a serem respondidas até o dia 18 de março de 2022 e enviadas para a Articulação Continental: cebcontinental@gmail.com. Uma comissão organizará o material que será a contribuição das CEBs do Continente para os bispos que participarão no Sínodo de 2023.  Vamos participar?

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Neuza Mafra 
É Pedagoga, pós-graduada em Movimentos Sociais e Democracia Participativa pela UFMG, pós-graduada em Doutrina Social da Igreja pela FACASC, trabalha na Cáritas de Criciúma, membro do comitê de formação da Cáritas Brasileira, assessora das CEBs, regional Santa Catarina, faz parte da Comissão Ampliada Nacional das CEBs.

Fonte: https://portaldascebs.org.br/a-contribuicao-das-cebs-para-o-sinodo-de-2023/

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As CEBs e a Educação Popular https://observatoriodaevangelizacao.com/as-cebs-e-a-educacao-popular/ Mon, 27 Sep 2021 09:44:21 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=41598 [Leia mais...]]]>

Neste mês de setembro de 2021, mais propriamente no dia 19, celebramos o centenário natalício do Educador Paulo Freire. Em várias partes deste mundo em crise, estão sendo realizadas atividades como seminários, congressos, conferências, ciclos de debates tributados a este grande pensador, evidenciando a importância da Educação emancipatória e libertadora, voltada para a ação sociotransformadora da realidade, que, há sessenta anos, vem sendo fonte de conhecimento e engajamento sociopolítico para milhares de pessoas.

Nesta ciranda de gratidão, memória e reflexão, convido nossas CEBs, Pastorais Sociais, Movimentos Populares e todos aqueles e aquelas que desejarem, a revisitar o legado cristão, os princípios pedagógicos e políticos da Educação Popular Freiriana e sua perene contribuição na vivência libertadora da fé e da construção coletiva da cidadania ativa nos processos e práticas humanas, eclesiais, sociais, culturais e políticas, de nossas comunidades e demais coletivos.

É inegável que historicamente as CEBs, as Pastorais Sociais, a Teologia da Libertação e a maioria das organizações populares e as forças progressistas da América Latina, e particularmente do Brasil, beberam nas fontes da Educação Popular Freiriana, e esta, por sua vez, foi sendo gradativamente ampliada em sua elaboração e práxis, a partir das vivências, produção e troca de saberes destes setores, sobretudo dos processos de libertação das classes populares, que no interior destes coletivos se descobriram como pessoas e sujeitos, protagonistas de suas histórias.

Paulo Freire foi um pensador, um cidadão militante, de formação cristã e fazia questão de afirmar isso, com uma clara consciência do modelo de Igreja que acreditava e sonhava:

“…assumo apaixonadamente, corporalmente, fisicamente, com todo o meu ser, uma postura cristã porque esta me parece, como dizem os chilenos, plenamente revolucionária, plenamente humanista, plenamente libertadora e, por isso mesmo, comprometida, utópica. E esta deve ser, a meu ver, nossa posição: a posição da Igreja que não se esquece de que, por sua própria origem, é chamada a morrer tremendo de frio. Isto é uma utopia, é uma denúncia e um anúncio do compromisso histórico que expressa a coragem no amor“.

Paulo Freire

Esta profissão de fé, proferida por Paulo Freire, durante seu exílio no Chile, período da ditadura militar, no processo de gestação de sua obra magna “A Pedagogia do Oprimido”, foi e é, sem dúvida, um lúcido reconhecimento, e ao mesmo tempo uma provocação para que as CEBs e quiçá toda a Igreja, sejam espaços de vivências, práticas coletivas humanizantes, libertadoras e comprometidas com a transformação da realidade que nos cerca, e fomentadoras de utopias, de uma esperança solidária e profética.

Na atual conjuntura brasileira, marcadamente injusta, desigual, violenta, intolerante, sexista, racista, homofóbica e polarizada, imersa numa crise política e socioambiental desastrosa, em meio a um grande desmonte dos direitos sociais e das políticas públicas, ao retorno dos paradigmas educacionais domesticadores, através dos quais a “elite do atraso” pelo negacionismo, o autoritarismo e a ocultação da verdade procuram repetir os processos de colonização, exploração, alienação e coisificação das pessoas, como massa de manobra. Faz-se urgente e necessário, que nossas comunidades e a sociedade civil hasteiem a bandeira da Educação Popular, revisitem e assumam com renovada criatividade e ousadia profética, mesmo em meio à repressão dos governos autoritários e neocolonialistas, os princípios e práticas sociotransformadoras do pensamento freiriano em nossos dias.

A Educação Popular Freiriana caracterizada desde seus primórdios por uma horizontalidade dialética e dialógica na forma de educar e despertar as consciências, respeitando os saberes dos educandos como sujeitos históricos e políticos. Tem como princípios: a emancipação humana, a ética, a solidariedade, o compromisso com os pobres e a transformação social. Nos anos de 1960 a 1980, a pedagogia libertadora desta proposta foi prática nas CEBs, nas pastorais sociais, no Movimento de Educação de Base, contribuindo na criação dos sindicatos e das centrais sindicais e várias ONGs e movimentos populares como o MST e outros.

Hoje, embora sendo vítima de ataques, a pedagogia e o método Paulo Freire, segue presente em muitas mentes, corações e espaços de organização e luta das classes populares. E segue sendo extremamente necessária, pois nestes tempos neocolonizadores e neofacistas, só uma educação crítica, questionadora, contestatória e propositiva, será capaz de gestar e quiçá, parir um projeto alternativo de sociedade, que hoje ousamos sonhar, como a sociedade do Bem-Viver. Tarefa que exige um amplo trabalho de base, para o qual as CEBs são convocadas a retomar, com os aprendizados adquiridos nas múltiplas experiências históricas vivenciadas, e abertas aos novos movimentos, estratégias e recriações que o contexto atual requer.

As CEBs com sua ligação umbilical com a Educação Popular são convocadas a serem espaços de fé e vida, de cidadania ativa, escolas de formação da consciência crítica e política, comunidades missionárias em saída, caminhando com Jesus de Nazaré pelas periferias e fronteiras, fortalecendo os grupos de reflexão e envolvendo-se nas lutas locais, reafirmando que a “pedagogia do oprimido” e a “pedagogia da esperança” são para as nossas comunidades, não apenas obras, livros escritos, mas uma mística, uma forma concreta de viver na radicalidade o Evangelho de Jesus de Nazaré!

Sobre a autora:

Rede Um Grito Pela Vida' comemora 10 anos em 2017 - A12.com
Ir. Eurides Alves de Oliveira

Ir. Eurides Alves de Oliveira é mestra em Ciências da Religião e formada em Ciências Sociais. Ela coordenadora da Rede Um Grito pela Vida, da Conferência dos Religiosos do Brasil – CRB. Ela é natural de Aparecida de Goiânia-GO, é religiosa da Congregação do Imaculado Coração de Maria. Ela vive em Manaus e é colunista do Portal das CEBs.

Fonte:

www.portaldascebs.org.br

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A articulação das CEBs na atualidade https://observatoriodaevangelizacao.com/a-articulacao-das-cebs-na-atualidade/ Fri, 20 Aug 2021 16:58:56 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=40191 [Leia mais...]]]> Publicamos aqui – com aquela mistura de tristeza e alegria, temor e coragem profética, esperança na escuridão das noites de travessia e fé na aurora firmada na entrega ao Deus da vida – o último artigo da companheira Solange dos Santos Rodrigues antes de sua páscoa definitiva.

Solange dos Santos Rodrigues

Confira:

A articulação das CEBs na atualidade

Durante a elaboração da cartilha “CEBs caminhando com Jesus de Nazaré”, preparada pelo Grupo de Trabalho de Formação da Ampliada Nacional das CEBs em 2020, a ideia era deixá-la disponível apenas em meio eletrônico. O Iser Assessoria promoveu a impressão de 5.400 exemplares para serem distribuídos pelos 19 Regionais em que as CEBs estão organizadas. Para fazer uma distribuição mais justa, considerando que os regionais têm números de dioceses bem diferenciados, Marilza Schuina, membro do GT, realizou um levantamento junto aos/às articuladores/as de cada Regional, para saber o número de dioceses que, de algum modo, contavam com alguma forma de articulação de CEBs. O levantamento chegou ao número de 238 dioceses, dentre as 270 (arqui)dioceses e prelazias brasileiras. Um número bastante expressivo, correspondendo a 88% do total. É preciso refletir sobre o que este dado quer dizer. 

Cartilha das CEBs

Vamos recordar um pouco da história da CEBs

Quando as Comunidades Eclesiais de Base surgiram no Brasil, primeiramente elas foram consideradas como um mecanismo de descentralização das paróquias, muito extensas e com um grande número de fiéis. Deveriam, deste modo, promover uma relação de maior proximidade entre pessoas que viviam nas mesmas imediações. É assim que elas foram propostas no Plano de Emergência aprovado pela CNBB em 1962, ainda sem receberem a designação de CEBs, que só surgiria mais tarde. 

Em sintonia com as inovações introduzidas pelo Concílio Vaticano II, as comunidades nascentes foram incorporando as ideias e as práticas efetivas da participação de cristãos leigos e leigas nas atividades de evangelização e de celebração da fé; de comunhão de todo o Povo de Deus, por meio da organização de conselhos em vários níveis; e de compromisso com a realidade social. Aos poucos os agentes de pastoral começaram a promover encontros de comunidades vizinhas, para formação, para troca de experiências, para convivência, para fortalecer o sentido de ser Igreja local – encontros das comunidades de uma área, de uma paróquia, ou da diocese. Com isso, a experiência ultrapassou a mera descentralização de paróquias, com o intuito de constituir verdadeiras redes de comunidades, mesmo que esta nomenclatura não fosse utilizada na época.

Nas conclusões da Conferência de Medellín, ocorrida em 1968, as CEBs são apresentadas como “o primeiro e fundamental núcleo eclesial, que deve, em seu próprio nível, responsabilizar-se pela riqueza e expansão da fé, como também pelo culto que é sua expressão. É ela, portanto, célula inicial de estruturação eclesial e foco de evangelização e atualmente fator primordial de promoção humana e desenvolvimento(Medellín, documento 15, 10). E mais adiante os bispos afirmam que a paróquia deveria se tornar “um conjunto pastoral vivificador e unificador das comunidades de base (Medellín, documento 15,15). Esta compreensão ultrapassou a noção de descentralização paroquial e inseriu as CEBs na própria estrutura da Igreja, numa eclesiologia bem afinada com a do Concílio. Isso se refletiu na designação dada aos encontros das CEBs de diversas dioceses brasileiras, iniciados em 1975, chamados de ‘intereclesiais’, encontros entre igrejas particulares. 

A história das CEBs já se estende por cerca de 60 anos, e não se pode resumi-la em poucas linhas. Ao longo deste tempo elas foram se espalhando pelo país, adquiriram reconhecimento social, participam da estrutura organizativa da CNBB, têm passado por diversas transformações, relacionadas às diferentes conjunturas sociais e eclesiais das últimas décadas. Em muitas dioceses e paróquias elas perderam apoio, com o revigoramento do clericalismo e com a emergência de perspectivas pastorais que privilegiam outras formas de organização eclesial. Tudo isso resulta em diversas compreensões e práticas de articulação existentes na atualidade. 

Sobre a complexidade e fragilidade da atual articulação das CEBs

Voltando ao ponto de partida deste texto, pode-se descrever várias situações diferentes que resultaram no dado da existência de articulações de CEBs em 238 dioceses. Uma delas é que as dioceses do Regional – ou algumas delas – tenham CEBs e que, de algum modo, participem da articulação regional. No outro extremo, pode significar que ao menos uma comunidade de uma determinada diocese – ou as comunidades de uma paróquia – se identifique como CEB e participe da articulação regional. Também pode ser que a diocese mantenha uma comissão de CEBs, até com assento nos conselho diocesano, mas sem uma efetiva articulação com as bases. E, pelo fato de existir formalmente, membros da comissão façam parte da articulação regional. Outra situação conhecida é que determinados grupos de uma diocese que se identificam com a eclesiologia das CEBs se organizem apenas nas vésperas de um Intereclesial e se aproximem da articulação regional para obter vagas na delegação para o encontro. Tantas outras situações poderiam ser descritas nas nossas realidades locais. Resta saber o que cada informante, ou cada Regional, entende por “articulação” e, mais ainda, define o que são CEBs… Aqui entramos no terreno das definições.

Por agora, vou mencionar alguns instrumentos que têm sido usados nas articulações regionais: há Ampliadas Regionais, que se estruturam de forma representativa ao molde da Ampliada Nacional, com reuniões periódicas, encontros de assessores/as, promoção de seminários regionais de estudo; encontros regionais de CEBs; participação nas assembleias dos Regionais da CNBB, com representação das CEBs ao lado de pastorais, movimentos e outros organismos. Já nas Articulações Diocesanas, existem conselhos e assembleias em nível paroquial e diocesano, com maior ou menor representação e participação efetiva das CEBs; comissões ou equipes diocesanas de CEBs. Em muitos destes espaços as CEBs são vistas como uma pastoral ou grupo existente na igreja, entre outros. Muitas dessas situações são consequência destes tempos em que na maioria das dioceses as CEBs perderam centralidade na organização pastoral, e subsistem comunidades isoladas ou bem pouco articuladas. Neste caso estamos bem distante da concepção de Medellín, das CEBs como célula inicial de estruturação eclesial. E tudo isto tem impacto na fragilização das articulações diocesanas, regionais e nacional, mesmo antes dos tempos de pandemia.

O que fazer diante desta constatação?

Fica para nós, que assumimos esta compreensão da Igreja como rede de comunidades eclesiais de base, o desafio de aprofundar o conhecimento desta problemática, buscando compreender que critérios foram utilizados por cada articulador/a regional, ou por seus/suas informantes em cada diocese, para dizer o número de dioceses que possuem articulação de CEBs. E, o mais importante, buscar formas de reforçar a articulação das CEBs, para que elas possam cumprir efetivamente sua missão evangelizadora. 

A outra questão referida anteriormente, no terreno das definições, sobre o que tem sido considerado como Comunidade Eclesial de Base, é muito mais complexa e fundamental. E merece estudos, pesquisa, reflexão coletiva. Será que retornamos ao tempo em que as CEBs eram tão somente uma forma de descentralização das paróquias, sem alterar a estrutura eclesial?

(Grifos e adaptação para o Observatório da Evangelização: Edward Guimarães)

Fonte:

www.portaldascebs.org.br

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Perguntaram-me o que são as CEBs… https://observatoriodaevangelizacao.com/perguntaram-me-o-que-sao-as-cebs/ Fri, 09 Apr 2021 13:53:05 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=39172 [Leia mais...]]]> Dois jovens estudantes me perguntaram o que são as CEBs… Percebendo sinceridade em seus olhares e que, de fato, desconheciam a realidade por trás dessas quatro letras que compõe o termo CEBs, então, assim lhes respondi…

Desenho do cartaz do 14º Encontro Intereclesial das CEBs, em 2018.

Por se tratar de uma experiência de fé e vida tem que experimentar para sentir o sabor. Que só podemos conhecer, de forma concreta e verdadeiramente, o que são as CEBs quando delas nos aproximamos, nos inserimos, compartilhamos a vida e comungamos os mesmos ideais… Quando escutamos seus membros com abertura de coração e com aquela disposição de caminhar juntos, provocados pela beleza, pela alegria e pela luz que irradia da pessoa de Jesus e das causas do Evangelho do Reino de Deus, Reino de fraternidade e de partilha, Reino da justiça e da paz.

Disse a eles que CEBs são, na verdade, uma construção contínua e sempre inacabada – como as casas dos pobres nas periferias de nossas cidades – de um jeito novo e singular de ser Igreja. Nascidas do sangue e do suor, de lágrimas de tristezas e de alegrias, presentes nas labutas e nas lutas dos pobres, animados pela fé e pela esperança inquebrantável em Deus, por vida digna, por terra, teto, trabalho… Uma Igreja que, desde as origens, se assumiu e continua a se assumir, no campo ou na cidade, comprometida com a construção de “outra sociedade possível”, na qual a dignidade da vida, e não o lucro ou a acumulação de alguns, seja o bem maior.

https://www.facebook.com/redecebs/photos

Uma Igreja na qual as pedras vivas sãos pessoas, famílias, grupos, pastorais e movimentos populares irmanados e sempre interpelados pela paz inquieta de Jesus, de que nos falou, em versos, Pedro Casaldáliga. E que por isso, nas CEBs, eles perceberão que os pobres têm a centralidade e que os não pobres a eles dão as mãos e compartilham a vida, pois, todos se experimentam “pobres com os pobres” para que juntos – como filhos e filhas de Deus, como irmãos e irmãs na caminhada – lutemos contra a pobreza, as tiranias, as opressões e as exclusões. E se isso acontece desse modo é porque Deus age, com seu Espírito Santo, desde baixo, pela vida dos mais pobres, e porque, de fato, não pode haver sociedade justa e solidária sem um forte alicerce, sem que se comece de baixo, dos últimos e dos mais vulneráveis. As CEBs cultivam a espiritualidade do Reino de Deus que convoca e provoca, por coerência, a opção pelos pobres e a defesa dos direitos humanos, para que todos, e não apenas alguns, tenham vida digna.

Que CEBs são sempre comunidades de fé no Deus da Vida… Comunidades inquietas, em caminhada, impulsionadas pelos dinamismos próprios da realidade concreta, do chão mesmo de onde brotam e se enraízam… Por isso as CEBs têm muitos rostos, feições e jeitos forjados em cada situação, mas em todos eles é visível que as CEBs se percebem e se assumem em obras, em constante construção, em busca constante de ver-julgar-agir-celebrar-retomar, em busca de respostas – ecológicas, econômicas, políticas, religiosas e socioculturais – aos desafios que teimam em ameaçar a dignidade da vida.

Há muitos artistas – pintores, compositores, cantores etc. – na caminhada das CEBs que colocam seus dons a serviço.

As CEBs nasceram e continuam a nascer e a crescerem alimentadas pela mesma fonte: a Palavra de Deus rezada e meditada junto e misturada com a busca do bem-viver na realidade vivida pela comunidade. É a Bíblia, sim, que, Palavra do Deus da vida, convoca e provoca a experiência das CEBs. Trata-se da experiência da proximidade amorosa de um Deus que é estradeiro conosco. Um Deus que se revelou em Abraão e Sara, Moisés e Séfora, nos profetas e profetizas da história, em Jesus e seus discípulos e discípulas, de ontem e de hoje, nos mártires e testemunhas da caminhada, como Aquele que escuta o clamor dos oprimidos e sofredores. Um Deus que se faz próximo e que caminha junto impulsionando todas as lutas em defesa da vida, da partilha, da justiça e da paz. Um Deus que tem um projeto salvífico libertador e que, por ser assim, é um Deus que sempre nos agrupa, que nos irmana e que nos leva a assumir os desafios de transformar, bem cuidar e fazer bonita a realidade em que vivemos e na qual convivermos.

Disse ainda a eles que nas CEBs todos os membros, homens e mulheres, se reconhecem, se experimentam corresponsáveis, se apoiam e que procuram participar dos processos e lutas diversas, pois, se sentem irmanados, chamados a compartilhar a vida e, sem que “ninguém solte a mão de ninguém”, a dar as mãos para que tenhamos forças e, em mutirão, cuidemos uns dos outros. Nas CEBs cuidamos para que todos tenham vida, pois, na práxis libertadora de Jesus aprendemos que a vida digna é o grande culto agradável a Deus.

O simbolismo de um trem em viajem é muito utilizador para expressar a caminhada consolidada das CEBs. Nesta imagem, nos vagões, os estandartes dos quatorze Encontros Intereclesiais das CEBs. Cf. https://www.facebook.com/redecebs/photos

Sei que o que eu disse a esses jovens é como aquele retrato dos primeiros cristãos que nos foi legado pelo autor dos Atos dos Apóstolos. Uma espécie de horizonte utópico a ser buscado em cada passo, cientes de que é para lá que queremos trilhar. E que “sonho que se sonha só pode ser pura ilusão, mas sonho que se sonha junto é sinal de solução. Então, vamos sonhar juntos, sonhar ligeiro, sonhar em mutirão”. E se é bonito de ver a caminhada já consolidada pelas CEBs,  mais ainda é instigante seu deixar afetar e, quem sabe, acolher o chamado de participar dessa caminhada, comungando a vida com os pobres, com um horizonte aberto e esperançado, tendo adiante os novos desafios e os compromissos que as CEBs assumem no complexo contexto atual! Vinde e vede!

Edward Guimarães

Edward Guimarães é teólogo leigo, pai e educador esperançado, professor, formador de lideranças e agentes, assessor da catequese e das CEBs, pastorais sociais e movimentos populares. Na PUC Minas, além de professor e pesquisador, atua como secretário executivo do Observatório da Evangelização.

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Cebi, cebs, cimi, cnlb, cpt, comissão justiça e paz do mato grosso manifestam apoio e alegria com a “carta ao povo de deus” https://observatoriodaevangelizacao.com/cebi-cebs-cimi-cnlb-cpt-comissao-justica-e-paz-do-mato-grosso-manifestam-apoio-e-alegria-com-a-carta-ao-povo-de-deus/ Thu, 30 Jul 2020 19:27:07 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=35258 A cada momento, mais entidades, grupos de presbíteros, diáconos e leigos/as do Brasil inteiro manifestam apoio à Carta ao Povo de Deus assinada por mais de 150 bispos da Igreja do Brasil.

Confira:

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O 13º Fórum Social Mundial, as pastorais sociais e as Comunidades Eclesiais de Base https://observatoriodaevangelizacao.com/o-13o-forum-social-mundial-as-pastorais-sociais-e-as-comunidades-eclesiais-de-base/ Thu, 15 Mar 2018 15:46:58 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27598 [Leia mais...]]]> Do 13º Fórum Social Mundial que nesses dias ocorre em Salvador, BA, participam 60 mil pessoas, dizem os organizadores. O tema é “Resistir é criar. Resistir é transformar“. E hoje, 15/02/2018, haverá dois painéis envolvendo o cristianismo, um sobre como as Igrejas podem colaborar com essa resistência e o segundo como a Teologia pode desenvolver uma reflexão mais profunda que ajude a resistência transformadora.

No primeiro painel “As Igrejas no cenário de golpes da América Latina”, o próprio título merece um cuidado maior. Os golpes políticos aconteceram e acontecem. Mas, dentro de um sistema que é de democracia formal e burguesa. Nós defendemos esse modelo de democracia porque é isso que ainda conseguimos hoje e já como conquista do povo. No entanto, ao mesmo tempo, temos sempre de ter consciência de que esse sistema é por natureza discriminador e anti-povo. Nesse sentido, as Igrejas se inserem na luta contra o golpe, mas devem ser sinais e instrumentos que apontam para uma Política totalmente nova e um modo de organizar o mundo que radicalize o que chamamos de democracia participativa e mesmo direta.

No século IV, perguntaram a Teodoro de Mopsuécia, um pai da Igreja Oriental, o que é a Igreja e ele respondeu: “deveria ser o ensaio de um mundo novo”. Deveria ser. Pois é, o Fórum Social Mundial começou e trabalhou até agora com essa meta de um outro mundo possível.

Então, como Igreja, o nosso programa é duplo: resistir e ao mesmo tempo ousar ensaiar o novo. No resistir temos que reconhecer: se os povos indígenas e as comunidades afrodescendentes, quilombolas e de terreiros, foram capazes de resistir 500 anos, certamente, eles e elas são os nossos melhores professores de resistência. Eles podem conduzir a nossa resistência. Temos de nos guiar por eles e aprender deles lições de resistência criativa e transformadora. Ao mesmo tempo, as Igrejas têm de voltar ao espírito de origem. Não como volta ao passado, mas como força de resistência para se atualizar. Todo mundo sabe que o Cristianismo que está aí praticado e vivido em nossas Igrejas se tiver, tem menos de 5% do espírito que moveu Jesus e tem 10% do que as comunidades do evangelho escreveram na segunda parte do primeiro século. O que está aí é um Cristianismo, branco, europeu (que seja romano, inglês ou alemão) e o que tentou ser diferente surgiu como norte-americano e totalmente dentro do sistema capitalista. As Igrejas antigas como católicas recriaram até no céu a hierarquia de classes sociais em que creem. Até os santos são divididos entre santos de primeira classe e outros de classe inferior. As Igrejas pentecostais não estão livres do que o papa Francisco afirmou nessa Quaresma falando dos católicos: “é preciso não aprisionar o Espírito Santo em nenhuma gaiola”.

Nos últimos 50 anos, na América Latina e em muitos países do mundo, surgiram o que se chamou de “comunidades eclesiais de base” e as pastorais sociais de uma Igreja serviço. Não serviço para catolicizar ninguém, mas para servir à libertação e à vida do povo.

Nos últimos anos, muitos bispos e padres e até documentos oficiais da Igreja tentam confundir CEBs com pequenas comunidades eclesiais, ou seja, capelas das paróquias e comunidades tradicionais católicas que existem em todo canto. Alguém me perguntou qual a diferença de CEBs para uma outra comunidade eclesial qualquer. Respondi:

  • As CEBs surgiram com a vocação de ser um novo modo de Igreja para ajudar a Igreja a ser ela mesma nova, renovada, transformada e transformadora;
  • As CEBs são um novo modo de ser Igreja para ser um novo modo da Igreja ser.

Isso é o que distingue as CEBs de outras comunidades de fé: o seu caráter profético e transformador. E esse é o espírito das pastorais sociais – lembrar que toda pastoral deve ser social, senão não é pastoral.

Para as Igrejas serem instrumentos desse novo mundo possível…

  • precisam superar o seu caráter clericalista e como diz Pedro Casaldáliga, “A Igreja deve ser mais do que uma Democracia. Deve ser Comunhão”;
  • precisam superar o patriarcalismo e aprender das religiões afro a importância do ministério das mulheres;
  • precisam sair da camisa de força que as mantêm presas a normas morais das filosofias neoplatônicas como se fossem do Evangelho e a regras cultuais que identificam a Igreja com uma religião imperial antiga.

Isso precisa ser superado para que nossas Igrejas se tornem mais e mais caminhos de espiritualidade e de liberdade humana. Aí sim nós estaremos caminhando na direção do que, há 50 anos, os bispos latino-americanos afirmaram em Medellín:

Queremos dar à nossa Igreja um rosto de Igreja pobre, missionária e pascal, que seja libertadora de toda a humanidade e de cada ser humano por inteiro.” (Med 5, 15).

(Grifos e destaques da equipe executiva do Observatório)

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Marcelo Barros é monge beneditino, escritor e teólogo brasileiro. Em 1969 foi ordenado padre por Dom Helder Camara e, durante quase dez anos, de 1967 a 1976, trabalhou como secretário e assessor de Dom Hélder para assuntos ecumênicos. É membro da Comissão Teológica da Associação Ecumênica dos Teólogos do Terceiro Mundo (ASETT), que reúne teólogos da América Latina, África, Ásia e ainda minorias negras e indígenas da América do Norte. É assessor das pastorais sociais, das CEBS e dos movimentos populares.

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Sobre um parteiro de CEB’s chamado Dom Luís Fernandes https://observatoriodaevangelizacao.com/sobre-um-parteiro-de-cebs-chamado-dom-luis-fernandes/ Mon, 22 Jan 2018 15:09:30 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=27211 [Leia mais...]]]> Em um momento social marcado por tantas dissonâncias, inclusive no âmbito eclesial, como é bom ter quem organize um material capaz de revigorar Comunidades Eclesiais de Base, pelo testemunho da vida e missão de um Pastor… “Um pastor-plantador, que por onde passava convocava a todos para o grande mutirão de semear comunidades de irmãos e irmãs – valorizando a mulher e os mais pobres na Igreja e na sociedade.” Assim Padre Rômulo descreve Dom Luís Fernandes, afirmando ainda que este “sabia com alegria, ternura e compaixão abraçar, ouvir e levar-nos à missão; ensinava-nos a nos contagiar com a alegria de servir ao Deus da vida numa época muito marcada pelo sofrimento e repressão” e, por isso mesmo, tornou-se um “parteiro de tantas Comunidades Eclesiais de Base.”

 

Por Padre Rômulo Remígio Viana

Conversando com amigos e amigas decidi organizar uma coleção sobre Dom Luís Gonzaga Fernandes – bispo emérito de Campina Grande/PB. Com ele tive muitas andanças nas comunidades.

Claro que sozinho não conseguiria jamais dizer tudo, inclusive de maneira profunda e elaborada. Recorri a pessoas que – como eu – o conheceram e decidiram dar a sua contribuição, oferecendo um testemunho. A partir dessa coletânea de depoimentos, redigi alguns livros. Eu também escrevi os meus testemunhos dizendo do que vi e ouvi deste amado bispo/pastor.

Neste ínterim sempre desejei descobrir mais e mais a beleza deste pastor, a santidade e a profundeza da sua ação pastoral. Não quis permitir em momento algum que tudo isso fosse superado pelo saudosismo. O meu sonho é ajudar a quem o conheceu, a relembrar; e a quem não o conheceu, a perceber a beleza do ser humano, do bispo que era Dom Luís Gonzaga Fernandes e a sua contribuição para toda a Igreja.

O que pretendo, ao final, é transformar esse trabalho em um gesto de gratidão a esse bispo sensível ao evangelho de Jesus, que defendia com toda energia os direitos dos pobres e que, com sua atitude missionária e solidária para com todos, com o seu jeito de ser animou e reanimou as pessoas e as Comunidades Eclesiais de Base.

Um pequeno bispo como ele mesmo se apresentava: um bispo do Concílio Vaticano II, ansioso por traduzir esse evento no concreto dos fatos e da missão da Igreja; que se lançou na correnteza larga e saudável do grande Povo de Deus em marcha, pensando em ajudar a encarnar-se uma igreja viva dos novos tempos.

Um profeta da amizade pastoral; que trazia uma experiência de Vitória/ES e desejou partilhá-la com o povo da nossa Diocese de Campina Grande/PB

Um homem extremamente humano capaz de viver o caminho da amizade. Profundamente voltado para a pessoa humana. Homem de diálogo e marcado pela delicadeza afetuosa da acolhida do diferente.

Um bispo segundo o coração de Deus: amável para com os pobres e que nos deixava reanimados na missão.

Um pastor-plantador, que por onde passava convocava a todos para o grande mutirão de semear comunidades de irmãos e irmãs – valorizando a mulher e os mais pobres na Igreja e na sociedade. Sabia com alegria, ternura e compaixão abraçar, ouvir e levar-nos à missão; ensinava-nos a nos contagiar com a alegria de servir ao Deus da vida numa época muito marcada pelo sofrimento e repressão; que com o seu jeito conseguiu ser parteiro de tantas Comunidades Eclesiais de Base.

Um bispo exemplar na simplicidade e que soube dar rumo às CEB’s; que sempre abriu a porta da sua casa a todos os que dela precisaram e nunca se deixou seduzir por cantos de sereias eclesiásticas.

 

 

 

 

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