Arquidiocese de Natal – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Sun, 26 Mar 2017 10:00:42 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 Arquidiocese de Natal – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 Arquidiocese de Natal celebra ato em solidariedade ao MST e em prol da reforma agrária https://observatoriodaevangelizacao.com/arquidiocese-de-natal-celebra-ato-em-solidariedade-ao-mst-e-em-prol-da-reforma-agraria/ Sun, 26 Mar 2017 10:00:42 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=15302 [Leia mais...]]]> 17359455_1419815034758331_2887392455061003702_o

Aconteceu no sábado (18/03/2017) um ato em apoio a Reforma Agrária e às famílias acampadas do MST no Rio Grande do Norte. A atividade aconteceu no acampamento Irmã Dorothy e Chico Santana em Ceará-Mirim.

O ato, que foi promovido pela Arquidiocese de Natal, contou ainda com a presença de Dom Jaime Vieira Rocha, bispo da Arquidiocese. Ele visitou o acampamento Irmã Dorothy, no município de Ceará-Mirim, neste sábado, 18. No início da visita, Dom Jaime se encontrou com lideranças do acampamento e de outros assentamentos da região, no barracão do Movimento dos Sem Terra (MST). Na ocasião, foi feito um relato sobre a situação do Acampamento Irmã Dorothy. Há 12 anos, mais de 70 famílias estão acampadas, aguardando a desapropriação da terra que, segundo elas, é improdutiva. “Tudo começou em 2005, quando a usina São Francisco, aqui, na região, estava falindo.

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O MST sentiu a necessidade de mobilizar os trabalhadores da usina para lutar pela terra, já que eles não tinham mais onde trabalhar. De lá para cá, são 12 anos de luta e de resistência. Atualmente, há cerca de 75 famílias acampadas, lutando pela terra, contou Gerson Justino, uma das lideranças do MST, no acampamento.

O objetivo principal do ato foi denunciar o descaso com a Reforma Agrária no Estado e cobrar a desapropriação imediata de terras para as famílias Sem Terra. O principal latifúndio em questão é o complexo açucareiro de Ceará-Mirim, no qual existe o acampamento Irmã Dorothy Chico Santana desde 2004. O complexo tem uma extensão de cerca de 17 mil hectares de terras e uma dívida de R$ 750 milhões com a fazenda nacional.

 

No final da reunião, foi lida e assinada uma nota, feita em nome da comunidade pelos representantes da Igreja Católica e dos próprios acampados e assentados, para ser enviada às autoridades responsáveis pela legalização da desapropriação da terra na qual expressam todo seu apoio à luta pela terra. A nota também foi assinada pelo superintendente do INCRA, no Rio Grande do Norte, José Leonardo Guedes Bezerra, que participou da reunião.

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Depois, o arcebispo acompanhado do pároco da Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, em Ceará-Mirim, Padre Bianor Júnior, e do vigário paroquial, Padre Wagner Martins, seguiu para celebrar a eucaristia, embaixo de algumas mangueiras. Para o pároco, Padre Bianor Júnior, o momento foi de esperança, de fortalecimento da luta e de alegria, tendo em vista a expressiva participação das pessoas na celebração. Dos 44 assentamentos da região, havia representantes de 18 deles no encontro com o arcebispo.

Com palavras marcantes, disse Dom Jaime:

“Eu vejo que a realidade dos assentamentos e dos acampamentos se constituem como que uma interpelação permanente para nós, pastores do povo de Deus. São filhos de Deus, que têm família e vivem numa situação de penúria. Muitos vivem em casas de taipa ou barracos, sem a mínima condição de vida… 

Dom Jaime Viera disse também que o seu maior desafio será a erradicação das casas de taipas. Disse também que a Igreja está a disposição para apoiar e fortalecer a luta pela terra no Estado. Por fim, o Bispo cobrou a desapropriação da usina para fins de Reforma Agrária e o aceleramento dos processos de desapropriação das demais áreas do estado.

Confira a Nota na íntegra:

NOTA DE APOIO ÀS TRABALHADORAS E AOS TRABALHADORES DOS ACAMPAMENTOS DO MST NO RIO GRANDE DO NORTE

“Digamos juntos, de coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá (…). Terra, teto e trabalho, aquilo por que lutam, são direitos sagrados. Reclamar isso não é nada de estranho, é a Doutrina Social da Igreja”
(Papa Francisco, no discurso feito aos Movimentos Populares   no  I Encontro-Vaticano, 28/10/2014)

Solícitos na Caridade, baseados no evangélico direito dos pobres e conformados na luta pelo acesso ao direito à vida, os abaixo assinados vinculados às Pastorais Sociais, Serviços Eclesiais, Movimentos Sociais, Sindicatos, Órgãos Públicos, Instituições da Sociedade Civil, Mulheres e Homens de boa vontade, participantes da Visita Pastoral do Arcebispo Metropolitano de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha aos ACAMPAMENTOS IR. DOROTHY e CHICO SANTANA, ocorrida neste dia 18 de março de 2017, vimos manifestar apoio às mais de 2.500 Famílias Sem Terra espalhadas nos 44 Acampamentos em todo o Estado do Rio Grande do Norte, em especial, às famílias acampadas no Complexo da Companhia Açucareira São Francisco, nos municípios de Ceará Mirim e Santa Maria.

Somamo-nos às mulheres, aos homens, aos jovens e às crianças que, ao acampar nestas terras, traziam no seu coração o sonho da “terra prometida”. Ora, a própria Constituição Federal, em seu Art. 184, nos deixa claro que a propriedade que não cumpre a sua função social é passível de Reforma Agrária. As terras aqui reivindicadas pelos trabalhadores e trabalhadoras, segundo os processos já existentes, atestam sua improdutividade e, portanto, devem, segundo a legislação ainda vigente, serem destinadas à sua desapropriação para assentamento das referidas famílias sem terra.

Objeto da Visita Pastoral, o Acampamento que traz o nome da Ir. Dorothy, missionária católica barbaramente assassinada na defesa dos trabalhadores e trabalhadoras que lutam pela terra no Estado do Pará, surgiu, como tantos outros, no difícil contexto histórico de perseguição aos Movimentos Sociais que lutam pela reforma agrária e pela melhoria da vida na realidade rural, urbana e periurbana. Doze anos já se passaram. Crianças que aqui chegaram, hoje são jovens e adultos. Alguns adultos até já morreram sem verem seu sonho realizado.

Assim sendo, repudiamos toda e qualquer expressão de negligência, violação de direitos e descaso, por parte do Estado brasileiro, contra as justas reivindicações dos trabalhadores e trabalhadoras e exigimos para eles o respeito que lhes cabe, na assistência que lhes devem as Organizações Públicas. Por isso, solicitamos a quem de direito possa agir, para que sejam realizadas as ações necessárias quanto ao processo de desapropriação e consequente assentamento, fruto desta luta iniciada há anos, “para que todos tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10).

Fontes:

Arquidiocese de Natal

MST

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