6º Simpósio de Missiologia – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com Thu, 01 Jun 2017 16:41:15 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 https://i0.wp.com/observatoriodaevangelizacao.com/wp-content/uploads/2024/04/cropped-logo.png?fit=32%2C32&ssl=1 6º Simpósio de Missiologia – Observatório de Evangelização https://observatoriodaevangelizacao.com 32 32 232225030 10 anos da Conferência de Aparecida: uma provocante análise teológico-pastoral do teólogo Agenor Brighenti https://observatoriodaevangelizacao.com/10-anos-da-conferencia-de-aparecida-uma-provocante-analise-teologico-pastoral-do-teologo-agenor-brighenti/ Thu, 01 Jun 2017 16:41:15 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18764 [Leia mais...]]]> O que tem impedido a Igreja avançar para comunidades de fé formadas por cristãos que assumem o seguimento de Jesus como discípulos/as missionários? Será o medo de perder a própria identidade no processo de conversão pastoral? Será a compreensão teológico-pastoral do sacramento da ordem com a perda irreparável da centralidade do Batismo? Será o fracasso eclesial de tornar bispos, padres e diáconos pastores, servidores e animadores do povo de Deus? Será a impossibilidade de tornar a estrutura paroquial plataforma para uma Igreja em saída missionária? Será o clericalismo que impede a formação e o protagonismo do laicato? Será o desafio de concretizar uma dinâmica formativa e participativa que concretize na Igreja uma dinâmica “toda ministerial”? Será o desafio de (re)pensar a própria compreensão de missão renunciando a toda pretensão autorreferencial da instituição?

Leia a reflexão do teólogo Agenor Brighenti:

Entrevista com Agenor Brighenti

Avaliação dos dez anos de caminhada eclesial após a Conferência de Aparecida

“Tivemos depois a surpresa do pontificado do papa Francisco que projetou Aparecida por meio da Evangelii Gaudium e o documento ganhou relevância. Hoje, a reflexão teológica e o magistério da Igreja convergem. Temos um Papa que dá muitas esperanças à caminhada da Igreja na América Latina. Mas nos últimos dez anos podemos dizer que estamos ainda iniciando esse processo de colocar a Igreja em saída na perspectiva missionária”.

“Hoje temos uma visão distinta daquela que predominou nos últimos 20 anos que era um projeto de reafirmar a Instituição, restringir-se aos católicos afastados e enfrentar as ‘seitas’”.

“A missão hoje se entende como oferecer gratuitamente a mensagem do Evangelho. Tornar o Reino de Deus presente nas diversas realidades por meio da Igreja, mas ao mesmo tempo, interagindo com outras mediações numa perspectiva ecumênica e inter-religiosa e com as instituições numa parceria”.

“A Evangelii Gaudium de Francisco não só resgata Aparecida como abre a perspectiva de avanço na direção de continuar a renovação do Vaticano II”.

Por Jaime C. Patias

Após dez anos da Conferência de Aparecida, o 6º Simpósio de Missiologia, que aconteceu em Brasília (DF), avaliou os avanços e as resistências na implementação de suas propostas para uma Igreja missionária. O evento reuniu, nos dias 20 a 24/02/2017, no Centro Cultural Missionário (CCM), cerca de 70 pessoas entre teólogos/as, missiólogos/as, pesquisadores/as, representantes de instituições missionárias e agentes de pastoral de todo o Brasil.

Para falar sobre os “(Des)compassos de uma Igreja em saída: dez anos após Aparecida”, o Simpósio recebeu, na quarta-feira, dia 22/02/2017, o padre Agenor Brighenti, professor no Programa de Pós-graduação em Teologia da PUC-Paraná. Brighenti é doutor em Ciências Teológicas e Religiosas na Universidade Católica de Louvain (Bélgica), especializado em Pastoral Social e Planejamento Pastoral e licenciado em Filosofia.

Em entrevista, o teólogo destaca os desafios e perspectivas do Projeto da V Conferência do CELAM. Confira:

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Agenor Brighenti

1. Qual a sua avaliação dos dez anos da Conferência de Aparecida?
Aparecida foi uma grata surpresa. O Documento foi muito mais avançado do que parecia em sua preparação. Foi bem recebido pela Igreja ainda que de maneira tímida e com algumas controvérsias. Tivemos depois a surpresa do pontificado do papa Francisco que projetou Aparecida por meio da Evangelii Gaudium e o documento ganhou relevância. Hoje, a reflexão teológica e o magistério da Igreja convergem. Temos um papa que dá muitas esperanças à caminhada da Igreja na América Latina. Mas nos últimos dez anos podemos dizer que estamos ainda iniciando esse processo de colocar a Igreja em saída na perspectiva missionária dentro de uma visão distinta daquela que predominou nos últimos 20 anos que era um projeto de reafirmar a Instituição, restringir-se aos católicos afastados e enfrentar as “seitas”. A missão hoje se entende como oferecer gratuitamente a mensagem do Evangelho. Tornar o Reino de Deus presente nas diversas realidades por meio da Igreja, mas ao mesmo tempo, interagindo com outras mediações numa perspectiva ecumênica e inter-religiosa e com as instituições numa parceria.

A missão hoje se entende como oferecer gratuitamente a mensagem do Evangelho. Tornar o Reino de Deus presente nas diversas realidades por meio da Igreja, mas ao mesmo tempo, interagindo com outras mediações numa perspectiva ecumênica e inter-religiosa e com as instituições numa parceria.

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2. Quais seriam os obstáculos encontrados na implementação do Projeto de Aparecida?
As dificuldades são múltiplas. Talvez esbarramos em uma estrutura de Igreja como a paróquia que não é missionária e que às vezes tem à frente um perfil de clero, que apesar das influências do Vaticano II, tem perpetuado o clericalismo em detrimento de uma Igreja com o protagonismo do laicato que deveria exercer o papel principal. Depois temos o laicato que carece de uma formação mais profunda para assumir o seu protagonismo. As oportunidades cresceram, mas ainda temos uma dívida com o laicato que deveria abraçar a proposta de Aparecida de maneira mais consciente.

Esbarramos em uma estrutura de Igreja como a paróquia que não é missionária e que às vezes tem à frente um perfil de clero, que apesar das influências do Vaticano II, tem perpetuado o clericalismo em detrimento de uma Igreja com o protagonismo do laicato que deveria exercer o papel principal.

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3. Em sua palestra o senhor afirmou que Aparecida representou 500 anos de avanço, mas que chegou à década de 1960. O que quis dizer com isso?
O Vaticano II procurou atualizar a Igreja depois de praticamente 500 anos de defasagem frente à Reforma Protestante e à modernidade. Mas logo em seguida, tivemos muitas dificuldades para levar à diante a atualização (aggiornamento) do Concílio e aconteceu não só uma estagnação, mas um retrocesso em vários campos: liturgia, teologia, eclesiologia e visão de mundo.

As últimas décadas foram marcadas por aquilo que se chamou de involução eclesial, uma volta ao fundamento e à tradição. Nesse sentido, Aparecida evitou um retrocesso ainda maior.

Assim foi um avanço por que resgatou o Vaticano II e, portanto, nos colocou na década de 1960. Só que nós precisamos ir muito além trazendo para o novo contexto do século XXI as teses do Concílio que continuam estagnadas. Aparecida também precisa avançar. Nesse sentido, a Evangelii Gaudium de Francisco não só resgata Aparecida como abre a perspectiva de avanço na direção de continuar a renovação do Vaticano II.

Tivemos muitas dificuldades para levar à diante a atualização (aggiornamento) do Concílio e aconteceu não só uma estagnação, mas um retrocesso em vários campos: liturgia, teologia, eclesiologia e visão de mundo.

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Foto do 6º Simpósio de Missiologia

4. Dizem que a dificuldade de consenso está na eclesiologia, na cristologia e na teologia.
Quando Aparecida fala que a renovação do Vaticano II está estancada e que faltou coragem para avançar, coloca como referenciais a questão da eclesiologia, uma nova autoconsciência de Igreja. A Constituição Dogmática Lumen Gentium (sobre a Igreja) e a Gaudium et Spes (sobre a Igreja no mundo de hoje) colocam a Igreja na ordem do dia, mas um dos obstáculos para poder avançar é criar consenso em torno do conceito de Igreja conforme o Concílio Vaticano II. Isso por que existem outras eclesiologias vindas do projeto de neocristandade e da cristandade que acabam sendo um ponto de estrangulamento na pastoral.

Aparecida também cita espiritualidades que não estão sintonizadas com a ótica do Concílio que bebe nas fontes bíblicas e da patrística. Existem espiritualidades que não são eclesiais, ou seja, alicerçadas na tradição milenar da Igreja. Tem certos grupos, movimentos e obras que respondem a objetivos imediatos e particulares ou para consumo individual e não em base à uma fé eclesial. Além dessa questão de espiritualidade temos a compreensão de uma Igreja toda ela ministerial. Existe uma dificuldade em colocar os bispos, padres e diáconos nessa perspectiva ministerial. A tendência é sempre reafirmar que são eles quem comandam, quando na realidade todos os ministérios nascem do Batismo. Esse é um ponto difícil hoje por que existe um certo medo de perder a identidade. O Concílio propôs uma renovação em todos os campos da Igreja e infelizmente nós não estamos sintonizados com essas propostas.

A tendência é sempre reafirmar que são os bispos, padres e diáconos quem comandam, quando na realidade todos os ministérios nascem do Batismo.

O Simpósio

Além de incentivar o debate missiológico o Simpósio de Missiologia visa contribuir com a preparação do 4º Congresso Missionário Nacional a ser realizado nos dias 7 a 10 de setembro de 2017, em Recife (PE), com o tema “A alegria do Evangelho para uma Igreja em saída. Este 4º Congresso por sua vez, prepara o 5º Congresso Americano Missionário (CAM 5), que acontecerá na Bolívia, em 2018. O Simpósio é promovido todos os anos pela Rede Ecumênica Latino Americana de Missiólogos e Missiólogas (Relami), o Centro Cultural Missionário de Brasília (CCM), as Pontifícias Obras Missionárias (POM).

Fonte:

www.pom.org.br

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Por uma “outra Igreja possível”… https://observatoriodaevangelizacao.com/em-defesa-do-resgate-da-sinodalidade-e-da-comunhao-na-igreja/ Thu, 01 Jun 2017 15:43:38 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=18672 [Leia mais...]]]> A ação evangelizadora da Igreja no contexto atual, mais do que em qualquer outra época, implica a concretização de um urgente e criativo processo de resgate da comunhão e da sinodalidade na dinâmica eclesial. Isso significa recuperar o espírito impulsionado pelo Concílio Vaticano II, recebido em Medellin-Puebla-Aparecida e revigorado no projeto de reforma eclesial do papa Francisco. Sem concretizamos profunda conversão pastoral das atuais estruturas eclesiais, excessivamente centralizadoras, em vista da criação de mecanismos que garantam e favoreçam capacitação e participação de lideranças e agentes de pastoral não avançaremos na consolidação de rede de comunidades de fé, formada por corresponsáveis discípulos/as missionários /as que assumam a missão eclesial.

 O 4º Congresso Missionário Nacional que acontecerá em setembro de 2017 assume o desafio de pensar sobre essas questões. Em fevereiro deste ano, aconteceu em Brasília, em preparação para o Congresso Missionário, o 6º Simpósio de Missiologia. Leia, a seguir, sobre o que foi discutido neste evento:

Simpósio de Missiologia resgata sinodalidade e comunhão na Igreja

“Ao falar da sinodalidade como alegria de caminhar juntos e viver em comunhão falo de uma maneira implícita também da alegria da missão, da encarnação, do diálogo e da misericórdia”

por Jaime C. Patias

As reflexões do 6º Simpósio de Missiologia que aconteceu em Brasília (DF), giraram em torno de três eixos:

  1. alegria do Evangelho;
  2. sinodalidade e comunhão;
  3. testemunho e profetismo.

As temáticas fazem parte do Texto-base do 4º Congresso Missionário Nacional (4º CMN) a ser realizado nos dias 7 a 10 de setembro de 2017, em Recife (PE).

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Prof. Paulo Suess, doutor em missiologia.

Na programação do Simpósio, o eixo da “sinodalidade e comunhão” foi apresentado pelo teólogo Paulo Suess. A abordagem foi feita à luz do magistério do papa Francisco em uma das conferências na quarta-feira, 22/02/2017.

O anúncio do Evangelho no mundo atual pode ser e é a causa da nossa alegria”, afirmou Paulo Suess para, em seguida, elencar cinco alegrias:

  1. a Missão como alegria de ser enviado e convidado a encontros e descobertas;
  2. a Encarnação como a alegria da proximidade;
  3. o Diálogo como alegria da comunicação com o diferente;
  4. a Misericórdia como alegria de acolher e ser escolhido;
  5. a Sinodalidade como alegria de caminhar juntos e viver em comunhão.

Para o prof. Paulo Suess:

Essas cinco alegrias são interligadas e ao falar da “sinodalidade como alegria de caminhar juntos e viver em comunhão falo de uma maneira implícita também da alegria da missão, da encarnação, do diálogo e da misericórdia”.

O teólogo recordou que, “sinodalidade e comunhão” é um conceito síntese que retoma e desenvolve as reflexões feitas nas conclusões de Puebla (1979) e de Aparecida (2007). Segundo ele:

“No centro de Puebla (563-1120), está a evangelização na Igreja da América Latina descrita como ‘comunhão e participação’. Podemos compreender a sinodalidade, o caminhar junto, como um aspecto central da participação em comunhão. Sem caminhar junto não pode haver ‘participação’. E sem ‘participação’ nas decisões, nas liturgias, na articulação das doutrinas e nas práticas pastorais, não pode haver sinodalidade”. 

No Documento de Aparecida percebe-se a predominância de uma “eclesiologia de comunhão que lembra Puebla, em suas reflexões sobre ‘comunhão e participação’. O prefixo da comunhão concreta é a espiritualidade de comunhão. Aparecida recomenda essa espiritualidade a todos”. Além disso, em Aparecida se encontra “uma visão explícita da Igreja como comunhão e uma visão mais implícita da Igreja Povo de Deus. A comunhão é missionária e a missão é para a comunhão”.

A missão como “Igreja em saída” e a sinodalidade como “prática da comunidade missionária” receberam impulsos decisivos do papa Francisco, que retomou as inspirações do Concílio Vaticano II (1962-1965) e de Aparecida (2007). Segundo Paulo Suess:

“Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta. Francisco pratica essa escuta ao citar como fontes de seus escritos muitas Igrejas locais e também o magistério científico dos teólogos”.

Da comunhão e participação à sinodalidade

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Foto do 6º Simpósio de Missiologia

De acordo com a Conferência de Aparecida, observou Paulo Suess,

“a eclesiologia de comunhão do Vaticano II aponta para o caminho sinodal. Coube ao magistério do Papa Francisco dar à ‘eclesiologia de comunhão’ seu verdadeiro sentido de sinodalidade, porque os Sínodos pós-conciliares simularam uma participação sinodal, mas, na realidade, a impediram”.

Na avaliação do professor,

“temos uma eclesiologia de comunhão, realizamos sínodos, mas não avançamos. Permanece uma centralização excessiva, que complica a dinâmica missionária. A eclesiologia de comunhão permitiu pensar a unidade da Igreja na diversidade, mas não pode ser pensada sem participação e sinodalidade”.

O teólogo ainda lembrou que, a sinodalidade como caminhar junto,

“não é somente um método, mas é também conteúdo da evangelização. Assim nasceu a missão de caminhar juntos, com alegria e misericórdia”.

Aparecida pensou a operacionalização da “natureza missionária” da Igreja em três círculos concêntricos como:

  1. missão paroquial;
  2. missão continental;
  3. missão ad gentes.

Sendo os três interligados no “caminhar juntos”. Também a Evangelii Gaudium considera que numa Igreja sinodal se distingue três níveis:

  1. as Igrejas particulares;
  2. as Províncias e Regiões Eclesiásticas;
  3. os Concílios Particulares, de modo especial, as Conferências Episcopais, que permitem uma “salutar descentralização” (Cf.: EG 16 e 32).

“Como se pode perceber, a sinodalidade toca em pontos sensíveis e discutidos em nossas comunidades: ministerialidade, colegialidade, ecumenismo, magistério partilhado, autoridade como serviço, exercício do papado e de sua conversão”.

Ampliando o horizonte, Paulo Suess observou que

“a sinodalidade tem um grande valor não somente para a Igreja, mas também para o mundo. O que vale para os líderes das nações, vale também para as pequenas comunidades que precisam zelar pela participação e a transparência, pelo anúncio do essencial e pela comunhão na caminhada”.

Em sua missão, a Igreja está a serviço de um mundo para todos. E finalizou dizendo que:

“A comunhão com os irmãos potencializa o compromisso com a sociedade. Sinodalidade e comunhão são um convite permanente à nossa conversão e à transformação de estruturas no mundo e da Igreja”.

O Simpósio reúne no Centro Cultural Missionário (CCM), dias 20 a 24, cerca de 70 pessoas entre teólogos, missiólogos, pesquisadores, representantes de instituições missionárias, agentes de pastoral de todo o Brasil. O evento é promovido todos os anos pela Rede Ecumênica Latino Americana de Missiólogos e Missiólogas (Relami), o Centro Cultural Missionário de Brasília (CCM), as Pontifícias Obras Missionárias (POM).

Fonte:

www.pom.org.br

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