Sobre um parteiro de CEB’s chamado Dom Luís Fernandes

Em um momento social marcado por tantas dissonâncias, inclusive no âmbito eclesial, como é bom ter quem organize um material capaz de revigorar Comunidades Eclesiais de Base, pelo testemunho da vida e missão de um Pastor… “Um pastor-plantador, que por onde passava convocava a todos para o grande mutirão de semear comunidades de irmãos e irmãs – valorizando a mulher e os mais pobres na Igreja e na sociedade.” Assim Padre Rômulo descreve Dom Luís Fernandes, afirmando ainda que este “sabia com alegria, ternura e compaixão abraçar, ouvir e levar-nos à missão; ensinava-nos a nos contagiar com a alegria de servir ao Deus da vida numa época muito marcada pelo sofrimento e repressão” e, por isso mesmo, tornou-se um “parteiro de tantas Comunidades Eclesiais de Base.”

 

Por Padre Rômulo Remígio Viana

Conversando com amigos e amigas decidi organizar uma coleção sobre Dom Luís Gonzaga Fernandes – bispo emérito de Campina Grande/PB. Com ele tive muitas andanças nas comunidades.

Claro que sozinho não conseguiria jamais dizer tudo, inclusive de maneira profunda e elaborada. Recorri a pessoas que – como eu – o conheceram e decidiram dar a sua contribuição, oferecendo um testemunho. A partir dessa coletânea de depoimentos, redigi alguns livros. Eu também escrevi os meus testemunhos dizendo do que vi e ouvi deste amado bispo/pastor.

Neste ínterim sempre desejei descobrir mais e mais a beleza deste pastor, a santidade e a profundeza da sua ação pastoral. Não quis permitir em momento algum que tudo isso fosse superado pelo saudosismo. O meu sonho é ajudar a quem o conheceu, a relembrar; e a quem não o conheceu, a perceber a beleza do ser humano, do bispo que era Dom Luís Gonzaga Fernandes e a sua contribuição para toda a Igreja.

O que pretendo, ao final, é transformar esse trabalho em um gesto de gratidão a esse bispo sensível ao evangelho de Jesus, que defendia com toda energia os direitos dos pobres e que, com sua atitude missionária e solidária para com todos, com o seu jeito de ser animou e reanimou as pessoas e as Comunidades Eclesiais de Base.

Um pequeno bispo como ele mesmo se apresentava: um bispo do Concílio Vaticano II, ansioso por traduzir esse evento no concreto dos fatos e da missão da Igreja; que se lançou na correnteza larga e saudável do grande Povo de Deus em marcha, pensando em ajudar a encarnar-se uma igreja viva dos novos tempos.

Um profeta da amizade pastoral; que trazia uma experiência de Vitória/ES e desejou partilhá-la com o povo da nossa Diocese de Campina Grande/PB

Um homem extremamente humano capaz de viver o caminho da amizade. Profundamente voltado para a pessoa humana. Homem de diálogo e marcado pela delicadeza afetuosa da acolhida do diferente.

Um bispo segundo o coração de Deus: amável para com os pobres e que nos deixava reanimados na missão.

Um pastor-plantador, que por onde passava convocava a todos para o grande mutirão de semear comunidades de irmãos e irmãs – valorizando a mulher e os mais pobres na Igreja e na sociedade. Sabia com alegria, ternura e compaixão abraçar, ouvir e levar-nos à missão; ensinava-nos a nos contagiar com a alegria de servir ao Deus da vida numa época muito marcada pelo sofrimento e repressão; que com o seu jeito conseguiu ser parteiro de tantas Comunidades Eclesiais de Base.

Um bispo exemplar na simplicidade e que soube dar rumo às CEB’s; que sempre abriu a porta da sua casa a todos os que dela precisaram e nunca se deixou seduzir por cantos de sereias eclesiásticas.

 

 

 

 

1 Comentário

  1. Dom Luís, nosso irmão ! Já faz alguns anos que nos deixou!
    Deixou???? Ou ele continua presente toda vez que há povo se reunindo na fé e integrando-a na vida de cada dia! Mais um “Intereclesial”… e o parteiro das CEBs foi parteiro dos intereclesiais junto com muitos outros Irmãos/ Irmãs/
    Agradeço ao nosso amigo Padre Rômulo que com fidelidade teceu uma rede de irmãos e amigos para fazermos memória de quem tanto bem nos fez, na simplicidade, na amizade, na coragem de apostar numa Igreja Povo de Deus que brota e vai sendo gestada a partir dos POBRES.
    Celebrando os 50 anos de Medellín é muito significativo lembrar e fazer memória do Pastor que tanto se identificou com suas opções e desafios ! Quem sabe que… como houve o Pacto das Catacumbas… quem sabe… quem sabe… estaria na hora de um Pacto de Medellín ???

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