A paz esteja convosco! Assim saudou o Ressuscitado aos seus amigos, reiteradas vezes. Que paz é essa que nos transmite o Senhor da Vida? Shalom Aleichem, desejo de saúde, harmonia e paz. No entanto, essa paz é a paz d’Aquele que amando até o extremo do amor, entrega-se e é brutalmente assassinado. Paz inquieta, coerente, consequente. “Bem aventurados aqueles que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Na experiência de Pedro Casaldáliga, o desejo dessa paz se exprime assim:
A paz inquieta
Pedro Casaldáliga
Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta
Que denuncia a PAZ dos cemitérios
E a PAZ dos lucros fartos.
Dá-nos a PAZ que luta pela PAZ!
A PAZ que nos sacode
Com a urgência do Reino.
A PAZ que nos invade,
Com o vento do Espírito,
A rotina e o medo,
O sossego das praias
E a oração de refúgio.
A PAZ das armas rotas
Na derrota das armas.
A PAZ do pão da fome de justiça,
A PAZ da liberdade conquistada,
A PAZ que se faz “nossa”
Sem cercas nem fronteiras,
Que é tanto “Shalom” como “Salam”,
Perdão, retorno, abraço…
Dá-nos a tua PAZ,
Essa PAZ marginal que soletra em Belém
E agoniza na Cruz
E triunfa na Páscoa.
Dá-nos, Senhor, aquela PAZ inquieta,
Que não nos deixa em PAZ!
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