SOU CATEQUISTA OU VOLUNTÁRIO?
“Existem diferentes ministérios, mas o Senhor é o mesmo. Existem diferentes atividades, mas o mesmo Deus que realiza tudo em todos.” (1 Cor 12, 5-6)
Ser catequista ou estar como catequista, eis a questão. “Ainda que toda a comunidade cristã seja responsável pela catequese, e ainda que todos os seus membros devam dar testemunho da fé, somente alguns recebem o mandato eclesial de ser catequistas”. (DNC 245). Conforme consta no Diretório Nacional de Catequese (DNC 262), “Ser catequista é assumir corajosamente o Batismo e vivenciá-lo na comunidade cristã”. Nesta perspectiva podemos questionar sou catequista ou sou um(a) voluntário(a) na Igreja?
Muitos cristãos leigo/as, infelizmente, olham seu serviço eclesial como um trabalho voluntário. Esta associação acontece pelo fato de haver algumas semelhanças entre ministério eclesial e voluntariado como, por exemplo: a solidariedade, o desejo de transformar o mundo com atitudes altruístas, construir uma sociedade mais justa e fraterna, na gratuidade colocar-se a serviço dos outros, abrir-se as necessidades dos mais pobres ou de vítimas de guerras ou de desastres ecológicos, satisfação de sentir-se útil, a qualificação, a formação e a competência para exercer o trabalho. Essas, dentre outras, são características comuns ao trabalho voluntário, mas também, dos/as leigos/as que sonham a mesma utopia: a construção do Reino de Deus.
Cada necessidade social é uma oportunidade de ação voluntária e as pastorais nascem a partir das necessidades da ação evangelizadora da Igreja (cf.: Ef 4, 4-7.11-13). O ser humano carrega em si, independentemente se é ateu ou professa alguma fé, o desejo ontológico de buscar o bem para viver em sociedade. Acredito que isso é reflexo da nossa semelhança com Deus (cf.: Gn 1, 26). A fé, na vida de um/a voluntariado/a, é uma garantia de perseverança, pois sem o trabalho dos voluntários o mundo seria pior. Louvado seja Deus por suscitá-los para a sociedade.
Os/as catequistas/as, como qualquer cristão consciente da missão recebida no batismo, não são voluntários na messe do Senhor. Jesus não chamou voluntários/as, mas discípulos/as. Portanto, a diferença está na acolhida, de todo coração, da fé cristã e na identidade de ser Igreja – Povo de Deus. Somos chamados a exercer uma função específica conforme a graça que Deus nos concedeu (cf.: 1 Cor 12, 11). Somos operários numa Igreja toda ministerial, comprometidos com a ação evangélica-sócio-transformadora.
Infelizmente, nossas paróquias refletem a questão vocacional dos/as leigos/as de modo muito reducionista. Nas pastorais dificilmente reflete-se sobre a vocação ministerial dos seus agentes. Isso, somado a outras situações, resulta na problemática da rotatividade dos catequistas e das queixas quanto à falta de compromisso e responsabilidade pastoral.
“No processo de discernimento, é necessário ajudar os vocacionados a olharem para a decisão vocacional como um serviço aos irmãos e não como ascensão social ou busca de uma posição privilegiada na sociedade e na Igreja… Cada pessoa batizada tem a responsabilidade de viver bem o chamado, mas também de contribuir para que as demais tenham condições de responder ao chamamento divino para ser gente e para seguir Jesus.” (cf. Texto Base do Ano Vocacional de 2003, pp.125-126).
Muitas bibliografias ajudam-nos a refletir quanto ao Ser Catequista ou Voluntário(a):
- Texto Base do Ano Vocacional de 2003 – Batismo, fonte de todas as vocações;
- Estudos da CNBB, 95 – Ministério do Catequista;
- Estudos da CNBB, 107 – Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade.
Roseli de Carvalho Moraes de Miranda
Coordenação Paroquial de Catequese.
27/04/2015