Reitores da UFMG e da PUC Minas lançam manifesto, diante do grave momento sociopolítico do Brasil, por meio de “Carta Aberta” conjunta

As ações evangelizadoras da Igreja possuem constitutiva dimensão sociopolítica que compromete todas as pessoas nelas envolvidas. Isso porque o anúncio, a acolhida e o testemunho do Evangelho encarnado na vida de Jesus de Nazaré acontecem necessariamente amalgamada com o contexto histórico onde a vida das pessoas se concretiza. Conceber uma vida cristã, desdobramento da evangelização, desligada, à margem ou indiferente ao que esteja acontecendo no nível econômico e sociopolítico, significa aliená-la da realidade concreta da vida.

De certa forma, o que dizemos para a evangelização pode ser dito para a educação. As ações educativas de uma família, escola e/ou universidade estão diretamente relacionadas, de modo inseparável, com a vida concreta das pessoas. Isso implica o cultivo, analítico eco-ético e responsável, da memória histórica, do contexto sociopolítico contemporâneo e dos cenários futuros para toda a humanidade.

Em carta aberta, o reitor da PUC Minas, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, e o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, professor Jaime Arturo Ramirez, se manifestaram, na última quinta-feira, 18 de maio, sobre o atual momento político do país, em que graves denúncias envolvem o atual presidente da República, Michel Temer, e o ex-governador de Minas Gerais, senador Aécio Neves.

Demonstrando preocupação com os desdobramentos dos fatos divulgados na última quarta-feira, 17, os reitores defenderam “uma rigorosa e rápida apuração de todas as denúncias, independentemente de nomes e cargos nela citados” e expressaram o desejo de que prevaleça no país o respeito à democracia, o pleno funcionamento das instituições, o estado de direito e a busca do bem comum como princípios da vida pública.

Carta aberta dos Reitores da UFMG e PUC Minas

A vida política e social no Brasil vem sofrendo, nos anos mais recentes, seguidos e cada vez mais preocupantes abalos. Tal cenário leva à sensação de que a corrupção se tornou sistêmica e profundamente enraizada na sociedade brasileira, gerando instabilidade e desesperança com relação ao futuro do país. Nem o reconhecimento das exceções, infelizmente tão poucas, dissipa a impressão de que a corrupção se estabeleceu como modo operativo prevalente, sobre o qual se tem a expectativa de obtenção não apenas de poderes político e econômico, mas também da impunidade.

Pouco mais de um ano depois do impedimento da ex-presidente da República – cujas razões e modo de processamento ainda dividem a sociedade -, o País se vê sobressaltado com novas e graves denúncias que envolvem diretamente o presidente da República e outros ocupantes de cargos políticos estratégicos no cenário nacional. Como inevitável decorrência, surgem incertezas de toda ordem sobre os rumos e cenários futuros da República, em termos dos desdobramentos que podem trazer os fatos que vieram à tona nesta quarta-feira, 17 de maio de 2017.

É nesse cenário, conturbado e dramático da vida nacional que manifestamos de público a defesa de uma rigorosa e rápida apuração de todas as denúncias, independentemente de nomes e cargos nelas citados, e que os Poderes constituídos, em sua missão de resguardar a democracia e a defesa intransigente do Estado de direito, garantam o pleno funcionamento das instituições democráticas, a liberdade dos movimentos sociais e de todas as instâncias de representação social.

A crença na democracia tem essencial significado: o de que, pela ética, correção e sentimento republicano, a sociedade buscará permanentemente a garantia do direito à justiça, liberdade e paz para todos. Se, por um lado, a dissonância e divergências de posicionamentos e perspectivas políticas são naturais na vida democrática, por outro, o respeito às leis e à defesa do estado de direito e a busca do bem comum e da justiça social devem colocar-se como princípios inarredáveis da vida pública.

Exibindo

(os grifos são nossos)

1 Comentário

  1. Não podemos ficar inertes diante de tantos desmandos… Ditadura nunca mais… Precisamos encontrar forças para reagir e só o conseguiremos com união…

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