Pequena biografia da mártir Irmã Dorothy Stang

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Que a memória dos mártires renove o nosso compromisso de fidelidade ao Reino de Deus, até as últimas consequências, pela prática da justiça, da misericórdia, da solidariedade fraterna/sororal e em defesa-promoção-reconhecimento da igual dignidade, da cidadania.

Edward Guimarães

PEQUENA BIOGRAFIA DA MÁRTIR IR. DOROTHY STANG

(07/06/1931-12/02/2005)

«Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.»

Dorothy Mae Stang, conhecida como Irmã Dorothy (Dayton, 7 de junho de 1931 ­ Anapu, 12 de fevereiro de 2005) foi uma religiosa norte-americana naturalizada brasileira. Pertencia às Irmãs de Nossa Senhora de Namur, congregação religiosa fundada em 1804 por Julie Billiart (1751-1816) e Françoise Blin de Bourdon (1756-1838). Esta congregação católica internacional reúne mais de duas mil mulheres que realizam trabalho pastoral nos cinco continentes.

Ingressou na vida casa religiosa em 1950, emitiu seus votos perpétuos – pobreza, castidade e obediência – em 1956. De 1951 a 1966 foi professora em escolas da congregação: St. Victor School (Calumet City, Illinois), St. Alexander School (Villa Park, Illinois) e Most Holy Trinity School (Phoenix, Arizona).

Em 1966 iniciou seu ministério no Brasil, na cidade de Coroatá, no Estado do Maranhão.

182919_185408831498178_100000871876042_428898_693080_nIrmã Dorothy estava presente na Amazônia desde a década de setenta junto aos trabalhadores rurais da Região do Xingu. Sua atividade pastoral e missionária buscava a geração de emprego e renda com projetos de reflorestamento em áreas degradadas, junto aos trabalhadores rurais da área da rodovia Transamazônica. Seu trabalho focava-se também na minimização dos conflitos fundiários na região.

Atuou ativamente nos movimentos sociais no Pará. A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.

A religiosa participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou com determinação e solidariedade a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Defensora de uma reforma agrária justa e consequente, Irmã Dorothy mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.

Ir DorothyDentre suas inúmeras iniciativas em favor dos mais empobrecidos, Irmã Dorothy ajudou a fundar a primeira escola de formação de professores na rodovia Transamazônica, que corta ao meio a pequena Anapu. Era a Escola Brasil Grande.

Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou: «Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar.»

Ainda em 2004 recebeu premiação da Ordem dos Advogados do Brasil (secção Pará) pela sua luta em defesa dos direitos humanos. Em 2005, foi homenageada pelo documentário livro-DVD Amazônia Revelada.

Assassinato

A Irmã Dorothy Stang foi assassinada, com seis tiros, um na cabeça e cinco ao redor do corpo, aos 73 anos de idade, no dia 12 de fevereiro de 2005, às sete horas e trinta minutos da manhã, em uma estrada de terra de difícil acesso, a 53 quilômetros da sede do município de Anapu, no Estado do Pará, Brasil.

imagesdsfgsdSegundo uma testemunha, antes de receber os disparos que lhe ceifaram a vida, ao ser indagada se estava armada, Ir. Dorothy afirmou «eis a minha arma!» e mostrou a Bíblia. Leu ainda alguns trechos deste livro para aquele que logo em seguida lhe balearia.

No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.

O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heróicas da matrona cristã.

O fazendeiro Vitalmiro Moura, o Bida, acusado de ser o mandante do crime, havia sido condenado em um primeiro julgamento a 30 anos de prisão. Num segundo julgamento, contudo, foi absolvido. Após um terceiro julgamento, foi novamente condenado pelo júri popular a 30 anos de prisão.

Representações no cinema e na arte

Mataram irmã Dorothy (2009) – documentário do norte-americano Daniel Junge, narrado por Wagner Moura. Apresenta um retrato fiel do crime e das condições que o provocaram.

O artista Cláudio Pastro incluiu Irmã Dorothy no painel em azulejos “As Mulheres Santas”, na decoração da Basilica de Nossa Senhora de Aparecida (SP).

4 Comentários

    • Olá Maria obrigado pelo seu recadinho. Mas acredite para fazer uma boa pesquisa precisamos ir fundo e não temer esforçar-se dando o melhor de si na busca do conhecimento e da sabedoria, não é mesmo. Que Deus abençoe os seus estudos e você seja cada vez mais cidadã consciente e participativa na construção de um mundo melhor para todos. Vale a pena conhecer de perto a biografia desta grande mulher, Dorothy Stang. Com estima, Edward

  1. Mesmo assim, a ir. Dorothy Stang não é mártir, e sim, vítima. Inclusive, a Igreja Católica ainda não reconheceu essa qualidade de vida extraordinária a seu respeito, o que, inclusive, veda a sua aplicabilidade à sua pessoa.

    O mártir testemunha a sua fé ao ser inquirido diante de uma autoridade do mundo, que o confronta com a pena máxima.

    Ele mantém sua convicção de modo público e notório.

    Com essa desobediência ao preceito idolatrico, com liberdade própria, mantém a sua convicção pública da fé em Cristo Jesus, e a sua Igreja até o fim.

    Disso nada consta sobre a referida pessoa.

    • Olá Francisco, o conceito de mártir não é aplicado apenas no sentido estrito que você colocou. Mártir é quem perdeu a sua vida (ou a doou) pelo Evangelho do Messias Crucificado. Jesus é o grande Mártir da fé cristã, todos os que tiveram seu sangue derramado como o Mestre na cruz é mártir da fé cristã: São Romero, pe. Josimo Tavares, pe. Exequiel Ramin, Ir. Adelaide, Ir. Dorothy Stang e tantos os outros homens e mulheres que deram a vida pela justiça do Reino que defende a vida. Bom, respeitamos sua interpretação, mas o papa Francisco tem legitimado um sentido mais amplo de martírio, pois, a América Latina é um Continente de muitos mártires. Obrigado por enriquecer o nosso Observatório com sua participação. Ir. Dorothy teve, como Jesus, seu sangue derramado na defesa da dignidade da vida de nossos irmãos indígenas, cujas vidas são desprezadas ou banalizadas porque suas terras tem sido objeto de cobiça. Juntos na defesa da vida.
      Com estima,
      Edward Guimarães

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