“Papa Francisco e o Sínodo da Amazônia”, com a palavra Paulo Agostinho

A Igreja Católica vive uma primavera com o papa Francisco. Ele revela e testemunha em gestos e palavras o título que deu a sua encíclica programática do seu trabalho à frente da Igreja: a alegria do Evangelho – Evangelii Gaudium. Propõe que nos desinstalemos, saiamos da nossa zona de conforto, nos convoca a viver uma “Igreja em saída”.

Depois do Sínodo sobre a Família, em 2014/2015, que foi antecedida de uma consulta mundial a todas as dioceses, contanto com a participação de milhões de famílias, foi publicada a Exortação Apostólica Amoris Laetitia, a alegria do amor. Em 2016, exercendo o chamado do Concílio Vaticano II por uma Igreja em colegialidade e sinodalidade, Francisco convoca o Sínodo dos Jovens. Mais de 300 jovens ajudaram na elaboração do instrumento de trabalho e houve a consulta e a colaboração pela internet de mais de 15.000 jovens. E desse Sínodo foi publicada outra exortação pós-sinodal: Christus vivit – Cristo vive.    

Agora Francisco nos provoca a refletir sobre a Amazônia em novo Sínodo, entre os dias 06 e 27 de outubro, em Roma.

Mais uma vez aparece sua preocupação com a ecologia integral, que já havia emergido na sua primeira Encíclica Laudato Sí, Louvado sejas, meu Senhor!, que tem como subtítulo o “cuidado da casa comum”. Nessa encíclica, que todos deveriam conhecer, Francisco mostra a realidade, o que estamos fazendo com nossa casa comum, a raiz humana da crise ecológica e reflete sobre a ecologia integral e as linhas de ação para enfrentarmos essa situação, que passa pela educação e pela espiritualidade, por uma conversão ecológica.

Não haveria momento mais oportuno, não só pelos incêndios e destruição crescente das florestas, mas também pela exploração mineral, pelos problemas trazidos pelas barragens e hidrelétricas, que ameaçam a rica biodiversidade, os ecossistemas e o bioma amazônico, mas que tragicamente atingem com a morte milhares de indígenas e os povos amazônicos que por milhares de anos têm cuidado e protegido essa imensidão de território.

O instrumento de trabalho, que todos deveriam conhecer, é muito rico. Mostra a realidade da Amazônia, reflete sobre a Ecologia integral e coloca o desafio de a Igreja ser profética na Amazônia. Por tudo isso, Francisco tem recebido muitas críticas tanto internas, por aqueles que não querem mudança ou reforma da Igreja, mas também pelo governo brasileiro que parece ter esquecido da soberania nacional e assume uma postura irresponsável para com as pessoas e a natureza.

Por isso, é importante que nos manifestemos, por exemplo, desta forma:

#EuApoioOSínodo

#EuApoioOPapa

E não perca, dia 24 de setembro, terça-feira, às 19h, estaremos refletindo sobre o Sínodo da Amazônia com Dom Mol e o professor César Kuzma, da PUC Rio. Será no Museu de História Natural da PUC Minas, na avenida Dom José Gaspar, 290.

Paulo Agostinho N. Baptista

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Doutor e Mestre em Ciências da Religião (UFJF), com pós-doutorado em Demografia pelo CEDEPLAR/UFMG. Especialista em Filosofia da Religião (PUC Minas), licenciado em Filosofia (UFJF) e bacharel em Teologia (PUC Minas). Trabalha na PUC Minas desde 1985, é professor adjunto IV e pesquisador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Religião, Líder do Grupo de Pesquisa “Religião, Educação, Ecologia, Libertação e Diálogo” – REDECLID