“O desafio de comunicar a fé cristã hoje”, com a palavra Ismael Oliveira Diniz

O texto a seguir foi elaborado pelo aluno Ismael Oliveira Diniz para o seminário promovido pela disciplina Pedagogia Dialógica Participativa, Corresponsabilidade e Ação Pastoral, ministrada pelo prof. dr. Edward Guimarães.

Confira:

O desafio de comunicar a fé cristã hoje

INTRODUÇÃO

Para esta breve reflexão lemos dois textos de Fernando Altemeyer Júnior e Vera Ivanise Bombonatto, que se encontram na obra Teologia e Comunicação, da qual eles são organizadores e autores de capítulos. Escolhemos o capítulo Trindade, mistério de comunhão e comunicação e as Considerações Finais do livro intitulada: A teologia entre a onomatopoese e o neologismo.

Ao optarmos pelo tema da comunicação, partimos da dificuldade enfrentada hoje em ambientes religiosos para entregar uma mensagem contextualizada de Jesus Cristo de modo compreensível e significativa para os ouvintes.

A opção por ingressar na vida de fé e de assumir o seguimento de Jesus Cristo é sempre da liberdade de cada pessoa. Isto posto, constatamos que estamos diante de grandes desafios no campo da pastoral: Como anunciar e comunicar a mensagem de Jesus Cristo para toda a humanidade? Queremos vislumbrar horizontes novos e romper com barreiras que se interpõe sobre nossa tarefa e vocação de levar a “boa nova” a uma sociedade que se mostra tantas vezes carente de um sentido maior em sua construção cotidiana. Nosso intuito é também a de amadurecermos a habilidade/qualidade de comunicar a fé cristã para as pessoas de nosso tempo.

Nas aulas da disciplina Pedagogia Dialógica Participativa, Corresponsabilidade e Ação Pastoral, constatamos que a teologia cristã tem se mostrado tímida frente a necessidade do ensino de uma espiritualidade cristã que seja saudável, defensora da justiça e da dignidade e geradora de vida. Antes, temos nos deparado com grupos fundamentalistas que, por vezes, tentam se passar por conservadores, mas que na verdade não o são. Muitos não sabem o que significa ou o que contribui para o anúncio da fé cristã no contexto complexo do mundo em que vivemos. Ignoram que uma comunicação ineficaz, presta enorme desserviço à sociedade atual.

Diante do caos típico de nossa contemporaneidade, deparamo-nos com pastorais cristãs com ação evangelizadora bastante reduzida e limitada. Percebemos muitas dificuldades em contribuir com uma boa comunicação em vista de construirmos uma sociedade melhor para todos, na qual o ser humano tenha suas necessidades e carências básicas atendidas e, portanto, acesso a uma vida digna dos filhos e filhas de Deus.

Diante das leituras realizadas para a apresentação deste pequeno trabalho, destacamos alguns trechos importantes que aqui compartilhamos no intuito de contribuir com a reflexão e a ação enquanto aprendizes e ensinadores deste caminho maravilhoso que trilhamos: a fé no Cristo de
Deus.


DESENVOLVIMENTO

Importa ter como exemplo o próprio Deus, que tomou a iniciativa, com liberdade e gratuidade, de comunicar, em Cristo Jesus e pela força do Espírito Santo, o seu amor por nós de maneira dialógica, respeitando a subjetividade e a cultura das pessoas, atuando de forma progressiva na realidade de seu tempo.

Os autores mencionados acima nos mostram que os Divinos três que formam a Santíssima Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – como aqueles estão em perfeita comunicação e comunhão. Há na Trindade um diálogo incessante que pode nos ensinar sobre e exemplificar a autêntica comunicação e comunhão. Por este ponto, começamos a perceber o quão longe podemos estar de uma boa e eficaz comunicação da mensagem do Evangelho, que Jesus nos designou, enquanto seus discípulos e discípulas, que comunicássemos a outros.

Embasado no conteúdo lido, entendemos que todo ser humano é chamado a si comunicar tanto com o Criador quanto como o seu próximo. A partir do Mistério de Comunhão na Trindade podemos aprender que somos chamados a comunicarmos. E isto deve ser algo muito bem feito e com excelência.

Diante destas colocações ampliamos a nossa compreensão sobre o verdadeiro significado e valor de nossa ação comunicadora enquanto pesquisadores no campo do saber teológico, especificamente no âmbito da pastoral.

Na pessoa de Jesus Cristo, o Filho de Deus, percebemos o supremo exemplo de excelente comunicação: Encontramos também no Ressuscitado, o maior exemplo de comunicação entre Deus e humano. Jesus é a plenitude da comunicação entre Deus e a humanidade. No seu tempo, ele não apresentou um conjunto de verdades abstratas, mas o Evangelho da vida, da justiça, da misericórdia e do amor ao próximo, capaz de gerar comunidades de partilha de vida e de fé, de respeito mútuo.

Conforme constata os autores citados sobre a comunicação de Cristo:

A sua comunicação foi uma comunicação interpessoal plena e ao mesmo tempo, informativa, provocativa. Hoje, percebemos em alguns meios religiosos o oferecimento de modelos pré-fabricados de espiritualidades que, por vezes, inibem a fala e a crítica do outro; ao passo que, nosso Salvador (Cristo) propôs a seus contemporâneos uma comunicação aberta, dialogal, havendo espaço para as diferenças.

Compartilho a angústia e a frustração de quem, muitas vezes, se sente incapaz de comunicar, pelo menos de maneira satisfatória, a contagiante mensagem de fé em Jesus Cristo. Tal angústia, que também inquieta, é a mesma que me impulsiona a buscar compreender o outro, o destinatário a ser alcançado pela mensagem do evangelho que somos chamados a proclamar.

De uma coisa estou certo, não poderemos apresentar uma boa comunicação, sem antes cultivarmos uma boa escuta, daqueles que temos o objetivo de fazer chegar a mensagem da Palavra de Deus.

É necessário ouvir para compreender a realidade e a necessidade do outro. Não se trata de oferecer um “pacote pronto” de ideias, por vezes, sem significado algum, para a vida daqueles que necessitam de uma boa e sincera iniciação na fé cristã.


PARA REFLETIR…
a) Por que numa nação de maioria cristã, a vivência cotidiana das pessoas se revelam contrárias aos ensinamentos da Sagradas Escrituras (Por exemplo, pessoas que se dizem cristãs e contraditoriamente defendem a pena de morte)?

b) O que precisamos fazer, enquanto pastoralistas, para que o anúncio do evangelho desperte a atenção e provoque postura de abertura e acolhida nas pessoas (Por exemplo, muitas pessoas não querem ouvir nem saber sobre espiritualidade)?


CONCLUSÃO

A frase que expressa bem a conclusão deste trabalho é:

Uma boa teologia precisará sempre responder às perguntas reais dos aflitos de hoje. O teólogo é movido pela Palavra de Deus. Produz teologia sob o manto do Espírito de Deus em uma rigorosa disciplina mental auscultando os desígnios de Deus e confrontando-os com a realidade.”

A partir do conteúdo exposto, fica o convite de deixarmo-nos desafiar e a nos interpelar pela sociedade em que vivemos. As pessoas que formam esta sociedade clamam por serem acolhidas e ouvidas, clamam por palavras consoladoras e norteadoras, clamam por um testemunho coerente de seus pastores do modo de viver o Evangelho proposto por Jesus Cristo.

É preciso intensificar o labor em produzir ações capazes de minimizar o sofrimento de milhares de pessoas que jazem às margens de uma sociedade que solapa a esperança de dias melhores que virão. Não podemos esquecer que somos todos passageiros de uma mesma embarcação chamada planeta Terra, que estamos destruindo, mas que podemos e devemos aprender a cuidar.

Em síntese, deixemo-nos ser impelidos pelo Espírito Santo na privilegiada tarefa de testemunhar-ensinar a fé cristã através do diálogo, motivando a participar e a desenvolver uma consciência de corresponsabilidade na atuação pastoral e uma espiritualidade em prol do bem viver.

REFERÊNCIA

ALTEMEYER, Fernando Júnior; BOMBONATTO, Vera Ivanise (org.). Teologia e Comunicação: Corpo, palavra e interfaces cibernéticas. 1ª ed. São Paulo: Paulinas, 2011, p. 106-129 . 216-224.