O tempo nos confronta. Nele, os fatos nos questionam. Talvez, mais do que em outros momentos da história, a exigência de estilo testemunhal é cada vez mais decisiva para a credibilidade da nossa vida cristã e presbiteral. Há quem ainda esteja iludido, pensando que seja suficiente fazer e construir. A verdade não se camufla.
Os sacerdotes que mais marcaram a vida do povo de Deus e fortaleceram a história da Igreja, nas suas bases, são os que foram fiéis ao jeito de Jesus tratar os pobres e necessitados e que assumiram, na dinâmica cotidiana de seu ministério, pequenas e continuadas atitudes de atenção e de doação amorosa às pessoas ao seu redor. Trata-se de palavras e ações cotidianas na vida dos membros da comunidade cristã que trouxeram conforto espiritual em momentos difíceis, que animaram e fortaleceram a fé confiante no amor incondicional de Deus, sempre conosco, e que ajudaram a fortalecer e retomar o caminho de seguimento de Jesus.
Claro, que sempre existiram alguns presbíteros extraordinários. Porém, em sua grande maioria, os que construíram os pilares eclesiais foram os que se doaram, até o fim de suas vidas, ao serviço dos que Deus lhes confiou. Geralmente, se perguntássemos a cada cristão católico sobre quem foi concretamente decisivo em sua caminhada de fé, constataríamos, entre os citados, que frequentemente aparece o testemunho de um padre que fez a diferença e foi referência em sua vida cristã eclesial e social!
Já refleti em outras circunstâncias sobre a identidade da vida sacerdotal; sei das inovações portadas pelo Concílio Vaticano II; porém, uma interpretação tendenciosa fez com que algumas ações próprias da vida sacerdotal tenham sido esquecidas. O presbítero sempre será sacerdote, pela celebração do culto, e o sacerdote sempre será presbítero, pelo anúncio da palavra.
O papa Francisco recentemente afirmou que a Igreja cresce no silêncio. Na sociedade do espetáculo não podemos pensar que é suficiente a grandiosidade do que a Igreja faz. O Papa recorda a importância do martírio, que a maioria não conhece. Em outras palavras: Francisco chama em causa a necessidade do testemunho. Isso serve para todos nós!
A revolução da Era digital não anulou o que sempre foi fundamental da vida cristã e sacerdotal: serviço e amor-doação ao povo de Deus, por uma opção fundamental enraizada em Jesus Cristo, confirmada e retomada em cada momento de nossas vidas. Assim o seja!
(Os grifos sãos nossos)
Sobre o autor:
Pe. Matias Soares é pároco da Paróquia de Santo Afonso Maria de Ligório, em Mirassol, Natal e é colaborador do Observatório da Evangelização PUC Minas.
Bom dia Padre Matias. Tenho profunda admiração pelo senhor, tal como tinha pelo saudoso Padre Pio Hangens. O senhor é o milagre de Deus para anunciar e denunciar dentro e fora da Igreja. Neste seu discurso, a uma explanação do que o povo hoje precisa. O pastor do rebanho a exemplo de Cristo, precisa da a vida pelas ovelhas. Mas, infelizmente o que vemos são médicos dando a vida pra salvar vidas e padres deixando morrer almas.