Manifesto da Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Belo Horizonte sobre o momento político atual

NENHUM DIREITO A MENOS

Belo Horizonte, 21 de novembro de 2016.

“Caminhar pelas estradas seguindo a ‘loucura’ do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só. Caminhar pelas estradas do nosso Deus, que nos convida a ser atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais; que nos encoraja a pensar uma economia mais solidária. Em todos os campos onde vos encontrais o amor de Deus convida-nos a levar a Boa Nova, fazendo da própria vida um dom para Ele e para os outros.”
(Papa Francisco, Cracóvia, Campus Misericordiae, 30 de julho de 2016)

A Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Belo Horizonte manifesta sua posição a respeito do momento político pelo qual atravessa o Brasil. Percebemos que muitos avanços e conquistas das lutas do povo brasileiro, no sentido de reduzir a desigualdade social e a pobreza, foram abandonados a partir do golpe legislativo apoiado pela justiça e manipulado pelos meios de comunicação de massa.

O acontecimento mais recente que tem ocupado nossas manifestações é o Projeto de Emenda Constitucional que agora tramita no Senado com o número 55/2016. Nesse sentido concordamos imensamente com a nota publicada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil de que “A PEC 241 (agora 55) é injusta e seletiva. Ela elege, para pagar a conta do descontrole dos gastos, os trabalhadores e os pobres, ou seja, aqueles que mais precisam do Estado para que seus direitos constitucionais sejam garantidos. Além disso, beneficia os detentores do capital financeiro, quando não coloca teto para o pagamento de juros, não taxa grandes fortunas e não propõe auditar a dívida pública.”

E ainda “É possível reverter o caminho de aprovação dessa PEC, que precisa ser debatida de forma ampla e democrática. A mobilização popular e a sociedade civil organizada são fundamentais para superação da crise econômica e política. Pesa, neste momento, sobre o Senado Federal, a responsabilidade de dialogar amplamente com a sociedade a respeito das consequências da PEC 241 (agora 55).” (CNBB, nota do dia 27 de outubro de 2016).

Sob esse olhar reiteramos nosso apoio e participação ativa nas manifestações populares que estão se posicionando ao lado dos direitos conquistados pelo povo brasileiro. Sobretudo, apoiamos as ocupações e a corajosa iniciativa dos estudantes de todo o Brasil, nessa primavera estudantil, que se manifestam a favor de uma educação inclusiva e se posicionam de forma contrária à medida provisória nº 746/2016, que promove profundas alterações no Ensino Médio sem qualquer escuta aos envolvidos (educadores, alunos e pais), e à proposta do nefasto Programa Escola Sem Partido.

Olhando para a realidade e para a pluralidade das nossas juventudes desejamos ser anunciadores de boas notícias e portadores da esperança de que a vida digna será compartilhada com todas as pessoas que compõem a nossa sociedade. Como Ester, pedimos a Deus que Ele nos conceda a vida, e conceda uma vida digna ao nosso povo, eis nosso desejo e nossa luta. Portanto, não temos medo de denunciar as propostas autoritárias que estão a serviço de segmentos economicamente hegemônicos, e que não representam os interesses que vem das periferias desse nosso Brasil.

A Pastoral da Juventude da Arquidiocese de Belo Horizonte continuará ao lado das juventudes e de todos os movimentos da sociedade que se colocam de forma crítica na confiança de continuarmos reduzindo a desigualdade social que vivemos.

Que Nossa Senhora Aparecida nos sustente no acompanhamento e na participação nesse processo que ora vivemos e que constantemente nos desafia.

FONTE: Pastoral da Juventude – Arquidiocese de Belo Horizonte

1 Comentário

  1. Parabéns aos membros da Pastoral de Juventude pelo importante manifesto sobre o nosso complexo momento político. Juntos na defesa da dignidade da vida e de mãos dadas com os movimentos populares, comprometidos com a construção da sociedade pautada pela justiça, pelo diálogo fraterno, pelo reconhecimento da beleza do pluralismo e pela cultura da paz.
    Recebam nosso cordial e fraterno abraço,
    Edward Guimarães
    Pela equipe executiva do Observatório da Evangelização

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