Os efeitos do coronavírus na Amazônia ameaçam cada vez mais uma das regiões cuja importância é vital para o futuro do planeta. Segundo dados coletados pela Rede Eclesial Pan-Amazônica, que toda segunda, quarta e sexta-feira elabora um relatório com números oficiais, fornecidos pelas autoridades de cada um dos nove países, em 17 de junho já existem 315.349 infectados, com saldo de 11.580 falecidos.
Entre eles, 8.733 casos confirmados e 696 mortes de 127 povos indígenas, o que representa uma ameaça crescente de etnocídio, que pode levar ao desaparecimento de algum dos aproximadamente 390 povos indígenas da Pan-Amazônia, junto com quase 130 povos em isolamento voluntário, que são na verdade aqueles que sofrem o risco mais sério.
A região pan-amazônica tem uma população de cerca de 33 milhões, dos quais aproximadamente 3 milhões são indígenas. Se fosse um país, estaríamos falando sobre o 5º com o maior número de contagios e o 9º em número de mortes. Tudo isso em uma região onde a logística é dificultada por uma orografia que só possibilita o deslocamento fluvial e aéreo em grandes áreas da região. Soma-se a isso o abandono no campo da saúde ao qual a Pan-Amazônia é tradicionalmente sujeita, à qual quem chegou de fora quase sempre foi apenas para obter recursos.
O número de casos dobrou em menos de três semanas, pois em 29 de maio houve 155.592 casos confirmados, com 7.449 mortes. Soma-se a isso a grande subnotificação existente nos diferentes países e a falta de confirmação de mortes como casos de Covid-19. Serve como exemplo o que aconteceu na província de Loreto, Peru, onde os dados desta terça-feira, 16 de junho, falaram de 475 mortes confirmadas, que são as que aparecem nos relatórios da REPAM, e 1.345 suspeitos, que não são oficialmente considerados como mortes causadas pelo coronavírus, o que agrava ainda mais a situação, já que estaríamos falando de um total de 1.820 mortes. Junto com isso, a Diretoria Regional de Saúde, DIRESA-Loreto, passou mais de 15 dias sem emitir nenhuma declaração com números oficiais.
Como afirmou Dom Edson Damian, bispo de São Gabriel da Cachoeira, um dos municípios com maior percentual de casos em todo o Brasil, “nas aldeias há muitos infectados, mas têm medo de ir ao hospital. Então eles resistem até que possam aguentar. Além disso, não realizam testes nas aldeias”, o que é mais uma prova da subnotificação presente na região amazônica.
Ter ultrapassado os 315 mil infectados oficialmente “é uma fonte de profunda dor e indignação”, segundo Mauricio López, que denuncia que “existe um evidente sub-registro e, em alguns casos, cumplicidade das instâncias do governo em esconder os números, que não são de perto, o número real de infectados”. Para o Secretário Executivo da REPAM, “isso gera uma enorme preocupação, especialmente no caso dos povos indígenas, historicamente discriminados, impactados por uma situação voraz de retirada de recursos, que impactou seus territórios, culturas e, evidentemente, também sua saúde e agora são atingidos pela pandemia, onde não há elementos de infraestrutura, higiene ou saúde adequada, o que gera grande preocupação”.
Mauricio López alerta que “o auge dessa pandemia ainda não foi atingido, mesmo com 315.000 casos registrados, e nos povos indígenas é apenas agora que estamos passando pela fase mais cruel do contágio nas comunidades e do aumento exponencial”. Nessa situação, como a REPAM já denunciou em várias ocasiões, “mesmo assim, os governos não conseguem estabelecer protocolos de resposta adequados, mobilizar os elementos necessários, nem mesmo os mínimos, de biossegurança e infraestrutura médica, para sua atenção”. Algo que também foi anunciado repetidamente, insiste o secretário executivo da REPAM, pelos povos indígenas, que denunciam que “estamos diante de um verdadeiro etnocídio por omissão”.
A realidade que está sendo vivida na Panamazonía exige uma reação na opinião de Mauricio López, que afirma acreditar que “não podemos permanecer calados e é preciso ter uma posição e uma voz como Igreja, aliar-nos aos povos originários, como o próprio caminho sinodal estabeleceu. e denunciar esta situação”. Omitir-se diante dessa situação pode causar que, “e sem exageros”, enfatiza o secretário executivo da REPAM, “estaremos vendo um grande número de povos indígenas que serão impactados, especialmente comunidades frágeis, dizimadas e muitas delas até em risco de desaparecer. Temos que levantar nossas vozes agora”.
Isso é algo que a Igreja Católica e as organizações indígenas, desde o início da pandemia, não deixaram de fazer, exigindo maior atenção dos diferentes governos, denunciando as graves situações pelas quais os povos amazônicos estão passando. Nesse sentido, em 17 de junho, o Conselho Indigenista Missionário – CIMI, emitiu uma nova nota na qual denunciou a morte de muitos líderes indígenas, “baluartes da história e cultura viva de seus povos”. Ao mesmo tempo, exigia um plano urgente de “ação governamental para conter o avanço do coronavírus nos territórios indígenas, que contemple o combate às invasões e a estruturação das equipes multidisciplinares com profissionais, equipamentos e insumos para a devida assistência às comunidades indígenas que clamam por socorro”.
Podemos dizer que a ajuda da Igreja está se mostrando decisiva na região, uma vez que a pressão que está exercendo contra os diferentes governos é acompanhada pela ajuda inestimável em alimentos e higiene pessoal, equipamentos de proteção e até plantas de oxigênio, algo que está salvando muitas vidas, especialmente na Amazônia peruana, onde, se não fosse pelo esforço da Igreja Católica, o número de mortes por falta de oxigênio teria disparado ainda mais.
Sobre o autor:
Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.
Confira, a seguir, a íntegra do texto em espanhol:
Más de 315 mil contagiados por Covid-19 en la Amazonía: ¿a camino de un etnocidio por omisión?
Los efectos del coronavirus en la Amazonía amenazan cada día más a una de las regiones cuya importancia es vital para el futuro del planeta. Según datos recogidos por la Red Eclesial Panamazónica, que todos los lunes, miércoles y viernes, elabora un informe con los números oficiales, facilitados por las autoridades de cada uno de los nueve países, este 17 de junio ya son 315.349 contagiados, con un saldo de 11.580 fallecidos.
Entre ellos se encuentran 8.733 casos confirmados y 696 fallecidos de 127 pueblos indígenas, lo que supone una amenaza cada vez mayor de un etnocidio, que puede suponer la desaparición de alguno de los aproximadamente 390 pueblos indígenas de la Panamazonía, a los que se unen casi 130 pueblos en aislamiento voluntario, que en verdad son los que más grave riesgo están corriendo.
La región panamazónica tiene una población de unos 33 millones, de los que aproximadamente 3 millones son indígenas. Si se tratase de un país, estaríamos hablando del 5º con mayor número de contagios y el 9º en número de fallecidos. Todo eso en una región donde la logística se ve dificultada por una orografía que sólo hace posible el desplazamiento fluvial y aéreo en amplias áreas de la región. A esto se une el abandono en el campo sanitario al que tradicionalmente se ha visto sometida la Panamazonía, a donde los foráneos casi siempre han llegado solo para llevarse los recursos.
El número de casos se ha doblado en menos de tres semanas, pues el pasado 29 de mayo eran 155.592 los casos confirmados, con 7.449 fallecidos. A esto se une la gran subnotificación existente en los diferentes países y la falta de confirmación de las muertes como casos de Covid-19. Sirva como ejemplo lo sucedido en la provincia de Loreto, Perú, donde los datos de este martes, 16 de junio hablaban de 475 muertes confirmadas, que son las que aparecen en los informes de la REPAM, y 1.345 sospechosas, que oficialmente no son consideradas como muertes provocadas por el coronavirus, lo que agrava todavía más la situación, pues estaríamos hablando en total de 1.820 fallecidos. Junto con eso, la Dirección Regional de Salud, DIRESA-Loreto, ha estado más de 15 días sin emitir ningún comunicado con números oficiales.
Como afirmaba esta misma semana Monseñor Edson Damian, obispo de São Gabriel da Cachoeira, uno de los municipios con mayor porcentaje de casos en todo Brasil, “en las aldeas hay muchos infectados, pero ellos tienen miedo de ir al hospital. Por eso, resisten hasta que pueden aguantar. Además de eso, no hacen pruebas en las aldeas”, lo que supone otra prueba más de la subnotificación presente en la región amazónica.
Haber superado los 315 mil contagiados oficialmente “es fuente de profundo dolor e indignación”, según Mauricio López, quien denuncia que “hay un subregistro evidente, y en algunos casos complicidad de las instancia en el gobierno para ocultar las cifras, que no son ni de cerca, el número real de contagiados”. Para el Secretario Ejecutivo de la REPAM, “esto produce una preocupación enorme, sobretodo en el caso de los pueblos originarios, que han sido discriminados historicamente, impactados por un situación de extractivismo voraz, que ha impactado sus territorios, sus culturas y evidentemente también su salud, y ahora golpeados con fuerza por la pandemia, donde no hay elementos de infraestructura, de higiene, ni de salud adecuados, que esto genera una grandísima preocupación”.
Mauricio López advierte que “no se ha alcanzado ni de cerca, aun con 315 mil casos registrados, el cenit de esta pandemia, y en los pueblos originarios es apenas ahora que estamos viviendo la fase más cruda del contagio comunitario y del aumento exponencial”. Ante esta situación, como ya ha denunciado la REPAM en diversas ocasiones, “aun así, los gobiernos son incapaces de establecer protocolos adecuados de respuesta, de movilizar los elementos necesarios, ni siquiera los mínimos, de bioseguridad y de infraestructura médica, para su atención”, algo que también ha sido anunciado repetidas veces, insiste el secretario ejecutivo de la REPAM, por los pueblos originarios, quienes denuncian que “estamos ante un verdadero etnocidio por omisión”.
La realidad que se está viviendo en la Panamazonía demanda una reacción en opinión de Mauricio López, que dice creer que “no podemos permanecer callados y es necesario tomar postura y voz como Iglesia, aliarnos con los pueblos originarios, como ha establecido el propio camino sinodal, y denunciar esta situación”. Omitirse ante esta situación puede provocar que, “y sin ninguna exageración”, enfatiza el secretario ejecutivo de la REPAM, “estaremos viendo gran número de pueblos originarios que serán impactados, comunidades especialmente frágiles, diezmadas, y muchas de ellas incluso en peligro de desaparecer. Tenemos que elevar la voz ya”.
Eso es algo que la Iglesia católica y las organizaciones indígenas, desde el principio de la pandemia, no han dejado de hacer, reclamando a los diferentes gobiernos una mayor atención, denunciando las graves situaciones por las que pasan los pueblos amazónicos. En ese sentido, este 17 de junio, el Consejo Indigenista Misionero – CIMI, de Brasil, emitía una nueva nota en la que denunciaba la muerte de muchos líderes indígenas, “baluartes de la historia y cultura viva de sus pueblos”. Al mismo tiempo exigía un plano urgente de “acción gubernamental para contener el avance del coronavirus en los territorios indígenas, que contemple el combate a las invasiones y la estructura de equipos multidisciplinarios con profesionales, equipos y recursos para la debida asistencia a las comunidades indígenas que claman por socorro”.
Podemos decir que la ayuda de la Iglesia está resultando decisiva en la región, pues a la presión que está ejerciendo contra los diferentes gobiernos, se une la inestimable ayuda en géneros alimenticios y de higiene personal, equipos de protección, e inclusive plantas de oxígeno, algo que está salvando muchas vidas, especialmente en la Amazonía peruana, donde de no ser por el esfuerzo de la Iglesia católica, el número de fallecidos por falta de oxígeno se hubiese disparado todavía más.
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