Comentários sobre: Jon Sobrino: o princípio-misericórdia e a Igreja dos pobres https://observatoriodaevangelizacao.com/jon-sobrino-o-principio-misericordia-e-a-igreja-dos-pobres/ Sun, 06 Feb 2022 17:42:22 +0000 hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.4 Por: Luís Eugênio Sanábio e Souza https://observatoriodaevangelizacao.com/jon-sobrino-o-principio-misericordia-e-a-igreja-dos-pobres/#comment-658 Sun, 06 Feb 2022 17:42:22 +0000 https://observatoriodaevangelizacao.wordpress.com/?p=29519#comment-658 Igreja Católica e suas decisões

Luís Eugênio Sanábio e Souza – escritor –

O Concílio Vaticano II quis recordar que “o ofício de interpretar autenticamente a palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo” (DV nº 10) . Esta autoridade exclusiva do Magistério, isto é, do Papa e dos bispos em comunhão com ele, é sempre insubstituível e portanto é sempre errônea a ideia de que se deveria “dessacralizar o clero” para assim alcançar uma espécie de democracia dentro da Igreja. A organização da Igreja, divina e ao mesmo tempo humana, não se identifica com nenhum sistema político e nem com nenhuma cultura. Por isso mesmo é que a Igreja pode enriquecer todas as culturas com sua catolicidade, isto é, com sua mensagem universal que não nasce de opiniões de uma maioria, mas da verdade do próprio Deus que se fez homem em Jesus Cristo. Portanto, a estrutura hierárquica da Igreja deve ser entendida do ponto de vista teológico e não simplesmente sociológico. É verdade que o Magistério da Igreja se serve da colaboração de todos (leigos, religiosos, teólogos, filósofos, escritores e etc) para amadurecer seu juízo final e insubstituível que é fruto da assistência divina, do poder do Espírito Santo. Por isso mesmo, o Papa Francisco deseja consultar toda a comunidade católica sobre temas a serem tratados no próximo Sínodo que irá se concluir em 2023. Esta consulta não representa nenhuma relativização da autoridade insubstituível do Magistério da Igreja, mas estimula e confirma o papel peculiar de cada membro da Igreja. Falando sobre o próximo Sínodo, o Papa Francisco disse: “reitero que o Sínodo não é um parlamento, o Sínodo não é uma investigação sobre as opiniões; o Sínodo é um momento eclesial, e o protagonista do Sínodo é o Espírito Santo” (Discurso em 09/10/2021). Em razão da missão divina que lhe foi dada na Igreja por Cristo, o Magistério tem a missão de preservar a integridade do Evangelho, e proteger assim a fé dos católicos. Para isto, às vezes pode ser levado a tomar graves providências, como por exemplo quando afasta um teólogo heterodoxo de suas funções, ou quando declara que alguns escritos não estão de acordo com a doutrina católica. Agindo dessa forma, o Magistério defende o direito do povo a receber a mensagem da Igreja na sua pureza e na sua integridade, e assim, a não ser perturbado por uma perigosa opinião particular. Esta conduta disciplinar do magistério sempre foi exercida. Exemplos: no século IV a Igreja reprovou Ario que afirmava que Jesus veio do nada e que seria de uma substância diferente da do Pai (arianismo); no século XVII a Igreja precisou reprovar as ideias de Giordano Bruno que abandonou o sacerdócio para abraçar concepções pagãs que incluía não apenas o panteísmo, mas também a negação da divindade de Cristo; em tempos mais recentes, a Igreja precisou reprovar certas concepções heréticas do brasileiro Leonardo Boff, do teólogo alemão Hans Küng, do teólogo espanhol Jon Sobrino e etc. O juízo expresso pelo Magistério em tais circunstâncias, ao final de um acurado exame, conduzido em conformidade com os procedimentos estabelecidos, e depois de ter sido concedida ao interessado a possibilidade de dissipar eventuais mal-entendidos sobre o seu pensamento, não toca a pessoa do teólogo, mas as suas posições intelectuais expressas publicamente. O fato que estes procedimentos possam ser aperfeiçoados, não significa que eles sejam contrários à justiça e ao direito.

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