A comunicação tem um papel fundamental na sociedade atual, também na vida eclesial. A tecnologia tem possibilitado que as notícias se façam presentes na vida do povo de maneira instantânea. Diante dessa realidade, a Igreja do Brasil criou o Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil, uma iniciativa da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), a serviço da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Em vista de promover a evangelização e a cultura do encontro, a nova entidade pretende contribuir na qualificação da comunicação da Igreja Católica no Brasil, tendo como base as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora e o Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil.
Segundo o padre Dário Bossi, um dos coordenadores do novo observatório, ele começou “a partir de algumas reflexões e provocações no âmbito da CRB, particularmente de um grupo de provinciais de congregações religiosas no Brasil”. A ideia de criar o observatório também estava presente no pensamento de Dom Joaquim Mol, bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB.
Uma das preocupações, segundo o padre Bossi, foi a reunião que aconteceu no dia 21 de maio entre “alguns representantes das televisões católicas com o presidente da República”, onde segundo o provincial dos combonianos, “houve, implícita o explicitamente, algumas barganhas de favorecimentos financeiros, isenções, em troca de possíveis visibilidades e apoios à linha da presidência, o que não é especificamente um papel da Igreja católica”. Essa reunião fez com que a Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB se posicionasse com uma nota em que mostrava sua desconformidade com o acontecido no encontro.
No Brasil, a força de alguns veículos da mídia católica tem crescido muito nos últimos anos, segundo o provincial dos combonianos. Ele destaca que essa mídia está tendo “capacidade de influenciar a espiritualidade, a reflexão e as posições do Povo de Deus no Brasil”. Junto com isso, afirma “a preocupação ao respeito de outros fenômenos como as redes sociais, os famosos influencers, vários dos quais representam uma visão bastante conservadora e fundamentalista da Igreja”. Nesse sentido, o padre Bossi, que foi um dos padres sinodais, lembra “sobre o papel das redes sociais católicas e de algum influenciador que foi especialmente crítico ao Sínodo da Amazônia”.
Trata-se de “um observatório independente, mas a disposição da Comissão de Comunicação da CNBB, para aprofundar determinados aspectos e preocupações, estudar tendências, examinar riscos, evidenciar oportunidades e características interessantes da comunicação católica”, segundo o padre Dário. A intenção é “trabalhar na perspectiva de ser um órgão externo que faça uma observação independente das ações da comunicação da Igreja no Brasil e dar sugestões”, afirma o prof. Robson Savio Reis Souza, que também é membro do observatório.
Segundo o professor da PUC Minas, “ideia é que a gente faça monitoramento, mas também dê sugestões”, insistindo em que “há muitos temas que nos preocupam, dentre eles o papel das TVs católicas no Brasil, sua linha comunicativa, o jeito da instituição de comunicar-se com a sociedade”. É por isso, que Robson Savio insiste em que “o papel é encaminhar informes para a CNBB”.
O Observatório está sendo integrado por religiosos e religiosas, leigos e leigas, em representação da CRB e da CBJP, “profissionais do mundo da comunicação, atentos às dimensões sociológica, antropológica e religiosa da comunicação”, segundo o padre Bossi. Através de reuniões periódicas, o observatório, afirma o provincial dos combonianos, “pretende apresentar algum aprofundamento sobre os temas mais urgentes, mais delicados, mais importantes”.
A Coordenação do Observatório da Comunicação Religiosa no Brasil está formada:
- irmã Maria Neusa dos Santos, religiosa da Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição, (jornalista, doutora em Comunicação e Semiótica e mestra em Comunicação e Consumo);
- padre Dário Bossi, MCCJ, provincial dos Missionários Combonianos;
- Venício Lima, professor emérito da Universidade de Brasília; irmã Helena Corazza, FSP, diretora do SEPAC Paulinas (Serviço à Pastoral da Comunicação);
- irmã Patrícia Silva, FSP, assessora de comunicação da CRB);
- irmão Alan Patrick Zuccherato, C.Ss.R, diretor de programação da TV Aparecida);
- padre Antônio Iraildo Alves de Brito, SSP, diretor da FAPCOM (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação);
- prof. Robson Sávio Reis Souza, especialista em Teoria e Prática da Comunicação, coordenador do Nesp/PUC Minas e membro do grupo de análise de conjuntura política da CNBB;
- Milton Rondó Filho, diplomata aposentado pelo Instituto Rio Branco.
Sobre o autor:
Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.
A seguir, a versão do texto em espanhol:
La Iglesia Católica crea el Observatorio de la Comunicación Religiosa en Brasil
La comunicación tiene un papel fundamental en la sociedad actual, también en la vida eclesial. La tecnología ha hecho posible que las noticias estén presentes en la vida de la gente de forma instantánea. Ante esta realidad, la Iglesia de Brasil ha creado el Observatorio de la Comunicación Religiosa en Brasil, una iniciativa de la Conferencia de Religiosos de Brasil (CRB) y de la Comisión Brasileña de Justicia y Paz (CBJP), al servicio de la Comisión Episcopal Pastoral para la Comunicación de la Conferencia Nacional de los Obispos de Brasil (CNBB).
Con el fin de promover la evangelización y la cultura del encuentro, la nueva entidad se propone contribuir a la mejora de la comunicación de la Iglesia Católica en Brasil, basándose en las Directrices Generales de Acción Evangelizadora y el Directorio de Comunicación de la Iglesia en Brasil.
Según el P. Dário Bossi, uno de los coordinadores del nuevo observatorio, comenzó “a partir de algunas reflexiones y provocaciones en el ámbito de la CRB, en particular de un grupo de provinciales de congregaciones religiosas de Brasil”. La idea de crear el observatorio también estaba presente en el pensamiento de Mons. Joaquim Mol, obispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) y presidente de la Comisión Pastoral Episcopal de Comunicación de la CNBB.
Una de las preocupaciones, según el P. Bossi, fue el encuentro del 21 de mayo entre “algunos representantes de televisiones católicas con el presidente de la República”, donde, según el provincial de los Combonianos, “hubo, implícita o explícitamente, algunos tratos de favores financieros, exenciones, a cambio de posibles visibilidades y apoyo a la línea presidencial, que no es específicamente un papel de la Iglesia Católica”. Esta reunión hizo que la Comisión Episcopal Pastoral para la Comunicación de la CNBB tomara una posición con una nota en la que mostraba su desacuerdo con lo que había sucedido en la reunión.
En Brasil, la fuerza de algunos medios de comunicación católicos ha crecido considerablemente en los últimos años, según el provincial de los Misioneros Combonianos. Él destaca que esos medios tienen “la capacidad de influir en la espiritualidad, la reflexión y las posiciones del Pueblo de Dios en Brasil”. Junto con esto, afirma “la preocupación por otros fenómenos como las redes sociales, los famosos influencers, varios de los cuales representan una visión bastante conservadora y fundamentalista de la Iglesia”. En este sentido, el Padre Bossi, que fue uno de los padres sinodales, recuerda “el papel de las redes sociales católicas y de algunos influencers que fueron especialmente críticos con el Sínodo de la Amazonia”.
Se trata de “un observatorio independiente, pero a disposición de la Comisión de Comunicación de la CNBB, para profundizar en ciertos aspectos y preocupaciones, estudiar las tendencias, examinar los riesgos, poner de relieve las oportunidades y las características interesantes de la comunicación católica”, según el P. Dário. La intención es “trabajar en la perspectiva de ser un órgano externo que haga una observación independiente de las acciones de comunicación de la Iglesia en Brasil y dé sugerencias”, dice Robson Savio Reis Souza, que también es miembro del observatorio.
Según el profesor de la Pontificia Universidad Católica de Minas Gerais, “la idea es que monitoreamos, pero también demos sugerencias”, insistiendo en que “hay muchos temas que nos preocupan, entre ellos el papel de las televisiones católicas en Brasil, su línea de comunicación, la forma de la institución de comunicarse con la sociedad”. Por eso Robson Savio insiste en que “el papel es enviar informes a la CNBB”.
El Observatorio está integrado por religiosos y religiosas, laicos y laicas, en representación de la CRB y la CBJP, “profesionales del mundo de la comunicación, atentos a las dimensiones sociológicas, antropológicas y religiosas de la comunicación”, según el P. Dário Bossi. A través de reuniones periódicas, el observatorio, dice el provincial de los Misioneros Combonianos, “se propone presentar algunos estudios sobre los temas más urgentes, delicados e importantes”. La Coordinación del Observatorio de la Comunicación Religiosa en Brasil está formada por la Hna. Neusa dos Santos, religiosa de la Congregación de las Hermanitas de la Inmaculada Concepción, (periodista, doctora en comunicación y semiótica y master en comunicación y consumo); P. Dario Bossi, MCCJ, provincial de los Misioneros Combonianos; Venício Lima, profesor emérito de la Universidad de Brasilia; Hna. Helena Corazza, FSP, directora del SEPAC Paulinas, (Servicio a la Pastoral de la Comunicación); Hna. Patricia Silva, FSP, asesora de comunicación de la CRB; Hno. Alan Patrick Zuccherato, C.Ss.R, (director de programación de la TV Aparecida); Padre Antonio Iraildo Alves de Brito, SSP, director del FAPCOM (Colegio Paulus de Tecnología y Comunicación); Robson Sávio Reis Souza, especialista en Teoría y Práctica de la Comunicación, coordinador del Nesp/PUC Minas y miembro del grupo de análisis político de la CNBB; Milton Rondó Filho, diplomático retirado del Instituto Rio Branco.