Entrevista com o teólogo e pastor Walter Altmann, sobre os 500 anos da Reforma

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Martinho Lutero tem na crítica às indulgências o ponto mais lembrado quando se fala nas razões que o levaram a se insurgir. Nessa questão das indulgências – apenas um dos tantos pontos propostos por ele – é importante compreender o que está por trás dessa crítica. Segundo o teólogo Walter Altmann, Lutero queria destacar a noção de gratuidade da salvação, acessível a todos.

Essa noção de gratuidade segue relevante nos dias de hoje, em que temos numerosas formas ‘modernas’ de mercantilização da fé”, acrescenta“.

Segundo Altmann, essa gratuidade tem conexão direta com a noção de liberdade, já que a partir da cisão emergem outras tantas formas de se viver o cristianismo. E em meio a tantas formas de professar a fé, o teólogo destaca outro valor que se torna importante em nosso tempo: o diálogo inter-religioso. Isso porque, no passado, a Reforma gerou muito mais do que disputas teológicas, chegando a guerras. Hoje, destaca que é importante fazer essa reforma da Reforma e compreender a necessidade de alimentar o espírito ecumênico. É uma espécie de aproximação, não só com católicos, mas com diversos credos.

Hoje, ao rechaçarmos qualquer tentação ou intento de enfrentar os muçulmanos em nome da fé cristã, devemos construir de todos os modos possíveis avenidas de respeito e diálogo”, exemplifica.

E sobre a aproximação entre católicos e luteranos, pontua:

Não se trata de uma meta já plenamente alcançada, mas de uma trajetória em curso. Pode-se dizer que o conflito foi deixado para trás. Há um reconhecimento comum de que pessoas católicas e luteranas são irmãs em Cristo, a separação é sentida com dor e o diálogo tem avançado em muitas questões”.

 

Confira a entrevista.

1. Como compreender a Reforma Luterana para além da perspectiva teológica?

R.: Embora a preocupação central de Lutero tenha sido uma questão teológica (“como posso obter um Deus misericordioso?”), é inegável que a Reforma teve implicações profundas na Igreja e na sociedade do mundo ocidental. Aliás, foi a conjunção de vários fatores que tornou a Reforma um evento histórico epocal. De uma forma um tanto simplificada, mas ainda assim acurada, pode-se dizer que Lutero rompeu com a concepção de uma tutela da ordem eclesiástica sobre a ordem secular.

Embora na concepção de Lutero todos os setores da vida humana estejam submetidos à vontade de Deus e devam servir para atender as necessidades das pessoas, ao fazer a distinção de que o ofício precípuo da Igreja é de ordem espiritual tão somente, forças políticas, econômicas, sociais e culturais puderam desabrochar e desenvolver-se sem as amarras às quais estavam submetidas. A ordem social já não seria mais regrada por um direito divino imutável, mas por um direito humano, reformável de acordo com realidades contextuais.

 

2. Qual o contexto histórico que a faz emergir? E quais suas consequências nos campos social, econômico, científico/tecnológico e político?

R.: No início do século XVI, já estavam em curso vários processos de mudança na Europa. Na cultura, o Renascimento trazia para o centro de suas obras (na pintura, por exemplo) o próprio ser humano. Para Lutero, a fé pessoal haveria de ser algo de suma importância. Também havia um movimento cultural de “volta às fontes” da Antiguidade. Lutero haveria de fundamentar a doutrina na Bíblia que ele magistralmente traduziu à língua alemã. Gutenberg [1] havia descoberto a imprensa que foi determinante para a extraordinária difusão não apenas da Bíblia, mas também dos numerosos escritos de Lutero.

Como Lutero considerava que todas as pessoas devem ter acesso à Bíblia e que o estudo seria importante também para os ofícios seculares, ele foi pioneiro em advogar em favor de um sistema de educação universal, e isso numa época em que a esmagadora maioria da população era analfabeta. Numa época em que emergiam unidades políticas territoriais autônomas, potencialmente independentes, ele ancorou a dignidade do ofício político no conceito de sacerdócio geral das pessoas batizadas e ele o definiu como manutenção da paz, estabelecimento da justiça e proteção às pessoas mais fracas.

Na economia, inspirou iniciativas de caixas comunitárias, com o fim de garantir a todas as pessoas o atendimento de suas necessidades básicas, como sustento, saúde, educação. Também combateu práticas comerciais e financeiras que, no advento do capitalismo mercantil, exploravam os mais pobres, aprofundando suas necessidades. Num tempo em que tropas turcas avançavam sobre a Europa, chegando às portas de Viena, Lutero defendeu o direito e o dever da população de se defender e dos mandantes de proteger seus súditos, mas rechaçou totalmente o conceito de qualquer “guerra santa”. Tudo isso apontava para algo profundamente renovador.

 

3. De que forma podemos compreender o que leva Lutero a questionar a Igreja da época? E como as inquietações de Lutero se atualizam em nosso tempo?

R.: O âmago da Reforma foi o que se convencionou chamar de a “redescoberta do Evangelho”, isto é, a noção de que a salvação é concedida gratuitamente por Deus, em Cristo, especificamente no Cristo crucificado, o que deve ser recebido em fé. Mas o estopim da Reforma foram suas 95 Teses que, segundo a tradição, teriam sido afixadas à porta da Igreja do Castelo, na cidade de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. Nelas, a partir da noção de gratuidade da salvação, Lutero combateu o comércio de indulgências. Suas teses se difundiram qual rastilho de pólvora pela Europa inteira.

Precisamente essa noção de gratuidade da salvação segue relevante nos dias de hoje, em que temos numerosas formas “modernas” de mercantilização da fé. Significativa e acertadamente a Federação Luterana Mundial – FLM, em sua assembleia geral realizada num país do Sul, na Namíbia, em maio deste ano (2017), em pleno ano comemorativo da Reforma, tomou como tema a gratuidade da salvação, afirmando nos subtemas que “a salvação não está à venda”, “os seres humanos não estão à venda”, “a criação não está à venda”. Não são artigos comercializáveis. Salvação, seres humanos, criação – uma abrangência ampla para atualização do âmago teológico da Reforma.

4. Quais as particularidades da Reforma Protestante que ocorreram nos países hoje conhecidos como Alemanha, Suíça e França e, mais tarde, Reino Unido, Escandinávia e outros locais da Europa? E como compreender as divisões da Reforma Protestante pós-Lutero e o papel que assumem outros líderes?

R.: De fato, a Reforma, surgida em território alemão, se expandiu com relativa rapidez para outras regiões e, para tanto, contou com outras lideranças que se inspiraram em Lutero. Contribuíram, para tanto, peculiaridades de cada uma das regiões, e as respectivas lideranças também colocaram ênfases teológicas próprias, aqui e ali divergentes de Lutero.

Nasceu uma diversificação eclesiológica que se intensificou a partir do século passado. Um ponto comum certamente era o desejo de maior autonomia civil e política das diferentes sociedades, bem como uma compreensão eclesiológica menos centrada numa hierarquia, e mais na comunidade local (ou, em desenvolvimento posterior, numa organização territorial).

Assim, o protestantismo foi se difundindo não tanto como um organismo estruturado, mas como um movimento que foi se estabelecendo com maior ou menor vigor em novos lugares e regiões. Na Escandinávia, o luteranismo tornou-se a religião de quase unanimidade da população e sua organização social guarda muitas ênfases próprias da Reforma, como a atenção para com as necessidades de toda a população, superando eficazmente a pobreza e as desigualdades. Ao longo dos séculos, a Reforma tornou-se um movimento de alcance mundial, presente em todas as regiões do globo e crescentemente no Sul, em particular na África.

 

5. Em que medida podemos afirmar que a Igreja Católica também “é reformada” depois de todas as questões trazidas por Lutero?

R.: O conflito religioso que se produziu entre Lutero e a Igreja Católica, embora não fosse sua intenção romper com ela (ao contrário, Lutero foi excomungado da Igreja Católica em janeiro de 1521 pelo Papa Leão X [2]), se agudizou ainda mais em tempos posteriores, tanto nas questões doutrinárias quanto nos desdobramentos políticos, levando inclusive à extraordinariamente sangrenta Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) [3], até que, exauridos em sangue, católicos e protestantes estabelecessem um acordo de convivência territorial, com territórios católicos e territórios protestantes. (O pluralismo religioso, em que diferentes confissões religiosas convivam no mesmo espaço geográfico, só viria muito tempo depois, com o advento pleno da Modernidade.) Mas o dissenso católico-protestante, aparentemente absoluto e irreconciliável, haveria de perdurar até o século XX.

O advento do movimento ecumênico no seio do protestantismo, com raízes no século XIX, mas estabelecido a partir da Conferência de Missão de Edimburgo, em 1910, e a adesão oficial da Igreja Católica ao movimento ecumênico, com o Vaticano II (1962-1965) [4] transformaram radicalmente as relações entre os diferentes integrantes da família cristã, abrindo crescentes espaços para o respeito e o entendimento mútuo, bem como a cooperação, não por último em áreas sociais.

O Vaticano II implantou uma série de reformas e fez uma série de afirmações teológicas básicas que eram caras ao protestantismo desde seus primórdios, entre outras: a missa na língua vernácula, e não mais em latim; a ênfase na Bíblia, proporcionando o acesso dos fiéis a ela; a compreensão da eclesialidade plena da igreja local, a valorização do sacerdócio comum dos fiéis; a compreensão da Tradição como um desdobramento da Escritura, e não como um adendo a ela.

 

6. O que a resistência à Reforma, a chamada Contrarreforma Católica, revela acerca da Igreja Católica da época? Quais as consequências sociais, econômicas e políticas dessas disputas?

R.: A chamada Contrarreforma foi um intento de responder propositivamente (e não simplesmente de modo repressivo) ao desafio lançado pela Reforma. Suprimiu abusos na prática da Igreja Católica de então, reavivou a seriedade da teologia e da piedade, acendeu a paixão pela missão, e assim colocou barreiras à expansão da Reforma.

Nas áreas que permaneceram solidamente vinculadas à Igreja Católica, ela também acabou contribuindo, não intencionalmente, para retardar o desenvolvimento social, político e econômico em direção ao capitalismo, sem, contudo, poder impedi-lo, por ser um processo regido por forças históricas próprias irreprimíveis. As colônias, da América hispânica e portuguesa, por exemplo, ficaram por séculos hermeticamente fechadas à Reforma, que haveria de aportar de forma permanente em países da América Latina apenas após os processos de independência nacional.

 

7. Como a Reforma Protestante chegou ao então chamado “novo mundo”?

R.: À parte de algumas presenças esporádicas de indivíduos (por exemplo, o viajante alemão luterano Hans Staden [5] no século XVI, que deixou relato de suas peripécias, tendo inclusive se tornado cativo de tribo indígena, da qual conseguiu fugir) e dos intentos após algum tempo fracassados de colonização de parte de calvinistas franceses na Baía da Guanabara e de holandeses no Nordeste brasileiro, a presença de adeptos da Reforma na América Latina se deu a partir do século XIX, seja ligada a presenças diplomáticas e comerciais (de ingleses, por exemplo), seja da vinda de imigrantes (alemães, no Brasil a partir de 1824), como soldados do Império ou agricultores e artesãos, necessários para o desenvolvimento de um país independente, seja ainda, mais tarde, de missões protestantes vindas dos Estados Unidos, das quais se esperava uma contribuição em áreas carentes, como a educação. Foram, a princípio, legalmente “tolerados” enquanto adeptos da Reforma. O reconhecimento legal pleno se deu, no caso brasileiro, apenas com a Proclamação da República em 1889.

 

8. Como se configura o cenário religioso hoje e o que isso representa para as igrejas?

R.: Muito diferente de tempos passados, o cenário religioso hoje é de um crescente pluralismo. Primeiramente, tem havido, no caso brasileiro e, em larga medida até mesmo em nível mundial, particularmente no chamado Sul Global, um impressionante crescimento do pentecostalismo e também do chamado neopentecostalismo. Na origem, o pentecostalismo emergiu do interior de igrejas protestantes, mas hoje se configura como uma família confessional própria.

Também há no mundo católicos carismáticos, praticamente em igual número ao de pentecostais não católicos. Há diferenças entre eles, por exemplo no respeito à hierarquia e na manutenção fiel da celebração eucarística por parte dos carismáticos católicos, enquanto os pentecostais assumem grande liberdade no tocante a essas questões. Mas há muito analogias e semelhanças nas formas de culto e espiritualidade, bem como no enfatizar a centralidade das manifestações do Espírito Santo.

Num mundo globalizado e de comunicação global, característico para a atualidade, há uma movimentação religiosa (de uma religião à outra, de uma região do globo a outra) com uma intensidade jamais vista e que vai muito além da cristandade, abrangendo uma multiplicidade de religiões. Um subproduto altamente problemático desse fenômeno é a competição, pacífica ou muitas vezes agressiva, entre diferentes expressões religiosas, levando até mesmo a ideologizações religiosas de conflitos armados mundo afora.

A resposta a esse fenômeno de parte das religiões em geral, embora aqui me refira em particular às igrejas cristãs, só pode ser um claro compromisso ecumênico de respeito, de compreensão, ainda que por vezes crítica (e ao mesmo tempo autocrítica), do “outro”, o estabelecimento de vias de diálogo e cooperação, por exemplo no estabelecimento da paz onde há conflitos e na defesa da dignidade humana e cuidado da criação como um todo. Portanto, é algo que ultrapassa a relação entre igrejas cristãs, mas abrange o relacionamento entre religiões diversas.

 

9. Como compreender o Islã no contexto da Reforma? Em alguma medida, a Reforma promove mudanças na relação entre cristãos e muçulmanos?

R.: No tempo da Reforma, a Europa cristã estava ameaçada em sua integridade política e cultural pelo avanço das forças bélicas do Império Otomano (os chamados “turcos”), que chegaram às portas de Viena, Áustria. Do ponto de vista religioso, eram muçulmanos. Lutero convocou à defesa do território, das localidades e da população, mas o entendeu não como um empreendimento religioso, e sim como um dever da cidadania e do ofício das autoridades seculares. Rechaçou completamente o conceito de uma guerra santa. A fé não se impõe. A eventuais prisioneiros cristãos recomendou que, inseridos numa ordem islâmica, obedecessem a ordens civis, mas se dispusessem inclusive ao martírio se viessem a ser coagidos a assumir a fé islâmica.

Hoje, ao rechaçarmos qualquer tentação ou intento de enfrentar os muçulmanos em nome da fé cristã, devemos construir de todos os modos possíveis avenidas de respeito e diálogo. Na Europa, por exemplo, as igrejas da Reforma têm se manifestado claramente contra a exclusão de refugiados à base de sua confissão religiosa, mas ao contrário, têm apoiado políticas de acolhimento e atenção a eles. Radicalismos religiosos devem ser superados em todas as religiões.

 

10. Passados 500 anos, como avalia a relação entre luteranos e católicos? Quais os desafios para o diálogo inter-religioso do nosso tempo?

R.: O mais recente documento elaborado pela Comissão Internacional Católico-Luterana, instituída pelo Vaticano e pela Federação Luterana Mundial – FLM, de 2013, tem o significativo título “Do conflito à comunhão” [6]. Não se trata de uma meta já plenamente alcançada, mas de uma trajetória em curso. Pode-se dizer que o conflito foi deixado para trás. Há um reconhecimento comum de que pessoas católicas e luteranas são irmãs em Cristo, a separação é sentida com dor e o diálogo tem avançado em muitas questões. Ainda há obstáculos, sobretudo de entendimento eclesiológico, mas já não na compreensão da salvação.

Diferenças aí são entendidas como ênfases complementares. A Declaração Conjunta Católico-Luterana acerca da Doutrina da Justificação [7], de 1999, foi entrementes subscrita também pelo Concílio Metodista Mundial [8] e pela Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas (calvinistas) [9], e em princípio também acolhida favoravelmente pela Comunhão Anglicana [10].

Os obstáculos remanescentes estão aí para serem superados. Mas, à parte de resistências internas, tanto no protestantismo quanto no catolicismo, impera um espírito de relações fraternas. Tanto que tem havido mundo afora comemorações conjuntas de católicos e luteranos acerca dos 500 anos da Reforma, não por último pelo próprio Papa Francisco e o Presidente da Federação Luterana Mundial, Bispo luterano Munib Younan [11], de Jerusalém, em Lund, na Suécia, em 31 de outubro de 2016. Não é de se excluir que no dia 31 de outubro deste ano, na data dos 500 anos, haja novos gestos simbólicos que reforcem ainda mais a caminhada rumo à comunhão almejada.

 

11. Deseja acrescentar algo?

R.: Nas comemorações dos 500 anos, o reformador Martinho Lutero foi extensamente evocado. Mas não é a ele que se comemora. Lutero teve seus lados obscuros e condenáveis, como posicionamentos que tomou não apenas em relação ao papa, mas também aos chamados anabatistas, ala radical da Reforma, aos judeus e também manifestações acerca de Maomé. Ele próprio estava muito consciente de suas limitações e pediu explícita e contundentemente que ninguém se chamasse de luterano, mas simplesmente de cristão. (“Quem sou eu, pobre e fedorento saco de vermes, a que se chamem por meu indigno nome?” “Não fui crucificado por ninguém.”).

Por contingência histórica surgiram igrejas “luteranas”, e hoje cerca de 75 milhões de pessoas cristãs no mundo se entendem como “luteranas”. Sabem-se, contudo, muito mais como “evangélicas”, no sentido de se sentirem agraciadas pelas boas novas da liberdade em Cristo e comprometidas com o chamado a servir em amor a seu próximo.

Em belo escrito acerca do Cântico de Maria (o Magnificat), de 1521, Lutero exaltou com a Virgem Maria o Deus que “derrubou do seu trono os poderosos e exaltou os humildes” (Lucas 1:52). Isso vale a pena comemorar, no sentido de evocar sua memória e no sentido de se comprometer como uma tarefa recebida.

(os grifos são nossos)

Notas:

[1] Johannes Gutenberg (1398-1468): inventor e gráfico alemão que introduziu a forma moderna de impressão de livros – a prensa móvel- que possibilitou a divulgação e cópia muito mais rápida de livros e jornais. Sua invenção do tipo mecânico móvel para impressão começou a Revolução da Imprensa e é amplamente considerado o evento mais importante do período moderno. Teve um papel fundamental no desenvolvimento da Renascença, Reforma e na Revolução Científica e lançou as bases materiais para a moderna economia baseada no conhecimento e a disseminação da aprendizagem em massa. (Nota da IHU On-Line)

[2] Papa Leão X (1475-1521): Papa católico durante a Reforma Protestante. Nascido Giovanni di Lorenzo de Medici, foi o último não sacerdote a ser eleito Papa. (Nota da IHU On-Line)

[3] Guerra dos Trinta Anos (1618-1648): é a denominação genérica de uma série de guerras que diversas nações europeias travaram entre si a partir de 1618, especialmente na Alemanha. Entre as causas estão: rivalidades religiosas, dinásticas, territoriais e comerciais. (Nota da IHU On-Line)

[4] Concílio Vaticano II: convocado no dia 11-11-1962 pelo papa João XXIII. Ocorreram quatro sessões, uma em cada ano. Seu encerramento deu-se a 8-12-1965, pelo papa Paulo VI. A revisão proposta por este Concílio estava centrada na visão da Igreja como uma congregação de fé, substituindo a concepção hierárquica do Concílio anterior, que declarara a infalibilidade papal. As transformações que introduziu foram no sentido da democratização dos ritos, como a missa rezada em vernáculo, aproximando a Igreja dos fiéis dos diferentes países. Este Concílio encontrou resistência dos setores conservadores da Igreja, defensores da hierarquia e do dogma estrito, e seus frutos foram, aos poucos, esvaziados, retornando a Igreja à estrutura rígida preconizada pelo Concílio Vaticano I. A revista do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, publicou na edição 297 o tema de capa Karl Rahner e a ruptura do Vaticano II, de 15-6-2009, bem como a edição 401, de 3-9-2012, intitulada Concílio Vaticano II. 50 anos depois, e a edição 425, de 1-7-2013, intitulada O Concílio Vaticano II como evento dialógico. Um olhar a partir de Mikhail Bakhtin e seu Círculo. Em 2015, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU promoveu o colóquio O Concílio Vaticano II: 50 anos depois. A Igreja no contexto das transformações tecnocientíficas e socioculturais da contemporaneidade. As repercussões do evento podem ser conferidas na IHU On-Line 466, de 1-6-2015. (Nota da IHU On-Line)

[5] Hans Staden (1525-1579): aventureiro mercenário alemão. Por duas vezes passou pela América Portuguesa no início do século XVI, onde teve oportunidade de participar de combates na Capitania de Pernambuco e na Capitania de São Vicente, contra corsários franceses e seus aliados indígenas. Em sua segunda viagem, Staden partiu de Castela rumo ao Novo Mundo. Depois de violentos enfrentamentos com indígenas e passar por fortes tempestades, seu navio naufragou próximo a São Vicente. Ele e seus companheiros sobreviveram e Staden foi contratado como artilheiro pelos colonos portugueses para o Forte de São Filipe da Bertioga. Enquanto caçava sozinho, Staden foi feito prisioneiro por uma tribo Tupinambá que o conduziu a Ubatuba. Desde o início ficou claro que a intenção dos seus captores era devorá-lo. Pouco tempo depois, os tupiniquins aliados dos portugueses atacaram a aldeia onde ele era mantido prisioneiro. Mesmo cativo, e não tendo escolha, lutou ao lado dos tupinambás. Seu desejo era tentar fugir para unir-se aos atacantes. Mas, estes, vendo que a luta era inútil, logo desistiram. Pediu ajuda a um navio português e a outro francês. Ambos recusaram-se a ajudá-lo por não desejarem entrar em conflito com os índios. Foi, enfim, resgatado pelo navio corsário francês Catherine de Vetteville, comandado por Guillaume Moner, depois de mais de nove meses aprisionado. De volta à Europa, redigiu um relato sobre as peripécias em suas viagens e aventuras no Novo Mundo, uma das primeiras descrições para o grande público acerca dos costumes dos indígenas sul-americanos. O livro foi publicado em Marburgo, Alemanha, por Andres Colben em 1557. Chama-se comumente “Duas viagens ao Brasil”. (Nota da IHU On-Line)

[6] Acesse a íntegra do documento aqui. (Nota da IHU On-Line)

[7] Acesse a íntegra do documento aqui. (Nota da IHU On-Line)

[8] O sítio do IHU, na seção Notícias do Dia, publicou uma série de textos sobre esse encontro. Entre eles, Igrejas reformadas endossam o acordo católico-luterano sobre disputa crucial da Reforma, disponível aqui. (Nota da IHU On-Line)

[9] O sítio do IHU, na seção Notícias do Dia, publicou uma série de textos sobre o tema. Entre eles Igrejas Reformadas também assinarão a Declaração Conjunta sobre a Doutrina da Justificação, disponível aqui. (Nota da IHU On-Line)

[10] O sítio do IHU, na seção Notícias do Dia, publicou uma série de textos sobre essa aproximação, entre eles Como os esforços ecumênicos católico-luteranos deram fruto nos últimos 50 anos, disponível aqui. (Nota da IHU On-Line)

[11] Munib Younan (1950): é um bispo luterano da Igreja Evangélica Luterana da Jordânia e da Terra Santa desde 1998 e presidente da Federação Luterana Mundial. (Nota da IHU On-Line)

hqdefaultWalter Altmann é pastor emérito da Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil – IECLB, com doutorado em Teologia pela Universidade de Hamburgo, Alemanha. Professor de Teologia na Faculdades EST, de São Leopoldo/RS. Foi presidente do Conselho Latino-Americano de Igrejas – CLAI, de 1995 a 2001; pastor-Presidente da IECLB de 2002 a 2010 e moderador do Conselho Mundial de Igrejas – CMI, de 2006 a 2013. Entre suas publicações, destacamos “Lutero e libertação. Releitura de Lutero em perspectiva latino-americana” (São Leopoldo: Editora Sinodal, 2016).

Obs. Essa entrevista está publicada também na revista IHU On-Line desta semana, edição no. 514, cujo tema de capa é Lutero e a Reforma. 500 anos depois. Um debate, e que pode ser acessada aqui.

Fonte:

IHU