Na abertura do Ano do Laicato, dia 26/11/2017, o teólogo César Kuzma, assessor da Comissão do Laicato da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e do Departamento de Vocações e Ministérios do Conselho Episcopal da América Latina – CELAM, presidente da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião – SOTER, concedeu entrevista ao Caminho Pra Casa, a Mauro Lopes e ao padre Luís Miguel Modino, pároco na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, na qual explicita importante reflexão para alimentar os horizontes do Ano Nacional do Laicato.
O Observatório publica, a seguir, a 2ª parte desta entrevista:
10. Há um eixo Conferência de Aparecida-Papa Francisco que vê a Igreja como de todos, como Povo de Deus, que pode tornar-se hegemônico ou isto é sonho?
R.: Francisco resgata a Conferência de Aparecida e tenta levar a dimensão “discípulo missionário” para toda a Igreja. Resgatar a Conferência de Aparecida é resgatar aspectos importantes do Vaticano II e da tradição da Igreja latino-americana. Francisco faz isso com muita naturalidade, é uma práxis que está com ele. Nesta visão de Igreja “todos” fazem parte, “todos” são responsáveis, “todos” são chamados e “todos” são sujeitos da fé que professam. Diante disso, vejo Francisco como um Papa que cria processos. Isso é importante: processos. Ele sabe que não mudará a Igreja e que as reformas são lentas, que há muita resistência, mas está se criando processos e se abrindo a mesma para outras visões. Eu tenho esperança nisso!
11. Jesus era leigo, como você ressalta em seu livro…
R.: Eu gosto desta afirmação, e a uso com frequência em meus textos, palestras e conferências, embora saiba que alguns bispos não gostam desta colocação, e até já me falaram isso… Contudo, é evidente que o termo “leigo” não existia no tempo de Jesus, o termo vem com o surgimento da comunidade cristã, sendo empregado pela primeira vez para distinguir o simples fiel daqueles que presidiam o culto, e isso no final do primeiro século. Em grego, Laikós vem de Laós, aquele que pertence ao Povo (neste caso, Laós de Deus, Povo escolhido de Deus).
No entanto, ao reforçar ou “forçar” esta categoria em Jesus tenho a intenção de demonstrar que Jesus não era membro de nenhuma hierarquia religiosa e nem mesmo de grupos de elite. Ele era alguém do povo e sujeito de seu tempo. Pobre com os pobres, ele vivia nas ruas e nas praças, frequentava casas e lugares alheios aos padrões religiosos.
A religião de seu tempo (e alguns de seus líderes) estava corrompida pelo poder, então Jesus não vê na religião um caminho, o que não anula a sua religiosidade/espiritualidade, mas ele a destina a outros horizontes e a outras pessoas, que a religião da época ignorava ou não alcançava. Os títulos que trazem Jesus como Senhor, Rei e Sumo Sacerdote são expressões pós-pascais, isto é, construídas pela comunidade primitiva a partir da experiência da ressurreição. Historicamente, ele era um homem comum de seu tempo, um sujeito.
Perceber Jesus como leigo é resgatar a laicidade do Evangelho, isto é, a relação de Jesus com as aflições, buscas, tristezas e esperanças daquele povo. Ele era alguém atento e preocupado, deixando-se tocar pela ternura da vida, desprendendo-se a um serviço que restitui e chama a uma vida diferente. Acho que isso diz muito para nós hoje, para o nosso ser cristão, e a melhor maneira de ser leigo ou leiga dentro deste nosso contexto é se espelhar na proposta e práxis de Jesus.
Eis o grande modelo, seja pela experiência mística com Deus seja pela crítica às estruturas religiosas, políticas e sociais; seja pelo caminhar solitário seja pela busca de uma comunidade; seja pelo acolhimento seja pelo profetismo. Jesus se faz sempre novo e atualizar a sua mensagem a partir dos Evangelhos, interrogando-se pela verdade, é uma tarefa do cristianismo de cada tempo e lugar. Há uma expressão de Francisco que me acompanha há algum tempo e que ele usou no Sínodo sobre as Famílias (2015): o olhar atento a Jesus de Nazaré sempre nos abre novas perspectivas. Sim, ele era leigo, no melhor sentido do termo!…
12. E a questão da mulher? Há uma comissão para estudar o diaconato feminino, mas o tema da ordenação das mulheres parece congelado e, como diz Ivone Gebara, a questão da ordenação das mulheres talvez nem seja tão central assim. O problema a ser enfrentado é o lugar da mulher na Igreja como mão-de-obra gratuita para o clero. Haverá ruptura nessa visão?
R.: Gostaria de concordar com a Ivone nesta questão. Ela é uma referência e é alguém que luta pela causa já há bastante tempo e tenho por ela grande admiração e respeito. Sem dúvida, a ordenação feminina e qualquer avanço que se possa projetar nesta direção será uma conquista, podendo acontecer na questão das diaconisas ou ainda em outros pontos mais firmes, que eu diria que é um aspecto mais do que necessário e até urgente, em algumas realidades. Porém, o central não é este ponto, como disse a Ivone, mas a valorização e o lugar da mulher na Igreja. No entanto, não quero dizer com isso que a ordenação (por ora, a possibilidade e ainda em estudo) seja algo de segunda espera, alguma coisa assim. Não, é preciso tratar isso com seriedade e agilidade. Sou um defensor. Por isso espero seguramente que haja uma ruptura nesta condição e neste comportamento.
Porém, quero chamar a atenção para algo que precisa mudar e, salvo algumas ações isoladas, as mulheres ainda sofrem muita discriminação, cerceamento, policiamento, diferença em direitos e até, como diz a pergunta, servem de mão-de-obra barata para um clero dominante e machista. Ressalto ainda a dificuldade e até, em alguns lugares, a proibição para os estudos teológicos e a falta de espaço para trabalhar e atuar na docência em institutos e faculdades teológicas, ou mesmo para assumir papel de liderança e de destaque em coordenações pastorais, mesmo elas sendo a maioria do corpo eclesial.
Se ser leigo já é difícil, ser leiga, mulher, é ainda mais. Os preconceitos são grandes. As portas se fecham com mais força e frequência. Entra aí toda a discussão de gênero, que alguns ficam arrepiados apenas de ouvir esta palavra e chamam de ideologia (o que é uma total falta de percepção e de conhecimento, um absurdo!).
Quero dizer com isso que a falta de uma valorização da mulher na Igreja decorre também de uma falta de valorização da mulher na sociedade. Um fato. Por mais que tenhamos visto avanços nesta perspectiva, com direitos e até mesmo à emancipação da mulher, com conquista de espaços e também quanto a sua sexualidade, vivemos numa sociedade cada vez mais intolerante e preconceituosa, que insiste em padrões culturais ultrapassados e que submetem as mulheres a situações desonrosas. Em pleno século XXI e com todo o discurso em defesa dos Direitos Humanos, a violência doméstica contra a mulher ainda é um alarmante gravíssimo e nem sempre as nossas posturas eclesiais se acordam ou se manifestam quanto a isso.
Podemos observar que os que gritam “ideologia de gênero” parecem calar a voz perante esta violência. Por quê?… Talvez porque alguns acham que a emancipação da mulher e o “tornar-se mulher” fora dos padrões culturais estabelecidos é uma ideologia, e não é. É necessário coragem para mudar esta postura e, honestamente, acho que a Igreja daria um passo muito importante e um grande recado à sociedade com a valorização da mulher e com a abertura de novos espaços. Isso é algo que deveria ser pensado seriamente.
É preciso recuperar o feminino e valorizar o antropológico que nos garante na fé. Quero dizer: se uma mulher é capaz de gerar a vida em seu ser e em seu amor, e se uma mulher foi capaz de gerar o Filho de Deus e ofereceu este Filho a todos nós, num gesto sacerdotal de doação e consagração, o que impede hoje a mulher (as mulheres) de assumir dignamente e com liberdade as riquezas do seu chamado e de sua vocação, algo tão próprio e tão particular?… O olhar de Maria, tão caro a nós católicos, deveria nos mostrar este lado e este profetismo, que derruba os poderosos de seus tronos e exalta os humildes, pois Deus olha e se coloca ao lado de Maria, e com ela, ao lado de todas as mulheres (cf. Lc 1,47-55). Devemos mudar!
13. Em seu livro, você pontua que, a partir da Declaração Ad Gentes(Vaticano II), a Igreja assumiu-se como por excelência missionária. O Papa atualizou essa noção, com a expressão “Igreja em saída”. É possível essa missionariedade, essa saída, sem o protagonismo dos leigos e leigas?
R.: De jeito nenhum! Acredito seriamente que o futuro da Igreja só pode ser pensado com esta adesão e com esta abertura e inclusão. Sem a ação dos leigos não há uma ação de Igreja em saída. Esta estrutura que nos cerca está carregada e dominada por vícios que nos impedem de sair. Veja o clericalismo e a dificuldade que temos de sair dele. As pessoas parecem estar em outro mundo, estranho, não? Mesmo quando se tenta justificar uma inclusão dos leigos, fazem isso dizendo que ele deve estar com a Igreja, como se ele não fosse parte, ou insistem na sua presença com a comunidade para o acesso aos sacramentos e a comunhão eclesial, mas que na verdade se traduz numa dominação da vocação, ou subordinação/infantilização, pois ao insistirem na Eucaristia e na Reconciliação, por exemplo, coloca-se o leigo submisso a outro e com pouca liberdade de agir e de fazer manifestar a sua autonomia de fé.
Não estou aqui negando a questão sacramental da Igreja e a eficácia salvífica da Eucaristia e o que ela representa, quero deixar isso bem claro, nem a justa tarefa do ministério ordenado no exercício dos mesmos. Mas gostaria de ir mais além e penso que a vocação/missão laical não pode se resumir neste ponto, pois a graça batismal deve ser vivida na vida, na história, no chamado, onde somos provocados a dar razões de nossa fé e de nossa esperança. É uma experiência que deve nos fortalecer em toda uma vida, em cada passo, em cada direção; é uma opção, uma decisão por Cristo e pelo seu Reino. A Eucaristia deve ser uma comunhão com um Cristo que nos encoraje num seguimento e nos faça olhar o caminho do seu Reino e na adesão de sua cruz. E isto está além de uma celebração. Isso traz a liturgia para a vida (como Jesus viveu!) e é o que torna cristã a ação dos leigos no mundo, onde são sal e luz, força e esperança, como tentei defender no livro.
14. Você integra as comissões sobre o laicato da CNBB e do CELAM. Como estão as discussões? Estão havendo avanços efetivos?
R.: Eu já participo dos trabalhos da Comissão do Laicato da CNBB já faz alguns anos, em um grupo de reflexão. No último ano atuei também com o CELAM, no Departamento de Vocações e Ministérios e também trabalho com o CNLB (Conselho Nacional para o Laicato do Brasil), na parte da formação. Acho que há avanços em várias frentes e a percepção para a vocação/missão dos leigos é algo latente.
O que não quer dizer que seja um trabalho fácil e que todos tenham adesão a isso. Temos dioceses e comunidades abertas a esta questão e outras fechadas. Em alguns lugares o leigo tem voz, mas em outros alguns padres insistem em ser a voz do leigo, até mesmo para falar sobre ele. É necessária uma conversão e uma mudança de postura, em muitos lugares, também entre os leigos. Mas há avanços.
Com a CNBB e com o CNLB pensou-se o Ano do Laicato, que tem início agora e vai até novembro de 2018. É uma chamada à reflexão e à ação, com iniciativas que favoreçam e fortaleçam os leigos como sujeitos na Igreja e na sociedade, resultado do Documento n. 105 (que trata dos leigos como sujeitos/2016), primeiramente respeitando a sua vocação, e depois, permitindo o que lhes é de direito: a formação, a atuação, a organização, a autonomia e a representatividade eclesial e social. Insisto neste último ponto, na representatividade social, pois em alguns lugares temos leigos sendo cerceados e perseguidos pela sua posição política, pelo seu engajamento e por suas lutas por direitos. Isso é grave. Jogando com as palavras, posso dizer que o leigo tem “direito de ter dever” e faz parte de seu dever, de sua vocação/missão a sua atuação na sociedade, também o seu envolvimento político. Eu mesmo sofri isso na pele.
Com o CELAM tive a oportunidade de conhecer a realidade da América Latina, da Argentina ao México. Quem são e onde estão os nossos leigos? O que fazem e como fazem? Percebi que há pontos e lutas de caminhada que se aproximam, já outros que são diferentes, mas que no fundo há uma tentativa de caminhar junto.
É importante ressaltar que o CNLB, a partir do Departamento de Vocações e Ministério do CELAM, pelas mãos de nossa presidenta Marilza Schuina, começou uma articulação com os outros Conselhos de Leigos da América Latina, na ideia de se formar uma rede. Este foi um feito importante e que deve dar frutos. O foco do CELAM é a formação e esta teve a intenção de atender um chamado do Papa Francisco para que o leigo possa assumir o seu lugar e o seu espaço, com liberdade e competência, de modo urgente. O Papa volta a insistir na “hora dos leigos”! De minha parte, quero somar com ele. É a hora!
15. O teólogo basco Xabier Pikaza, que foi religioso da Ordem de Nossa Senhora das Mercês e renunciou a seus votos por conta da perseguição da hierarquia conservadora espanhola, escreveu recentemente sobre um tipo especial de leigos e leigas: “Pois bem, neste momento, princípios do século 21, há um tipo de cristãos que não são simplesmente seculares, mas ‘secularizados’, que deixaram por diversas razões as ‘ordens’ sagradas, deixaram de ser sacerdotes ou freiras, e estão (ou foram obrigados) a se tornarem ‘secularizados’. Estes não são simplesmente leigos, mas ‘laicizados’, um tipo de gente que é mal vista na Igreja, como tipos que não ‘resistiram’… ou mesmo que ‘apostararam’”. Como a hierarquia trata deste tema? Há sinais de que o Papa Francisco de fato reverá esta situação de verdadeiros párias que pesa sobre eles e elas?
R.: Eu espero que o Papa Francisco trate com carinho este tema e esta é mais uma urgência. Cada caso é um caso, obviamente, e se deve olhar com atenção, mas é sabido que muitos religiosos deixam o ministério ou a consagração religiosa depois de forte discernimento ou também por perseguição, como você bem colocou. Muitos deles são detentores de uma grande práxis cristã, de profunda mística e grande conhecimento. Diante deles, temos lugares e bispos que os acolhem bem e valorizam os seus esforços, há um respeito; no entanto, temos lugares e bispos que não os olham com bons olhos, o que acho uma pena e uma atitude nada misericordiosa.
Eu, por exemplo, acho um absurdo que um ex-religioso que tenha integridade na sua vida pessoal e de fé seja impedido de ser professor de uma faculdade/universidade católica, por exemplo, ou de assessorar um trabalho pastoral, ou de dar catequeses, ou de assumir outros ministérios como leigo. Em pleno século XXI, com o que diz o Vaticano II?… Existem lugares onde este acesso ao trabalho é possível, mas em outros não. Absurdo, pois olham a lei e o código, mas não olham a pessoa, ignoram o que passou, o sofrimento e não valorizam a sua integridade, a sua honestidade. Vejo tudo como um processo e uma coisa que Francisco tem feito é permitir que cada Igreja local encontre uma solução, está descentralizando. Acho isso bom.
Assim como o caso dos casais recasados este é um caso que deve ser tratado com singularidade, respeito, urgência e misericórdia. Por vezes vemos a Igreja apenas como mestra, mas nos esquecemos de que ela também é mãe.
16. Nos papados de João Paulo e Bento XVI os teólogos foram hostilizados a ponto de sua participação ter sido proibida em Puebla e Santo Domingo e mal vista nas reuniões das conferências nacionais. O curioso é que houve um processo de “laicização” dos teólogos padres ou religiosos, que acabaram sendo tratados como “meros leigos”. Há oportunidade para uma nova relação entre a hierarquia e os teólogos com o Papa Francisco?
R.: Já está acontecendo. Recentemente eu estive em Puebla para um encontro da Ameríndia e os teólogos ali reunidos, inclusive alguns nesta condição, resolveram escrever uma carta de apoio ao Papa e esta carta, assinada por todos nós, foi entregue em mãos ao Papa Francisco recentemente. Você mesmo noticiou isso. Não podemos esquecer que Francisco é um papa do Vaticano II e é um papa da América Latina, marcado pelo espírito conciliar e pelo contexto da teologia latino-americana, que se faz da libertação.
Ele quer uma Igreja em saída, que não tenha medo de se sujar com a lama da história e não uma Igreja fechada em si mesma. Para esta saída ele convida a todos, e hoje, sabemos, ele encontra muitas aberturas junto aos teólogos, inclusive por muitos daqueles que foram silenciados e perseguidos pelo Papa João Paulo II e por Bento XVI. O que não quer dizer que não haja críticas dos teólogos também ao Papa, evidente, faz parte do caminhar.
Todavia, não como fazem Burke, Müller e outros, que não são nada respeitosos, mas ressentidos e violentos em atitudes e palavras. Mas insisto que estamos em outro tempo e a grande questão de Francisco são as causas da humanidade. É onde estão os teólogos que avançam às fronteiras das discussões, então, a proximidade e o diálogo vão se construindo. Alguns já se encontraram com ele, outros se corresponderam, outros ajudaram em seus textos (todos nós sabemos da influência de Leonardo Boff na Laudato Si, eis aí um grande exemplo!). Volto a dizer, um novo tempo, novos processos.
17. Uma última questão, que seria divertida se não fosse dramática – e atual. Um padre relatou-me recentemente a conversa com um bispo que lhe descreveu a Igreja assim: o coração e os pulmões da Igreja são os bispos; os padres são as pernas; e os leigos, as unhas, que precisamos cortar de tempos em tempos…
R.: Sério isso?… Ouço isso com muita tristeza e digo que este padre está tentando sustentar uma Igreja que não existe. Tenho pena! Talvez, esta noção e atitude possa até existir em alguns lugares, mas esta não é a Igreja de Jesus Cristo e em nada ela se assemelha ao que somos chamados a ser como novas criaturas e na ótica do Reino. Triste! É vergonhoso! Se eu fosse apenas um rebelde eclesial eu diria que existem padres que deveríamos cortar, talvez alguns bispos e cardeais também. Não é verdade?… Porém, a Igreja não é minha e sou apenas um servo inútil seguindo a minha fé, mesmo com fragilidade e limitado.
Acredito, seriamente, que a Igreja é mais do que a Igreja (instituição) e que o Reino é mais do que tudo. Diferente deste padre, prefiro acreditar que na Igreja Cristo é o centro e ao redor dele todos nós somos chamados e estamos circulando, recebendo dons e carismas que nos são dados para o benefício e edificação de todos. Diferente dele, prefiro acreditar que há um Reino a ser construído e que esta construção necessita do esforço de todos, do meu e do dele. Diferente dele, que acha que o coração e o pulmão da Igreja está apenas na hierarquia, ora, eu prefiro acreditar que somos um povo peregrino e que tudo o que vem é graça, uma graça que nos fortalece e nos alimenta, a cada dia e em cada passo.
E diferente de todos os que pensam assim, eu diria que estamos no caminho do Cristo ressuscitado que é o crucificado, e que na nossa pequenez nós não conseguimos ver o seu rosto, e que apenas seguimos os seus passos, pois apenas seguindo os seus passos é que poderemos um dia contemplar o seu rosto. Realmente eu acredito nisso e prefiro seguir caminhando. Mesmo que me cortem (como ele diz), é onde vou depositar a minha fé e a minha esperança.
Ser leigo, para mim, é saber dizer: “Mestre, onde moras?”, e saber ouvir: “vem e vê!”, e para isso, buscar o discernimento, no Espírito que nos fortalece.
Vamos seguindo! Na fé, na esperança e no amor!
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