A morte e a violência física orquestrada contra lideranças indígenas, a agressão contínua à beleza e dignidade da cultura e aos direitos garantidos pela Constituição Federal desses povos brasileiros, confirma a denúncia do Conselho Indigenista Missionário e do bispo do Xingu, Dom Erwin Kräutler contra as ações promovidas pela bancada ruralista do agronegócio. Suas terras, sobretudo, voltaram a ser objeto de cobiça dos grandes proprietários de terra interessados em ampliar suas posses e lucros. Solidário à causa indígena, o Observatório da Evangelização apresenta aqui uma série de artigos para despertar e/ou alimentar a consciência crítica e despertar a indignação ética e a mobilização social em defesa da dignidade de nossos irmãos indígenas.
I – Cresce os conflitos contra os povos indígenas
Segundo o antropólogo Márcio Meira, ex-presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), os conflitos contra os povos indígenas se agravarão em decorrência do crescimento econômico e o consequente avanço sobre áreas ocupadas pelos índios por empreendimentos do agronegócio, da mineração e hidrelétricas: “As reações anti-indígenas estão cada vez mais visíveis entre os atores políticos no Legislativo e no Executivo – onde existem ministros favoráveis e contrários às demandas indígenas. Mas não é só. O sentimento anti-indígena é forte no conjunto da sociedade. As pesquisas de opinião mostram isso. Um levantamento realizado em 2011 pela Fundação Perseu Abramo mostrou que 5% dos entrevistados concordavam de maneira total ou parcial com a expressão ‘índio bom é índio morto’. Isso significa uma concordância de 10 milhões de brasileiros.”
II – Ataques ao povo Tupinambá deixam casas e plantação queimadas na aldeia Patiburi
A cacique Kátia Tupinambá afirmou que os índios ficaram bastante assustados com essas ações. Aldeia Tupinambá, que fica as margens do rio Jequitinhonha, em Belmonte (BA), teve duas casas queimadas e parte da plantação. Durante a ação, a comunidade estava na colheita de cacau.
http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&action=read&id=8106
III – Lideranças indígenas são assassinadas na Bahia e no Maranhão
Três lideranças indígenas, no curto espaço de oito dias, são assassinadas: Eusébio Ka’apor, da aldeia Xiborendá, da Terra Indígena Alto Turiaçuno, no Maranhão, dia 26 de abril; Adenilson da Silva Nascimento, na Terra Indígena Tupinambá de Olivença, em Ilhéus, no sul da Bahia, no dia primeiro; e Gilmar Alves da Silva, da aldeia Pambú, do povo Tumbalalá, em Abaré (BA), no dia 3 de maio. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), entidade ligada à Confederação Nacional dos Bispos (CNBB), denuncia a perspectiva de crimes em série. “Os crimes não são fatos isolados, estão dentro de um contexto macropolítico de um já prolongado processo de incitação ao ódio e à violência contra indígenas, principalmente de setores ligados à bancada ruralista”, afirmou Cleber Buzatto, secretário-executivo do CIMI.
http://www.cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=8107&action=read
IV – As dez mentiras mais contadas sobre os povos indígenas
A Articulação Xingu Araguaia reúne aqui afirmações extraídas da vida real. “Algumas nas ruas do interior do Brasil, outras nas cidades grandes, outras em discursos de políticos. Percepções diversas, vindas de pessoas com histórias diferentes, mas com um direcionamento em comum: a disseminação do discurso anti-indígena com argumentos falsos:
1) Quase não existe mais índio, daqui alguns anos não existirá mais nenhum;
2) Os índios estão perdendo sua cultura;
3) Estão inventando índios, agora todo mundo pode ser índio;
4) O Brasil é um país miscigenado, aqui não tem racismo;
5) Os índios têm muitos privilégios;
6) Os índios são tutelados, por isso índio não vai preso e não pode comprar bebida alcoólica;
7) Tem muita terra para pouco índio;
8) Os índios são preguiçosos e não gostam de trabalhar;
9) Nossa sociedade é mais avançada, não temos nada para aprender com os índios;
10) Os índios atrasam o desenvolvimento do País.”
http://www.axa.org.br/reportagem/as-10-mentiras-mais-contadas-sobre-os-indigenas/