A Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, plantou sua primeira semente na Amazônia equatoriana, especificamente no Vicariato de Puyo, de onde é bispo dom Rafael Cob, que foi recentemente anunciado como o novo vice-presidente da Rede, algo que ele vê como uma oportunidade “de empurrar, ajudar e servir”.
A REPAM ajudou a “estabelecer diretrizes e formas de trabalho em uma pastoral de conjunto”, algo que está sendo feito em diferentes níveis. Neste sentido, dom Rafael Cob enfatiza a importância da mídia e da defesa e acompanhamento das comunidades nativas. Não podemos esquecer que “o que os povos no Sínodo pediram à Igreja foi para ser sua aliada na defesa de seus direitos e ao mesmo tempo para acompanhá-los”, algo que está se tornando uma realidade, uma Igreja que está se implicando.
Neste trabalho eclesial conjunto, a colaboração entre as diferentes igrejas é importante. Nos últimos dias, o envio de três sacerdotes diocesanos equatorianos ao Vicariato de Puyo tornou-se uma realidade, algo que seu bispo descreve como um fato histórico e que ajuda a conscientizá-los de que “somos verdadeiramente ordenados não apenas para Igreja particular onde vivemos ou onde fomos ordenados, mas para a Igreja universal que precisa de nós”.
Na nova situação que surgiu com o nascimento da Conferência Eclesial da Amazônia, Cob afirma que a CEAMA “abrirá novas diretrizes que ajudarão as jurisdições eclesiásticas a concretizar”. É uma questão de responder a realidades concretas, de estar atento às propostas de inculturação, de buscar novas propostas que sejam criativas. Estamos diante de “trabalhar juntos e todos nós exigiremos esse esforço de escuta, que sempre foi uma das chaves”.
Confira a entrevista:
1. Após o Sínodo para a Amazônia, podemos dizer que a Igreja começou a aplicar os novos caminhos que a Assembleia Sinodal pediu. Entre eles está um organismo episcopal, mas que acabou sendo um organismo eclesial, que é a Conferência Eclesial da Amazônia, e junto com a CEAMA, a REPAM. Nos últimos dias, foi conhecido que o senhor será o novo vice-presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica. Como o senhor se situa diante deste novo serviço que a Igreja lhe pede?
R.: O avanço das instituições sempre exige esse serviço generoso daqueles de nós que estamos sempre nessa linha de trabalho e de serviço à Igreja da Amazônia. Quando me propuseram assumir este cargo de vice-presidente da REPAM, pensei em suas origens, quando a pequena semente daquela instituição foi plantada em Puyo. Vejo que a REPAM tem sido realmente uma força muito grande para esse espírito eclesial, que nasceu do trabalho conjunto, quando começou aqui com os vicariatos da Amazônia equatoriana. Então ficou claro que era necessária uma rede, aquela rede eclesial amazônica que seria constituída no ano seguinte em Brasília.
A partir de nossa consciência como servos na Igreja, estamos aqui para empurrar, para ajudar e para servir. Eu me situo como uma espécie de continuidade, um canal para tantas iniciativas, ideias e pensamentos, que surgem e caem neste canal do que é uma rede eclesial de articulação de tudo aquilo que tem um objetivo comum. Como a ideia surgiu do papa Francisco, ele convidou a REPAM, para que ela realmente ajudasse a preparar o Sínodo Amazônico, mas também a sua celebração e, agora, as implicações do pós-sínodo.
No pós-sínodo, surgiu a maravilhosa Conferência Eclesial da Amazônia. A REPAM, assim como foi para o Sínodo, é também um canal que poderá ajudar muito nesta nova conferência. Teremos sempre que caminhar juntos, por um lado, com esse objetivo de cuidar da casa comum, que a REPAM tem feito um esforço colaborativo gigantesco, de outro, e da mesma forma, os novos caminhos da evangelização, que foram traçados na primeira parte do Sínodo para a Amazônia. Acredito que a CEAMA terá que concretizar muito mais reformas para encontrar alternativas e novos caminhos para um cuidado pastoral global na Amazônia.
2. O senhor diz que a REPAM teve sua primeira semente no Vicariato de Puyo. O que significou para seu Vicariato e para os Vicariatos da Amazônia Equatoriana esses mais de seis anos de trabalho em rede com a REPAM?
R.: Como vicariatos na Amazônia equatoriana, isso nos aproximou, significou realmente marcar diretrizes e formas de trabalho em um ministério conjunto, mas a partir de uma dimensão não apenas no nível de cuidado da casa comum. Sentimo-nos mais unidos como vicariatos na Amazônia, através de todas as reuniões que estamos realizando por zoom com os eixos que estão sendo desenvolvidos. Por exemplo, a mídia, com as estações de rádio dos vicariatos, acho que isso tem sido muito importante, estamos fazendo um trabalho muito grande de conscientização para nosso povo sobre o cuidado com o meio ambiente, com programas de rádio.
Da mesma forma, as diferentes propostas da REPAM a nível da Pan-Amazônia estão sendo retomadas e compartilhadas. No eixo de incidência social, vemos que é muito necessário acompanhar as comunidades nativas. Creio que isto significou para nós como REPAM um grande avanço na comunhão, sinodalidade e uma importante esperança na dimensão pastoral, embora muito mais a CEAMA tenha que ir abrindo caminhos e concretizando todas aquelas prioridades que saíram do Sínodo e que, em suma, também afetam toda a Amazônia e a nós em particular.
Penso que tem sido uma caminhada progressiva e com espírito do que o Sínodo também nos pediu, de uma Igreja samaritana, por um lado, e profética, por outro. Tivemos, aqui na Amazônia equatoriana, casos importantes nos quais a voz da Igreja Amazônica foi ouvida, como foi no dia 7 de abril, no derramamento de petróleo que ocorreu nos rios Coca e Napo. Tem havido um fortalecimento e reforço desta dimensão de unidade e comunhão.
3. Estas posições que a Igreja tem tomado nos últimos tempos em defesa do meio ambiente amazônico e sobretudo dos povos indígenas e dos povos da Amazônia equatoriana. O que significou para estes povos esta aliança com a Igreja, algo que foi um dos pedidos do Sínodo para a Amazônia?
R.: O que os povos no Sínodo pediram à Igreja foi que fosse sua aliada na defesa de seus direitos e, ao mesmo tempo, que os acompanhasse. Agora, mais do que nunca, os povos nativos estão vendo que a Igreja não está apenas fora da barreira, observando, mas eles viram que a Igreja deu mais um passo, se comprometeu, mergulhou na Amazônia, nos problemas dos povos nativos. É por isso que dizemos que, diante de fatos concretos, o povo reconhece que a Igreja está com eles, e eles sentem isso.
Este foi um avanço importante após o trabalho que a REPAM realizou, especialmente na consulta preparatória do Sínodo, na qual visitamos as diferentes comunidades indígenas. Isto deu origem a esta troca e a este interesse em escutar, em apoiar, em acompanhar, em levantar nossa voz junto aos povos indígenas. Penso que é muito importante valorizar neste caminho que estamos a trilhar o que foi realizado no processo sinodal.
4. O Sínodo também nos lembra a necessidade de novos caminhos para a Igreja. Durante esta semana foi conhecido que o Vicariato de Puyo receberá três novos sacerdotes de duas dioceses do Equador, que acompanharão o trabalho pastoral do Vicariato. Será este um primeiro passo para que a Igreja no Equador e nos diferentes países que fazem parte da Amazônia, possa se tornar mais consciente da missão e enviar, não apenas sacerdotes, mas também outros agentes pastorais, para colaborar nas Igrejas onde essa presença eclesial ainda é mais limitada?
R.: Este fato de que as dioceses podem e mandam sacerdotes ad gentes para territórios de missão é verdadeiramente uma revelação. Há sempre a resposta de dizer, não temos pessoal, não podemos, somos poucos, e aí sempre permanece. Este passo, já que estas dioceses vão oferecer missionários ad gentes ao Vicariato de Puyo, será para as outras jurisdições um incentivo, um chamado de atenção, um ditado que a Igreja pede, como o Sínodo pediu a todos os bispos da América Latina, saber orientar a vida sacerdotal e consagrada, para um trabalho com os últimos, com os excluídos, com os esquecidos.
Creio que este é um fato histórico para esta diocese de Latacunga, que pela primeira vez envia sacerdotes diocesanos ad gentes, também a diocese de Ambato. Há um despertar, que vai se rompendo pouco a pouco, depois de ter havido muitas batidas às portas dos bispados, dizendo que devemos ser missionários ad gentes, que devemos ser uma Igreja em movimento. Como diz o ditado, o jarro vai tanto para a fonte que finalmente se quebra. Estamos conseguindo ver que algumas dioceses já estão começando a tomar consciência da missão, que em sua formação com seus padres mostram que somos verdadeiramente ordenados não apenas para a Igreja particular onde vivemos ou onde fomos ordenados, mas para a Igreja universal que precisa de nós, e precisa de nós em muitos lugares.
Esta abertura das dioceses também responde ao convite do Sínodo Amazônico. Não apenas padres, mas também agentes pastorais, leigos comprometidos ou congregações religiosas. A Conferência Equatoriana de Religiosos está atualmente em movimento e fazendo uma opção para a Amazônia. Recebi alguns pedidos de congregações que desejam fundar comunidades na Amazônia. O Sínodo continua dando frutos e este fato é muito revelador para nós, que sendo como somos, com um número tão reduzido de padres em um vicariato como o nosso, podemos contar com novos padres que nos ajudarão, padres diocesanos, a partir deste mês.
Nas dioceses do Equador, é muito difícil encontrar uma diocese que tenha enviado sacerdotes diocesanos. Apenas uma diocese, das 24 dioceses do Equador, tinha sacerdotes ad gentes fora do país. O Papa, quando nos visitou no Equador, nos disse que teríamos que convidar sacerdotes com espírito missionário, começando pelos territórios de missão do próprio país, para que eles pudessem então atravessar as fronteiras. Este é o processo que o Papa nos convidou a empreender e que pouco a pouco estamos conseguindo sensibilizar as dioceses, os bispos e os padres.
5. A CEAMA é um exemplo claro de uma Igreja sinodal. Uma intuição fantástica do Papa Francisco fez possível que não fosse uma conferência episcopal, mas eclesial, onde a Igreja como Povo de Deus está presente nos órgãos de decisão, algo que aparece na Querida Amazônia. Como podemos levá-la à realidade das Igrejas locais e gradualmente instituir esses órgãos de decisão eclesial para conduzir a vida pastoral e evangelizadora das diferentes circunscrições eclesiásticas?
R.: A CEAMA, que está dando os primeiros passos, vai abrir novas diretrizes que ajudarão as jurisdições eclesiásticas a colocar o pé no chão. Não é a mesma coisa fazer um trabalho urbano, rural ou pastoral indígena; em cada caso devemos encontrar caminhos e respostas para estes desafios. Nós sabemos que os povos originários, eles também se deslocam, e os encontramos na cidade, na zona rural ou no interior da floresta. Em cada um dos lugares devemos levar em conta a realidade da origem, como disse o Papa, não podemos esquecer a memória, e ele a disse especialmente aos jovens, para que não percam a identidade cultural e a dos povos originários.
Temos que estar conscientes das propostas de inculturação e dos desafios de buscar, como disse também o Papa, novas propostas que sejam criativas, como dissemos no início do Sínodo, que seja uma Igreja mais ministerial, menos clerical, com uma participação muito maior das mulheres na Igreja, na tomada de decisões. Todos estes passos são para, nas palavras do Papa, uma comunidade não pode crescer sem a Eucaristia. E quem pode presidir a Eucaristia, um sacerdote, e como podemos preparar esses sacerdotes para que as comunidades tenham verdadeiramente a Eucaristia. E como podemos passar de uma Igreja de visita para uma Igreja de presença.
Tudo isso está sobre a mesa e temos que dar-lhe uma saída, em processo, para que os desafios que estão latentes ali possam realmente encontrar as respostas. A CEAMA tem muito a fazer neste campo, mas também a REPAM, que está consciente da realidade e que atua como ponte entre as comunidades e a mesma realidade com a qual a CEAMA tem que estar muito unida, a fim de conhecer os desafios concretos. É um trabalho conjunto e vai exigir de todos nós esse esforço de escuta, que sempre foi uma das chaves. Depois de escutar, saberemos como contemplar e discernir o que nos levará a assumir um compromisso. Ali está a palavra-chave de todo o Sínodo, que foi a conversão, e com a Exortação Apostólica para continuar a sonhar, como nos diz o Papa Francisco, e para tornar esses sonhos realidade.
Sobre o autor:
Luis Miguel Modino – Padre diocesano de Madri, missionário fidei donum na Amazônia, residindo atualmente em Manaus – AM. Faz parte da Equipe de Comunicação da REPAM. Correspondente no Brasil de Religión Digital e colaborador do Observatório da Evangelização e em diferentes sites e revistas.
(Os grifos são nossos)
A seguir, a versão do texto em espanhol, confira:
Rafael Cob: “Con la REPAM ha habido un fortalecimiento de la dimensión de unidad y de comunión”
La Red Eclesial Panamazónica – REPAM, plantó su primera semilla en la Amazonía ecuatoriana, concretamente en el Vicariato del Puyo, de donde es obispo Monseñor Rafael Cob, que ha sido anunciado recientemente como nuevo vicepresidente de la red, algo que ve como una oportunidad “para empujar, para ayudar y para servir”.
La REPAM ha ayudado a “marcar pautas y modos de trabajar en una pastoral en conjunto”, algo que se está haciendo presente a diferentes niveles. En ese sentido, Monseñor Cob destaca la importancia de los medios de comunicación y de la defensa y acompañamiento a las comunidades originarias. No podemos olvidar que “lo que los pueblos en el Sínodo pidieron a la Iglesia fue ser su aliada para la defensa de sus derechos y a la vez de acompañamiento”, algo que se está haciendo realidad, una Iglesia que se moja.
En ese trabajo eclesial conjunto es importante la colaboración entre las diferentes iglesias. En los últimos días se ha concretado el envío de tres sacerdotes diocesanos ecuatorianos al Vicariato del Puyo, algo que su obispo califica como un hecho histórico y que ayuda a tomar conciencia de que “somos verdaderamente ordenados no solamente para la Iglesia particular donde vivimos o donde nos han ordenado, sino para la Iglesia universal que nos necesita”.
En la nueva coyuntura que ha surgido con el nacimiento de la Conferencia Eclesial de la Amazonía, Cob afirma que la CEAMA, “va a abrir nuevas pautas que ayudarán a las jurisdicciones eclesiásticas a aterrizar”. Se trata de responder a realidades concretas, de estar pendientes de las propuestas de la inculturación, de buscar nuevas propuestas que sean creativas. Estamos ante “un trabajo en conjunto y nos va a todos a exigir ese esfuerzo de la escucha, que siempre ha sido una de las claves”.
1. Después del Sínodo para la Amazonía, podemos decir que la Iglesia ha empezado a aplicar los nuevos caminos que la Asamblea Sinodal pidió. Entre ellos un organismo episcopal, pero que acabó siendo un organismo eclesial, que es la Conferencia Eclesial de la Amazonía, y junto con la CEAMA, la REPAM. En los últimos días se ha sabido que usted será el nuevo vicepresidente de la Red Eclesial Panamazónica. ¿Cómo se sitúa ante este nuevo servicio que la Iglesia le está pidiendo?
El avance de las instituciones exige siempre ese servicio generoso de los que estamos siempre en esa línea de trabajo y de servicio a la Iglesia de la Amazonía. Cuando me propusieron asumir este cargo de la vicepresidencia de la REPAM, pienso en sus orígenes, cuando se inició la pequeña semilla de esa institución en Puyo. Veo que la REPAM, verdaderamente ha sido una fuerza muy grande para que ese espíritu eclesial, que nació de un trabajo conjunto, cuando empezó aquí con los vicariatos de la Amazonía ecuatoriana. Después se vio que era necesario una red, esa red eclesial amazónica que al año siguiente se constituiría en Brasilia.
Desde nuestra conciencia de servidores en la Iglesia, estamos para empujar, para ayudar y para servir. Me sitúo como una especie de continuidad, de cauce, para tantas iniciativas, ideas y pensamientos, que van surgiendo y van cayendo en este cauce de lo que es una red eclesial de articulación de todo aquello que con un objetivo común lleva. El Sínodo amazónico, como surgió por parte del Papa Francisco, invitando a la REPAM, para que verdaderamente ayudará a preparar ese Sínodo amazónico, sino también lo que suponía la preparación, la celebración, y ahora el postsínodo.
En ese postsínodo ha surgido esa maravillosa Conferencia Eclesial de la Amazonía. La REPAM, lo mismo que lo fue para el Sínodo, es también un cauce que podrá ayudar muchísimo a esta nueva conferencia, como fruto del Sínodo. Nos va a tocar siempre caminar juntos, con ese objetivo, por una parte, del cuidado de la casa común, que en ese sentido la REPAM ha hecho un esfuerzo gigante. Igualmente, también los nuevos caminos de evangelización, que fue la primera parte del Sínodo para la Amazonía. Esos nuevos caminos para la evangelización, creo que a la CEAMA le va a tocar mucho más la concreción de toda esa reforma que supone encontrar alternativas y nuevos caminos para una pastoral de conjunto en la Amazonía.
2. Usted habla que la REPAM tuvo su primera semilla en el Vicariato del Puyo. ¿Qué ha supuesto para su vicariato y para los vicariatos de la Amazonía ecuatoriana estos más de 6 años de camino en red junto con la REPAM?
Como vicariatos en la Amazonía ecuatoriana, nos ha unido más, ha supuesto verdaderamente marcar pautas y modos de trabajar en una pastoral en conjunto, pero desde una dimensión no solamente a nivel del cuidado de la casa común. Nos sentimos más unidos los vicariatos de la Amazonía, a través de todas las reuniones que vamos teniendo por zoom con los ejes que se van desarrollando. Por ejemplo, los medios de comunicación, con las emisoras de radio de los vicariatos, creo que eso ha sido muy importante, estamos haciendo un trabajo muy grande de concientización para nuestra gente sobre el cuidado del medio ambiente, con programas de radio.
Igualmente, las distintas propuestas de la REPAM a nivel de Panamazonía las vamos asumiendo, compartiendo. En el eje de incidencia social, vemos que es muy necesario el acompañamiento a las comunidades originarias. Esto sí creo que ha supuesto para nosotros como REPAM un avance grande de comunión, de sinodalidad y de una esperanza importante en la dimensión pastoral, aunque mucho más la CEAMA tendrá que ir abriendo caminos y concretándose todas esas prioridades que en el Sínodo también salieron, y que, en definitiva, también afectan a toda la Amazonía y a nosotros en particular.
Pienso que ha sido un caminar progresivo y con un espíritu de lo que también en el Sínodo se nos pidió, de una Iglesia samaritana, por una parte, y profética por otra. Hemos tenido, aquí en el Amazonía ecuatoriana, casos importantes en los que la voz de la Iglesia amazónica se ha dejado escuchar, como fue el 7 de abril, en el derrame petrolero que hubo en los ríos Coca y Napo. Ha habido un fortalecimiento y un refuerzo de esa dimensión de unidad y de comunión.
3. Esos posicionamientos que ha tenido la Iglesia en los últimos tiempos en defensa del medio ambiente amazónico y sobretodo de los pueblos indígenas y de los pueblos de la Amazonía ecuatoriana. ¿Qué ha supuesto para esos pueblos esa alianza con la Iglesia, algo que fue uno de los pedidos del Sínodo para la Amazonía?
Lo que los pueblos en el Sínodo pidieron a la Iglesia fue ser su aliada para la defensa de sus derechos y a la vez de acompañamiento. Los pueblos originarios están percibiendo ahora más que nunca que esa Iglesia no está solamente desde fuera de la barrera, observando, sino que han visto que la Iglesia ha dado un paso más, se ha comprometido, se ha mojado en la Amazonía, en la problemática que se vive en los pueblos originarios. Por eso decimos que, ante hechos concretos, los pueblos reconocen que la Iglesia está con ellos, y así lo sienten.
Eso sí ha sido un avance importante después de ese trabajo que la REPAM hizo, sobretodo en la consulta preparatoria para el Sínodo, en la que visitamos las distintas comunidades indígenas. Eso dio pie para ese intercambio y ese interés de escucha, de respaldo, de acompañamiento, de levantar la voz con los pueblos originarios. Eso creo que es muy importante de valorar en este camino y en este proceso sinodal.
4. El Sínodo también nos recuerda la necesidad de nuevos caminos para la Iglesia. En esta semana se ha sabido que el Vicariato del Puyo va a recibir tres nuevos sacerdotes de dos diócesis de Ecuador, que van a acompañar el trabajo pastoral del vicariato. ¿Puede ser éste un primer paso para que la Iglesia ecuatoriana y de los diferentes países que forman parte de la Amazonía, pueda tomar una mayor conciencia misionera e enviar, no solamente sacerdotes, también otros agentes de pastoral, para colaborar en iglesias donde esa presencia eclesial todavía es más limitada?
Este hecho de que las diócesis puedan enviar, y de hecho envíen, sacerdotes ad gentes a los territorios de misión, es verdaderamente una revelación. Siempre está la respuesta de decir, no tenemos personal, no podemos, somos pocos, y ahí se quedaba siempre. Este paso, como es que esas diócesis van a ofrecer misioneros ad gentes al Vicariato del Puyo, va a ser para las demás jurisdicciones un aliciente, una llamada de atención, un decir hay algo que hacer que la Iglesia está pidiendo, como lo pedía el Sínodo a todos los obispos de Latinoamérica, saber orientar a la vida sacerdotal, consagrada, para un trabajo con los últimos, con los excluidos, con los olvidados.
Creo que esto es un hecho histórico para esta diócesis de Latacunga, que por primera vez envía sacerdotes diocesanos ad gentes, igualmente la diócesis de Ambato. Hay un despertar, que se va rompiendo poco a poco, después que ha habido muchos golpecitos en las puertas de los obispados, diciendo que debemos ser misioneros ad gentes, que debemos ser Iglesia en salida. Como dice el refrán, tanto va el cántaro a la fuente que al fin se rompe. Estamos consiguiendo ver que ya comienzan algunas diócesis a tomar conciencia misionera, que en su formación con sus sacerdotes les muestran que somos verdaderamente ordenados no solamente para la Iglesia particular donde vivimos o donde nos han ordenado, sino para la Iglesia universal que nos necesita, y nos necesita en muchos lugares.
Esta apertura de las diócesis responde también a la invitación que el Sínodo amazónico decía. No solamente sacerdotes, también agentes de pastoral, laicos comprometidos o congregaciones religiosas. La Conferencia Ecuatoriana de Religiosos está moviéndose y haciendo opción actualmente por la Amazonía. He recibido algún pedido de congregaciones que quieren fundar comunidades en la Amazonía. El Sínodo sigue dando frutos y este hecho para nosotros es muy revelador, el que estando como estamos, con un número tan reducido de sacerdotes en un vicariato como el nuestro, podamos contar a partir de este mes con nuevos sacerdotes que nos van a ayudar, sacerdotes diocesanos.
En las diócesis del Ecuador es muy difícil encontrar una diócesis que haya enviado sacerdotes diocesanos. Solo una diócesis, de las 24 diócesis de Ecuador, tenían sacerdotes ad gentes fuera del país. El Papa, cuando nos visitó en Ecuador, nos decía que tendríamos que invitar a los sacerdotes con espíritu misionero, empezando por los territorios de misión del propio país, para que luego pudieran pasar fronteras. Ese es el proceso que el Papa nos invitó y que poco a poco vamos consiguiendo, que haya una sensibilización por parte de las diócesis, de los obispos y de los sacerdotes.
5. La CEAMA es un claro ejemplo de una Iglesia sinodal. Una fantástica intuición del Papa Francisco quiso que fuese no una conferencia episcopal y sí eclesial, donde se hace presente la Iglesia Pueblo de Dios en los órganos de decisión, algo que aparece en Querida Amazonía. ¿Cómo traer para la realidad de las Iglesias locales e ir instituyendo poco a poco esos órganos de decisión eclesial para conducir la vida pastoral y evangelizadora de las diferentes circunscripciones eclesiásticas?
La CEAMA, en estos comienzos que está, va a abrir nuevas pautas que ayudarán a las jurisdicciones eclesiásticas a aterrizar. No es igual una pastoral urbana, rural o indígena, para cada caso debemos encontrar caminos y respuestas a estos desafíos. Los pueblos originarios sabemos que también se mueven, y les encontramos tanto en la ciudad, como en la parte rural o en el interior de la selva. En cada uno de los lugares debemos tener en cuenta la realidad del origen, como decía el Papa, no podemos olvidar la memoria, y lo decía sobre todo a los jóvenes, para que no perdieran la identidad cultural y de los pueblos originarios.
Tenemos que estar pendientes de las propuestas de la inculturación y los desafíos de buscar, como también decía el Papa, nuevas propuestas que sean creativas, como decíamos al principio del Sínodo, que sea una Iglesia más ministerial, menos clerical, con una participación mucho mayor de la mujer en la Iglesia, en la toma de decisiones. Todos estos pasos para, en palabras del Papa, una comunidad no puede crecer sin la Eucaristía. Y quién puede presidir la Eucaristía, un sacerdote, y cómo podemos preparar a esos sacerdotes para que en verdad las comunidades tengan la Eucaristía. Y cómo podemos pasar de una Iglesia de visita a una Iglesia presencial.
Todo esto está sobre el tapete y tenemos que darle salida, en proceso, para que verdaderamente los desafíos que están ahí latentes, puedan encontrar las respuestas. Ahí está la CEAMA, que le toca mucho en este campo, pero también la REPAM, que es la conocedora de la realidad y la que hace de puente entre las comunidades y la misma realidad con la que tiene que estar muy unida la CEAMA, para poder conocer los desafíos concretos. Es un trabajo en conjunto y nos va a todos a exigir ese esfuerzo de la escucha, que siempre ha sido una de las claves. Después de la escucha, ese saber contemplar, discernir lo que nos lleve a tomar luego un compromiso. Ahí está la palabra clave de todo el Sínodo, que fue la conversión, y con la Exhortación Apostólica seguir soñando, como nos dice el Papa Francisco, y que esos sueños se hagan realidad.