Atualmente, cerca de 70% das comunidades no Brasil não têm acesso à celebração Eucarística aos domingos presidida por um presbítero, destaca o arcebispo de Londrina (PR), dom Geremias Steinmetz e presidente do regional Sul 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Muitas dessas comunidades estão em regiões distantes que não permitem aos fiéis irem a uma igreja para participar da Eucaristia. Diante dessa realidade, a CNBB lançou o documento “Ministério e celebração da Palavra”.
O material traz informações básicas, diretrizes gerais para a elaboração de um plano de formação e acompanhamento dos ministros da Palavra de Deus. Além de roteiros exclusivos para as celebrações sejam com ou sem Eucaristia.
“O documento é uma contribuição para as comunidades que não tem eucaristia celebrada dominicalmente e, portanto, fazem a celebração da Palavra, para a comunidade continuar se encontrando e crescendo”, destaca dom Geremias.
A atualização das orientações para a celebração da Palavra tem como base o Documento 52 da CNBB, aprovado durante a 32ª Assembleia Geral da CNBB, em 1994. Nele, a celebração da Palavra é definida como um ato litúrgico reconhecido e incentivado pela Igreja.
Dom Geremias afirma que o documento que veio para ser um instrumento de estudo e formação litúrgica foca na importância da celebração que anuncia da Palavra de Deus de qualquer forma na vida das famílias e na vida das comunidades.
O Documento 52 da CNBB afirma que as celebrações da Palavra de Deus não são uma criação das últimas décadas, mas fazem parte da tradição da Igreja. No texto é possível identificar uma de suas finalidades: a de assegurar às comunidades cristãs a possibilidade de se reunir no domingo e nas festas, tendo a preocupação de inserir suas reuniões na celebração do ano litúrgico e de as relacionar com as comunidades que celebram a Eucaristia.
Segundo o presidente da Comissão que trabalhou na atualização do documento, dom Geraldo Lyrio Rocha, o texto atual busca integrar a reflexão sobre os ministérios pensando especialmente nas comunidades que não contam com a presença frequente de ministros ordenados.
Na introdução, o subsídio traz uma afirmação de Paulo VI que diz:
“os leigos podem também sentir-se chamados ou vir a ser chamados a colaborar com os próprios pastores no serviço da comunidade eclesial, para crescimento e a vida da mesma. A Igreja reconhece também o lugar dos ministérios não ordenados, e que são aptos para assegurar um especial serviço a Igreja”.
Dom Geremias relata ainda que a comissão optou por sugerir a celebração da Palavra no formato da Liturgia das horas, ou seja, a liturgia das laudes e das vésperas, com ou sem a distribuição da Eucaristia.
“Sabe-se o quanto é a importante a celebração da Palavra para que a Palavra de Deus seja anunciada de qualquer forma na vida das famílias e na vida das comunidades”.
O subsídio Ministérios e celebração da palavra pode ser encontrado nas Edições CNBB.
Fonte:
Gostaria de tirar uma dúvida;já falei cm meu pároco,mas ñ compreendi e ñ quis questionar mais.Tive um péssimo casamento,fiquei alguns anos sozinha,7 anos depois fui “encontrada”por meu atual marido (temos um contrato de união estável)ja faz 9 anos,temos uma vida de respeito,amor,saudades,liberdade e companheirismo,muitas das vezes estou na igreja (desde de me separei nunca mais comunguei)É sinto-me pronta a comungar,mas me contenho por sempre ouvir q estou em adultério,aí vem a minha pergunta: Será q seria mais importante pra Deus q eu convivesse cm aquela pessoa que me fazia infeliz e comungando ou a vida que levo hoje de bem estar comigo,fazendo meu marido feliz,dentro (apesar de ñ estar casada na igreja)da igreja participando,congregando sem poder comungar?Alguem pode me explicar isso?
Olá estimada Lúcia, como vai? Expressamos a você nossa alegria com sua mensagem e participação no Observatório da Evangelização. Este espaço também é seu. Sou Edward Guimarães, sou teólogo pastoralista, leigo atuante, casado e participo ativamente da vida da Igreja.
1. Então Lúcia, a principal missão da Igreja é a de anunciar e testemunhar a alegria transformadora do Evangelho de Jesus, a boa notícia do amor incondicional de Deus por nós. Somos amados gratuitamente como filhos e filhas de Deus. Esta consciência da experiência do amor de Deus por nós nos interpela e nos chama a conversão, a cultivar diariamente a centralidade do amor em nossa vida e em nossa relações: amor a vida que se faz cuidado, respeito e partilha solidária com o próximo.
2. A Igreja procura cuidar da sacralidade e da dignidade da família, pois o matrimônio é sacramento deste amor de Deus por nós. Além disso, toda criança que nasce, carente de cuidado, atenção e afeto, tem o direito de ser recebida no seio de uma família estruturada e capaz de lhe oferecer amor, cuidado afetivo, proteção e ser uma boa plataforma de lançamento para a vida.
3. Quanto ao que você relata de sua triste e trágica primeira experiência de casamento. Saiba que Deus é melhor do que nós e sempre nos compreende em nossa dor e fracasso. Ao que parece, pelo que você relata, o seu primeiro casamento não foi um matrimônio. Nossa sugestão primeira é que procure o tribunal eclesiástico mais próximo e tente anular o seu primeiro casamento. O papa Francisco na sua Exortação Apostólica Amoris Laeticia (sobre o amor na família), publicada após o Sínodo da família, em 2016, reflete sobre as situações difíceis que as pessoas vivenciam na família e dá orientações pastorais para a ação da Igreja. Creio que o seu primeiro “casamento” possa ser, de fato, anulado. Neste caso, você poderia resolver a questão e regularizar a sua vida sacramental.
4. Se isso não for possível, não fique angustiada. De fato, há situações na vida da gente que não tem conserto na lei, mas a misericórdia de Deus é infinita e seu amor é maior e, como disse, incondicional. Neste caso, confie e entregue-se em suas mãos de Pai que a ama de forma gratuita. Que bonito a descrição de seu casamento atual. Você não menciona filhos em nenhuma das duas experiências, mas o mais importante você disse: que vocês dois livremente se amam, se doam e cuidam um do outro. O casamento exige isso: liberdade mútua, amor e cumplicidade na relação. Aonde está o amor, Deus aí está, pois Deus é Amar, o verbo da vida!
5. Além disso, você diz que se sente membro da Igreja, que participa e, o mais importante, que se sente pronta e chamada a comungar. A barreira está em você ouvir sempre que está em adultério. Mas a sua consciência lhe acusa de estar em adultério quando não tem qualquer vínculo com o seu ex-marido? Creio que não. Então, neste caso eu posso lhe dizer: você é uma pessoa adulta e tem consciência do amor de Deus, da sua dignidade de filha amada, de mulher libertada em Jesus Cristo para amar e servir e também de esposa amada há 9 anos, portanto, este discernimento e decisão pertencem a você. Converse com Deus e tome a decisão de cristã adulta: se Deus a chamar para comungá-Lo você saberá!!! Comungar é isso: alimentar-se da vida de Jesus – do corpo e do sangue – para ter força e coragem, como Ele, para amar, perdoar, praticar a justiça, servir ao próximo… Deus quer ter intimidade com seus filhos e filhas, se Ele te atrai e te chama para comungar de Sua vida, então, ninguém pode impedi-la, pois é a Igreja é a Igreja de Jesus Cristo. Faço-me compreender?
6. A Eucaristia não é para anjos e seres perfeitos, mas um alimento espiritual deixado por Jesus – sua vida entregue por nós – para que tenhamos força e coragem de ser a cada dia uma pessoa melhor e que ajuda a fazer da sociedade e da Igreja um lugar melhor para vivermos e convivermos.
7. Seu esposo também deseja comungar? Ele participa da Igreja com você? Ele também teve outra experiência triste como a sua primeira? Sugiro que você e seu esposo procurem o padre de sua paróquia e se orientem melhor.
Espero que tenha a ajudado. Coloco-me a sua disposição.
Fraternalmente em Cristo,
Edward Guimarães
Secretário executivo do Observatório da Evangelização
Gostei muito da orientação do Sr. Edward Guimarães, muito esclarecedora! Parabéns!