CNBB aprova novas Diretrizes Gerais: por uma Igreja mais missionária, casa de acolhida, atenta a realidade urbana

Foram aprovadas as novas Diretrizes Gerais para a Ação Evangelizadora na sexta-feira, 03/05/2019, durante a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida, para o próximo quadriênio (2019-2023). Elas apontam para uma Igreja Católica mais missionária, casa da acolhida dos mais vulneráveis e atenta aos desafios e urgências de uma realidade profundamente marcada pela cultura urbana.

A seguir trechos da declaração de Dom Leomar Antonio Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre, que foi membro da comissão de redação do tema central da conferência:

O eixo fundamental das diretrizes é recuperar o sentido da Igreja como casaA descartabilidade das pessoas nos faz pensar sobre qual é a nossa casa, não como construção, mas como lar… A imagem da casa tem um sentido pedagógico e é entendida como lar e espaço de vida“.

A casa, no texto das Diretrizes, é entendida como comunidade eclesial missionária sustentada por quatro pilares: a Palavra, o Pão, a Caridade e a Missão. Sobre cada um desses pilares podemos compreender:

  • Ação Missionária – como insiste o papa Francisco numa Igreja em saída, para a qual o sentido da comunidade se realiza quando ela sai em missão e vai ao encontro das periferias existenciais;
  • Palavra – que aprofunda a Iniciação à Vida Cristã, a Iniciação Bíblica e a ideia de ter comunidades fundadas em torno da Palavra de Deus;
  • Pão – que aprofunda a liturgia e a busca por viver a espiritualidade rumo à santidade  tal como defende o papa Francisco em sua exortação Gaudete et Exsultate que personaliza a fé, mas leva ao encontro do outro;
  • Caridade – baseado no que disse Paulo VI na ONU: “Que a Igreja é especialista em humanidade”, o texto das diretrizes aponta a necessidade das comunidades se preocuparem com os que mais sofrem e a defesa da vida em todos os sentidos.

Um dos quatro pilares que sustentam a igreja, segundo dom Leomar, é a ação missionária:

Para que essa casa não fique de portas fechadas, mas se abra para que outras pessoas possam entrar e a gente possa sair ao encontro com o outro“.

Segundo ele, o rumo decidido para a Igreja brasileira é de olhar em primeiro lugar para o mundo urbano que, conforme definiu, não é só a cidade:

Onde entram a internet e a energia elétrica, lá está a realidade urbana, marcada por tanto sinais positivos, avanços tecnológicos, mas também com preocupações, contradições e ambiguidades. O olhar do missionário deve levar em conta as grandes transformações que estamos vivendo“.

Conforme dom Leomar, a CNBB se preocupa com a questão da pessoa em seu individualismo, solidão e anonimato:

Nossas comunidades, na Igreja têm um desafio enorme de combater o suicídio nesse País. A grande questão é a crise do sentido da vida“.

Também devem propor uma experiência de igreja que seja mais comunitária:

Há uma tendência natural nesse momento de viver a religião de forma mais privatizada. As pessoas têm muitas escolhas e nem sempre preferem o encontro com o outro. As Diretrizes insistem na formação de comunidades eclesiais missionárias, pequenas comunidades onde a pessoa sai do anonimato da solidão, se converte e testemunha numa sociedade cada vez mais plural“.

A maior preocupação da Igreja, segundo ele, não é com o número de cristãos, mas a qualidade do testemunho desses cristãos onde eles estão:

O desafio é ser testemunho do Evangelho da alegria. Dar uma notícia mais alegre, não só condenatória, não só de preocupações, mas de muita esperança também“.

Na questão da sociedade, foram considerados os pontos relativos à ética, ou à falta de ética, na economia, na política e na cultura:

São os desafios que nós temos para tornar nossa sociedade mais justa e fraterna. É bom lembrar que nos baseamos muito na doutrina social da Igreja que prevê o humanismo integral e solidário, para todas as pessoas, do nascituro até aquele que está para morrer“.

Além da ação missionária, foram definidos como “pilares” para a ação evangelizadora da Igreja brasileira a Palavra, o Pão e a Caridade:

Partimos sempre da ideia do encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Até mesmo as polarizações que aparecem nas redes sociais nem sempre partem do que o Evangelho diz, partem muito mais de opiniões, mesmo se dizendo cristãs“.P

O Pão, segundo ele, deve ser entendido como liturgia e espiritualidade:

Aqui é um pouco uma novidade em relação às Diretrizes interiores. O discípulo respeita as devoções, mas não fica só nelas. O foco principal é o seguimento de Jesus Cristo celebrado na liturgia como uma espiritualidade profunda que visa a uma santidade, mas uma santidade que se preocupa com tudo ao nosso redor“.C

Ao se referir à Caridade, dom Leomar lembrou o empenho da Igreja na promoção da vida:

A nossa resposta profética é continuar nos preocupando com aqueles que não tem voz, não tem vez, os que mais sofrem e desenvolver ainda mais o caminho da defesa da vida em todos os sentidos“.

Fonte:

www.domtotal.com

1 Comentário

  1. Muito boa essas novas diretris porque a nossa igreja esta vivendo tempo da modernidade e esquecendo de todos esse exos que foi aprovado

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